O radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, observou um poderoso laser de micro-ondas. A descoberta recorde é o “megamaser” mais distante de seu tipo já detectado, a cerca de 5 bilhões de anos-luz da Terra.
Um megamaser é um laser superpoderoso feito de luz de micro-ondas (daí o “maser”). Megamasers são de diversos tipos, mas o que os cientistas identificaram é o tipo mais comum, mostrando a assinatura de hidroxila, uma molécula composta por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio. A equipe argumenta que o megamaser recém-detectado é um dos feixes mais brilhantes conhecidos até hoje.
São 58 bilhões de bilhões de bilhões de quilômetros, se você estiver contando. Em outras palavras, o tempo que levou para a luz chegar aqui pode ser maior que a idade do sistema solar. Não, quase certamente não é uma antiga civilização alienígena apontando uma gigantesca caneta laser para a Terra do outro lado do cosmos. Mas a alternativa também é bastante épica, porque o megamaser é provavelmente o resultado de duas galáxias colidindo violentamente, sugerem os astrônomos.
A descoberta pode testar o que já sabemos sobre a evolução das galáxias e o que acontece quando elas se fundem com outras. Marcin Glowacki, principal autor de um novo estudo a ser publicado no The Astrophysical Journal Letters, informou em um comunicado: “Quando as galáxias colidem, o gás que elas contêm se torna extremamente denso e pode disparar feixes de luz concentrados.” Os cientistas apelidaram o megamaser de Nkalakatha – que significa “grande chefe” em isiZulu, uma das línguas oficiais da África do Sul – por sugestão de um estudante.
O radiotelescópio MeerKAT foi o responsável pela incrível descoberta.
Fonte: CBS
As colisões galácticas são alguns dos eventos mais violentos que conhecemos no universo, liberando quantidades inimagináveis de energia no processo. O coautor, Jeremy Darling, da Universidade do Colorado, informou em uma nota separada: “Quando duas galáxias como a Via Láctea e Andrômeda colidem, os raios de luz saem da colisão e podem ser vistos a distâncias cosmológicas. Os megamasers de hidroxila (OH) agem como luzes brilhantes que dizem: ‘aqui está uma colisão de galáxias que está criando novas estrelas e alimentando buracos negros massivos’.”
A descoberta é uma importante prova de conceito para o observatório sul-africano chamado MeerKAT, que os cientistas usaram para fazer a descoberta. Glowacki disse: “Este é o primeiro megamaser de hidroxila desse tipo a ser observado pelo MeerKAT e o mais distante visto por qualquer telescópio até o momento. É impressionante que, com apenas uma única noite de observações, já tenhamos encontrado um megamaser recorde. Isso mostra o quão bom é o telescópio.”
Os cientistas já estão animados com a perspectiva de futuras descobertas como essa. Darling disse: “O MeerKAT provavelmente dobrará o número conhecido desses fenômenos raros. Acreditava-se que as galáxias se fundiam com mais frequência no passado, e os recém-descobertos megamasers OH nos permitirão testar essa hipótese.” Como sempre, o universo não cansa de nos surpreender e maravilhar. Os resultados estão descritos em um artigo publicado no site de pré-impressão arXiv e aceito para publicação no Astrophysical Journal Letters, podendo ser acessado aqui.