Em época de discussão sobre a abertura dos arquivos secretos da ditadura militar e uma possível revisão da Lei de Anistia, o coronel da Reserva da Aeronáutica, Antônio Celente Videira, pede liberação de documentos secretos sobre aparições de objetos voadores não identificados no espaço aéreo brasileiro, ou seja, ele que o mesmo que os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) querem com a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Celente, que é professor da Escola Superior de Guerra (ESG), ministrou a palestra Discos Voadores: Uma Análise Estratégica no XII Diálogo com o Universo, congresso ufológico ocorrido de 05 a 07 de setembro, em Botucatu. Em entrevista ele diz ser contra uma mudança na Lei de Anistia e o acesso a documentos da ditadura. “Arquivos da ditadura são mais polêmicos. Quando foi feita a anistia, foi para os dois lados. Agora querem fazer para um lado. É mexer em feridas que estão cicatrizadas”. Os ufólogos pedem com a campanha pela liberdade de informação que a Presidência da República libere os arquivos secretos da Aeronáutica com supostas ocorrências ufológicas. O militar, que acredita em vida extraterrestre, considera a exigência oportuna. “Os ufólogos aproveitaram esse negócio da abertura política para conseguir abertura dos arquivos ufológicos. Foi uma estratégia sábia”, disse.
Em sua palestra, o militar disse que a Aeronáutica registra relatos de pilotos sobre UFOs desde 1954 e que chegou a ser criado, em 1969, o Sistema de investigação de Objetos Aéreos Não identificados (Sioani), mas o órgão foi extinto em 1972. O coronel, que nunca foi piloto, disse que colegas já o relataram ter visto várias naves sem origem terrestre. O militar acredita que a burocracia desestimula pilotos a comunicarem oficialmente seus avistamentos. “Simplesmente se registra e coloca nos arquivos do Comdabra (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro)”. Ele cita a criação de órgãos militares que investigam UFOs em outros países como justificativa para uma política semelhante no Brasil. Mas, mesmo expressando apoio a uma abertura dos arquivos ufológicos brasileiros, Celente acha que não vão surgir coisas inéditas com a liberação dos registros sigilosos. No encontro, conferencistas e curiosos não cansaram de repetir que os extraterrestres estão chegando. O coronel acredita que o contato com alienígenas está próximo? “Acho que vamos ter algumas surpresas em conseqüência do avanço da tecnologia”, responde com cautela.