Hámuito se diz que a Ufologia é um estudo agregador na medida em que demanda que os pesquisadores e interessados conheçam sobre outras matérias que, a princípio, nada teriam a ver com UFOs. Essa visão mais ampla do fenômeno abre uma grande gama de possibilidades para explicá-lo, o que nem sempre agrada a todos e acaba causando uma divisão que não deveria haver na pesquisa.
É interessante analisar como cada uma das distintas correntes de pensamento existentes dentro da Ufologia afirma, categoricamente, que as outras estão erradas — e o faz na mesma proporção em que afirma que tem a verdade. Esse tipo de atitude não gera nem constrói conhecimento, mas acaba por tornar o estudo de tal forma restrito, que, além de não evoluir, decresce e acaba por se tornar uma grande repetição.
Nosso entrevistado nesta edição pertence à corrente que tem uma visão ampla e abrangente da Ufologia, analisando o fenômeno como o mais importante acontecimento no atual momento pelo qual passa nossa sociedade. Um pouco como faz Jacques Vallée, Gustavo Fernández, consultor da Revista UFO há 10 anos, vê os UFOs como “gatilhos evolutivos”, como estímulos para mudanças de paradigmas e para uma percepção mais rica do cosmos.
Currículo para poucos
Com um currículo recheado de diversas experiências, desde programas de rádio e de TV, passando pela autoria de 17 livros sobre Ufologia e temas paranormais e seguindo com a criação e manutenção de vários sites de temáticas afins, o pesquisador impressiona por sua versatilidade e capacidade de abordar temas tão variados, nos quais parece navegar tranquilo, solidamente plantado em um vasto conhecimento e em uma lógica espantosa.
Nascido em Buenos Aires, em 1958, e radicado há muitos anos na cidade de Paraná, província de Entre Rios, Fernández foi apresentador de programas de rádio e se iniciou muito jovem na Ufologia. Aos 17 anos publicou seu primeiro livro, Naves Extraterrestres Tripuladas [Edição do autor]. Atualmente, dirige o Centro de Harmonização Integral, entidade difusora de terapias holísticas e de parapsicologia; o Instituto Planificador de Contatos Imediatos, dedicado a realizar investigações sobre contatos programados com as inteligências que se movem por detrás dos UFOs; e o Agrupamento Difusor de Sabedoria Ancestral Casa do Condor, uma das entidades com maior presença intelectual no campo da difusão do xamanismo e de remotas sabedorias.
O pesquisador trabalha em uma síntese entre o conhecimento dos ancestrais e o contato com entidades não físicas. Seu desempenho nessas atividades o levou e ainda leva a percorrer repetidamente diversos países da América e da Europa. Formado em psicologia junguiana, Fernández é titular da Associação Junguiana Argentina e membro da Academia Argentina de Maçonaria e Ordens e Sociedades Iniciáticas, onde ocupa, no conselho diretor, a cadeira Florentino Ameghino.
Nosso entrevistado realizou explorações no Peru, Chile, México, França e Espanha e escalou o Monte Aconcágua até seu cume. Também foi responsável por levar a cabo, pela primeira vez na história do andinismo argentino, experimentos parapsicológicos de clarividência, premonição e telepatia com grupos de pessoas em cidades a mais de 1.000 km de distância e ao nível do mar — é uma das principais referências em torno aos mistérios do Monte Uritorco, em Capilla del Monte, na Argentina, e cocriador do Labirinto de Quartzo, único no mundo, naquela localidade.
Conhecimentos avançados
Profundo conhecedor de uma imensa gama de temas, o pesquisador tem, como poucos, a capacidade de analisar e unir fatos aparentemente não conectados e mostrar a seus leitores como, afinal, funcionam as forças de poder em nosso planeta. Muitas vezes denunciando conspirações e outras apenas unindo pontos que sempre estiveram visíveis, Fernández é também um ótimo analista político.
Implacável crítico e analista do movimento Illuminati, o entrevistado compreende como poucos a guerra de forças que é travada nas sombras pelo domínio do planeta e o quanto há de manipulação e acobertamento que nublam o raciocínio da população — os movimentos orquestrados para distrair e iludir as pessoas, enquanto objetivos sinistros são alcançados, não passam despercebidos ao pesquisador.
Ao mesmo tempo, nosso entrevistado é também crítico de quem limita o estudo do ocultismo e dos conhecimentos ancestrais a algo superficial e o utiliza apenas para massagear o próprio ego. A seguir conheceremos mais sobre este incrível pesquisador e suas fantásticas descobertas, incluindo casos da rica e misteriosa literatura ufológica argentina.
Como surgiu seu interesse pela Ufologia?
Bem, não houve nada tão charmoso como histórias de contatos, abduções ou revelações transcendentes em minha vida. A verdade é que eu sempre fui muito curioso sobre as coisas e minha curiosidade foi alimentada, desde muito cedo, por pais que estimularam em mim e em meu irmão a paixão pela leitura. Naquela época, os UFOs dominavam a primeira página dos jornais, e como, mesmo pequeno, jamais gostei de falar sobre um tema que não conheço, comecei a ler sobre o assunto. Assim, logo aos 12 anos passei a ler um livro de Ufologia para ter argumentos nos debates em que me envolvia, que apesar de infantis, não eram menos apaixonados. E o livro me cativou, fazendo-me passar uma noite em claro até terminá-lo. Inevitavelmente, houve um segundo livro, e um terceiro, e um quarto… Foram os primeiros passos de um caminho que me trouxe aqui.
Você escreveu um livro chamado Naves Extraterrestres Tripuladas com apenas 17 anos de idade. Como surgiu a ideia e como isto o influenciou?
Aos 15 anos realizei minha primeira conferência sobre a presença alienígena na Terra. Já tinha criado meu grupo de investigação, chamado Cirovni Canopus, realizando entrevistas de rádio e de televisão, e era quase inevitável que pensasse em escrever um livro. Com a audácia irresponsável daquela idade, eu o apresentei a uma editora. O “mistério cósmico” é que o tenham aceitado e publico…
Minha produção literária segue o caminho de minhas inquietudes, por isso sempre escrevi sobre aquilo que me desperta curiosidade, sem pensar muito se haveria interesse de leitores. E o ecletismo de minha vida me permitiu incursionar no ocultismo.
Você escreveu vários outros interessantes livros. Por favor, fale-nos mais um pouco sobre eles.
Minha produção literária segue o caminho de minhas inquietudes intelectuais, por isso sempre escrevi sobre aquilo que me despertava curiosidade, sem pensar muito se haveria interesse de potenciais leitores. E o ecletismo de minha vida me permitiu incursionar no ocultismo com a obra Fundamentos Científicos del Ocultismo [Edição do autor, 1983], no fenômeno da sexualidade como forma de revolução em Los Secretos del Triunfo Sexual: Erotismo y Autocontrol Mental na Busca do Prazer [Servicios Planificados, 1985], e na aplicação prática da energia das pirâmides em El Correcto Uso del Péndulo y la Pirâmide [7 Llaves Editorial, 1999]. O fato de que meus livros estejam completamente esgotados assinala que, depois de tudo, minha inquietude não esteve tão afastada de meus leitores.
E seus livros sobre Ufologia? O que nos diz sobre eles?
Ressalto especialmente OVNIs sobre las Torres Gemelas [UFOs sobre as Torres Gêmeas, Kan Editorial, 2007] porque, apesar do risco de ser acusado de sensacionalismo, as provas documentais da vigilância desses objetos durante o processo do atentado são absolutas. Embora, claro, as obras que sempre despertam mais entusiasmo sejam aquelas que ainda permanecem inéditas, e nessa direção temos Chamanes de las Estrellas: Uma Leitura Esotérica do Fenómeno OVNI [Xamãs das Estrelas: Uma Leitura Esotérica do Fenômeno OVNI] e Guardianes de La Luz: Barões das Trevas [Guardiões da Luz: Barões das Trevas], este sobre os vínculos dos Illuminati com seres extraterrestres ou extradimensionais. Em português os leitores poderão encontrar na internet, de forma gratuita, a obra A Saga do Uritorco: Crônicas de um Portal.
Como você chegou, partindo da Ufologia, ao estudo do xamanismo e das sabedorias ancestrais? Pode nos falar um pouco sobre cada uma delas?
Minha concepção, lá por 1976 e 1977, era a de que a explicação mecanicista — um monte de porcas e parafusos intelectuais — não esgotava a complexidade e totalidade do fenômeno ufológico. Seus aspectos parapsicológicos e metafísicos, no mais estrito sentido etimológico da palavra, são inegáveis, e para tanto teria que me aprofundar nessas e em outras disciplinas. Tomemos o caso do xamanismo e das sabedorias ancestrais, por exemplo, isso é, o conhecimento dos povos originais da Terra. Eles trabalhavam com os planos ou energias sutis da natureza e, convencido que estou de que boa parte da manifestação ufológica é nesses planos, eu precisava mergulhar no assunto para ter a visão adequada. Comecei a experimentar e descobri que algumas destas técnicas abriam portais ou, no mínimo, a percepção de planos muito sutis. E isso me permitiu ver o Fenômeno UFO por outra perspectiva.
Nesse percurso você já esteve frente a frente com eventos ou seres que classificaria como não terrestres?
Sim. Não somente fui testemunha de alguns casos de avistamento de UFOs como, além disto, tanto em experiências de campo quanto na prática de cerimônias próprias de conhecimentos ancestrais e em experiências xamânicas, fui testemunha da aparição de entidades — seres que, mais do que extraterrestres, eu definiria como extradimensionais. [Veja box]
Que outras disciplinas você estuda e que definiria como complementares ao estudo da Ufologia?
Em meu caso, parapsicologia, xamanismo e, por conseguinte, psicologia. Elas me permitem uma compreensão maior da testemunha e de sua experiência.
Como você definiria a importância ou o papel representado pela Ufologia na sociedade atual?
Estou convencido, para assombro dos jornalistas que me perguntam sobre o assunto, que o Fenômeno UFO é o fato mais importante e traumático para nossa civilização nas últimas décadas. Admitamos, só por princípio, que efetivamente estamos sendo visitados por entidades de outros planetas e outras dimensões, possuidoras de tecnologias inimagináveis, que em algum momento ocorra um grande contato e que sua tecnologia comece a migrar para o nosso mundo — o impacto em nossa política, economia e crenças é inimaginável.
Você acredita que o abertura ufológica é o caminho natural que deveríamos perseguir, enfrentando todas consequências?
Sem dúvida. Será inevitável certo conflito e consequências não desejadas ante a abertura da informação, mas as consequências serão piores se persistir a ocultação. A verdade não pode ser negada por tempo demais, e quanto mais demora, mais esforços o poder das sombras realizará para manter o controle de tal informação, exercendo a violência — física, econômica e psicológica — que considere necessária em um grau cada vez maior. Os poderes do establishment sabem que inevitavelmente o contato com outras inteligências cósmicas prevalecerá e que seus instrumentos, como a militarização do tema, conflitos, novas igrejas, idiotização cultural da humanidade etc, serão ineficazes. Para o poder é preciso deter ou pelo menos desacelerar o processo de conscientização com novas estratégias. E então surge o desmantelamento da educação e o narcotráfico, levando violência, medo e insegurança extrema às ruas de todo o mundo, e especialmente aos países com mais potencial humano. As pessoas, com medo cotidiano, pensam somente em sobreviver e não têm tempo para o espírito. O poder segue, assim, controlando o mundo por mais algumas décadas.
Excelente. Mudando um pouco de assunto, no seu entender, o que são os agroglifos? Seriam um fenômeno atual?
O fenômeno dos agroglifos remonta, no mínimo, a tempos antigos. E dos ensinamentos que provêm da geometria sagrada, que estuda as relações entre o macro e o microcosmo e a codificação da ordem universal em padrões, eles são claramente mensagens contendo um salto quântico para nosso conhecimento, que entidades superiores trazem à nossa noosfera. É divertido escutar céticos dizer que os agroglifos não podem ser mensagens cósmicas porque seus símbolos se encontram em momentos distintos de nossa própria história, demonstrando com isso sua cabal ignorância de temas herméticos.
Por favor, explique melhor.
Claro. As ordens e sociedades iniciáticas e esotéricas conservaram através dos milênios esses símbolos justamente porque sua fonte foi a sabedoria universal. Isso de maneira que o fato de que tais símbolos regressem hoje na forma de agroglifos é somente a ratificação e a massificação do conhecimento que até hoje esteve reservado a círculos de iniciados. Por este motivo, afirmo que estimulam o salto quântico da consciência humana.
Como você vê este salto quântico? De que maneira os agroglifos estimulam um salto na consciência humana?
O fato de perguntarmos o que são e de estabelecermos associações de ideias para decodificá-los já estimula o repentino avanço na compreensão do investigador. Sua multiplicação, com o passar dos anos, leva ao salto quântico, ao inconsciente coletivo da humanidade. Mas por que é um salto quântico, afinal? A expressão da física é empregada para quando se passa repentinamente de um patamar de pensamento para outro, muito diferente do que naturalmente teríamos se não recebêssemos o estímulo. Os UFOs e os agroglifos são isso, “empurrões mentais” programados por inteligências mais avançadas para nos fazer saltar para outro nível de percepção e de raciocínio.
Obrigado! Você poderia nos falar um pouco mais sobre as disciplinas que considera complementares à Ufologia, como a parapsicologia, xamanismo e psicologia? O que constatou em seus estudos?
A princípio, não concebo a Ufologia como disciplina autônoma, já que o estudo dos UFOs é, por definição, o estudo daquilo que “não é”. Em consequência, o olhar do ufólogo deve incluir óticas diversas — lembrando aqui que toda ótica é indistinguível do paradigma ao qual pertence. Um ufólogo que encare o estudo dos UFOs desprezando, por exemplo, um olhar espiritualista, já comete um erro porque estaria partindo de uma crença preestabelecida por ele próprio. Ele “sabe”, mas na realidade apenas “crê”, que os UFOs são veículos interplanetários e, em consequência, acha inútil outra abordagem. Porém, o ufólogo que está aberto pelo menos a outras explicações considera que os veículos podem ser tanto veículos interplanetários quanto ideoplastias, ou seja, projeções psíquicas materializadas. Também podem ser entidades espirituais, mas para isso o pesquisador precisará incursionar nessas outras disciplinas para ajustar esse entendimento.
Não somente fui testemunha de casos de avistamento de UFOs como, além disto, tanto em experiências de campo quanto em cerimônias próprias de conhecimentos ancestrais e em experiências xamânicas, fui testemunha da aparição de entidades.
Pode explicar melhor para nossos leitores?
Sem dúvida. A parapsicologia, como descrição e investigação fenomenológica, nos permite compreender que existem alternativas explicativas dos fenômenos que, a priori e por reducionismo, entendemos como objetos físicos. E o xamanismo é a espiritualidade em ação, e não somente parapsicologia. É a prática de técnicas que levam à ocorrência desses fenômenos. No xamanismo a pessoa deixa de ser um observador passivo, submetido à sorte de que o fenômeno apareça, e se transforma em interlocutor ativo do fenômeno, provocando-o. E quanto ao campo da psicologia junguiana, que é o que me compete, os processos arquetípicos do inconsciente coletivo abonam a Ufologia de duas maneiras. Por um lado, permitem compreender que a ocorrência dos fenômenos não é independente do que acontece com as ideias básicas que modelam e formam a psiquê das massas e, em segundo lugar, dá um sentido transcendente à Ufologia, porque somente através do olhar da psicologia junguiana o argumento de que um UFO como um estímulo ou sinal, independentemente de sua realidade objetiva, impacta e monitora a evolução da consciência humana e deixa de ser uma mera especulação vazia para obter sólidos argumentos.
Você menciona Carl Jung. Quais eram as ideias dele sobre o Fenômeno UFO?
Jung defendeu a teoria da existência dos UFOs como sendo um “ente psicoide”, quer dizer, um ente gnosiológico que, independentemente de sua realidade física objetiva, teria impacto na modelagem da consciência humana individual e coletiva — a história do pensamento humano não teria sido a mesma se os UFOs não tivessem aparecido. É só observarmos quantas pessoas, logo após uma experiência ufológica, experimentam uma espécie de abertura de consciência para uma ampla rede de temas de interesse. Além disso, o ufólogo deve poder mover-se com desenvoltura entre as diversas disciplinas que permitem que o pesquisador evite a compartimentação conceitual, ou seja, entender os feitos somente por meio de um único olhar.
Muito interessante. Por favor, prossiga.
Eu proponho uma reflexão sobre isto: digamos que eu veja uma luz potente com comportamento estranho ou inteligente no céu e diga: “Ah, eis um UFO, uma nave extraterrestre”. Ou eu vejo uma luz potente com comportamento estranho ou inteligente em um cemitério e diga: “Ah, aí está um espírito”. Mas em ambos os casos a única coisa de que posso ter certeza é de que eu vi uma luz potente com comportamento estranho ou inteligente, seja no céu ou no cemitério.
Vamos falar um pouco de sua outra especialidade. Como a localidade de Capilla del Monte ganhou notoriedade e por quê?
Os eventos de Capilla del Monte e seu mágico Cerro Uritorco remontam aos primórdios da história. As etnias indígenas que ali habitavam consideravam a montanha o seu templo, seu altar aos deuses. Para eles, o local era sagrado e nós temos encontrado inúmeras evidências do assentamento de uma cultura desconhecida ali há 8.000 anos, com tecnologia superior ao que se espera para essas etnias. Porém, a área ganhou notoriedade a partir da pretensa aterrissagem de um UFO no Cerro Pajarillo [Passarinho], em 09 de janeiro de 1986. Digo pretensa porque, em mais uma dessas estranhas voltas da história — eu me pergunto quanto tem de casualidade nisso —, descobrimos que a aterrissagem não passou de uma fraude.
Mas efetivamente houve avistamentos de UFOs considerados reais ou inexplicáveis ali?
Coincidentemente, naqueles dias de 1986 houve um avistamento de UFO, esse sim real. Mas o alcance midiático que obteve o falso círculo se confundiu com o avistamento real e gerou um considerável impacto no interesse da opinião pública. É curioso e significativo que o caso, em vez de passar por anedota, como mais um dos tantos que ocorreram em nosso país, começou a atrair milhões de curiosos, entusiastas e devotos dos “irmãos cósmicos”. Os avistamentos começaram a se multiplicar — sem dúvidas nem todos reais —, assim como os episódios paranormais, incluindo duendes, visão de entidades e experiências de sincronicidade.
Como você analisa essa situação?
Veja, bastou que se criasse a crença em uma aludida cidade ou base extraterrestre subterrânea, chamada Erk, que estaria ali em Capilla del Monte e na qual muitos ainda creem, para que se gerasse uma atmosfera de misticismo. Isso levou ao inevitável, porém simpático, comércio gerado por tudo isso, para que Capilla se convertesse na Capital Espiritual da Argentina. Não posso evitar comentar minha absoluta convicção de que essa atração que o lugar gera em milhares de pessoas não é casual — creio que está “programado” por inteligências não humanas.
Programado como?
Creio que há um portal aberto em Capilla del Monte e que os fatos de 1986, em parte corretos e em parte não, foram fundamentais para abri-lo. Isso porque o local, além de suas belezas físicas, tem a particularidade de sua idiossincrasia — Capilla é um lugar onde mais de 90% de seus habitantes estão direta ou indiretamente vinculados à Ufologia e onde as terapias holísticas são um tipo de prática ou atividade comum, o que a transforma em um lugar único no mundo. É um “laboratório vivencial”. Posso lhe assegurar que é literalmente mínima a porcentagem de pessoas que permanecem ali alguns dias e não vivem algum tipo de experiência paranormal.
Qual a importância do Monte Uritorco nesse contexto?
Vejo o Uritorco como uma gigantesca agulha de acupuntura cravada em um Nadi, ou linha energética do planeta. Recordemos que toda a região, mas especialmente o Uritorco, é um grande afloramento de quartzo, e já sabemos sobre as propriedades de acumulação de energia desse mineral. Ele é, se me permite a expressão, um “farol estelar”, um “ressonador cósmico”.
Como o Uritorco nos afeta?
Sendo o Uritorco em particular e toda a região de Capilla del Monte em geral um verdadeiro portal, o lugar nos afeta positivamente pois dispara uma mudança vibratória dos planos espirituais, astrais e energéticos. É por meio dele que não somente se observam UFOs, mas também entidades de todo o tipo, além de ocorrerem outros tipos de sinais, como sincronicidades significativas e estranhas casualidades cotidianas. E isso não é mera especulação. É possível sentir uma mudança fisicamente lá. Ninguém é o mesmo depois de frequentar o lugar e é comum comentar-se que o local tem uma energia inteligente que jamais o deixará indiferente e provocará mudanças em seu ser. Tudo isto ainda sem considerar os fenômenos, as experiências e casos que inevitavelmente se vive em um lugar que sacode nossa visão da vida e do universo. Vivenciei isso com meus grupos em “locais de poder” no México, Egito, França e Ilha da Páscoa. Ocorre ali também, nesse pequeno povoado da Argentina.
Você poderia nos contar como surgiu o Labirinto de Quartzo e para que ele serve?
Quando eu estava determinando a intensidade energética de um local em Capilla del Monte, ao pé do Uritorco, conhecido como Pueblo Encanto, situado muito próximo de uma púcara [Termo indígena que designa a um local cerimonial ancestral] e de um castelo criado por um nobre espanhol esotérico e maçom, decidi ancorar energias cósmicas por meio da geometria sagrada. Carlos Lusianzoff, um falecido amigo e então proprietário do lugar, não só apoiou com entusiasmo minha ideia como decidiu dar-lhe uma particularidade única no mundo: que ela fosse feita em quartzo. Assim, durante muitos meses chegaram de lugares remotos enormes quantidades de gigantescos blocos de quartzo e começamos a construir o labirinto para nossos exercícios e práticas individuais e grupais de meditação. Seu objetivo é potencializar e equilibrar nosso campo áurico e despertar nossa clarividência, além de nos harmonizar, segundo as leis que espiritualmente regulam o universo.
Agroglifos são antigos. E dos ensinamentos da geometria sagrada, que estuda as relações entre o macro e o microcosmo e a codificação da ordem universal em padrões, eles são claramente mensagens contendo um salto quântico para nosso conhecimento.
Por favor, fale-nos de sua outra especialidade, o temazcal.
No idioma Nahuatl, dos antigos maxicas ou habitantes do Anahuac, que viria a ser o México, temaz significa “vapor” e kalli significa “casa”. Portanto, temazcal é “casa de vapor”, ou seja, uma construção ou tenda dentro da qual se introduzem pedras aquecidas no fogo e sobre as quais se despeja água ou uma infusão de ervas medicinais. Isso provoca intenso calor e sudorização, findando aí qualquer semelhança com uma sauna, já que durante a experiência se realizam cerimônias com canções e meditações guiadas, com o objetivo de sanar física, psíquica e emocionalmente os indivíduos e permitir que nosso corpo astral aprenda a se liberar à vontade de nosso corpo físico.
Interessante. Por favor, fale mais.
Sim. Nesse contexto, estamos trabalhando o temazcal para realizar experiências de contatos com outras entidades e, por certo, as vigílias ufológicas realizadas depois de participarmos de tais procedimentos nos permitiram viver experiências e obter evidências em maior quantidade e qualidade daquelas obtidas sem fazer antes um temazcal. Em Capilla del Monte realizamos temazcais e algumas horas depois nos dirigimos a determinados pontos de observação, quando então se produzem registros impactantes.
Poderia nos dar um exemplo?
Claro. Logo após um temazcal há alguns anos, nos dirigimos a um ponto de observação. Periodicamente, tiramos fotos em todas as direções naquele lugar. Uma das integrantes de meu grupo, que fotografava usando o flash, registrou um amigo no exato momento em que ele mudava de posição, olhando para uma construção que se vê atrás. No lado direito da imagem aparece algo, uma espécie de névoa ou fumaça, como um rosto azul e dois grandes olhos. Mas não havia névoa nem fumaça de cigarros, pois ninguém estava fumando ali, nem causa física alguma contra a qual poderia refletir a luz do flash. Porém, aquilo estava lá…
Você acredita que evoluímos em nosso comportamento como espécie em relação ao planeta e a todas as formas de vida nele existentes no último século?
A pergunta é mais árdua do que minhas poucas posses intelectuais me permitem responder. Refere-se às dúvidas existenciais mais profundas que a espécie humana não pôde responder através dos séculos. Como poderia eu fazê-lo? Mas tento. Simplesmente, como estou convencido que a ontogênese repete a filogênese, creio que o caminho para a harmonia de um único ser humano é o mesmo para a harmonia de todos os seres humanos, e o equilíbrio homeostático entre eles e o universo é a razão própria de “ser” como espécie. Desse modo, penso em ser feliz e não lastimar a ninguém no processo. Creio que é essa a Grande Chave, O Segredo, com iniciais maiúsculas. E vivo sendo feliz. Logo, aparecem ou não algumas respostas e perguntas melhores.
Como podemos melhorar como espécie e para onde isso nos levará?
Bem, já está provado que não existem fórmulas mágicas, sejam elas ideológicas, político-partidárias ou religiosas, para melhorarmos como espécie. Mas, afinal, o que é melhorar? Melhorar em respeito à que e de quê? Em muitos aspectos, temos melhorado; em outros, não. E todos os caminhos com pretensas soluções globais a considerar sempre terão seus lados fracos. O que fazer, então? Pergunte-se como e com o que você é feliz e caminhe nessa direção. Se convencido da eficiência e da onipresença da Lei de Atração, nada lhe importará nem o preocupará mais do que seguir seu coração, pois, fazendo isso, o universo abre suas portas. Se cuidarmos de nossa mãe, a Terra, tudo o mais nos é dado por consequência.
Qual sua opinião sobre a necessidade de provas na Ufologia?
Pessoalmente, minha convicção sobre a realidade material do fenômeno veio por meio de inúmeras entrevistas com testemunhas — antes mesmo de eu ter provas materiais dos UFOs. Porque a prova só evidencia alguma coisa dentro de um contexto proposto por alguma teoria. Vejamos um exemplo. Um jornal ou uma testemunha anuncia que houve a aterrissagem de um UFO e em seguida aparece naquele local um estranho objeto de metal. Eu recolho a peça e envio para um laboratório, que me informa que aquilo se trata de uma liga metálica desconhecida na Terra ou de uma composição que não existe nos manuais de geologia. Eu diria: “Eis aí a prova física da presença de um objeto extraterrestre”. Mas um cético — ou, como eu prefiro chamá-los, um “refutador”, ou seja, um ser fanático em refutar tudo — diria que os resultados apenas demonstram que existem ligas ou minerais na Terra que a ciência ainda desconhece. Ou seja, a evidência depende do paradigma dentro do qual se observa o fenômeno. Por isso, há tempos deixei de discutir com os céticos. Pertencemos a paradigmas diferentes.
E o que pode nos dizer sobre o seu próprio paradigma?
Dentro do meu próprio paradigma as provas são tão importantes quanto os testemunhos. Nessa linha eu me lembro dos fungos Amanita muscaria alterados pelos efeitos de algum tipo de radiação desconhecida logo após a aparição de UFOs na cidade de Victoria, na província de Entre Rios, em outubro de 1992. Naquela ocasião, fungos que normalmente alcançam 4 ou 5 cm de diâmetro apareceram dentro de alguns círculos que haviam surgido após ou pouso de um UFO, e alcançaram diâmetros de cerca de 30 cm. Nesse caso tivemos dois tipos de evidências: os relatos de testemunhas e o aumento no crescimento dos fungos. Para mim, ambos ocorrendo concomitantemente, são uma prova. E também há muitos registros fotográficos, entre eles um obtido em frente ao Cerro Uritorco por Daniel Rodrigo, em 2008 — estudando a fotografia, conseguimos determinar que se tratava de um objeto de 4 m a 100 m de altitude e a uma distância de 200 m do fotógrafo.
O que você diria a respeito da casuística ufológica da Argentina? Assemelha-se à do Brasil?
É claro que eu conheço mais a casuística argentina do que a brasileira, tanto qualitativa quanto quantitativamente. Portanto, qualquer comparação que eu faça será imprecisa. Porém, por aquilo que contam os colegas e pelo que posso ver ao ler os casos ufológicos brasileiros, a casuística dos dois países é bem similar tanto em relação ao fenômeno em si quanto em relação ao perfil das testemunhas. Mas eu acredito que essa similaridade, em linhas gerais, aconteça em todo o mundo.
Que casos ufológicos de seu país você ressaltaria como os mais importantes ou interessantes?
Bem, a Argentina tem casos contundentes, seja pela complexidade dos episódios, como foi o Caso de Trancas, ocorrido na província de Tucumán, em 1963; seja pela qualidade dos depoimentos, como foi o Caso Polanco, ocorrido em Bariloche, em 1995; e também o avistamento que eu mesmo tive em Buenos Aires, em 1983, quando trabalhava como jornalista na Rádio Splendid. Na ocasião, eu e meus colegas pudemos observar a passagem de uma frota de 16 UFOs no céu noturno sobre a cidade, e transmitir ao vivo o que víamos pela rádio. Isso fez com que milhares de pessoas que estavam sintonizadas na emissora saíssem às ruas ou às sacadas, varandas e praças e também testemunhassem o fato.
Você acredita que a aceitação da casuística ufológica pode mudar nos anos vindouros?
Sem dúvida que o nível de profissionalismo com que se encara a investigação do Fenômeno UFO tem a ver com a qualidade dos resultados, ainda que, mais uma vez, aqui caiba perguntar: resultados na opinião de quem? Como sempre digo, sou bastante descrente da opinião científica, que em nossa sociedade é apenas um sinônimo para opinião acadêmica, e elas não deveriam ser sinônimos. Estou convencido de que o consenso científico de hoje daqui a 200 anos terá a mesma importância que hoje tem o consenso eclesiástico da Idade Média, ou seja, nenhuma. O Fenômeno UFO é muito antigo e continuará misteriosamente interagindo com a espécie humana ainda por muitos milênios. Portanto, a opinião de um segmento histórico e dos intelectuais dominantes em determinada época não passa de uma piada. Penso que o profissionalismo na pesquisa ufológica tem a ver com recursos tecnológicos e econômicos, é claro, mas tem muito mais a ver com recursos pessoais do pesquisador, com sua formação acadêmica e especialização, por exemplo.
Estou trabalhando o temazcal para realizar experiências de contatos com outras entidades e, por certo, as vigílias ufológicas realizadas depois de tais procedimentos nos permitiram viver experiências e obter evidências em maior quantidade e qualidade.
Então você acredita que depende mais da qualidade pessoal do pesquisador do que dos recursos disponíveis?
Eu sempre digo que uma das razões da lenta evolução dos ufólogos é a visão que eles têm sobre o tema — eles só querem ler sobre Ufologia, e se não há interesse por astronomia, história, psicologia, mitologia e muitos outros assuntos, giram em círculos inúteis. Creio que um bom ufólogo deva se guiar mais pelo modelo de universalismo proposto pelo Renascimento do que com uma ultraespecialização acadêmica, que cada vez mais nos faz saber mais sobre menos. E eu insisto que o Fenômeno UFO não é apenas um único fenômeno, mas uma inteiração dinâmica e proteiforme de numerosos fenômenos, com numerosas causas e vindos de numerosos universos ou planos existenciais.
Você concorda com a ideia de que um hipotético conjunto de todo o conhecimento do universo conteria diversos pequenos conjuntos de conhecimentos específicos?
Bem, eu não acredito que o universo contenha pequenos conjuntos de conhecimentos específicos. Creio que essa divisão ou compartimentação é uma limitação humana, em parte evolutiva e em parte cultural. Quando eu escrevo sobre uma leitura ou visão esotérica do Fenômeno UFO, tendo a assinalar que devemos caminhar na direção de perceber o universo como a palavra o descreve, ou seja “uno”. Qual é a diferença entre conhecimento místico e conhecimento espiritual? Isso é uma limitação da percepção, porque a realidade é única.
Seria, talvez, um modo para se compreender melhor a realidade?
É limitante. Analisemos o processo de conhecimento humano. Entendo que um dos traumas mais graves da humanidade ocorreu quando a ciência se separou da espiritualidade — veja que não me refiro à religião, pois são coisas diferentes. Antes, um sacerdote era cientista e artista ao mesmo tempo. Quando ocorreu o que eu chamo de “síndrome de São Jorge”, devido ao santo católico matar o dragão, que é uma representação em muitas culturas, ciência e espiritualidade se divorciaram. E enquanto o espiritualismo desconfia do científico, este zomba do primeiro e o artista deprecia a ambos. Eu estou convencido de que o salto evolutivo que nos espera será integrar essas visões, como indivíduos e como coletividade. Isso é o que faz o esoterismo, ou seja, ele analisa racionalmente, vive a experiência espiritual e desfruta a estética desse equilíbrio.
Dada a sua vasta experiência na Ufologia, você diria que os extraterrestres já estão em contato com a humanidade? Seriam eles benevolentes?
Eu estou totalmente convencido de que eles têm estado em contato com os humanos, seja em situações ocasionais com governos, grupos secretos ou indivíduos escolhidos. E creio que devemos ampliar o conceito que se tem sobre o fenômeno e não se falar apenas em extraterrestres, mas também em extradimensionais. Agora, não cabe se usar termos como benéficos, positivos ou bons para classificá-los, pois esses são conceitos humanos, não aplicáveis a inteligências de fora de nosso mundo. Porém, se você se refere a eles serem convenientes para nós, eu suponho que isso depende da ocasião e da entidade contatante, de acordo com o momento, a oportunidade e o objetivo. Generalizar o contato bom ou ruim faz parte de uma visão parcial, imperfeita e errônea que sustenta não só boa parte da Ufologia contemporânea, mas também a maioria do público.
Para finalizarmos, pode nos falar sobre seus projetos futuros?
Eu vivo minha vida em dois planos separados, mas intercalados. Em um, tenho planos e projetos concretos como, por exemplo, daqui a pouco viajo para a Índia para fazer um mês de retiro. Em outro plano, eu deixo tudo fluir. Nesse momento estou finalizando alguns livros que resumem minha cosmovisão e minha experiência com o fenômeno, ao mesmo tempo em que busco aprofundar meus conhecimentos sobre a sabedoria ancestral para aplicar esse conhecimento para entender o fenômeno a partir de algo a que chamo de “planificação de contato”, terreno em que estamos obtendo resultados interessantes. Também aproveito as oportunidades que a vida me oferece para investigar novos e velhos assuntos por um ângulo diferente, como fiz recentemente ao visitar os Estados Unidos, estudando in loco os casos Aurora e Roswell, chegando a algumas conclusões interessantes. Há dois locais marcados em meu mapa que ainda me aguardam: a Caverna dos Tayos, no Equador, e Yonagumi, no Japão. Também quero voltar à Ilha de Páscoa e ao Egito para seguir ampliando minhas pesquisas.
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