Desde os 10 anos me interesso pelo Fenômeno UFO. A partir de 1985, comparando o trabalho de diversos ufólogos, me identifiquei com as pesquisas de Claudeir Covo, principalmente pela sua seriedade. Em 1994, o conheci pessoalmente e passei a freqüentar as reuniões mensais do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), onde aprendi muito. Agora, nos últimos três anos, como esposa de Claudeir, pude acompanhar mais de perto os trabalhos ufológicos que realiza, indo inclusive a campo. Mas confesso que às vezes fico decepcionada quando encontro casos ufológicos inventados ou mal pesquisados no passado. O fenômeno ufológico é real e deve ser encarado com discernimento, sem envolvimento emocional. É acreditar desacreditando.
Juntamente com o INFA, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Ufológicas (INPU) ainda não existia oficialmente, tive a oportunidade de investigar o falso pouso de um disco voador em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, em 26 de maio de 1999. Infelizmente, os responsáveis pelo pesqueiro Pesque-Pague, onde ocorreu o fato, inventaram a estória apenas para atrair clientes, em mais um lamentável embuste ufológico. Recentemente, já com o instituto oficializado, investigamos a filmagem da Suzana Alves, a Tiazinha. Foi uma nova decepção, pois o que ela filmou era apenas o dirigível da Goodyear. Desde o início ela estava ciente de que não se tratava de um disco voador, mas inventou uma farsa para se promover.
Mais triste ainda é ver aproveitadores na Ufologia, que dizendo serem paranormais, arrancam dinheiro das pessoas, enganando-as com truques banais de prestidigitação. É o caso de Urandir Fernandes de Oliveira, que usa de canetas laser, faróis de milha, balões publicitários (blimps) ou iluminados por dentro e simples truques de mágica. Urandir cobra caro para mostrar seus poderes, num verdadeiro caso de polícia. E há ainda aqueles que rezam para que os ETs venham resolver seus problemas pessoais. O mais assustador desses casos, envolvendo fanatismo, foi a seita Heaven’s Gate, da qual 39 fanáticossuicidaram-se no início de 1997 numa mansão nos EUA, acreditando que suas almas iriam encontrar-se a bordo de um UFO…
Desde que o INPU foi fundado, em 12 de junho de 2001, decidimos reabrir o Caso Guarapiranga, mas jamais imaginávamos que encontraríamos tantas irregularidades – algumas gritantes. Deixar de investigar o local dos fatos, por exemplo, é a mesma coisa que analisar um vídeo ufológico sem assisti-lo ou operar uma pessoa sem que ela esteja presente. A censura arbitrária dos documentos do processo, no meu entendimento, objetivava única e exclusivamente dificultar a pesquisa de terceiros. É lamentável. Errar é humano, mas forçar a barra deve ter sido conveniente. Em todos os segmentos da sociedade temos bons e maus profissionais. Vemos que a primeira geração de ufólogos, que iniciou seus trabalhos no período de 1950 a 1970, foi precursora de uma futura ciência. Cometeram erros, é claro, mas compreensíveis.
Segunda Geração — A segunda geração destes estudiosos, cujos trabalhos se difundiram no período de 1971 a 1990, conta com nomes como Ademar Eugênio de Mello, Ademar José Gevaerd, Antônio Faleiro, Claudeir Covo, Daniel Rebisso Giese, Eustáquio Patounas, Luciano Stancka e Silva, Marco Petit, Mário Rangel, Rafael Cury, Ubirajara Rodrigues, entre outros. Ela também teve falhas, mas conseguiu classificar os fenômenos ufológicos — tipos de contatos imediatos, naves, efeitos físicos etc — com uma expressiva riqueza de detalhes, avaliando criteriosamente as ocorrências. De 1991 a 2010, estaremos vendo o surgimento de uma terceira geração de estudiosos, mas, com poucas exceções, nela observamos uma verdadeira explosão de egos.
Atualmente, dispomos de recursos diversos para quem deseja se dedicar a uma pesquisa ufológica séria. No entanto, muitas vezes tais recursos acabam prejudicando o trabalho de pessoas bem-intencionadas. A internet, por exemplo, fez com que a Ufologia se tornasse “terra de ninguém”. Uma pessoa que nunca tenha realizado uma pesquisa ufológica, após passar alguns dias navegando por sites ufológicos, rapidamente se proclama e intitula ufólogo. Nesse clima, fala-se muito em união da comunidade ufológica, mas infelizmente não vejo como isso possa acontecer, pois quase sempre o ego não deixa.
Em 1983, com a fundação da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB), os pesquisadores acreditavam, esperançosos, que isso aconteceria. Imaginava-se uma verdadeira integração entre as mais diversas linhas de pesquisa dentro da Ufologia. Novamente, em vão! É a mesma coisa que querermos reunir todos os partidos políticos em um só, o que é impossível, pois existem muitos interesses envolvidos. O principal deles é o “estrelismo” de alguns indivíduos, em detrimento de pesquisas sérias e bem documentadas.
Sabemos que os ufólogos lutam com dificuldades, e que pesquisar é sinônimo de gastar. Mesmo assim, é fundamental a realização de um trabalho coeso, de equipe. Precisamos perguntar, tirar dúvidas, procurar pessoas certas. No Caso Guarapiranga, por exemplo, consultamos o advogado e ufólogo Ubirajara Rodrigues e o médico e pesquisador Luciano Stancka, que nos auxiliaram no entendimento dos termos jurídicos e médicos utilizados. Realizar um trabalho ufológico sério e reconhecido não é tão fácil quanto parece. É fundamental deixar o ego de lado e dedicar-se incansavelmente às pesquisas, com esforço, discernimento, união e honestidade. Somente assim a Ufologia poderá, no futuro, decolar.