Em 1908, na região do rio Tunguska, no território siberiano, ocorreu um misterioso fenômeno que a imprensa mundial chamou de “o meteorito de Tunguska”. Nessa ocasião, uma grande explosão, nas proximidades do rio Vachka, provocou enormes estragos e causou transformações ambientais de ordem radiativa e permanente na região. Muitas expedições científicas estiveram no local analisando os destroços e marcas deixadas pela explosão do suposto meteorito, sobre o qual cientistas de todo o mundo postulam uma infinidade de hipóteses. Todas tentam explicar o fenômeno, sendo que as mais comuns consideram que o objeto acidentado era mesmo algo como um bólido, um relâmpago-bola, um cometa ou ainda uma explosão da antimatéria. O fato é que todos querem desvendar esse mistério e, até agora, ninguém conseguiu.
O acidente do início do século deixou seqüelas fantásticas por toda a região siberiana, provocando fenômenos inexplicáveis até em localidades situadas a mais de 6 mil km de Tunguska. Por exemplo, na Europa, em cidades como Londres e Berlim, era possível se ler à noite, graças à fantástica iluminação que vinha da Sibéria, por várias noites depois da explosão misteriosa. Em todo o mundo foram registrados terremotos e maremotos de variadas intensidades, sendo que um deles abalou toda a região oeste da Rússia. No local da explosão, com o terrível impacto, vários hectares de floresta virgem e densa foram derrubados e, estranhamente, se reconstituíram apenas alguns anos depois, chegando a um nível de reflorescimento natural bem acima do normal.
Numa área circular de aproximadamente 2 km de diâmetro, bem no ponto da explosão, as árvores mais altas permaneceram em pé, tendo apenas seus galhos quebrados. Elas foram praticamente petrificadas. De 2 a 4 km de distância do epicentro da explosão, numa área mais ou menos circular de 8 km de diâmetro, as árvores foram derrubadas pelo tremendo impacto e ficaram caídas no chão, sendo que seus troncos estavam alinhados com o centro da explosão. Por essas razões, e por nunca ter sido encontrada uma cratera no local de impacto, cientistas da Academia de Ciências de IJRSS concluíram que a explosão deu-se no ar, a algumas dezenas de metros de altitude. Isso descartaria a hipótese de tratar-se de um meteorito ou outro corpo sólido, já que não se registrou nem a cratera, nem vestígios de materiais que supostamente o comporiam.
Para muitos estudiosos do fenômeno, a cidade de Tunguska é considerada a maior anomalia magnética da Terra: um lugar onde não vale a pena usar a bússola, pois a agulha desanda como louca. Isso passou a ocorrer depois do acidente e, mesmo quase 9 décadas depois, o fenômeno ainda acontece. Outra aberração do local se verifica nas plantas, que assumem formatos incomuns aos da sua espécie. Já os insetos que vivem na taiga (tipo de floresta pobre em vegetação, comum no norte da Rússia e Sibéria) são bem maiores que os de outras regiões, numa prova inequívoca de que sofrera mutação genética — assim como as plantas — em razão de algum tipo de radiação emanada na explosão. Pesquisadores de institutos de todo o mundo estudaram tais anomalias, mas não conseguiram explicá-las a contento. Um destes estudiosos, que na época do acidente tinha 2 anos de idade, é o cientista e escritor Aleksandr Kazantsev.
Kazantsev é, desde 1950, um dos cientistas mais renomados da extinta União Soviética, tendo dedicado boa parte de seu tempo estudando (durante muitos anos clandestinamente) o Fenômeno UFO. O cientista afirma que “…o fenômeno de Tunguska até agora não foi estudado de forma satisfatória”. Em sua opinião, se a explosão tivesse ocorrido 4 horas antes, teria destruído a Leningrado, pois esta cidade estaria na trajetória de vôo do objeto que explodiu na Sibéria. Kazantsev, com isso, deixa clara sua opinião — e de demais cientistas — de que o objeto que motivou a explosão era um artefato material proveniente de fora da Terra que, tendo sofrido alguma anomalia, teria espatifado sobre Tunguska. “O objeto voador não identificado passaria exatamente por cima de Leningrado”, continua Kazantsev. “E se a explosão tivesse ocorrido 44 anos mais tarde, seria confundida com um ataque atômico e poderia provocar um conflito nuclear”.
UM UFO EXPLODIU EM TUNGUSKA. DEPOIS, OUTRO OBJETO, POSSIVELMENTE PROCURANDO O PRIMEIRO, TAMBÉM TERIA EXPLODIDO
Nenhuma outra hipótese, que não a da origem extraterrestre do fenômeno, explica todas as anomalias registradas depois da catástrofe. Em 1946, por exemplo, Kazantsev propôs uma reforma em sua hipótese, para torná-la mais completa, estabelecendo as coordenadas de vôo do objeto não identificado que originou a explosão. “Alguns cientistas refutaram inteiramente minha hipótese, mas haverá outra maneira de se explicar a trajetória sinuosa de vôo de um meteorito?”, pergunta o russo. Hoje em dia, a hipótese de Kazantsev ainda é a mais aceita, mas recheada de detalhes. Sergei Bulantsev, jornalista russo que vive em Moscou e já visitou o Brasil, revelou num evento no Rio da Janeiro, patrocinado pelo Centro de Investigação Sobre a Natureza dos Extraterrestres (CISNE), que há uma corrente de cientistas russos que acredita que existiu não apenas uma, mas duas explosões em Tunguska.
Bulantsev afirma que os cientistas da antiga Academia de Ciências da URSS baseiam sua hipótese no fato de terem sido registrados 2 picos durante a explosão, com intervalo de poucos minutos entre eles. “A idéia que se tem”, diz o jornalista, “é de que um objeto m vôo pelo local, sofrendo algum tipo de problema, explodiu e seus componentes praticamente se desmaterializaram. Depois, outro objeto, possivelmente procurando o primeiro, também teria explodido”. Bulantsev e outros também fizeram afirmações de que se acredita, entre a comunidade científica russa, que os objetos continham alguma espécie de antimatéria, que, em contato com matéria, gera uma imprevisível mas certamente fabulosa explosão. E o que é mais revelador: num caso de contato entre essas substâncias, ambas seriam aniquiladas no processo, resultando na liberação de imensa quantidade de energia (luz).
Ao longo dos anos, diversas expedições científicas foram enviadas ao local para procurar provas materiais da explosão. Entre elas, destaca-se o grupo enviado por Sergei Koroliov, que analisou um pedaço de objeto que, em sua opinião, era constitutivo da possível nave extraterrestre. O fragmento foi encontrado apenas 68 anos após a explosão, às margens do rio Vachka. Dois operários trabalhavam na margem do rio acharam um pedaço de um estranho metal que emitia faíscas ao bater em pedras. Espantados com o efeito que o metal produzia, os operários decidiram enviá-lo para Moscou. “Eu fui um dos pesquisadores que tiveram a oportunidade de ter nas mãos este pedaço de metal, cujo peso era de 1,5 kg”, disse Kazantsev.
Os cientistas envolvidos na análise do fragmento cortaram-no em três partes e as enviaram a vários institutos de pesquisa físico-química. Descobriu-se nas partes uma liga metálica singularíssima, cuja composição apresentava cerca de 67% de césio, 10% de lantânio (isolado de todos os metais deste grupo, o que por enquanto não se consegue na Terra), e 8% de neomídio. Detectou-se também, nas amostras, a existência de 0,4% de ferro puro, sem qualquer sinal de oxidação. O importante não é o aprofundamento em detalhes técnicos: basta dizer que a conclusão dos cientistas foi categórica. Mesmo com a mais moderna tecnologia terrestre, é impossível obter-se em qualquer laboratório tão rara liga de metal. Aproveitando o ensejo, é curioso notar-se que, em fragmentos colhidos em outros casos ufológicos (inclusive de explosão de objetos) ao redor do mundo, sempre se encontraram ligas peculiares e não existentes ou artificialmente produzidas na Terra.
ANÁLISES COMPROVARAM QUE A FERTILIDADE DAS TERRAS DE TUNGUSKA É 600 VEZES MAIOR DO QUE A DE QUALQUER OUTRO LUGAR DO PLANETA!
Um outro detalhe curioso a respeito das marcas deixadas em Tunguska diz respeito às camadas de turfa e do solo na zona da explosão. Análises feitas por especialistas comprovaram que o teor de fertilidade das terras daquela região é nada simplesmente 600 vezes maior do que o de qualquer outro lugar do planeta! Somente 9 anos após saírem os resultados das pesquisas, a imprensa russa e depois a internacional começou a informar sobre o material encontrado em 1976 às margens do Vachka. Eis como Valeri Fomenko, doutor em ciências técnicas e membro da Comissão Soviética para Estudo de Fenômenos Anômalos [Editor: leia-se UFOs], comentou, em janeiro de 1985 as investigações dos cientistas: “Quando se estudou os fragmentos, concluiu-se que representavam partes de uma peça em forma de anel, cilindro ou esfera, que mediria em torno de 1,20 m de diâmetro. Os especialistas afirmam que, por enquanto, não existem na Terra equipamentos capazes de prensar peças deste tamanho com uma pressão de várias toneladas”. Mas que peça era esta? Qual seria sua função?
É possível admitir que estes fragmentos eram partes de um objeto voador não identificado. Alguns cientistas até conjeturaram que fossem peças de um possível compartimento de combustível (obviamente desconhecido para nós). Não se exclui também uma outra versão, desta vez relacionada com as particularidades magnéticas da liga: em diversos pontos dos fragmentos, seu magnetismo varia até mais de 15 vezes, o que leva os cientistas a pensarem que talvez estes pedaços de metal fizessem parte de um depósito de antimatéria, que seria o combustível da nave. Em 1967, John Bigbu, astrônomo da Califórnia e especialista em satélites naturais, descobriu outras 10 “pequenas luas” girando em tomo do nosso planeta, todas com estranhas trajetórias. Aliás, não haveria nada de singular nesta descoberta se o cientista não tivesse calculado retrospectivamente as trajetórias das luas e não tivesse apurado que, em 18 de dezembro de 1955, todos estes estranhos e desconhecidos satélites constituíam um corpo único. A data coincidia com uma fulguração no céu registrada pelos astrônomos.
Sergei Bojitch, cientista soviético, lançou a suposição de que a fragmentação do corpo celeste em pequenas luas se atribuiria à explosão de uma nave extraterrestre. Se o objeto que explodiu era uma nave estelar, é legitimo então admitir que fosse de cor escura, pois só pôde ser visto após a tal explosão. “Com essa teoria”, diz Kazantsev, “vem involuntariamente à minha memória o caso do famoso satélite batizado como nome de Príncipe Negro, mencionado pelo astrônomo franco-americano Jacques Vallée num de seus artigos”. Muitos cientistas liderados por Kazantsev argumentam que, em relação a explosão de Tunguska, a nave extraterrestre não chegou a descer até a superfície da Terra, pois o que explodiu lá foi o que se chama de módulo de descida – uma sonda menor, e não propriamente a nave em si. Kazantsev afirma, ainda, com bases em descobertas soviéticas, que o UFO teria ficado 47 anos em órbita da Terra esperando algum tipo de contato com outros artefatos de seu planeta e, conforme esperava, perdia altitude gradativamente.
“Por fim, quando os tripulantes perceberam estar muito próximos da Terra, acionaram seus aparelhos automáticos, explodindo a nave”, concluiu. A hipótese pode parecer forçada e fantasiosa, mas vindo de uma eminente cientista como ele, pode ser levada a sério. Pode-se supor ainda que o programa dos possíveis computadores que existiriam dentro do UFO preveria que, em caso de queda ou acidente sobre um planeta povoado, a nave poderia causar morte e destruição… Seja como for, por enquanto só é possível fazer algumas conjecturas a respeito das causas da explosão do módulo, sem que se chegue a nenhuma conclusão satisfatória. Sabe-se que a maioria dos fragmentos da nave estão perdidos, flutuando pelo espaço ou em órbitas afastadas da atmosfera terrestre. No futuro, esses fragmentos — o maior deles tem dezenas de metros —, quando bem analisados, esclarecerão muitas dúvidas relacionadas às anomalias siberianas. De qualquer maneira, se em 1908 houve realmente uma expedição à Terra de seres vindos de outro planeta, o fim disso tudo foi um tanto quanto trágico. A região de Tunguska ainda hoje conserva vestígios desta catástrofe que, segundo a versão oficial, foi simplesmente provocada pela queda de um meteorito.