
Brasília é considerada por muitos uma cidade predestinada a ocorrências que escapam ao conhecimento científico. Por isso, a cidade reúne pessoas oriundas dos mais diversos pontos do país e do exterior, formando grupos para a prática dos mais estranhos rituais, induzidos talvez pela profecia de Dom Bosco (1815-1888), um italiano de Becchi, que disse em transe: “Entre os paralelos 15 e 20, no lugar onde se formará um lago, nascerá uma grande civilização, e isto acontecerá na terceira geração. Ali será a terra prometida, onde jorrará leite e mel”.
No seio de tais grupos, cultuam-se desde elementos da natureza até seres extraterrestres e extradimensionais. Isso sem levarmos em consideração outros tantos que, objetivando entrar em transe, ingerem drogas extraídas de plantas. Aí surgem os médiuns, sensitivos ou paranormais que, entre charlatões e autênticos, fazem acontecer os mais estranhos fenômenos. Essa situação representa farto campo para as pesquisas dos chamados “buscadores da verdade” e também dos aproveitadores, que nada mais intencionam senão o ga-nho fácil e a projeção pessoal.
No que diz respeito à Ufologia e pelas experiências próprias vividas desde 1957, achamos por bem adotar a linha científica de pesquisa, sem negar que entidades de outros sistemas e dimensões estão nos visitando. Porém, não concordamos que diante de tais manifestações devamos nos curvar, erguendo braços e adorando gurus como se fossem os donos da verdade, seguindo às cegas suas instruções. Os extraterrestres que nos têm visitado, realmente, possuem tecnologia bem mais avançada. Mas isto não quer dizer necessariamente que sejam espiritualmente mais iluminados do que nós, pois também somos cintilações cósmicas inteligentes, atuantes e em constante evolução. Conhecimento científico não significa avanço espiritual.
Torna-se difícil acreditar no destino místico de Brasília. Mas aqui acontecem coisas realmente interessantes, como ocorrem em outras cidades, só que com uma vantagem: esta é a Cidade Céu. De onde estivermos, é possível divisar os 360º. Logo, qualquer objeto que resolva dar uma “voltinha” pelos arredores, principalmente à noite, é de pronto avistado pela população.
Em março de 1991, eu e meu filho Afonso, ao retornarmos de um restaurante, às 21:30 h, avistamos um objeto tipo prato, alaranjado e não muito brilhante, a uns 800 ou 1.000 m de altura, planando vagarosamente sobre o Eixo Monumental Norte, parando por três vezes, sendo que na terceira passou sobre nossas cabeças. Eu tentei filmá-lo desde o início do avistamento, mas não consegui focalizá-lo no visor da câmera.
Show no espaço – O UFO continuou seu sobrevôo até a estação rodoviária, quando então disparou para o espaço em linha vertical, sumindo em frações de segundo. A impressão que deu foi de que, de alguma forma, aquela inteligência impediu-me de filmá-la. Talvez tenha sido a mesma nave que retornou em abril, deixando em pânico mais de 20 pessoas no Presídio de Brasília, entre oficiais e soldados que se encontravam de plantão naquela noite, por volta das 19:30 h.
Um objeto tipo prato, de cor alaranjada, foi detectado por radar a mais de 700 km/h, indo e voltando sobre a região. Um dos guardas, que iria começar o plantão àquela hora, foi seguido por uma sonda quando se dirigia de motocicleta para o local de trabalho, enquanto o maior continuava dando seu show no espaço.
O policial parou a moto e a sonda estacionou ao seu lado, não menos do que 4 m – ocasião em que pôde observar o aumento e diminuição de seu diâmetro, bem como a mudança de suas cores. Assustado, saiu em disparada, tendo a sonda sob seu encalço por mais algum tempo, quando então subiu ao espaço em direção à nave. Dias depois, o Cindacta negou o fato, dizendo tratar-se de balão meteorológico – balão luminoso, à noite e a 700 km/h?
Entretanto, os avistamentos ufológicos remontam à década de 60. A Fazenda Vale do Rio do Ouro, a cerca de 110 km de Brasília e a 25 km de Alexânia (GO), era de propriedade de Wilson Plácido de Gusmão. Com 107 alqueires, aquela área rural era predestinada a receber visitas de sondas e UFOs. Os fenômenos observados nos anos 68 a 70 já vinham ocorrendo há uns dois anos, desde que Wilson adquiriu as terras. No princípio, ele pensou tratar-se de alguma exploração clandestina de magnetita ou rutilo feita por norte-americanos. Chegou até mesmo a se armar com algumas bananas de dinamite a fim de ir “pelos ares os gringos invasores”.
Visitas regulares – Entretanto, alguém o alertou, fazendo-o ver que absolutamente não se tratava daquilo, despertando-lhe o interesse para as luzes, que no período de março a agosto sempre surgiam em sua propriedade. Contou-nos, então, que realmente existia uma nave tripulada que estava visitando-o com regularidade e que havia conhecido seu comandante de nome Aramak, tendo inclusive estado em seu interior, conhecendo todo seu equipamento e as sondas.
Além de ter viajado dentro e fora de nossa atmosfera. Dúvidas à parte, há uma fotografia a respeito de um desses encontros, não com a nave maior, mas talvez com uma do tipo 6, conforme Adamski, feita pelo senhor Luiz Afonso Albuquerque, no dia 31 de janeiro de 1969, com o testemunho do general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, doutor Osvaldo França, doutor Ivani Geraldo Viana, senhor Galdino Silva, senhor Hamilton de Oliveira, da Polícia Federal, e major Jacob We-ismann, da Aeronáutica.
Luiz Afonso deixou o diafragma de sua câmara fotográfica a-berto e, a uma distância de 200 a 250 m, fotografou Wilson ao lado direito da sonda, ainda com a lanterna acesa em sua mão esquerda. Na foto aproximada, vê-se nitidamente o vulto de Wilson, com chapéu na cabeça, ao lado da pequena nave. As “luzes pensantes”, “bolas de fogo” [desígnios populares] ou simplesmente sondas, segundo pudemos observar, são realmente irrefutáveis, não nos permitindo confundi-las com qualquer tipo de fenômeno natural conhecido, tamanha a exuberância com que se manifestam.
Cruzam à nossa frente, passam por sobre nossas cabeças, acendem e apagam em lugares diferentes, correm acesas por cima das árvores e no nível do solo, aumentam e diminuem suas luminescências. Por vezes ficam foscas, mudam de cor, param no espaço, executam manobras com variadas velocidades, em ângulos de até 90º e ainda se dão ao luxo de responderem inteligentemente aos sinais de lanterna.
Sempre gostei de chegar à fazenda onde pesquisávamos o Fenômeno UFO em plena escuridão, por ser fácil vislumbrar qualquer manifestação luminosa na região. Em tais oportunidades, utilizávamos binóculos para detectar uma ou duas sondas apagadas, foscas, como que pousadas no solo a distâncias variadas (é comum aparecerem sondas quando sinaliza
mos com lanternas em determinada direção e para o alto. Elas não só se iluminam como saem em vôos majestosos). Tantas vezes piscássemos em suas direções, tantas vezes elas respondiam.
Jatos de luz – Ignoro se tal comportamento é regra geral. A coisa é infalível. Tanto é verdade que fiquei conhecido como o “cara que perturbava os contatos”, de tanto acender e apagar lanterna. Entretanto, em março de 1969, pude assistir a uma esplêndida demonstração proporcionada por nossos visitantes: uma sonda, branca a princípio, vermelha depois, alaranjada em seguida, correu no horizonte, parando perto da cerca, junto ao portão de entrada da fazenda a uns 300 m de onde estávamos. De lá, ela cresceu, diminuiu, mudou de cor, jogou jatos de luz, tornou a se locomover, acendendo e apagando por entre as árvores e veio posicionar-se a não mais de 20 m, a uma altura de uns 10 m, parecendo um rubi do tamanho de uma bola de futebol.
Ali permaneceu cerca de 20 segundos, para em seguida desintegrar-se, sem ruído algum, lançando chispas para todos os lados, num verdadeiro espetáculo pirotécnico, deslumbrando uns e assustando outros, ocasião em que Luiz Afonso fez a seqüência fotográfica. Ainda procurei, entre o capim e arbustos existentes, alguma sombra daquele objeto, tendo repetido a busca no dia seguinte à luz do sol, uma vez que à noite foi praticamente impossível. Infelizmente, também de dia nada foi encontrado.
Numa tarde de agosto de 1970, às 17:00 h, cheguei sozinho à Fazenda Vale do Rio do Ouro. Desci à casa sede e constatei que não havia ninguém. Retornei ao lugar costumeiro de vigília, ficando dentro do carro, observando com binóculo uma queimada à distância. Os fenômenos ufológicos já estavam se tornando escassos, mas, vez por outra, ainda ocorriam. Não com a maravilhosa intensidade do início dos anos 70.
Recordando aqueles bons tempos, desci do meu carro e saí pelo cerrado, matutando sobre aquelas estranhas ocorrências, indo aos pontos onde os mais significativos eventos aconteceram. Assim, totalmente alheio, mal notei a noite chegar. Quando me dei conta, estava a uns 500 m de distância do veículo, sem lanterna, sem qualquer tipo de arma e à disposição das jaguatiricas e onças que, de vez em quando, costumavam rondar aquelas paragens.
Lanterna azul – Tratei de voltar rapidamente, sem me preocupar com as cobras, lembrando no entanto que em uma situação semelhante, por volta de março e abril, às 02:00 ou 03:00 h, as sondas brincavam ali de esconde-esconde. Em dada ocasião joguei uma pedra contra uma delas, pensando tratar-se de algum componente do grupo de pesquisa do qual eu fazia parte que, com uma lanterna azul, estivesse fazendo brincadeiras.
A “lanterna azul”, no entanto, deslocou-se em alta velocidade, desceu o morro e se postou em outra elevação a mais de um quilômetro, apagando-se em seguida. Tudo isso em menos de dez segundos. Chegando ao local de pesquisas conferi o relógio. Eram 20:25 h. Ao longe, no Morro do Fogo, observei um ponto luminoso, aumentando e diminuindo de tamanho. Olhei com binóculo e deduzi tratar-se de um toco de árvore ainda incandescente, com alguma fumaça saindo de seu interior e que, ao ser soprado pelo vento, produzira aquele efeito fantástico. Oportunidade sui generis para a chegada dos místicos que costumavam visitar a fazenda.
Durante 1969, ano em que realizávamos intermináveis vigílias na fazenda de Wilson, destacava-se em uma equipe um certo paranormal, muito respeitado por seus colegas e que, no entanto, já havia confundido faróis de carros com objetos voadores não identificados. Não se passaram nem 20 minutos para que chegassem à porteira três carros. Eram aproximadamente dez pessoas, entre as quais, um dos tais “sensitivos”.
Após os cumprimentos, colocaram-se no interior de um triângulo tido como local de “segurança” contra possíveis radiações maléficas das sondas. Para evitar que pessoas como eu saíssem para espionar a área, Wilson mandara um de seus empregados capinar o local em forma de triângulo, criando a estória de que o comandante Aramak assim determinara, tendo em vista o perigo a que as testemunhas estariam expostas se dali se deslocassem.
Ficamos assim alguns minutos, quando uma aragem mais forte fez com que o toco novamente se encandecesse. Não deu outra. O paranormal, tomando à frente do grupo, ergueu os braços e bradou: “Oh, divino foco… Oh, divino foco!” Não pude resistir e, chegando ao seu lado, retruquei: “Oh, divino toco… Oh, divino toco que está pegando fogo!” Desnecessário dizer o reboliço que se seguiu. As críticas e admoestações foram fulminantes. Quando os ânimos, aparentemente, se acalmaram, contei-lhes sobre que horas eu havia chegado e sobre a queimada que presenciei. De imediato, convide-os a olhar com o binóculo. A maioria concordou comigo.
Quanto à “telecinésica criatura”, apesar de constatar o fato, ainda afirmou que “a fumaça era uma espécie de camuflagem u-sada pela pequena nave”. Evidentemente, não sou con-tra um grupo de pesquisa que possa contar com a presença de um paranormal, desde que devidamente comprovadas suas qualidades extra-sensoriais.
Entretanto, conseqüentemente, o-correrão choques de pontos de vista e a divisão será inevitável, indo os místicos para um lado e os científicos para outro. Torna-se difícil coadunar as duas correntes. Tanto o misticismo exagerado como o radicalismo científico prejudicam a pesquisa ufológica. Como pesquisador de campo, e nesse caso em particular, presenciei testemunhos inequívocos de que o fanatismo, indubitavelmente, desarticula qualquer grupo.
Perturbador de contato – Numa outra vez, na estrada do Lago Sul, indo para o Paraná, ao vislumbrar ao longe um ponto luminoso, um dito contatado teve o desplante de ir se apresentando para todos os presentes, dizendo: “Senhor comandante, quero lhe apresentar aqui o senhor fulano de tal”. Ao chegar a minha vez, fui logo argumentando: “Fulano, perdoe-me, mas aquilo não é nave coisa alguma. É um poste de iluminação. Se você notar…” Nem pude terminar, porque fui novamente tachado de perturbador e de estar cortando o contato com os ETs.
Contudo a Fazenda Vale do Rio do Ouro foi um marco significativo na história ufológica do Planalto Central. Os fatos lá ocorridos não deixam margem a dúvidas. Até o mais cético dos humanos, inevitavelmente, teria seu ponto de vista abalado. Mas em se tratando de pesquisa ufológica, não vejo como conciliar ciência com esoterismo. O excesso de misticismo por parte de alguns tem feito cair no ridículo pessoas sérias e respeitáveis. Ponto positivo para os científicos ortodoxo
s, que estão sempre à espreita de acontecimentos deste gênero para sustentarem seus argumentos. Muitos grupos já se desmantelaram em virtude de tais ocorrências e outros tantos podem seguir a mesma trajetória.