No Brasil existem várias instituições e pessoas que dizem manter contato com a entidade Ashtar Sheran e assim são orientadas a seguir seus ensinamentos. O mais conhecido e, talvez, mais antigo é o Centro de Estudos Exobiológicos Ashtar Sheran (CEEAS), de Salvador (BA), com filiais em Brasília, São Paulo, Curitiba e Natal. Foi fundado em 1973 por Paulo Fernandes, que teria mantido contatos físicos e telepáticos com Ashtar, desde 1969, além de ter sido instruído pelo próprio a fundar uma entidade com o objetivo de estudar e divulgar a presença de extraterrestres na Terra e suas supostas doutrinas. Esses contatos foram sempre através de mensagens canalizadas. Hoje, a instituição é coordenada por Ana Santos e Marco Vinicius Almeida, que dizem que a organização não se enquadra como seita e nem religião, e também não deve ser vinculada à chamada Ufologia Mística, que cultua Ashtar como um novo messias. Por outro lado, o CEEAS acredita na versão de que até o próprio Jesus Cristo seria membro da equipe do comandante extraterrestre. Nesses termos, Cristo ou Sananda seria o representante da Terra na confederação intergaláctica.
Porém, o que a pesquisa nos mostra é que as referências ao nome Ashtar Sheran podem estar relacionadas às descrições feitas pelo autoproclamado médium e dentista norte-americano John Ballou Newbrough, que vivia em Nova York (EUA) e teria psicografado a obra Oahspe [Literalmente Céu, Terra e Espírito, 1881]. A letra O designaria céu, ah a Terra e spe, o espírito. Na obra, Newbrough pretendeu transmitir que as sagradas escrituras foram reveladas a ele, pelo que chamava de “entidades angelicais” – seres espirituais – que viajariam em naves “etéricas” e que teriam a missão de proteger mundos menos desenvolvidos. O nome desse ser seria Ashar e o plural Ashars. As descrições de tais entidades os apresentam como sendo altos, de corpo atlético e morfologia humanóide. Teriam aparência nórdica, cabelos loiros e olhos azuis. Possuiriam um olhar penetrante e estariam interessados em pesquisar e compreender as formas de vida existentes no universo, e assim desvendar sua própria existência. Seriam na verdade como uma espécie de cientistas “exobiosóficos”.
Outra menção interessante é a de que existem referências na obra Oahspe a um local chamado de Sham, que é muito coincidente com o nome que Ashtar Sheran designa para a Terra, planeta Shan. Alguns anos após publicar o livro, Newbrough fundou uma religião própria, a qual denominou de Faitismo [Do inglês Faithism]. Até hoje ainda existe um pequeno número de seguidores. O Faitismo e a publicação Oahspe não são conhecidos do público em geral, pois não é feita nenhuma propaganda em torno do assunto, permanecendo as mesmas numa condição sectária. Mas a obra é volumosa e contém mais de 900 páginas, acima de 500 referências a termos ligados a Ufologia e centenas de ilustrações bizarras e de difícil compreensão. Como curiosidade, temos que o termo Ashram, que possui origem no sânscrito, significa um centro ou escola que ensina os fundamentos de ioga, conhecimentos espirituais, ou ainda pode se referir a um estágio da vida pelo qual a pessoa passa. É muito parecido com o termo Ashtar.
Siragusa e Bongiovanni
Outras referências interessantes sobre Ashtar Sheran estão nos trabalhos do peruano Victor Yañez Aguirre, médico e parapsicólogo do Hospital da Polícia do Peru. Ele foi ainda presidente da Associação Peruana de Parapsicologia e presidente da Sociedade Teosófica local. Uma de suas pesquisas é relativa à experiência vivida pelo contatado italiano Eugênio Siragusa, mestre do famoso estigmatizado e intitulado contatado, também italiano, Giorgio Bongiovanni. Os contatos de Siragusa teriam ocorrido a partir de 30 de abril de 1962, quando ele alegava ter se relacionado com várias entidades de origem extraterrestre nos arredores do vulcão Etna, localizado na Sicília – entre as quais Ashtar Sheran. Mais adiante, contatou de forma casual um ser chamado Adoniesis, que também se comunicava de forma telepática. De acordo com as descrições do contatado, a criatura não pertencia a nossa dimensão. Siragusa a descreve como sendo uma entidade de aspecto atlético perfeito, vestindo uma espécie de macacão de cor cinza prateado, com braceletes luminosos nos pulsos e tornozelos.
Ainda de acordo com o mestre italiano, Ashtar andaria acompanhado de seu “primeiro tenente”, um ser chamado Ithacar, e teria dito que era o “comandante dos povos confederados”, em missão na Terra. Revelou que tinha uma importante mensagem para os cientistas e chefes de estado – a de que deveriam cessar com todos os experimentos nucleares na atmosfera e no subsolo. O Ashtar de Siragusa convidava a humanidade da Terra a viver em paz, justiça e fraternidade.
Outro caso pesquisado por Aguirre envolveu o engenheiro venezuelano Enrique Castillo Rincón, depois residente na Colômbia e hoje está em Costa Rica, que chegou a contatar dois extraterrestres, denominados de Cromacan e Krisnamerk. Eles se diziam provenientes de um grupo de estrelas localizadas nas Plêiades. Esses contatos, ocorridos na Colômbia, se iniciaram devido a outra experiência, feita nos Estados Unidos, em 1973, com uma pessoa que circulava de carro por uma rodovia. Repentinamente e sem razão aparente, o veículo em que estava saiu da pista e colidiu violentamente contra uma árvore. Imediatamente, outros carros pararam para socorrer o motorista. Porém, qual não foi a surpresa de todos ao ver que não havia ninguém no interior do veículo. A polícia identificou os restos do carro como sendo de propriedade de um jovem venezuelano radicado nos EUA. Segundo sua ficha acadêmica e pelos depoimentos recolhidos, ele havia sido um brilhante estudante de engenharia, muito querido pelos seus amigos e colegas e, até recentemente, trabalhava numa usina nuclear local.
Durante as semanas seguintes ao incidente, a polícia e autoridades do governo norte-americano foram mobilizadas na tentativa de elucidar o caso, mas após longas e trabalhosas investigações não conseguiram chegar a qualquer conclusão que esclarecesse o mistério. O corpo simplesmente havia desaparecido. Além disso, o maior agravante desse caso era que o desaparecimento não deixara qualquer vestígio e ocorrera na presença de todos os que naquele momento transitavam pela rodovia. As buscas continuaram durante meses. As autoridades haviam adquirido uma misteriosa e incômoda dor de cabeça. Os &oacu
te;rgãos diplomáticos exigiam um desfecho e uma conclusão.
A pressão dos parentes e amigos se avolumava. A família, que morava numa pequena e pacata cidade na periferia de Caracas, recebeu, algum tempo depois, um comunicado oficial que ratificava as estranhas condições em que o jovem engenheiro desaparecera. As informações eram contraditórias e difusas, assim como um tanto obscuras, já que as autoridades norte-americanas consideravam o sumiço como um caso de vingança, provavelmente seguido de assassinato. Porém, como não havia um corpo a remeter aos familiares, limitaram-se a enviar todos os seus pertences e bens pessoais. Sem esclarecimentos claros e em vista do ocorrido, os parentes da vítima tiveram de se conformar com a perda. Sendo espíritas e estando insatisfeitos com a cruel e triste forma de terem sido despojados do seu jovem e querido filho, os familiares decidiram realizar uma sessão mediúnica, na qual convocariam a alma do suposto falecido para saber detalhadamente do acontecido, e assim, despedirem-se dele, desejando-lhe os melhores votos de paz e felicidade nessa sua nova condição.
Estranha névoa azulada
O médium receptor seria outro jovem, estudante de medicina, amigo e antigo colega do falecido. A expectativa era grande e todos aguardavam estreitar seus laços com o rapaz. Conforme o tempo transcorria, uma curiosa e estranha névoa azulada teria se formado ao lado do sensitivo, assomando vagarosamente a forma de uma nuvem circular. Essa forma gasosa emitia uma luz tênue, lembrando fumaça de cigarro iluminada ou fosforescente, que a intervalos regulares aumentava sua intensidade. Parecia que pulsava. Rapidamente a névoa compactou-se formando uma semi-esfera, e do seu interior surgiu uma sombra. Lentamente, do desconhecido, uma forma humanóide aparecia. Era um ser semelhante a um humano, mas de aspecto angelical. Seu rosto era belo, de traços suaves e bem delineados, mas sem perder o ar sério e severo. Os olhos eram claros e ligeiramente rasgados, seu cabelo era comprido, loiro e penteado para trás. Seu corpo era proporcional, esguio e atlético, sendo que sua altura beirava 1,80 m aproximadamente. Seus membros eram perfeitamente normais e mostravam o contorno dos músculos. Vestia-se de forma simples, ostentando um macacão folgado, com as mangas acabando em punhos apertados. Usava botas de material semelhante a couro, de cano longo e sem folga. Seu cinto era largo na cintura.
A figura humanóide se colocou em pé à frente da luz e olhando sério para o grupo que, totalmente atordoado, não conseguia compreender o que estava acontecendo. O ser de origem desconhecida olhou para o médium, que em seguida começou a falar como se estivesse recebendo uma mensagem através de telepatia: “Não temam, não lhes farei nenhum mal. Meu nome é Ashtar Sheran e sou comandante da frota de espaçonaves de Ganímedes. Seu filho não está morto e nem perdido, mas encontra-se entre nós. Veio por livre vontade e deseja permanecer conosco. Não se preocupem, pois ele estará bem”.
O ser continuou a falar, oferecendo um panorama de eventos que deveriam se concretizar ao longo dos anos seguintes, até que terminou dizendo: “Esses fatos [Referindo-se à autodestruição da humanidade] serão concretizados como conseqüência dos seguintes aspectos: aparecerá um líder político no futuro, dentro do conglomerado social dos países unidos, que dominará as massas e regerá os destinos sociais e econômicos dos demais países. Seu poder estará auxiliado por mecanismos que ele mesmo colocará em jogo, como conhecedor das leis metafísicas. Em seguida se produzirá a invasão dos continentes. Quero avisá-los de que a paz assinada na região que chamam de Vietnã servirá de degrau imediato para o conflito bélico seguinte entre árabes e judeus. A isso se seguirão terremotos que devastarão cidades e que tentaremos alterar para evitar piores danos”. Dito isso, o estranho ser retornou à luz e desapareceu.
A ficção de Alternativa 3
Em 20 de junho de 1977, a rede de televisão inglesa Anglia transmitiu um documentário denominado Alternativa 3. O programa, apresentado como parte de uma série regular chamada Science Report [Relatório Científico], começou anunciando que sua intenção original seria transmitir um show diferente, mas algo saiu errado. A finalidade inicial era realizar um documentário sobre o fato de que grandes cientistas britânicos estariam deixando o país, atendendo a propostas para ganhar melhores salários e condições de trabalho. Porém, ao longo das investigações para o show, a equipe da emissora teria descoberto que muitos cientistas não estavam deixando o país, mas sim desaparecendo da face da Terra.
Esses supostos desaparecimentos levaram os repórteres a investigar cada vez mais, até descobrir uma vasta e global conspiração que envolveria a alta cúpula dos governos dos Estados Unidos e da ex-URSS. Aparentemente, a partir de 1950, os cientistas das duas potências teriam chegado à conclusão de que a Terra, devido às ações humanas, estaria a caminho de uma inevitável catástrofe envolvendo o clima e o meio-ambiente. Isso resultaria na extinção certa de quase todas as formas de vida conhecidas, inclusive a própria humanidade. Assim, os dois governos, em conjunto, teriam somente três opções ou alternativas para planejar e colocar em prática:
Alternativa 1 — Reduzir drasticamente a população do planeta Terra a níveis considerados seguros.
Alternativa 2 — Construir imensas bases subterrâneas para abrigar o governo, militares e cientistas, até que as crises estivessem estabilizadas.
Alternativa 3 — Estabelecer uma nova Arca de Noé, ou seja, uma colônia humana com os melhores e mais brilhantes representantes da raça, de preferência na Lua ou no planeta Marte.
A suposta realidade da inevitável crise teria incitado os governos dos dois países a colaborarem para, em conjunto, transformar a Alternativa 3 em realidade. Com entrevistas de supostos astronautas e cientistas, o documentário da Anglia exibia evidências de que EUA e URSS, trabalhando como uma equipe, teriam chegado a Marte em 1961 e que o programa espacial Apollo tinha sido somente um chamariz publicitário para esconder o verdadeiro propósito – por trás dos numerosos lançamentos de foguetes pela NASA. A seriedade com que o apresentador narrava as matérias – no estilo Orson Wells, de A Guerra dos Mundos, transmitida em 30 de outubro de 1938 –, convenceu muitas pessoas de que o documentário era real, o que se refletiu em milhares de ligações que a emissora recebeu após a transmissão. Se os telespectadores tivessem prestado mais atenção na notificação inicial, teriam visto que a data marcava 01 de abril, o conhecido dia da mentira, embora o espetáculo, devido a questões diversas, não tenha sido apresentado no referido dia.
Assim, mesmo que os produto
res anunciassem, posteriormente, que o programa tinha sido uma obra de ficção, muitas pessoas se convenceram de que tudo era verdadeiro e que tinha realmente acontecido. Isso perdura até os dias atuais. O argumento básico de pessoas que acreditam nessa sinistra conspiração mundial, por parte dos governos, é de que fazendo os documentários a respeito do tema parecerem mentira, ninguém suspeitaria da verdade e deixaria o assunto como sendo obra de crédulos e conspiracionistas fanáticos.
De qualquer forma, a reportagem realmente misturou temas reais com ficção, a fim de criar um futuro cenário assombroso e, por que não dizer, possível. O documentário original e completo pode ser obtido na internet, através do endereço www.thule.org/alt3.html. Além disso, um livro a respeito foi escrito por Leslie Watkins, David Ambrose e Christopher Miles. Trata-se do Alternative 3, publicado pela Sphere Books, em 1978.