Eventos em todo o mundo discutem uma nova fase para a Ufologia
I Simpósio Internacional di Esobiologia, Ufologia ed Esopolitica
Os italianos marcaram dois importantes pontos no mês de outubro. O primeiro, ao realizarem um dos maiores eventos de Ufologia que já se presenciou na Europa, nos últimos 20 anos. O segundo, por mostrarem ao mundo que seu governo, ainda na década de 40, bem antes dos norte-americanos, já pesquisava secretamente a manifestação do Fenômeno UFO na Itália e países vizinhos. Os pontos foram o resultado de muito trabalho do Centro Ufologico Nazionale (CUN), a maior entidade italiana de pesquisas de UFOs, que completa neste ano seu 40º aniversário. À sua frente está o capo di tutti capi da Ufologia na Itália, Roberto Pinotti, seu mais expressivo veterano e porta-voz indiscutível. Pinotti conseguiu convencer a prefeitura da cidade de Cosenza, na região da Calábria, sul do país, a patrocinar um congresso que tivesse representantes de mais de 15 países. Deu certo.
O I Simposio Internazionale di Esobiologia, Ufologia ed Esopolitica [Simpósio Internacional de Exobiologia, Ufologia e Exopolítica] foi realizado entre os dias 07 e 09 de outubro na Sala Magna da Universidade da Calábria, a maior instituição de ensino superior e pós-graduação do sul da Itália, com mais de 50 mil alunos. Infelizmente, muito pouca gente do corpo acadêmico da escola – professores e alunos – compareceu para prestigiar o evento, tratado pela mídia com bastante empolgação. “Ufólogos de todo mundo desembarcam em Cosenza”, apontou o La Tribuna Italiana, local. “Todos loucos por ETs na Universidade da Calábria”, anunciou o La Stampa, jornal de maior circulação no país. Entre os diários que deram cobertura ao evento, este foi o que mais destaque ofereceu ao Caso Varginha, apresentado por este editor no conclave.
Qualidade em pesquisas — Se o simpósio foi uma oportunidade para reunir os mais expressivos ufólogos de várias partes do mundo, aos pesquisadores italianos, que se apresentaram sempre nas manhãs do evento – cedendo demais horários aos internacionais –, coube mostrar como se faz uma boa Ufologia. Aquela praticada na Itália está, certamente, entre as melhores do mundo, com o mais amplo emprego de técnicas investigativas, farta e padronizada documentação de casos e intensa realização de atividades de aprimoramento nos procedimentos. A metodologia investigativa dos italianos – em boa parte fomentada por Pinotti e seu mais direto assessor, Aldo Rocchi, ao longo de quatro décadas de trabalho – é imbatível, como foi mostrado em diversas palestras.
Giulio Perrone, Patrizio Caini, Enrico Baccarini, Alessandro Sacripanti, Alfredo Lissone, Fulvio Terzi e Vladimiro Bibolotti estão entre os que mostraram que a pesquisa ufológica sistemática realmente funciona. E para consagrar os resultados, Franco Mari fez uma belíssima exposição de todas as estatísticas que compreendem mais de 40 anos de casuística ufológica italiana.
Mussolini sabia — Ao capo Pinotti – representante da Revista UFO na Itália – coube mostrar a parte mais contundente das revelações que o evento reservava à platéia e até aos ufólogos estrangeiros presentes. Com farta documentação, Pinotti provou que o governo de seu país já tinha grande conhecimento sobre o Fenômeno UFO nos anos 30 e 40, inclusive com planos de construir uma máquina voadora discóide. “Mussolini sabia muito bem que os discos vistos sobre a Europa eram máquinas superiores. A princípio, ele supôs que fossem alemãs, pois vinham sempre do norte. E como não nos atacavam, ele entendeu que Hitler estava sendo amigável. Em boa parte, tal atitude levou Mussolini a apoiar o líder nazista, quando então entendeu que os UFOs não eram alemães”, declarou. De fato, o fascista que governou a Itália até 1943 descobriu que os nazistas também estimavam que a origem dos aparelhos era exógena e tentavam construir uma réplica – felizmente sem sucesso. Um artigo completo sobre o assunto será brevemente publicado em UFO.
Documentos secretos — O interesse de Mussolini por discos voadores já não é surpresa desde 2002, quando o próprio CUN publicou cópias de documentos obtidos secretamente em sua revista, Notiziario UFO. Mas os detalhes agora apresentados são inéditos. Vários conferencistas estrangeiros também levaram para Calábria muitas informações reveladoras. É o caso do médico norte-americano Roger Leir, especialista em remoção de implantes alienígenas [Autor do livro homônimo, código LV-11 da coleção Biblioteca UFO, no encarte Shopping UFO desta edição], do ufólogo turco Haktan Akdogan, presidente de um centro permanente de exposição ufológica, e do porta-voz do Ministério da Defesa inglês Nick Pope. Akdogan, representante de UFO em seu país, mostrou impressionantes casos ufológicos recentes, registrados pelas Forças Armadas da Turquia, inclusive sobre cidades de grande porte, como Istambul e Ankara.
Embora tenha levado ao evento muitas informações novas, Pope fez uma declaração no mínimo discutível: “O governo inglês está gradualmente liberando todos os casos de observações de UFO que tenham sido investigados por nossas Forças Armadas. Eles logo estarão disponíveis até mesmo pela internet”. Poucos acreditaram. Sobre o tema abertura ufológica, o russo Boris Shurinov, o belga Auguste Meessen e o francês Gildas Bourdais – também representantes de UFO em seus respectivos países – fizeram longas e interessantes apresentações.
Abertura brasileira — Mas a platéia gostou mesmo foi da versão legendada em inglês do programa Fantástico da Rede Globo, de 22 de maio passado, que contém a matéria sobre o histórico encontro entre os ufólogos brasileiros e os militares da Força Aérea Brasileira (FAB). O vídeo foi levado por este editor e apresentado logo após sua conferência sobre o Caso Varginha, considerada um dos momentos mais importantes do evento.
“Não tinha idéia de que o Caso Varginha fosse tão complexo”, exclamou a jornalista italiana Margherita Detomas. “Agora vejo que os ufólogos brasileiros têm razão ao chamar o fato de O Caso Roswell Brasileiro. Mas acho que Varginha é ainda maior”, atestou Cândida Mammoliti, da Suíça. “O mundo inteiro precisa tomar conhecimento do que se passou em Varginha”, disse a jornalista Leslie Kean, de Nova York. E assim foi a opinião da maioria dos presentes, que ainda não tinha conhecimento da profundidade do caso e da qualidade de sua investigação. A conferência sobre o caso foi, na semana seguinte, reproduzida em San Francisco, Estados Unidos, com semelhantes resultados [Veja ao lado].
7th Annual The Bay Area UFO Expo Conference
Um ambiente totalmente diverso do de Calábria marcou a sétima edição do consagrado The Bay Area UFO Expo [Exposição Ufológica da Área da Baía], realizado nos dias 15 e 16 de outubro. A Área da Baía em questão é a região sul da Grande San Francisco, no centro-norte da Califórnia. E um dos fatores que torna esse evento verdadeiramente especial é ser realizado em Santa Clara, um município que fica em pleno Vale do Silício, a Meca da indústria de informática dos Estados Unidos. O conclave teve como sede o suntuoso Westin Hotel local, que fica entre mega corporações como Yahoo, Sun, Google, McFee, Norton e outras gigantes da área da computação.
A diferença entre os eventos europeus e norte-americanos é flagrante. A formalidade, no caso dos primeiros, dá lugar à total descontração. E o protocolo também é facilmente rompido, em encontros nos EUA, pela participação de conferencistas contraditórios e polêmicos, que mesmo assim têm seu direito de expressão respeitado. É o caso do desacreditado “ufólogo” Sean David Morton, um personagem combatido pela grande maioria da Comunidade Ufológica Norte-Americana. No evento de Santa Clara, Morton teve espaço para palestra e até workshop. Numa comparação, é como se deixassem Urandir Oliveira falar de Ufologia em algum congresso oficial realizado em nosso país. Esta é uma hipótese impensável aqui no Brasil (e também na Europa). Outras fontes de descontração dos eventos norte-americanos estão na forma como eles são organizados, sempre com momentos de encontros sociais entre participantes e conferencistas. Banquetes e coquetéis geralmente estão incluídos nas atividades, e muita gente paga caro para sentar-se à mesa de alguma celebridade ufológica. Tais reuniões são animadas por mestres de cerimônias e humoristas consagrados.
Humor e Ufologia — Neste ano, o astro Dean Haglund, aquele nerd da série Arquivo-X, foi o contratado. Haglund levou à loucura a platéia do evento, mais de mil pessoas, durante o banquete de confraternização do sábado, dia 16. Quem acompanhou a série e teve compaixão pelo rapaz franzino e frágil, com espinhas no rosto e muito gosto para junk food, certamente se surpreenderia com o talento dele para o humor. Nos bastidores, ele também inquietou o evento durante toda sua duração.
Mas não foi só diversão que animou o The Bay Area UFO Expo – embora tenha sido isso o que tornou o congresso diferente –, mas Ufologia de alta qualidade apresentada no evento em ritmo frenético, em palestras de apenas 45 minutos. Neste ano, mais de 30 conferencistas de várias partes dos Estados Unidos apresentaram temas que foram desde abduções e cendência alienígena a casuística pura, de construções marcianas a uma curiosa astrologia extraterrestre etc. O único estrangeiro convidado foi este editor, que mostrou à imensa platéia, em conferência conjunta com o médico Roger Leir, o Caso Varginha e os detalhes de sua complexa investigação. O objetivo da palestra foi quebrar resistências, ainda muito susceptíveis nos EUA, em se aceitar um caso de queda de UFO e resgate de tripulantes que suplante o notório, porém desgastado, Caso Roswell.
Revelações — Ufologia de qualidade pôde ser apreciada em vários momentos do evento, em especial nas apresentações do ufólogo inglês Colin Andrews, da pesquisadora de abduções e escritora Ann Druffel e do astrofísico Thomas van Flandern, para citar alguns. Andrews surpreendeu a todos ao oferecer informações até então secretas sobre a ação do governo inglês no caso dos círculos nas plantações. Especificamente, falou da Operação Blackbird, conduzida nos anos 90 com a função de manter câmeras de vigilância nos campos plantados, à espreita de objetos voadores não identificados que causassem o surgimento dos aeroglifos.
Novas técnicas — “Hoje posso finalmente admitir que a experiência deu resultados e foram gravados em vídeo artefatos realizando os círculos. Mas o governo ainda reluta em admitir essa informação”, declarou. Druffel, pioneira na área das abduções – nos EUA ela é comparada a David Jacobs e Budd Hopkins –, mostrou novos e antigos casos de raptos ocorridos em seu estado, a Califórnia. Apresentou também como as novas técnicas podem ajudar na desobstrução de traumas causados nos abduzidos por seres extraterrestres. O doutor van Flandern, como de costume, fez uma brilhante exposição de vestígios da ação de uma civilização inteligente no solo marciano. Especialista imbatível no assunto, van Flandern argumentou que “há evidências incontestáveis de que seres inteligentes habitaram Marte e deixaram lá, quando partiram, os restos de suas construções”. Convidados formalmente para compor o Conselho Editorial de UFO, os conferencistas Colin Andrews, Ann Druffel e Thomas van Flandern aceitaram e passam a ocupar posições em nossa publicação.
Outro destaque digno de nota é de Robert Perala, autor de O Livro Azul Divino [Editora Madras, código LT-32 no encarte Shopping UFO desta edição], que apresentou uma peculiar associação entre espiritualidade e Ufologia. Perala, que também atuou como mestre de cerimônias, ao lado de Ruben Uriarte, fez exposições que atraíram a atenção do público – que no The Bay Area UFO Expo tem uma tendência natural para a compreensão metafísica do Fenômeno UFO. “Desejamos que todas as linhas de atuação dentro da Ufologia se completem a partir do entendimento de que muito pouco sabemos sobre nossos visitantes e um universo de cérebros pensantes e ferramentas de conhecimento são necessárias”, explicou Victoria Jack, organizadora do evento. Mesmo sofrendo de um câncer que a consome e precisando urgentemente de um transplante de rim, Victoria não desistiu do projeto, que sustenta a sete anos. Um exemplo notável de garra e determinação.
Monsenhor Balducci mais uma vez surpreende
Pela expressão de espanto no rosto de Roberto Pinotti, ao lado sentado, presidindo a sessão de 09 de outubro, é possível imaginar o que devia estar falando o monsenhor Corrado Balducci, ao fundo, em pé, proferindo sua aguardada conferência. “A igreja reconhece plenamente que não estamos sozinhos no universo e defende um procedimento de investigação dos objetos voadores não identificados”, declarou o representante do Vaticano no I Simposio Internazionale di Esobiologia, Ufologia ed Esopolitica.
Mesmo quem conhece o religioso e está habituado a vê-lo em eventos ufológicos, se assustou com a contundência de suas declarações. “Que o universo é cheio de vida, não há nada mais óbvio do que isso. Que estejamos sendo observados por seres pertencentes a civilizações mais avançadas, idem. A questão está em entender o que querem aqui nossos misteriosos – e curiosos – visitantes”. Balducci, que tinha estreita ligação com o falecido papa João Paulo II, tem sido há muito tempo porta-voz da igreja em conclaves em que se discute os discos voadores. Sua atividade oficial no Vaticano é o estudo da demonologia, área em baixa com o novo papa, Bento XVI. Mesmo assim, o monsenhor continua a ter papel importante e de destaque na cúpula da Igreja Católica.
Pinotti, amigo há muitos anos do religioso, conhecedor de suas idéias sobre Ufologia, vê em Balducci uma voz que não se deve ignorar. “O monsenhor tem informações oficiais da igreja e as oferece em conta-gotas em suas palestras”.
Ufologia Européia busca novas diretrizes
A pequena cidade de Châlons-en-Champagne, nos arredores de Paris, foi palco entre os dias 14 e 16 de outubro de um colóquio que reuniu pesquisadores da França, Suíça, Bélgica, Itália, Alemanha e Espanha, consagrando uma união mais efetiva da Comunidade Ufológica Européia. Muitos dos integrantes são membros da lista de discussão na internet EuroUFO. Cerca de 600 pessoas participaram do Premières Rencontres Ufologiques Européennes [Primeiros encontros ufológicos europeus] e 10 mil visitaram as exposições. Mais de 20 conferencistas discutiram na oportunidade os principais temas da Ufologia atual, como abdução, implantes alienígenas e o envolvimento das autoridades.
Dentre os pesquisadores estavam o psicólogo belga Jean Michel Abrassart, o editor do jornal Lumières Dans la Nuit Jöel Mesnard, Didier Gómez, da revista Ufomania, o piloto Jean-Gabriel Greslé, Jean-Luc Rivera, do jornal A Gazette Fortéenne, Gildas Bourdais, representante da Revista UFO na França, Budd Hopkins, autor do livro Intruders [Intrusos, 1987], Leon Brenig, Patrick Ferryn e Auguste Meessen, da Société Belge d’Etude des Phénomènes Spatiaux (Sobeps), os pesquisadores Giorgio Abraini, Eduardo Russo e Maurizio Verga, todos do Centro Italiano Studi Ufologici (CISU). Vicente-Juan Ballester Olmos da Fundación Anomalia e representante de UFO na Espanha, também compareceu e foi grande destaque. Isabelle Dumas, Patrick Fournel, Gilles Munch, Raoul Robé e Thierry Rocher, do Comité Nord Est des Groupes Ufologiques (CNEGU), e Roland Gerhardt e Talayhan Ferhat, ambos da Rede Central de Pesquisas de Fenômenos Celestes Extraordinários (CENAP), marcaram presença, além de Thierry Pinvidic e Jacques Scornaux do Repas Ufologiques Parisiens (SCEAU).
Intercâmbio cultural — Apesar da diversidade de posturas pessoais sobre a natureza do Fenômeno UFO, a preparação intelectual e profissional dos conferencistas propiciou o fácil entendimento de questões fundamentais. Dentre os objetivos da reunião estava estabelecer novas diretrizes quanto ao intercâmbio de informação entre as organizações européias dedicadas à Ufologia, buscar parcerias com pesquisadores universitários, bem como do setor privado ou institucional (civil ou militar), para realizar estudos sobre os fenômenos aeroespaciais anômalos e organizar os arquivos relativos às investigações realizadas até hoje.
Os integrantes do Premières Rencontres Ufologiques Européennes pretendem ampliar a lista de discussão EuroUFO e criar um site específico para difundir as pesquisas realizadas pela comunidade. “Basicamente, trata-se de fazer com que as pessoas interessadas no tema possam ter acesso aos documentos ufológicos já existentes, visando otimizar o contato e ser uma fonte de conhecimento sobre as ocorrências européias. A lista EuroUFO é simplesmente um espaço virtual que utiliza novas tecnologias para discutir a manifestação extraterrestre no continente europeu”, afirmou Ballester Olmos.
O espanhol, que foi entrevistado pela Revista UFO na edição 113, acredita que a Ufologia ainda é um mistério para muitas pessoas, entretanto com a troca de conhecimento e informações entre os investigadores, cientistas, ufólogos e ufófilos, o tema poderá ampliar seus horizontes. “Depois de superada a natural desconfiança das pessoas e entidades que não compartilham do mesmo nicho referencial que o nosso, quanto à natureza do Fenômeno UFO, estamos convictos de que essa rede de pesquisadores atingirá uma significativa massa crítica que lhe outorgará um potencial muito maior do que já possui. Isso será um enorme passo para o amadurecimento dos conceitos ufológicos atuais”, destacou Ballester Olmos.
O estudioso ainda divulgou no evento novos dados sobre o Projeto Fotocat, desenvolvido pela Anomalia, para manter em um banco de dados acessível a todos os interessados o maior número possível de imagens de discos voadores – filmes, vídeos e fotos. Atualmente, existem mais de 6 mil arquivos disponíveis no site do projeto [http://fotocat.blogspot.com]. Ballester Olmos apresentou as principais atividades, os objetivos e o estado atual de sua fundação, que pretende catalogar imagens de casos ufológicos ocorridos no mundo.