Nesta última segunda-feira, dia 23 de maio, deixou nosso mundo físico aos 84 anos o tenente brigadeiro do ar Octávio Júlio Moreira Lima, após 65 anos de serviços prestados à nação na Força Aérea Brasileira (FAB). Ministro da Aeronáutica no período de 1985 a 1990, ficou conhecido na Ufologia e entrou definitivamente para seus anais por ter sido o primeiro ministro de Estado a aceitar tratar do assunto com seriedade e abertamente, isso ainda nos idos dos anos 80, a partir de 19 de maio de 1986, na Noite Oficial dos UFOs no Brasil, um dos casos ufológicos mais importantes do mundo.
Naquela data, nosso espaço aéreo foi literalmente invadido por 21 objetos voadores não identificados, numa agitação tão grande que forçou o então ministro Moreira Lima vir a público e reconhecer oficialmente o fenômeno, pois tal ocorrência fugiu ao controle, praticamente entupindo as telas de radar que cobriam o tráfego aéreo dos principais aeroportos e aerovias do país. “Os radares detectaram mais de duas dezenas de objetos não identificados na área de São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro a ponto de saturá-los”, admitiu então.
Os incidentes que marcaram a Noite Oficial tiveram início às 20h50, quando o primeiro UFO foi detectado. A partir das 21h10, vários focos de luz foram observados pelos passageiros de um avião Xingu que voava de Brasília a São José dos Campos (SP), pilotado por Alcir Pereira da Silva e tendo a bordo o então presidente da Embraer Ozires Silva, que chegou a perseguir um deles próximo a São José dos Campos.
Um dos pilotos enviados ao encalço dos objetos era o capitão Márcio Brisolla Jordão. Ele declarou que quando estava se dirigindo para a área de busca, recebia informações do radar. “Soube que havia de seis a 8 pontos luminosos a minha frente, cerca de 30 km”. Outro militar envolvido na perseguição era o tenente Kleber Caldas Marinho. “Eu estava acima de 1.000 km/h e não consegui identificar, nem muito menos me aproximar daqueles pontos luminosos”, declarou em rede nacional.
O ministro Moreira Lima ainda informou que foi determinada a decolagem das aeronaves de defesa aérea para interceptar esses objetos em conseqüência do problema que os mesmos poderiam causar ao fluxo de tráfego aéreo. “Um dos pilotos chegou a enquadrar um desses objetos, mas apenas viu algo colorido e não identificando o que se tratava”, disse.Assista a reportagem oficial da época, exibida no programa Fantástico, da Rede Globo: Ozires Silva, envolvido no incidente desde o início por estar a bordo do Xingu que involuntariamente entrou na área dos acontecimentos, também deu importantes informações sobre o fato. Embora grande piloto, Silva era passageiro naquele vôo, mas quando soube o que estava acontecendo, pediu ao comandante Alcir o controle da aeronave e começou a perseguição dos UFOs. “Eu segui na direção dos objetos e, na medida que me aproximava, notei que eles estavam a uma altitude bem menor que a minha. Nesse momento, observei que um deles tinha uma estrutura bem mais alongada e uma cor fluorescente. Eu o circulei por diversas vezes olhando para baixo, mas não sei dizer o que era aquilo”, informou na época.
Outras declarações do ex-ministro brigadeiro Octávio Moreira Lima:
“Entre 20h00 (19/05) e 01h00 (20/05) pelo menos 21 objetos foram detectados pelos radares brasileiros”
“Saturaram os radares e interromperam o tráfego na área”
“Toda vez que os radares detectam objetos não-identificados os caças levantam vôo para identificação”
“Radar só detecta superfícies sólidas, objetos metálicos e nuvens (massas) pesadas. Não havia nuvens nem aeronaves convencionais na região. O céu estava limpo. Radar não tem ilusão de ótica”
“Só podemos dar explicações técnicas, e não as temos”
“Seria muito difícil para nós falarmos sobre a hipótese de que esses objetos seriam de origem extraterrestre”
“A hipótese de uma guerra eletrônica é muito remota, e não é o caso aqui no Brasil”
“É fantástico. Os sinais nos radares eram bem claros”.
Liberdade de informações
Finalmente, em 2009, graças a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e Revista UFO, a documentação oficial sobre o caso veio à tona, encontrando-se atualmente disponibilizada fisicamente no Arquivo Nacional (AN) e em arquivo .PDF aqui no Portal da Ufologia Brasileira, no envelope 07 de 1986, mais precisamente das páginas 47 a 54.
Os relatórios foram analisados por ufólogos na edição UFO 160, no seguintes artigos abaixo, disponíveis na íntegra:
O Governo libera a década de 80
A cronologia dos fatos na Noite Oficial dos UFOs no Brasil
Leia a homenagem da FAB ao ex-ministro, clicando aqui.
Em 1990, o ministro Octávio Moreira Lima foi sucedido pelo brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro, que concedeu importante entrevista para Revista UFO em sua edição 161, no artigo Ex-ministro da Aeronáutica faz declarações sobre discos voadores.
Nas edições UFO 141 e 142, em entrevista exclusiva com o brigadeiro José Carlos Pereira – q
ue ocupou os principais postos da hierarquia militar da FAB e Inteligência Militar, especialista em políticas e estratégias aeroespaciais entre outras funções da alta elite militar -, ficava claramente demonstrável que havia chegado o tempo de liberar arquivos secretos sobre o assunto. Leia na íntegra em “É hora de encerrar o segredo sobre os UFOs” e “Os arquivos sobre os UFOs devem ser abertos” .
Acesse todos os arquivos liberados até o momento, com milhares de páginas, clicando aqui.