Na década de 70, estranhos fenômenos ocorreram no litoral e interior do estado do Pará e do Maranhão. As notícias vinham de todas as partes e os depoimentos eram unânimes, dando conta de que misteriosos feixes de luz projetados por objetos voadores não identificados queimavam homens e mulheres. Os fatos ocorriam geralmente à noite. Segundo a população acreditava, os artefatos extraíam sangue de suas vítimas, originando daí a expressão chupa-chupa, nome pelo qual ficou conhecido o fenômeno. Em outras regiões, principalmente no Maranhão, os mesmos objetos voadores não identificados ficaram conhecidos como aparelho ou luz vampira.
O fenômeno, apesar de um longo período de incubação, manifestou-se com força e constância nunca vistas na história da Ufologia Brasileira em 1977. A partir do segundo semestre, em poucas semanas as notícias correram todo o Pará e Maranhão, tomando a população de surpresa e gerando um clima de terror e pânico coletivo. Movidos pelo objetivo de elucidar o mistério, muitos ufólogos, incluindo este autor, empreenderam uma pesquisa que os levou a diversos municípios paraenses. O que se vai expor neste artigo não são fábulas criadas pelos caboclos ou pelos moradores da Amazônia, habitualmente supersticiosos. Ao contrário, os fatos narrados e depoimentos prestados pelos ribeirinhos são verídicos — cada um dos entrevistados foi ouvido com atenção e cuidado. Neste trabalho estão os relatos mais coerentes, cuja relação com outros depoimentos, somados à idoneidade das testemunhas, constituíram elementos norteadores. Nosso objetivo foi traçar um quadro real e histórico de uma das mais impressionantes manifestações ufológicas que pudemos conhecer.
Os jornais anunciaram os fatos
A primeira parte da pesquisa do chupa-chupa constituiu-se de um levantamento bibliográfico sobre todos os artigos e reportagens publicadas pelos periódicos paraenses, como A Província do Pará, O Liberal e o Estado do Pará. Entretanto, o mesmo serviço não foi possível efetuar, infelizmente, com a imprensa maranhense. Ao se observar as reportagens dos citados diários, percebe-se que a mídia paraense relatou de forma bastante interessante o desenvolvimento do fenômeno — todas as reportagens foram fartamente ilustradas e efetuadas nos locais de incidência, junto às testemunhas. Se hoje podemos reconstituir esta onda ufológica, devemos isso à imprensa e à Biblioteca Pública de Belém.
Diversas notícias ufológicas antecederam a onda chupa-chupa, mas a mais significativa foi revelada pelo O Liberal, em sua edição de 16 de julho de 1977. Nela lemos: “Um UFO fotografado em Montevidéu, de formato esférico, confere com os estranhos objetos vistos em diversos pontos do território paraense, bem como do lado maranhense do Rio Gurupi e ao longo de toda a região fronteiriça entre os estados. Ainda ontem, tais objetos foram observados em diversas localidades do interior maranhense, causando espanto às populações, à semelhança do que ocorre na área de Vizeu, no Pará”. Pouco antes, precisamente no dia 12 daquele mês, o Jornal da Bahia resumiu de maneira clara o que viria a ser o fenômeno chupa-chupa: “Um objeto voador que emite luz fantástica e atemoriza o Pará”.
O periódico baiano descreveu o fato com acuracidade, afirmando que “a história de um objeto voador que emite forte luz e suga sangue das pessoas circula de boca em boca entre a população dos municípios de Bragança, Vizeu e Augusto Correa, no Pará, onde muita gente teme sair de suas casas durante a noite para não ser apanhada pelo estranho objeto, que, segundo informações, já teria causado a morte de dois homens. Ninguém sabe como a história começou, mas a verdade é que ela chegou a Belém e ganhou manchete nos jornais locais”. Meses depois, em 08 de outubro, O Liberal lançava a primeira de uma série de reportagens dando conhecimento à população do que era o chupa-chupa. A reportagem começa de maneira taxativa: “Um bicho sugador ataca mulheres e homens no povoado de Vigia, mais exatamente na Vila Santo Antonio do Imbituba, distante cerca de 7 km da Rodovia PA-140. Trata-se de um objeto que ‘foca’ uma luz branca sobre as pessoas, imobilizando-as por cerca de uma hora, e suga os seios das mulheres, que ficam sangrando”.
O temor se espalha
O jornal continua afirmando que o objeto também é conhecido pelos moradores como bicho voador ou bicho sugador, tem formato de uma nave arredondada e ataca as pessoas — principalmente mulheres — isoladamente, apesar de ter agredido grupos de homens também. Uma das vítimas, entre várias que ali existem, foi a senhora Rosita Ferreira, casada e com 46 anos na época. Ela era residente da localidade de Ramal Triunfo e foi sugada pela luz no seio esquerdo, ficando adormecida. “Acrescente-se que parece se tratar de um pesadelo, pois as vítimas sentem como se fossem unhas tentando segurá-las. Rosita foi atacada por volta das 03h30 e outra vítima foi a senhora conhecida como Chiquinha, que também foi sugada pelo estranho objeto, ficando com o seio ensanguentado, mas sem deixar nenhuma marca”, completou o jornal.
Foi logo em seguida, em 16 de outubro, que O Liberal lançava pela primeira vez a expressão chupa-chupa, como lemos no primeiro parágrafo de uma de suas reportagens: “Chupa-chupa. Foi essa a denominação dada pela população da Vigia a um objeto voador não identificado que vem provocando em pânico
os moradores de Imbituba e Camaru, além de outras localidades situadas nas circunvizinhanças”. Doravante, até o final da primeira quinzena de novembro de 1977, os jornais paraenses não cessaram de veicular notícias sobre o chupa-chupa. A Província do Pará também publicou reportagens valiosas para a investigação do fenômeno, sempre levando a população a se questionar sobre os fatos. Em 20 de outubro foram duas páginas inteiras com depoimentos de populares, croquis das evoluções dos UFOs nos céus da Vigia e descrição do contato de segundo grau ocorrido com o colono Manoel Matos de Souza, conhecido como Coronha, registrado no vilarejo de Monte Serrado, no município de Santo Antonio do Tauá.
Os aparelhos que agrediram testemunhas surgiam geralmente à noite, sendo raros os avistamentos diurnos. Muitos depoimentos confirmam a presença de naves-mãe nos locais de ataques, sempre vindas do alto e desaparecendo em seguida
O agricultor, então com 44 anos, foi acordado por volta das 02h00 por uma forte luminosidade que rondava seu terreno e penetrava em seu barraco. Ao abrir a porta, deparou-se com um objeto voador tendo duas criaturas em seu interior. Coronha voltou ao seu quarto e, agora munido de uma cartucheira, tentou disparar na direção do veículo aéreo. Para sua surpresa, no entanto, a arma não detonou e ele, sentindo que seu corpo começava a paralisar pela luz do UFO, gritou por socorro. Seu caso é um dos mais emblemáticos de toda a onda ufológica conhecida do chupa-chupa.
Luz avermelhada
Em 19 de novembro de 1977 A Província do Pará publicava pela primeira vez fotografias das lesões resultantes dos ataques, registradas na jovem Aurora Nascimento Fernandes, então com 18 anos e residente à Passagem Tabatinga, no bairro belenense de Jurunas. Por volta das 21h00 do dia anterior, Aurora se encontrava lavando louça em sua casa quando uma forte corrente de ar frio a tomou de surpresa, juntamente com uma luminosidade bastante forte avermelhada. A jovem relata que ficou apavorada. “Chamei minha mãe, mas antes dela chegar uma forte luz vermelha me envolveu, deixando-me atordoada. Ao mesmo tempo senti furadas muito finas que eram dadas em meu seio e caí ao solo, desmaiada”.
Posteriormente, ao examinar a paciente, o médico Orlando Zoghbi enquadrou o fato como um episódio de histeria e de pânico produzidos pela psicose coletiva em torno do fenômeno chupa-chupa. Segundo o médico, os ferimentos presentes no seio direito de Aurora teriam sido produzidos pela contração de suas mãos em formato de garra, em um ato instintivo de proteção à possível investida da luz vampira. Este autor está entre os pesquisadores que discorda de sua conclusão, porque as marcas no seio de Aurora se apresentavam concentradas e profundas, como biópsias, dentro de uma pequena área — e não havia vestígios de arranhões, assim como as feridas não tinham configuração ungueal.
O bicho sugador ataca no povoado de Vigia, mais exatamente na Vila Santo Antonio do Imbituba. Trata-se de um objeto que ‘foca’ uma luz branca sobre as pessoas, imobilizando-as por cerca de uma hora, e suga os seios das mulheres
Em conversa com o pesquisador argentino Fábio Zerpa [Consultor da Revista UFO], e diante do quadro descrito por Aurora e outras mulheres paraenses que se diziam vítimas do chupa-chupa, o ufólogo observou que fatos semelhantes ocorreram no sul da Argentina, na década de 70. Na ocasião, uma mulher fora atacada por uma entidade que lhe tirou sangue, e é interessante notar que os fatos descritos ocorreram em cidades e povoados próximos a rios, lagos ou mares. Isso faz lembrar as entidades mitológicas japonesas denominadas Kappas, que, segundo a lenda, teriam vindo de uma estrela longínqua e povoaram rios e mares do país.
Os pesquisadores franceses Jacques Scornaux e Christiane Piens, em sua magistral obra A Descoberta dos OVNIs [Editora Antônio Ramos, 1977], relatam o seguinte sobre estas entidades: “Os Kappas parecem usar um conjunto submarino ou qualquer coisa do gênero munido de um aparelho respiratório, bem como de um estranho chapéu com antenas. As orelhas são anormalmente grandes, têm pele cor de cobre — como os “homens de bronze” que teriam aparecido na Represa do Utinga, município de Belém, durante o período chupa-chupa — e mãos e pés terminando em uma espécie de gancho”. A descrição lembra ETs humanoides observados em nossos dias, e a reputação que tinham os Kappas de fazer adoecer as pessoas que deles se aproximavam faz pensar nos efeitos fisiológicos experimentados por algumas testemunhas atuais.
O fenômeno em Colares
A Ilha de Colares, na região do Salgado do litoral fluvial do Pará, está situada a cerca de 70 km a nordeste de Belém. Faz divisa com o município de Vigia, outra área rica em manifestações ufológicas. À sua frente está a Baía de Marajó e a ilha se encontra separada do continente pelo Rio Guajará Mirim. Colares compreende uma área de aproximadamente 600 km2 e abriga diversas comunidades, como a Vila de Colares — sede do município —, Fazenda, Mocajatuba, Ariri e outras. Sua população, em grande parte, se dedica à pesca e à agricultura. Durante o período da onda chupa-chupa, o local foi alvo de intensas manobras de UFOs e diversas vítimas de seus misteriosos raios foram encontradas. O medo foi tanto que boa parte dos moradores abandonou suas casas e foi residir temporariamente com parentes, em outros municípios.
O Centro de Investigação de Pesquisas Exológicas (CIPEX) localizou diversas testemunhas do fenômeno durante os dias que sua equipe permaneceu em Colares. São casos muito interessantes, como o de Jonas Ferreira Gondim, então com 60 anos, um pescador que disse que sua casa foi iluminada pela luz do chupa-chupa. Tomado de coragem, ele saiu ao quintal e soltou uma bomba junina para afugentar o “aparelho”. Seu filho, Cláudio Gondim, relatou o seguinte: “Naquele tempo a gente não dormia direito. Eu e outros colegas saímos para vigílias na casa dos compadres. Em uma noite eu vi aquele aparelho sobre as copas das árvores, ali na Rua São João. Ficou parado por um instante e soltou uma luz clara em cima da mata para logo sumir a grande velocidade para outro canto da vila”.
O cigarro caiu da minha mão e, assustado, dei um grito. A bolinha desapareceu e todos acordaram. Acho que ela procurava uma veia no meu corpo, mas não teve sorte. Quando aumentava o brilho, eu sentia uma espécie de calor
O senhor Zacarias dos Santos Barata, 74 anos na época, é outro a dar interessante depoimento. “Vi umas duas vezes esse aparelho. Na primeira ele veio na direção de Soure, na Ilha do Marajó, e cruzou Colares bem rápido. Na outra eu vi daqui de casa quando uma bola luminosa v
eio clareando todo a mata. Ela não fazia barulho e não dava para ver direito como era, pois era muito forte e de cor azulada”. O mesmo foi observado por seu vizinho, Júlio de Brito Correia, que acrescentou apenas que a nave voava baixo e a grande velocidade.
“Eu sentia uma espécie de calor”
O carpinteiro Carlos Cardoso de Paula, então com 45 anos, descreveu dois eventos curiosos. “No tempo do chupa-chupa, muitas vezes eu saía à noite para visitar as casas dos compadres e de colegas. A maioria deles se encontrava na rua fazendo fogueira e de vez em quando alguém fazia barulho com pistolas e latas para espantar o aparelho”. Ele conta que certa vez, ao sair de casa por volta das 21h00, ouviu o grito dos moradores dizendo que o chupa estava vindo. Da sua casa, no entanto, só via uma bola de fogo correndo na sua direção, mas que logo mudou de rumo e entrou em outra rua. “Outra vez aconteceu uma coisa muito estranha. Estávamos todos dormindo em casa e eu ainda fumava o último cigarro quando, de repente, pela cumeeira da casa, entrou uma bolinha de fogo. Aquilo começou a dar voltas pelo quarto até que veio junto a minha rede. Subiu pela minha perna direita até o joelho”.
Paula disse que olhou tudo aquilo com muita curiosidade quando a bolinha passou para a outra perna e ele começou a sentir fraqueza e sono. “O cigarro caiu da minha mão e, assustado com aquela situação, dei um grito. A bolinha desapareceu e todos acordaram. Acho que ela estava procurando uma veia no meu corpo, mas não teve sorte. Quando ela aumentava o brilho, eu sentia uma espécie de calor”, concluiu. Seu relato, apesar de bizarro, indica que a tal esfera, na realidade, poderia ser uma sonda ufológica, pois as características descritas pela testemunha assim o indicam. Durante a pesquisa foram localizadas duas pessoas na Vila de Colares que também foram vítimas do chupa-chupa. Seu quadro clínico será mais bem detalhado com a descrição dos relatos lá colhidos, a seguir.
A primeira narrativa foi a do comerciante Neuton de Oliveira Cardoso, então com 27 e residindo na vila de Mocajatuba na ocasião [Veja entrevista com ele nesta série]. Em uma noite ele acordou com mal-estar e sentindo uma “quentura” pelo corpo. Espantado, notou que se encontrava queimado à altura do lado esquerdo do pescoço. Os familiares o levaram no dia seguinte a Colares para o devido atendimento médico. Cardoso comentou que ficou muito fraco e sem ânimo durante vários dias e ainda sentia, semanas depois, forte tontura e dores de cabeça. A segunda vítima foi Claudomira Rodrigues da Paixão, casada e com 43 anos na época. Popularmente conhecida como Mirota, ela foi atingida no seio pela luz do chupa-chupa quando dormia na casa de parentes. “Era cerca de meia noite e eu estava na rede junto à janela quando fui surpreendida por um intenso clarão. Rapidamente senti um calor sobre o meu corpo, que me paralisou. Foi quando foi projetado um feixe de luz esverdeada sobre meu tórax, sendo recolhido em seguida”.
Relatórios secretos
Durante vários dias, a vítima sentiu uma grande fraqueza e fortes dores de cabeça, que vez por outra ainda voltaram a incomodá-la. Posteriormente foi conduzida ao Instituto Médico Legal Renato Chaves, em Belém, para exames complementares. Ela insiste em falar de seu caso: “Durante o instante em que o foco me atingiu, senti furadas como de agulhas sobre meu peito. Depois não senti nenhuma dor, a não ser dores de cabeça e uma moleza grande que me deixou na rede por vários dias”. Ela conservou as marcas em seu corpo até o dia em que morreu, há poucos anos. Como ela, muitas vítimas do chupa-chupa relatam ter sentido profunda fraqueza — em alguns casos perdurando por meses e até anos.
Ao terem início os rumores das curiosas manifestações ufológicas no interior do Pará e do Maranhão, acrescido do pânico dos populares sobre o fenômeno, o 1º Comando Aéreo Regional (COMAR 1), sediado em Belém, moveu exaustiva missão de campo com intuito de elucidar o fenômeno chupa-chupa, que recebeu o nome de Operação Prato, como se conhece muito bem hoje. As determinações do comando do COMAR eram as seguintes: (a) o fenômeno merece um estudo profundo e objetivo; (b) devem ser recolhidas todas as informações referentes à sua manifestação; e (c) pronunciamentos e comentários públicos sobre o assunto devem ser evitados.
Na época, antes mesmo da Operação Prato, a Aeronáutica enviou pesquisadores a diversos municípios onde era detectada a presença dos UFOs e foram recolhidas centenas de relatos de avistamentos e até de pousos, além de serem produzidas cerca de 200 fotografias de estranhos objetos voadores não identificados. Os locais mais ricos em manifestações eram a Baía do Sol, na Ilha de Mosqueiro, e Cola
res. Nessas regiões foram obtidas pelos militares que conduziram a Operação, sob comando do coronel Uyrangê Hollanda [Veja entrevista com ele nesta série], diversas fotografias de UFOs — a maioria noturna —, e ainda alguns filmes de curta metragem registrando as evoluções das naves sobre os rios da Amazônia. Boa parte deste material já é conhecido da Ufologia Brasileira por ter sido liberado oficialmente pelo Governo Federal como resposta à campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. A maioria das fotos obtidas pelos militares do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR) foram tomadas com câmeras profissionais das marcas Cannon e Nikon acopladas a teleobjetivas e utilizando-se filmes de alta sensibilidade e em preto e branco.
Imenso acervo reservado
Ao término das investigações de campo preliminares da Aeronáutica foi iniciada a segunda fase de operação, que durou de setembro a dezembro de 1977. Esta etapa compreendia a análise dos dados recolhidos e a elaboração de um relatório, que, na época, conforme rumores que vazaram dos quartéis, alcançava cerca de 500 páginas, incluindo fotografias de UFOs, desenhos, mapas, fichas de entrevistas e recortes de jornais locais — hoje, após a entrevista de Hollanda, sabemos que passaram de 2.000 páginas e 500 fotos.
Tudo isso teria sido enviado de Belém ao Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), em Brasília, juntamente com a documentação fotográfica existente, filmes, negativos e cópias. Os resultados obtidos ao longo desse trabalho da Aeronáutica apontaram que o fenômeno chupa-chupa era real e de natureza ufológica, sendo difícil precisar com objetividade a origem e a finalidade do mesmo. Já é um bom começo. Mas, como se sabe, em uma pesquisa ufológica não basta recolher e arquivar casos — é preciso testá-los, confrontá-los com outros e submetê-los a diversas críticas, tanto internas como externas. E também isso foi feito pelos militares.
O clima que a onda ufológica paraense de 1977 gerou na população é complexo e rico de dados. Todos os setores da sociedade paraense e maranhense foram atingidos e as opiniões emitidas foram as mais diversas. A imprensa fez um excelente trabalho de apresentação dos fatos ao povo, falhando, talvez, por um lado, ao se deixar levar pelo ceticismo das altas cúpulas militares destes estados. Por outro lado, também contou para que o seu trabalho não fosse ainda melhor sua falta de experiência no campo ufológico. No entanto, se essas pequenas falhas são compreensíveis e naturais para a imprensa, o mesmo julgamento não se pode fazer quanto ao posicionamento da comunidade científica da região, que ainda insistiu em se esconder sob velhos pretextos antiufológicos. Essa omissão era de se esperar e táticas dessa natureza são bem conhecidas dos pesquisadores da realidade ufológica. Em meio ao intenso calor da onda chupa-chupa, não faltaram a ridicularização, os profetas de plantão anunciando a chegada de marcianos e ainda a estratégia de confundir a população com as preconceituosas e convenientes afirmações.
Características do fenômeno
Mas a conclusão de tudo isso é clara, e a pesquisa que se fez do tema na ocasião, apesar de suas limitações, permitiu uma amostragem adequada do inusitado fenômeno. Descobriu-se, por exemplo, que a zona de ação do chupa-chupa foi o norte do Brasil, sendo frequentes as manifestações à beira de rios e do Oceano Atlântico. Os aparelhos vistos e que agrediram testemunhas surgiam geralmente à noite, sendo raros os avistamentos durante o dia. Muitos depoimentos confirmam a presença de naves-mãe nos cenários dos ataques — sempre vindas do alto e desaparecendo no céu após as incursões. Quanto às naves menores observadas, tudo indica que se tratavam de sondas ufológicas, devido ao seu perfil aerodinâmico e comportamental. Também havia objetos redondos e extremamente iluminados executando movimentos rápidos e voos a baixa altitude, sempre emitindo feixes de luz e perseguindo os ribeirinhos.
As queimaduras produzidas pelo chupa-chupa não eram acidentais, mas propositais, com um objetivo definido. Homens e mulher eram os alvos — preferencialmente elas — e todos eram atacados em geral enquanto dormiam. Embora ainda careçamos de provas definitivas de que o chupa-chupa de fato retirava sangue de suas vítimas, exames bioquímicos realizados pela doutora Wellaide Cecim atestaram diminuição no número de hemácias [Veja entrevista com ela nesta série]. O hemograma das vítimas indicou tal anormalidade, além de seu quadro clínico bastante peculiar, constituído de perda de sangue considerável através dos ferimentos, tonturas, cefaleias, fraqueza etc, impossibilitando-as de ficarem em pé. As diminutas picadas de agulhas, descritas por tantas testemunhas e vítimas, também puderam ser confirmadas nos locais onde foram atacadas.
Ataques certeiros
Infelizmente, informações referentes aos tripulantes dos veículos voadores não identificados são poucas, mas apontam seres de baixa e média estatura no interior dos aparelhos, com pele às vezes descrita como esverdeada ou enrugada — a doutora Wellaide teria visto em uma dupla de seres uma cabeleira loira. A pesquisa não pôde determinar o que fez tais inteligências agirem daquela forma no Pará e Maranhão, mas é certo que tinham um objetivo muito específico ao conduzirem os ataques, sempre os executando de forma precisa e certeira. Tudo leva a crer que a onda chupa-chupa era uma missão de grande envergadura não somente pela frequência das manifestações, mas também pelo grande número de avistamentos.
As zonas dos incidentes certamente foram escolhidas devido às suas posições estratégicas e pela segurança que seu isolamento proporcionava à livre ação das inteligências por trás do chupa-chupa — além de isolados, eram grupos populacionais dispersos, pequenos e sem comunic
ação. Possivelmente o objetivo desta ação extraterrestre esteja relacionada com alguma pesquisa e manipulação biológica do ser humano por parte de uma determinada espécie alienígena, cuja finalidade não temos ainda como precisar.