Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente vários casos ocorridos na Argentina, nos quais testemunhas de aparições de UFOs, bem como investigadores e pesquisadores do fenômeno, relataram diversas experiências envolvendo os chamados homens de preto, MIBs. Meus arquivos possuem dados de fatos ocorridos na província de Buenos Aires (não confundir com a capital do país), na própria capital, em San Luis, Tucumán, Córdoba, Mendoza, Santa Fé etc. Num incidente ocorrido em 29 de agosto de 1962, o principal protagonista, Osman Alberto Simonini, foi perseguido por um UFO na estrada que liga La Dulce a Necochea, no momento em que viajava para o litoral argentino. O caso foi investigado pelo oficial Juan José La Terza, no dia seguinte ao evento, que preparou um memorando informando acerca da presença de um artefato estranho e qualificando a testemunha como “de boa reputação e totalmente confiável em suas palavras”.
Ele finalizou o documento atestando que o incidente foi um fato real, exatamente como relatou Simonini. No documento, o oficial descreveu o avistamento do objeto, a passagem de um campo aberto, evidências físicas e fisiológicas na testemunha, a provável perseguição, além de outros detalhes. Estando a par dos fatos, anos depois, tentei agendar uma entrevista com a testemunha, para que ela me contasse o que havia se sucedido. Depois de vários meses de árduas tentativas, intermináveis telefonemas, cartas enviadas e vários pedidos pessoais Simonini acabou admitindo que tinha medo de falar sobre o acontecido. Poucos dias após o incidente e da investigação conduzida pelo oficial La Terza, dois homens vestidos de preto apareceram na oficina mecânica da testemunha e lhe recomendaram esquecer o fato, pois, do contrário, algo poderia acontecer. Essa foi a primeira ocasião em que estive na presença de uma vítima dos MIBs e na mesma cidade onde eu morava. Logo depois disso se seguiriam outros episódios, mas no caso de Simonini a presença dos dois MIBs despertou medo e temor. Ele se lembra que o que chamava muita à atenção nos homens era a cor das roupas e principalmente o fato de todos usarem trajes iguais. A estatura deles era de aproximadamente 1,70 m, eram morenos e pareciam estrangeiros por causa do formato puxado dos olhos, como os esquimós. O encontro durou poucos minutos, mas o necessário para advertir a testemunha quanto ao silêncio. Ela se lembra também que ambos saíram da oficina, diante de ajudantes e clientes, mas nenhuma delas saiu para ver como os homens foram embora.
A Força Aérea toma conhecimento — É bom esclarecer que esse episódio, que ficou conhecido como O Incidente de Necochea, devido à minha investigação e àquela conduzida pelo oficial J. J. La Terza, chegou ao conhecimento da Força Aérea Argentina (FAA) anos mais tarde. A presença daqueles estranhos personagens no incidente – mostrando-se pela primeira vez nesse tipo de trabalho de investigação – despertou em mim a busca por casos semelhantes no mundo inteiro, fazendo-me realizar uma investigação paralela em torno deles. Em 4 de fevereiro de 1978, no Dique La Florida, na província de San Luis, aconteceu o encontro com um tripulante de UFO com seis argentinos, Manuel M. Alvarez, Regino S. Perroni, Pedro R. Sosa, Ramón A. Sosa, Genaro Sosa e Jacinto E. Lucero.
As testemunhas eram funcionários do Banco de la Província de San Luis, da Casa do Governo, da Fábrica de Cerâmicas San José e das Aerolíneas Argentinas. Eles relatam que aproximadamente às 04h45, a cerca de 100 m de onde ficam as instalações do Clube Náutico e de Pesca La Florida, na direção sul, observaram uma luz rodeada por um aro com irradiação fosforescente. O objeto pairava no ar a aproximadamente 4 m do solo quando soltou uma espécie de escada pela qual desceu um ser de aparência humana, vestindo um traje prateado escamoso, brilhante e ajustado ao corpo.
“Um escafandro transparente lhe cobria a cabeça, deixando ver o rosto e os cabelos loiros”, declarou uma das testemunhas. “O ser sorria e fazia gestos com os braços e imediatamente a nave decolou rumo ao norte, deixando fachos de luz que formaram um círculo”. Nesse episódio, mundialmente conhecido como o “Caso do Dique La Florida”, os homens de preto marcaram presença em San Luis. Investigadores e ex-policiais, como o senhor Hugo Quiroga, além de pessoas da cidade, observaram os movimentos desses estranhos personagens e as marcas deixadas por eles. Até a dona do Hotel El Volcán chegou a notar a atitude dos estranhos personagens.
Mortes misteriosas e cartas anônimas — O caso constitui um incidente de suma importância pelas investigações realizadas e qualidade dos depoimentos que, somados às marcas físicas encontradas no terreno e à incursão de militares, culminaram no Primeiro Comunicado Oficial sobre a presença de um tripulante de UFO na Terra. Claro que, diante de tudo isso, os relatos sobre os homens de preto não poderiam faltar. Em meus arquivos há mais incidentes ocorridos na Argentina. Talvez um dos primeiros tenha sido a misteriosa morte do ufólogo Luis Anglada Font, autor do livro La Realidad de los OVNI Través de los Siglos [A Realidade dos OVNIs Através dos Séculos, Kier, 1979], que na cidade de Buenos Aires foi visitado por um homem de roupas pretas, que lhe sugeriu abandonar a investigação e parar de editar livros sobre o Fenômeno UFO. O escritor, ex-piloto de guerra e aficionado pesquisador foi uma das testemunhas dos famosos foo-fighters, as bolas de fogo vistas várias vezes durante a Segunda Guerra Mundial. Font considerava os UFOs um “problema crucial para a humanidade”. Pouco depois dessa visita, ele sofreu uma descompensação física que acabou levando-o à morte. O ufólogo morava na Argentina desde o fim da década de 70 e foi um dos grandes precursores da investigação séria dos discos voadores neste país, um expoente da divulgação objetiva do fenômeno. Investiguei pessoalmente todos os detalhes que envolviam o Caso Font. Entrevistei colegas, entrei em contato com a editora de seu livro e todos os dados me confirmaram os trágicos eventos, bem como a visita dos MIBs.
Outro caso se passou com um jovem investigador profissional na província de Buenos Aires. No decorrer dos anos de 1983 e 1984 ele recebeu várias cartas em sua residência “convidando-o” a abandonar a investigação dos UFOs. Além disso, comentava-se nas cartas sobre futuros avistamentos de tais objetos na Argentina, que mais tarde se confirmariam, para o assombro do investigador. A tentativa de l
ocalizar o misterioso remetente foi infrutífera, uma vez que o endereço por ele dado na cidade de Rosário não existia. O passo seguinte do assédio foram as constantes chamadas telefônicas, ruídos perturbadores, correspondências que chegavam abertas ou se perdiam, principalmente de ufólogos e centros de pesquisa considerados importantes na França, Espanha, México, Estados Unidos e Rússia. Para a verificação de possíveis problemas com o telefone foram chamados técnicos da empresa Entel de Comunicações, que nada encontraram de anormal, como era de se imaginar.
O ser sorria e fazia gestos com os braços e imediatamente a nave decolou rumo ao norte, deixando fachos de luz que formaram um círculo
— Testemunha
Ainda mais casos — Assim continuou a situação até que um dia esse colega – que por razões de segurança prefere permanecer no anonimato – bateu o carro justamente quando viu na esquina de sua casa um homem vestido de preto, não associando-o ao fato na hora ao acidente. Era de estatura mediana e tinha um olhar tenebroso, que provocou no ufólogo “um arrepio por todo o corpo”. Ao sair do veículo, o pesquisador se deu conta de que não havia ninguém na rua. Era uma terça-feira, dia 19 de junho de 1984. A ação dos homens de preto foi eficaz, pois nosso colega abandonou as investigações por muitos anos quando percebeu que a ameaça poderia facilmente se concretizar.
Citando mais casos argentinos, apresento o ocorrido com o investigador e engenheiro Oscar Akerman, em 1976, também na cidade de Buenos Aires. Akerman foi convidado por estranhos a parar suas pesquisas e sofreu o furto de vários documentos sobre UFOs, no ano de 1973, o que chamou muito a atenção da Polícia Federal argentina. A vítima procurou o ufólogo e amigo Fabio Zerpa, que também foi protagonista de vários casos de MIBs no país e em outras nações. Temos também o incidente conhecido como Caso Trancas, ocorrido na província de Tucumán, em 21 de outubro de 1963, quando colegas investigadores foram visitados por pessoas vestidas de preto, que solicitaram a não divulgação dos eventos.
Recordemo-nos ainda de um clássico na casuística argentina, no qual os protagonistas, membros da família Moreno, observaram sete UFOs fazendo evoluções sobre sua fazenda para descer logo em seguida sobre a casa da família, deixando marcas físicas no terreno – algumas das quais levaram seis anos para desaparecer. Outro caso marcante ocorreu com o escritor argentino e autor de vários livros Héctor Antonio Picco, que se envolveu em vários episódios na província de Buenos Aires, na capital federal e em Córdoba, nos anos de 1978, 1989 e 1994. E se seguem outros como o Caso Maria Elena Paredes, ocorrido em agosto de 1981, e de Mónica Pérez, em abril de 1985. Isso sem falarmos do silêncio de vários ufólogos que, de uma hora para outra, abandonaram o estudo dos UFOs.
Causas nas esclarecidas — Em outubro de 1993, o ufólogo catalão Andréas Faber Kaiser publicou uma nota intitulada Entre la Vida y la Muerte, onde explica: “Minha vida vale mais que determinadas notícias, que, embora as informe, não irão mudar o curso da história”. E continua: “Quem não crê nessa possibilidade que releia meus artigos. Tampouco consigo tirar da cabeça o fato de que meu caro amigo, companheiro de investigação e verdadeiro irmão, o jornalista argentino Alejandro Vignati, morreu há 11 anos por causas ainda não esclarecidas, em um hotel de Caracas, onde estava investigando casos para o meu periódico Mundos Desconocidos. Dois meses depois de sua morte, me senti obrigado a suspender a publicação da revista”.
Andreas Faber Kaiser, excelente investigador do insólito, faleceu pouco tempo depois de escrever essa nota, vítima de uma cruel enfermidade, em 14 de março de 1994. À guisa de esclarecimento, o argentino Vignati, falecido em circunstâncias nunca explicadas, também estudava a presença dos MIBs na casuística ufológica.
Uma fantástica realidade
Livro do editor convidado de UFO Especial apresenta surpreendentes casos de avistamentos e contatos narrados pelos próprios protagonistas
As 21 histórias narradas no livro Seres – Fantástica Realidade [Século 21 Editora, 2002], pelo coordenador de traduções de UFO e editor convidado desta edição de UFO Especial, Marcos Malvezzi Leal, são relatos surpreendentes sobre a interação de humanos com “outras criaturas”, como ele próprio as descreve. E acima de tudo, verídicas. Sua primeira obra, a ficção God of Beauty [Deus da Beleza], lançada em 1997, foi publicada pela Minerva Press e atingiu grande sucesso na Europa. Posteriormente, seus direitos foram comprados pela Século 21, que publicou Seres e talvez venha a lançar God em português, com ligeiras adaptações, brevemente.
Seres – Fantástica Realidade baseia-se em histórias que foram colhidas durante anos de pesquisa e contato com pessoas comuns. Cada indivíduo envolvido foi consultado e teve o direito de participar da edição final, escolhendo o que deveria ou não chegar ao conhecimento dos leitores. Entretanto, o que realmente há de fantasioso nesse livro são os nomes, que foram trocados para manter em sigilo a identidade dos entrevistados. As histórias descritas por Malvezzi chegaram até ele através dos próprios protagonistas.
O enredo se atém a fatos que desconcertam o leitor na medida em que vai invadindo o estranho universo apresentado pelo autor. Não são apenas descrições de encontros com seres estranhos, mas vivências de pessoas comuns que passaram por situações bizarras. Em cada capítulo o leitor se perde em sonhos proféticos, lendas, aparições e mistérios. Assim, Malvezzi demonstra que esses fatos não residem apenas na imaginação das pessoas, mas que acontecem verdadeiramente, e muitas vezes as transformam por completo.