União Européia, EUA, Japão, China, Rússia, Coréia do Sul e Índia deram início ao cumprimento do acordo de US$ 12,8 bilhões para construir um reator experimental de fusão nuclear, da onde, esperam os países participantes, surgirá uma fonte de energia mais barata, segura e limpa. O consórcio havia concordado, em 2005, em construir o Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER, a sigla em inglês) em Cadarache, no sul da França. A esperança é que a nova tecnologia ajude o mundo a deixar sua dependência dos combustíveis fósseis e da fissão nuclear. O processo de fusão nuclear reproduz o mecanismo interno do Sol, esmagando átomos leves de encontro uns aos outros e gerando energia no processo. Espera-se que um reator de fusão funcional não gere nenhuma emissão de gases do efeito estufa e níveis extremamente baixos de lixo radioativo.
“Representamos mais de metade da população do mundo, e reconhecemos que, ao trabalhar juntos hoje, temos uma chance muito maior de enfrentar os desafios do amanhã”, disse o comissário de Ciência e Pesquisa da União Européia, Janez Potocnik, após a cerimônia. Segundo ele, os países participantes deverão ratificar o tratado ainda neste ano, para que a construção comece em 2007. O reator deve levar oito anos para ficar pronto. Se o reator experimental funcionar a contento, as autoridades esperam ter uma usina de demonstração funcionando até 2040. Autoridades esperam que de 10% a 20% da energia consumida no mundo poderá vir de reatores de fusão até o final do século.
Grupos ambientalistas atacaram o projeto, dizendo que não há garantias de que os bilhões de dólares gastos produzirão uma fonte de energia com viabilidade comercial. “Investimento em eficiência energética e recursos renováveis é a única forma segura de garantir segurança energética”, disse Silvia Hermann, da Amigos da Terra. “Dar bilhões a um único projeto que está tão longe da realidade é uma má decisão, e irresponsável”. A Comissão Européia, organismo executivo da UE, diz que o investimento é justificado, pois a tecnologia do reator de fusão será “intrinsecamente segura, sem chance de derretimento ou reações descontroladas”.