
Todos sabemos que os UFOs percorrem, e já faz tempo, todo o planeta Terra, de norte a sul. Em todos os lugares onde há observadores humanos temos histórias envolvendo objetos voadores não identificado, ainda que muitas vezes eles sejam tratados por outro nome e vistos como aparições ou fantasmas. Assim, é de se esperar que UFOs também estejam em áreas desabitadas ou até principalmente nelas, onde podem agir sem serem vistos. Uma dessas áreas é a Antártida.
A década de 60, em especial, foi prolífica em casos ufológicos na região. É sempre importante lembrarmos ao leitor que, quando falamos em Região Antártida, estamos nos referindo a duas localizações em especial, o Arquipélago de Orcadas e parte das Ilhas Shetland do Sul. E também é importante termos em mente que os fatos que aqui serão narrados ocorreram na década de 60, quando havia muito poucas bases militares e de estudo no continente.
Fato impressionante
Francisco “Tito” Burzi é hoje um reconhecido radioamador integrante do GACW, entidade que congrega especialistas em radiotelegrafia que se comunicam em Código Morse. Burzi esteve em 1961 na base argentina na Ilha de Laurie e se recorda de muitas histórias como se tivessem acontecido ontem. Entre seus pitorescos relatos sobre a região e as dificuldades lá encontradas, está uma que fala sobre o avistamento de um UFO.
Segundo a testemunha, em determinada noite de inverno de 1961, todos os dez integrantes da base foram testemunhas de um mistério que ainda aguarda explicações. “Seriam 20h00 aproximadamente de uma noite fechada e sem Lua, em pleno inverno, em junho ou julho. Não me recordo a razão, mas saí do dormitório e para minha surpresa vi uma luz laranja-avermelhada, como se fosse o farol de um automóvel, que deslizava sobre a Baía Scotia com movimentos oscilantes, como um navio que cabeceia nas ondas”.
O rapaz, então chamou seu comandante, o tenente-de-corveta Oscar Padilla, e também seus outros companheiros. Burzi disse que foi ligar o gerador que já estava apagado e que o chefe de rádio, chamado Oscar Atienza, foi religar os equipamentos para varrer as frequências e verificar se havia algum navio na área, mas nada encontrou — na verdade, eles todos sabiam que era impossível um navio ali naquela época do ano.
Quanto à misteriosa luz, a testemunha disse que ela continuou seu caminho com movimentos oscilantes, até desaparecer por trás da Ilha Ailsa Craig, situada no meio da baía. “Ficamos esperando que ela aparecesse do outro lado da ilha, mas ela sumiu. O comandante registrou a ocorrência no livro da base e nunca mais falamos sobre o assunto. Nós éramos dez invernantes, todos mentalmente sãos e todos nós vimos a mesma coisa”, afirmou Burzi.
Perfeitamente Visível
Ele não soube dizer exatamente quanto tempo durou o avistamento, mas calcula que tenha sido bastante, porque, para colocar em funcionamento o equipamento de rádio, precisaram primeiro dar a partida no gerador, o que demorava um tempo, para só então começar a percorrer as frequências para localizar algum navio na região — só após varrer todas as frequências poderiam descartas essa possibilidade. E durante todo esse tempo o artefato estava perfeitamente visível, até desaparecer atrás da ilha.
Ailsa Craig está a apenas 7 km ao sudoeste da costa, no meio da baía, bem em frente ao destacamento. É possível visitá-la de bote durante o verão e a pé durante o inverno, caminhando-se sobre o gelo. Na época dos acontecimentos, as ilhas Laurie e Ailsa Craig estavam unidas pelo mar congelado até o horizonte. Isso, claro, tornava impossível que houvesse um navio navegando por ali. Mas o fato de os homens ligarem o rádio indica que eles imaginaram que houvesse alguém em perigo, ou seja, que a luz no céu tinha origem humana.
Em 2014 este autor teve a oportunidade de entrevistar Francisco Burzi e Oscar Atienza, o chefe de rádio, para tentar ampliar as informações que tínhamos, mas Atienza não se lembrava do incidente em questão. Ele se recordava, entretanto, que naquela mesma invernada foram feitas muitas observações diurnas de objetos sólidos que se moviam bem alto no céu, com deslocamentos mutáveis e repentinos, incompatíveis com aqueles feitos por aviões e helicópteros.
Enigma até hoje O que foi narrado aqui foi toda a informação que se conseguiu reunir sobre o incidente, que é uma história muito simples, mas com ingredientes suficientes para se constituir em um enigma até hoje. Talvez, se algum dia houver a desclassificação do relatório do comandante Padilla, consigamos ter mais dados para retomarmos a investigação, auxiliados por maiores recursos tecnológicos. Esse incidente em Orcadas, acontecido antes das ondas de 1962 e de 1965, faz parte de um “pacote” de casos ocorridos na Antártida que agitaram a Argentina durante a primeira metade da década de 60. A partir dos episódios de 1965 e com toda a repercussão que causaram, não apenas no país, mas no mundo, o assunto dos UFOs nunca mais caiu no esquecimento e muitos pesquisadores de outros países passaram a se interessar pelos fatos.
Creia-se ou não, em sua enorme difusão global, o tema dos UFOs na Antártida chegou até a ser tratado em uma sessão da Organização das Nações Unidas (ONU). De fato, em 08 de novembro de 1971, o assunto foi citado em um debate do Comitê para o Uso Pacífico do Espaço Exterior, pelo senhor Motzé Ibingira, representante de Uganda, que solicitou aos países membros a necessidade de reagir de forma apropriada no caso de existir um encontro com naves de outros planetas, um antecedente precursor do que atualmente se conhece como Exopolítica.
Naves interplanetárias O representante ugandense frisou que há cientistas de todo o mundo que investigam seriamente os UFOs e “creem que esses objetos voadores não identificados poderiam ser naves espaciais interplanetárias ou intergalácticas”. Ibingira chegou a mencionar as opiniões de dois especialistas, o renomado cientista espacial doutor Herman Oberth, e do doutor James McDonald, de quem citou algumas definições textuais. O ugandense afirmou que esse não é assunto de charlatães e de
gente anormal, e que também todos os governos ficam em silêncio sobre esse assunto. Em tal sentido, ressaltou um país como exemplo, a Argentina. “Quisera citar o informe de imprensa da Secretaria da Marinha Argentina de 07 de julho de 1965 sobre observações de UFOs”, anunciou Ibingira, antes de proceder à leitura dos conhecidos comunicados oficiais.
Após relatar os eventos, ele acrescentou: “Não podemos ignorar completamente o que essas pessoas estão tratando de nos dizer”. O homem finalizou seu pronunciamento, dizendo que, se não podemos ser concludentes acerca de estarmos sendo visitados por viajantes do espaço exterior, é razoável que a ONU tome suas providências em tal sentido. Hoje, 47 anos depois desse acontecimento, ainda estamos esperando que o órgão tome alguma providência.