O Brasil terá em breve seu décimo terceiro dinossauro – até agora são 12 as espécies encontradas em território nacional. O fóssil de um ornitisco, que viveu no País há cerca de 230 milhões de anos, foi apresentado no II Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, realizado no Rio de Janeiro na semana passada. Pegadas desses animais já haviam sido registradas em Araraquara, no interior de São Paulo, e na Paraíba, em formações que datam do período Cretáceo [De 145 a 65 milhões de anos atrás].
O novo dinossauro foi encontrado na cidade de Agudo, no Rio Grande do Sul, em formação da idade Triássica, período compreendido entre 251 milhões e 199 milhões de anos. “Já se sabia que eles andavam por aqui, mas não no Triássico”, disse o autor do trabalho, Max Langer, do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto. Os ornitiscos eram animais herbívoros de tamanhos variados e podiam ser tanto bípedes como quadrúpedes. Segundo Langer, o espécime brasileiro deveria ter 1,5 metro de comprimento. Foram encontrados fragmentos cranianos, parte da cauda, ossos isolados da cintura e dos membros e 12 fêmures direitos.
O animal apresenta também fragmentos da mandíbula com dentes e características típicas do grupo – como o cíngulo, projeção na parte interna do dente que ajuda na trituração de material vegetal. “Esta é uma forte evidência que de se tratava de um herbívoro”, observou o pesquisador. Outra peculiaridade da espécie é a presença do predentário, osso que se projeta à frente da mandíbula, característica também de outros exemplares de ornitiscos, como o Pisanosaurus argentino e o Silesaurus da Polônia. “A distribuição e a relativa abundância dos primeiros ornitiscos mostram que a América do Sul teve papel importante na origem e na dispersão do grupo para o mundo”, concluiu Langer.