Os efeitos de grandes manifestações ufológicas, segundo o eminente pesquisador franco-americano Jacques Vallée, estratificam-se em três grandes níveis de igual complexidade: o físico, o biológico e o social. Cada fase exige um corpo teórico suficientemente amplo e revolucionário para lidar com a questão, capaz de traduzir a natureza e os objetivos do fenômeno. Fundamentados nessa idéia, podemos identificar, dentro da onda chupa-chupa, zonas de impacto ufológico cujas conseqüências repercutiram fortemente sobre o meio físico. Por exemplo, as queimaduras de seres humanos pelas sondas ufológicas que assolaram a Amazônia. No meio social, o impacto pode ser medido na extensão do pânico e histeria que atingiram as populações ribeirinhas envolvidas.
Todos esses elementos devem ser considerados e nada pode ser descartado quando se estuda o Fenômeno UFO, pois podemos, inadvertidamente, estar eliminando partes importantes de sua manifestação. Por esse motivo, consideram-se fatos aparentemente absurdos ou estranhos, e uma parte deles diz respeito aos ataques que as pessoas sofriam dos chupas, assunto sobre o qual discorre a médica sanitarista e diretora do Departamento de Programas Espaciais da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (PA), Wellaide Cecim Carvalho. Ela foi uma das raras profissionais da área de saúde a ter um contato direto com as vítimas de radiações dos UFOs. Essa oportunidade ímpar se deu durante sua permanência na Unidade Sanitária de Colares, quando, em dezembro de 1976, assumia as responsabilidades sanitárias da ilha. Dos 12 meses ininterruptos de sua administração provêm as mais valiosas informações sobre o quadro clínico das vítimas do chupa-chupa.
Segundo a doutora Wellaide, em setembro de 1977, logo depois da semana da Pátria, ela começou a ser procurada por pessoas que se diziam atacadas por algo que chamavam de “aparelhos”, “luz vampira” e, quase sempre, chupa. “No início, houve descrédito de minha parte. Imaginava que fossem crendices populares e até pensei em bruxaria. Mas aquilo foi se tornando mais insistente”, declarou ao ufólogo e biomédico Daniel Rebisso Giese, autor do livro Vampiros Extraterrestres na Amazônia [Edição particular, ano 1991]. Ela conta que o fluxo de pessoas que recorria ao seu consultório foi ficando cada dia mais intenso. “Foi aí que comecei a examinar mais detalhadamente as lesões das vítimas e vi coisas que não existiam nos meus livros de medicina”. Conforme os depoimentos da doutora Wellaide, as lesões se caracterizavam da seguinte forma:
Não formavam bolhas típicas de queimaduras, nem se assemelhavam a efeitos de queimaduras produzidas pelo fogo ou água quente.
Pareciam queimaduras radioativas, como as produzidas pelo elemento químico cobalto.
Não existia dor no local atingido, apenas um ardor discreto que passava em poucas horas.
Depois de dois dias do ferimento a pele da vítima descamava. Nesse estágio, era possível notar dois pontos bem próximos, como picadas de agulha.
Numa ocasião, durante sua permanência em Colares, a própria doutora Wellaide pôde ver um chupa. “Eram seis horas da tarde e eu voltava com minha empregada da casa de um paciente. Ela começou a puxar a minha roupa e falar: ‘Doutora, doutora…’ Olhei para ela, que de repente desmaiou. Foi aí que me voltei para o céu e pude ver a coisa mais linda e fantástica da minha vida”. A médica viu um cilindro voador que refletia uma luz bastante clara e voava em espiral. Em suas extremidades havia luzes. Na parte superior, uma cúpula de cor vermelha e, embaixo, violeta. Ao se deslocar, o UFO parecia deixar um rastro luminoso que rapidamente sumia. “De início, pensei que ia pousar na praia, mas, subitamente, começou a subir, até desaparecer no firmamento”. A doutora Wellaide não viu nenhuma janela nem qualquer dispositivo sobre a superfície do objeto. “As pessoas que estavam perto da praia correram para suas casas e, contagiada pelo pânico, também corri, tentando carregar minha empregada desmaiada”.
Outra vítima do chupa-chupa foi a jovem Aurora Fernandes, com 18 anos na época. Na noite de 17 de novembro de 1977, por volta das 21h00, Aurora regressava para casa quando, subitamente, foi atingida por uma corrente de ar frio. Assustada, sentiu como se algo a envolvesse. “Fiquei apavorada. Chamei minha mãe, que já estava deitada, mas antes dela chegar uma luz vermelha me envolveu, deixando-me atordoada. Ao mesmo tempo, senti furadas muito finas em meu seio e cai desmaiada”, declarou ao ufólogo Rebisso. O objeto voltaria a incomodá-la: “A luz vermelha parece me atormentar a todo instante. Sinto como se fosse ficar louca”. Aurora foi socorrida pela mãe, Eunice Júlia Nascimento, que observou um líquido incolor e com cheiro característico de éter que escorria das pequenas lesões sobre o seio direito da moça.
Aurora foi conduzida em seguida ao pronto socorro municipal, mas não foi atendida e teve que regressar a casa. Como seu estado psicológico não se normalizava, foi reconduzida ao pronto socorro, sendo dessa vez atendida e tratada com sedativos. Ao ser visitada pelos jornalistas de A Província do Pará, ela exibiu as estranhas marcas existentes em seu peito. Ainda assustada, queixava-se de fortes dores de cabeça e fraqueza nas pernas, a ponto de não poder ficar em pé. No mesmo bairro em que morava, surgiram mais duas vítimas da “luz vampira”. Eram as jovens Maria Carmem do Socorro Lobo, 13 anos, e Maria Augusta do Eliseu de Oliveira, 18 anos.
O médico Orlando Zoghbi, a convite de A Província do Pará, esteve na residência de Aurora Fernandes no dia seguinte ao incidente, com o intuito de esclarecer a possível causa dos ferimentos. Segundo seu laudo, as pequenas e múltiplas lesões dérmicas encontradas no tórax da moça teriam sido causadas inconscientemente pela contração de sua mão sobre a região mamária, ao tentar proteger-se da investida do chupa-chupa. Como o próprio doutor Zoghbi esclareceu, as visões observadas pelas pacientes atacadas “são frutos do estado d’alma, em sintonia com o inconsciente, produzindo uma excitação psicomotora”. Ele completou que as lesões são devidas às reações de horror ocasionadas pelo choque adrenérgico.
Os ferimentos em Aurora eram uma série de 10 a 12 pequenas feridas concentradas num círculo de aproximadamente 2,5 cm, a 8 cm acima do mamilo esquerdo. Não se observou outras lesões no restante do corpo da vítima, muito menos na região mamária direita, o que contradiz as explicações do médico, pois uma jovem, em estado de medo e pânico, levaria obviamente as mãos espalmadas (abertas) sobre o peito. Nesse caso, como se explica a produç
ão de cerca de 10 pequenas feridas concentradas num círculo de 2,5 cm, e ainda, a um palmo acima do mamilo? E como se justificam as fortes dores de cabeça e a debilidade dos membros inferiores, apresentadas pela vítima logo após o incidente?
Por outro lado, as marcas no seio de Aurora não se configuram como característica dos padrões do ataque do chupa. As circunstâncias de seu contato também são incomuns à maioria dos casos registrados. De qualquer forma, a síntese da maioria das informações obtidas no transcurso da investigação do fenômeno permitiu estabelecer de forma objetiva o quadro clínico do que se convencionou chamar de Síndrome Chupa-Chupa, cujos elementos são os seguintes:
Queimaduras superficiais de 2 a 10 cm.
Discreto ardor na região atingida, sem referência a qualquer processo infeccioso.
Presença de pontos como picadas de agulhas, que desaparecem após 72 horas.
Queda dos pêlos nas regiões atingidas pelo raio com escamação da epiderme, dias depois do incidente causador.
Tonturas, vertigens, cefaléia e astenia (fraqueza dos membros inferiores).
Exames de sangue feitos em algumas vítimas do chupa indicaram baixo teor de hemoglobina e redução no número de hemácias.