Desde os primórdios da vida humana sobre a Terra, o homem contempla o firmamento com olhos de fascinação, curiosidade e medo. Vibra-nos uma secreta intuição de que existe algo além do espesso véu que recobre a noite. O temor com que nossos ancestrais observavam o céu era amenizado nos cultos de adoração e nos sacrifícios. Mas a aspiração humana referente a entidades supostamente celestes ou extraterrestres está muito longe de constituir uma particularidade do nosso tempo. Sábios e filósofos antigos e modernos, religiosos ou profanos, professaram a doutrina da pluralidade dos mundos, seja abertamente aos seus discípulos, seja em segredo aos iniciados. Os textos antigos, do Ocidente ao Oriente, estão repletos de relatos de espantosos e inexplicáveis fenômenos, principalmente com alusões a seres vindos do espaço para trazer conhecimento ao homem. Na época, essas aparições eram julgadas como sinais de uma grande desgraça, guerra ou pestilência.
O Livro dos Mortos do Egito, um dos textos mais antigos da história — que remonta a cerca de 15 mil anos antes de Cristo —, testemunha uma fé profunda em um mundo espiritual completamente diverso do nosso. Em certas passagens da obra, encontramos nítidas alusões à vinda de seres incomuns, bem como a uma guerra que teria ocorrido no céu do planeta. O Mahabarata e o Ramayana, poemas épicos da Índia, talvez os mais longos já escritos, também são fontes desse tipo de informação. O Mahabarata teria sido escrito entre 540 e 300 a.C. e nele encontramos relatos extraordinários de naves voadoras e suas evoluções sobre os céus da Índia, há quatro mil anos. O Ramayana foi escrito por volta do ano 100 d.C., porém é baseado em tradições orais que voltam no tempo cerca de seis a sete séculos. Ele é pródigo em referências a seres não terrestres e objetos voadores não identificados — os vimanas ou vímanas, aparelhos que possibilitavam aos homens da Terra a ascensão aos céus e aos “homens do céu” descerem à Terra.
No Musala Parva, texto de origem também hindu, vamos encontrar uma sugestiva descrição do que teria sido um ataque nuclear ocorrido há milhares de anos. E ainda, segundo o Samarangana Sutradhara, ficamos sabendo que os vimanas eram equipamentos com estrutura forte, compacta e bem moldada, em cuja composição haveria ferro, chumbo e cobre. Esses veículos eram capazes de voar por longas distâncias, impulsionados por motores.
“Muitas moradas”
Entre os livros antigos, a Bíblia é o livro mais estudado e de maior circulação no mundo, e também ela se encontra repleta de narrativas que, analisadas com isenção de preconceitos, comportam uma de duas interpretações: a divina ou a ufológica. “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, diz uma frase colhida do Livro de João e que é de uma riqueza incontestável. Trata-se, talvez, da passagem bíblica que mais diretamente mostra quão populoso é o universo, ao mesmo tempo em que evidencia que Deus é o Pai de outras civilizações dispersas pela imensidão cósmica. No Velho Testamento também encontramos grande abundância de relatos bastante reveladores.
Primeiro grau
Avistamento de veículo de origem não terrestre
Segundo grau
Evidências físicas deixadas pela manifestação do fenômeno
Terceiro grau
Avistamento de tripulantes do aparelho, dentro ou fora dele
Quarto grau
Troca de comunicação com os tripulantes do veículo
Quinto grau
O ingresso na nave, seja por convite ou à força
Assim, no decorrer da história, os extraterrestres seriam os mensageiros e emissários de Deus, e os anjos bíblicos eram tão parecidos com os humanos que não raro chegavam a ser confundidos conosco. As inúmeras parábolas e relatos de livros sagrados encontram-se impregnados de elementos simbólicos e figurativos indispensáveis a uma futura compreensão e assimilação. Através da percepção própria, os escritores de outrora, cada qual a seu modo, expressaram os fatos históricos, e é altamente significativo que os povos da Antigüidade mantivessem uma verdadeira vigilância de radar sobre o céu acima de suas cabeças.
Nova realidade
Religiões, seitas e doutrinas são louváveis em seus propósitos de reforma moral do ser humano. Não obstante, podem inadvertidamente se transformar em instrumentos de dominação e condicionamento mental, passando a ser idolatradas como dogmáticas e inquestionáveis, impedindo assim qualquer tipo de progresso espiritual. Quem se apóia nos preceitos oficiais, exaltando-os sempre, tem certamente uma vida bem mais fácil do que aquele que os desafia — as elites dominantes nunca gostaram de ver seus poderes ameaçados e por isso têm especial simpatia por bajuladores. Chega a ser covardia cerrar olhos e ouvidos diante de fatos ou hipóteses mais ousadas, só porque novas conclusões poderiam afastar a humanidade de sua mentalidade tradicional.
Ninguém pôde pretender um acolhimento fervoroso ao lançar uma nova teoria, em momento algum da história. Assim, o debate que se originava em torno do tema se justifica: trata-se de tamanho desafio que, para vencê-lo, os preconceitos e velhos paradigmas da ciência e das religiões precisavam ser reinterpretados. Alguns deles deveriam inclusive ser substituídos pela aceitação de uma nova realidade.
A despeito de todo progresso tecnológico e científico alcançado, conhecemos mais mistérios hoje do que no início da Revolução Industrial. Idolatrando nossas obras científicas, aniquilamos a humildade, mãe generosa de qualquer progresso autêntico. A ciência moderna está ampliando seus braços por domínios que, durante longos anos, foram territórios da religião e da filosofia. Percebe-se, a cada dia, sua crescente perplexidade diante de um mundo novo de espantosas descobertas. Toda e qualquer tentativa de explicar um fenômeno insuficientemente compreendido, arrogantemente afirmando se tratar de alucinação ou devaneio, torna-se irrelevante quando uma nova teoria pode ser aplicada. É verdade que nem sempre encontramos respostas imediatas às nossas dúvidas — e isso se dá porque a nossa capacidade de entendimento é limitada e a compreensão que temos do mundo em que vivemos é incompleta.
Ufologia, ciência de verdade
O psicólogo e pesquisador Paul J. Lavrakas demonstrou que pessoas profundamente espiritualizadas — muitas delas sem ter necessariamente ligação direta com as religiões ditas clássicas — estão mais propensas a aceitar a existência de vida em outros planetas. De acordo com seus estudos, os ateus são os que menos acreditam nesta possibilidade. Já o matemático e uf&oac
ute;logo franco-americano Jacques Vallée, por sua vez, afirma que “o motivo principal para a crença em extraterrestres é o fato de ela satisfazer anseios profundos de que talvez, em algum lugar do cosmos, existam seres mais desenvolvidos que já passaram pelos problemas que agora enfrentamos, e conseguiram superá-los”.
Em outro momento, Vallée admite que “os UFOS podem não vir do espaço comum, mas de uma espécie de ‘multiverso’ que está à nossa volta e cuja perturbadora realidade temos teimosamente nos negado a aceitar, apesar das evidências existentes há séculos. O matemático acredita na existência de um sistema que transcende o tempo e o espaço. “O que vemos aqui não é uma invasão alienígena. É um sistema espiritual que age e utiliza os humanos”, diz.
Apesar de grande parte do interesse do público pelos discos voadores ter sido alimentado pela ficção científica e pelos estúdios de Hollywood, a busca por outras formas de inteligências extraterrestres é ciência de verdade. A Ufologia, neste contexto, nos leva a refletir que talvez num futuro não muito distante o estudo de nossos visitantes extraterrestres seja conduzido pela comunidade científica. Hoje sabemos que quase todas as futuras missões da NASA, a agência espacial norte-americana, estão concentradas na busca de evidências de formas de vida alienígena.
Dia e noite, em todo o mundo, centenas de cientistas determinados perscrutam o céu, esperançosos de encontrar o Santo Graal da astronomia. Com suas antenas gigantescas, aguardam sinais da existência de outras espécies cósmicas, que muitos acreditam ser compostas por “irmãos das estrelas”. Foi talvez Camille Flammarion (1842-1925) o primeiro astrônomo da era moderna a admitir abertamente a possibilidade de que a vida não era uma exceção terrestre, mas sim uma regra universal. Ele deixou esse pensamento bem claro em sua obra A Pluralidade dos Mundos Habitados, publicada em Paris, em 1864. “Sentimos a necessidade de povoar esses globos em aparência esquecidos pela vida, e sobre essas regiões eternamente desertas e silenciosas procuramos olhares que respondam aos nossos”, disse Flammarion em seu trabalho magistral.
Para o astrônomo norte-americano Carl Sagan, falecido em 1996, autor do livro Cosmos [Editora Villa Rica, 1982] e o principal responsável pelas missões espaciais da NASA Mariner, Viking e Voyager, é possível existir até um bilhão de planetas semelhantes à Terra na Via Láctea. Estaríamos, portanto, diante de um bilhão de possibilidades de encontrarmos outras estrelas com planetas habitados ao redor em condições de igualdade com o nosso — e tudo isso apenas em nossa própria galáxia.
Os trabalhos do Projeto SETI, o programa de busca por vida extraterrestre inteligente, uma organização não governamental sediada na Califórnia, iniciados pelo astrônomo Frank Drake em abril de 1960, concentram-se na busca de civilizações que possam ter desenvolvido tecnologia de comunicação interestelar — porém, até o momento, o silêncio com que nos deparamos nessa tentativa de ouvi-los é aterrador [Veja edição UFO 179, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Estágios evolutivos impensáveis
Quasares, pulsares e outros sinais recebidos pelo SETI e equivocadamente interpretados como mensagens extraterrestres decepcionaram as expectativas, mas acrescentaram novos dados ao nosso conhecimento do universo. Vida, como a concebemos, significa evolução. E admitir a existência matemática de vida em uma quantidade tão grande de planetas implica, também, em aceitar que em numerosos mundos ela já tenha atingido estágios evolutivos com os quais sequer sonhamos.
Apesar do significativo aumento na casuística ufológica mundial, ainda aguardamos o momento de um contato oficial e definitivo com outras espécies cósmicas, que hoje é tido como inevitável. Para tanto, é necessário estarmos atentos a enganações e analisar todos os fatos com saudável ceticismo
Para sinalizar melhor os caminhos do raciocínio lógico, Drake engenhosamente criou uma fórmula, conhecida como Equação de Drake, que funciona como uma espécie de “receita” para o cálculo da probabilidade de vida extraterrestre inteligente no universo. O valor de alguns fatores da equação muda conforme o gosto de quem os calcula, o que faz dela uma interessante especulação estatística [Veja DVD Destino Terra, código DVD-024 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Com o emprego das idéias de Drake, da previsão mais conservadora aos cálculos mais otimistas, estima-se a existência de civilizações inteligentes na nossa galáxia em quantidade que iria desde 16 a 100 mil delas.
Mas o acúmulo de evidências científicas sobre a possibilidade de encontrarmos outras espécies cósmicas tem feito vacilar até os mais céticos. É o caso do astrofísico norte-americano Allan Sandage, que duvida de uma demonstração definitiva da existência de alienígenas. Sandage, entretanto, está convencido de que não somos os únicos no cosmos. “Penso que os seres vivos, inclusive os inteligentes, surgem naturalmente no universo”, afirma.
Cautelosamente, outros dois representantes da elite científica internacional arriscam uma argumentação corajosa. Os astrofísicos Jaume Garriga, da Universidade de Barcelona, na Espanha, apoiado por Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts, em Massachussets, nos Estados Unidos, afirmam que apenas galáxias com idade semelhante à Via Láctea oferecem condições para o desenvolvimento de vida inteligente.
Diálogo com vizinhos cósmicos
Para tanto, Garriga e Vilenkin sustentam a tese de que galáxias formadas recentemente vivem superlotadas e seus “planetas-bebês” possuem gravidade insuficiente para reter elementos pesados essenciais à vida, como o ferro e o silício, e estão mais vulneráveis a colisões com outros corpos próximos. Saber que temos companhia no cosmos, entretanto, não elimina a solidão da humanidade. Ela deseja procurar, encontrar e dialogar com seus vizinhos cósmicos. Infelizmente, em nome da ilusória supremacia e onipresença da raça humana no universo, outras vozes se levantam em uníssono contra tudo e todos que ameaçam fazer ruir o seu castelo de elementos antropocêntricos.
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aacute; muito estão fora de uso a inquisição, a fogueira e as bulas de excomunhão, mas os procedimentos adotados são igualmente condenáveis. Por considerarem que a concepção da vida é um evento raro e extremamente complexo, alguns conceituados membros dessa classe erguem um escudo contra o incômodo agressor.
Críticos da equação de Drake, como o cientista evolucionista Ernst Mayr, falecido em 2005, dizem que as tentativas de contatar civilizações extraterrestres são inúteis, pois a chance de uma delas ter evoluído o suficiente para enviar mensagens ao espaço é ínfima. “Na Terra, onde existem milhões de espécies viventes, apenas uma delas possui essa capacidade e demorou quase quatro bilhões de anos para desenvolvê-la”, dizia Mayr. Ele viveu cercado de outros pessimistas.
Em seu livro Rare Earth: Why Complex Life Is Uncommon In The Universe [Terra Rara: Por que as Formas Complexas de Vida são Incomuns no Universo, Springer Editors, 2000], o paleontólogo Peter Ward e o astrônomo Donald Brownlee, da Universidade de Washington, lançam uma ducha de água fria na expectativa daqueles que crêem na existência de civilizações extraterrestres. “Somos produto de um lance de sorte, uma combinação única de fatores que não se repete em nenhum outro lugar do Universo”, pretende Ward. Quando questionado acerca da possibilidade de descobrirmos formas de vida mais elementares, no entanto, diz ter poucas dúvidas de sua existência. “O fato de terem aparecido aqui tão cedo sugere que não é difícil que elas brotem em qualquer outro lugar”. Ele ainda diz crer que existam microorganismos no subsolo de Marte ou debaixo da camada de gelo de Europa, uma das luas de Júpiter. “Vida inteligente, porém, é outra história muito mais complicada”, diz.
Quantidade enorme de astros
O bom senso não nos admite como seres privilegiados da criação, e a grandiosidade da obra divina pode ser expressa em termos numéricos. Um cálculo ponderado estima que existam mais de 50 bilhões de galáxias no universo observável, cada uma delas contendo aproximadamente 100 bilhões de estrelas, ou seja, uma quantidade inconcebível de astros como o nosso Sol, que, muito provavelmente, iluminam um número ainda maior de planetas.
Sabe-se que a estrela mais próxima de nós, Alfa Centauri, está a “apenas” quatro anos-luz da Terra, aproximadamente 37 trilhões de quilômetros. A maioria das estrelas visíveis a olho nu, em uma noite clara e sem Lua, está a “apenas” umas poucas centenas de anos-luz daqui. No atual estágio de nossa tecnologia, entretanto, essas distâncias — que são insignificantes do ponto de vista astronômico — tornam-se barreiras intransponíveis, dificultando qualquer forma de contato com outras espécies cósmicas.
Edgar D. Mitchell, astronauta e chefe da missão Apollo XIV, o sexto homem a pisar em solo lunar, afirma não ter certeza da real necessidade de um programa espacial nos moldes de como hoje ele está estruturado. Apesar de sólida formação científica, sua experiência espacial determinou uma brutal mudança em seu modo de vida, tendo ele passado a se dedicar à pesquisa do que chama de “espaço interior” da consciência humana. “Pode estar extremamente longe e hipotético, mas se o fenômeno da projeção astral tiver qualquer validade, poderia ser uma forma viável de viagem intergaláctica e certamente muito mais segura do que o vôo no espaço”, afirma Mitchell [Veja DVD Destino Terra 2, código DVD-047 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Ora, se nossos pensamentos são transportados por ondas quânticas imensuráveis, imateriais e mais velozes do que a luz, como se crê, não há razão lógica que as impeça de viajar para mundos paralelos — e um deles pode ser o nosso próprio mundo, no passado ou no futuro. É possível que a viagem no tempo, a viagem no espaço e a experiência fora do corpo estejam todas inter-relacionadas.
Renúncia a conceitos enraizados
É pouco provável que a propulsão dos foguetes seja a única maneira de permitir a movimentação pelo cosmos. As distâncias cósmicas, ainda que expressas em números, mostram-se inacessíveis apenas à compreensão humana, mas como outras civilizações mais avançadas as encarariam? Einstein esclareceu que, por mais vasto que o universo nos pareça, viajar através dele nada significa para a luz. Se um dia pudermos viajar à velocidade da luz, as distâncias e o tempo como os concebemos serão reduzidos a nada. “Renunciar a conceitos enraizados na física clássica em favor de sinais que viajem mais rápido do que a luz e em uma realidade que exista além do nosso espaço-tempo será um enorme salto sobre idéias materialistas e obsoletas”, é o que afirma Amit Goswami, professor de física quântica da Universidade de Oregon.
Teorias novas e ousadas surgem a todo momento para tentar explicar um fenômeno que contraria todas as leis da física conhecidas. Universos paralelos, múltiplas dimensões e a existência de vida além da nossa realidade tridimensional de espaço-tempo são tratados como preocupação científica e nos acenam com possibilidades espetaculares. Algumas hipóteses falam de múltiplas dimensões — a mais conhecida delas, a Teoria das Supercordas, propõe a existência de uma dezena de dimensões, que estariam “embut
idas” nas quatro que conhecemos, comprimento, altura, profundidade e tempo.
Uma das idéias mais fascinantes que surgiram no mundo da física teórica é a dos buracos negros. A expressão tem origem muito recente, tendo sido adotada em 1969 pelo físico norte-americano John Archibald Wheeler, falecido em 2008. Ela designaria um local, no espaço físico onde o espaço e o tempo “se dobram” um sobre o outro. O campo gravitacional que circunda um buraco negro seria tão intenso que nem mesmo a luz conseguiria dele escapar. A via final desse processo quase inacreditável consistiria na concentração de uma enorme quantidade de massa, como a que existe em uma estrela, em um objeto de tamanho semelhante a um átomo.
Caminho mais curto
Baseados numa idéia de Einstein, vários físicos propuseram que os buracos negros teriam um outro lado, já sendo chamados de “buracos brancos”. O aspecto mais fantástico dessa concepção, porém, é que o buraco negro e o buraco branco não seriam o “mesmo buraco”, mas estariam conectados de alguma forma. Wheeler denominou essas conexões de buracos de minhoca. Segundo ele, haveria por todo o universo uma rede desses buracos conectando todos os pontos do espaço em um número indefinido de padrões possíveis, alterando suas posições como uma espécie de “liga-desliga cósmico” ininterrupto.
Como um túnel dentro de uma montanha é mais curto do que a estrada que a circunda na superfície, um buraco de minhoca pode ser o caminho mais curto entre dois pontos do que o percurso pelo espaço normal. Os buracos negros são um raro exemplo na história da ciência em que uma teoria foi detalhadamente desenvolvida apenas em modelos matemáticos, antes que houvesse qualquer evidência observável indicando que estivesse correta — ou seja, se admitiu a existência de buracos negros sem que alguém tivesse visto ou registrado algum.
Atualmente, acredita-se que o número deles no cosmos seja maior do que se imagina. Ao longo de muitos bilhões de anos, incontáveis estrelas devem ter queimado todo o seu combustível interno e entrado em colapso, gerando os buracos segundo o processo descrito. Assim, a quantidade de buracos negros pode muito bem ser maior do que o de estrelas observáveis, que somente em nossa Via Láctea somam aproximadamente 100 bilhões.
Antigravidade e antimatéria
Para minimizar os inconvenientes que as reservas limitadas de combustível acarretam, muitos pesquisadores estão empenhados na descoberta de fontes alternativas de energia que possibilitem longas viagens pelo espaço. Longe de constituir uma impossibilidade física, procura-se sobrepujar um desafio técnico. Dentre as várias linhas de pesquisa e inspirados por teorias ousadas, destacam-se os conceitos que abordam o uso da antigravidade — segundo a qual as naves ficariam sem peso para se locomoverem —, os motores iônicos e o uso de antimatéria.
Ainda no campo teórico, o físico Miguel Alcubierre, da Universidade de Gales, imaginou uma máquina propulsora semelhante ao motor de dobra espacial utilizado na série de Jornada nas Estrelas, por meio do qual o espaço seria “dobrado” sobre si, originando uma passagem entre dois pontos em forma de fenda, permitindo assim deslocamentos em velocidade superior à da luz. É necessário admitir que sobre a física atual devam existir variantes que possam explicar aparentes “milagres”, sem que isso venha a ferir seus postulados clássicos, de maneira que esses prodígios um dia se tornem regra, em vez de exceção.
Paul Dirac, um dos pioneiros da física quântica e Prêmio Nobel de física em 1933, disse certa vez que grandes inovações nesta disciplina sempre implicam renunciar a alguns grandes preconceitos. Ele estava certo: o modelo explicativo materialista tem-se revelado incapaz de compreender um universo repleto de fenômenos. A confirmar isso, temos que os principais progressos observados na astronomia se devem, em boa parte, à ousadia de determinados cientistas e seus arroubos de lógica e de imaginação.
Especula-se que se o homem conseguir criar passagens para partículas entre uma e outra dimensão, também será possível no futuro criar túneis maiores, para passagem de veículos espaciais entre dimensões ou universos paralelos. Esta seria uma opção às viagens interestelares clássicas, que podem ser complicadas e desencorajadoras até mesmo para uma hipotética civilização extraterrestre. Se um dia viermos a identificar partículas ou radiações que se propagam a uma velocidade ilimitada, poderemos enviar um cartão postal de um extremo a outro da galáxia instantaneamente.
Múltiplas aparências
Estamos sozinhos no espaço? Parece cada vez mais provável que a resposta a esta pergunta seja um sonoro não. Resta saber, entretanto, se essa vida se limita a formas rudimentares de existência ou se é suficiente para gerar criaturas dotadas de inteligência, de onde deriva a pergunta: estariam elas nos visitando ou talvez entre nós? Sim, porque existe forte suposição de que formas de vida alienígena já adquiriram direito de cidadania em nosso planeta. Os relatos de contatos de terceiro grau mencionam criaturas com grande multiplicidade de aparências.
Capazes de assumir praticamente qualquer forma, de acordo com os padrões de determinada época e cultura, nossos visitantes extraterrestres são normalmente descritos como tendo cabeça, tronco e membros, daí o uso da expressão humanóides para defini-los. Dínamo de controvérsias e restrito aos círculos ufológicos, desenvolveu-se um sistema de classificação dos seres descritos em depoimentos de testemunhas destes contatos. Esta tipologia é baseada estritamente no fenótipo alienígena, isso é, nas características físicas predominantemente observadas e nos aspectos comportamentais próprios dos v
isitantes [Veja box nestas páginas].
O surgimento da casuística
Sejam nossos visitantes dos tipos Alfa, Beta, Gama, Delta, Ômega ou Sigma — que são as modalidades em que foram classificadas —, o importante a saber é que o estudo sistemático dos biótipos extraterrestres talvez é a maneira como eles se fazem notar, como ocorrem suas manifestações em nosso meio. O sistema de classificação criado vai muito além dos limites da pesquisa ufológica. As seis categorias de ETs poderiam, na verdade, integrar um conjunto arquetípico enraizado no inconsciente, do qual nosso psiquismo retira o que necessita quando está sujeito a uma circunstância incomum. Em outras palavras, o ser humano observa, analisa e classifica a insólita aparição dentro de um modelo ou parâmetro que lhe seja mais familiar.
Embora não se esteja diante de um fenômeno contemporâneo, mas histórico, a moderna Ufologia começou logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os contatos e avistamentos se intensificaram — um processo fortemente acelerado com o advento das viagens espaciais, anos depois. A importância de casos ufológicos ocorridos durante o conflito e a subseqüente criação de comissões governamentais ou militares para a análise do fenômeno geraram o que chamamos de casuística ufológica. Passou-se então não só a coletar informações e a realizar pesquisas sobre o tema, mas também a buscar relatos anteriores em livros sagrados, na mitologia, em lendas e no folclore do mundo inteiro.
Objetos voadores não identificados têm sido registrados desde as épocas mais remotas, mas parece que não evoluíram muito durante todo esse período. Sob o aspecto formal, todo e qualquer evento contemporâneo tem o seu equivalente histórico. Desde nossos antepassados das cavernas às obras de arte medieval, a representação gráfica de veículos incomuns no espaço em muito se assemelha aos avistamentos dos dias atuais. Contatos estreitos entre os homens e entidades sobrehumanas — incluídas aí as abduções — têm ocorrência abundante nos escritos sagrados do Ocidente ao Oriente. Vetores materiais, como os círculos ingleses ou agroglifos, não parecem exclusividade de nosso tempo [Veja o DVD Afinal, O Que Se Passa, código DVD-038 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Mas o que mantém acesa a chama da esperança de um contato definitivo, aberto e em larga escala com outras espécies cósmicas, que setores da literatura especializada denominam de contato imediato de sexto grau? Em termos quantitativos, estamos vivendo um aumento da casuística graças a vários fatores, entre os quais a grande facilidade na captação de imagens, com câmeras digitais e telefones celulares, e o crescente interesse da mídia e seu afã pelo insólito. Também podemos atribuir este crescimento nos números à disseminação da informação sobre UFOs em banda larga e à enorme quantidade de ufólogos e ufófilos organizados em entidades diversas, assim como a busca científica pela vida extraterrestre.
Muito calor e pouca luz
Mas, claro, não menos importante nesse processo de aumento da consciência da realidade ufológica está a inacreditável abertura de arquivos oficiais sobre a presença alienígena em nosso país, a dita abertura ufológica, que aqui tem sua maior expressão nos trabalhos da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que lançou em 2004 e mantém até hoje a vitoriosa campanha UFOs: Liberdade de Informação Já [Veja edições UFO 160 e 170, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br].
Apesar de tamanho aumento na casuística ufológica, um suspiro de frustração ainda toma de assalto todos os que se debruçam sobre tão apaixonante assunto. Dispomos de imagens espetaculares do nosso mundo e do espaço que nos envolve, porém, quando conseguimos um flagrante ufológico, buscamos a alta tecnologia para aprimorar a imagem sofrível ou desmascarar a fraude. Também dispomos de material geológico de outros orbes, mas nem um mísero parafuso de uma nave acidentada. Enfim, o fenômeno é invariavelmente furtivo e fugidio, jamais tendo autorizado seu detalhamento.
Da mesma forma, todas as promessas de um contato definitivo com outras espécies cósmicas ruíram por terra, tais como as inúmeras previsões do fim do mundo. A mistificação que de tempos em tempos finca raízes no imaginário popular tem um efeito devastador para a Ufologia séria, pois oferece aos movimentos céticos seu lado mais vulnerável. O Fenômeno UFO é fato que não cabe contestação, porém as discussões sobre a manifestação ufológica fazem calor, mas não lançam luz.
As formas de vida extraterrestre que um dia vierem a ser comprovadas poderão constituir as primeiras peças de uma maravilhosa árvore genealógica cósmica, da qual nós, humanos, cheios de orgulho e supremacia, não seríamos, senão, um fino e insignificante galho. Podemos estar certos de que nossa resposta e nossas emoções diante de tão aguardado evento serão tão variadas quanto à própria diversidade da humanidade. Mas, até que esse dia chegue, devemos permanecer atentos a enganações e analisar todos os fatos com saudável ceticismo. Ainda assim, temos que nos preparar para a notícia mais surpreendente da história da humanidade.