A Ufologia Brasileira voltou a viver momentos de grande agitação no final do ano passado em razão da descoberta de novos agroglifos em Santa Catarina, que, mais uma vez sem explicação, surgiram na mesma região daquele estado onde vêm ocorrendo desde 2008 — e o período em que se manifestaram agora também é aproximadamente o mesmo dos anos anteriores, de final de outubro a começo de novembro. Com a confirmação dessas novas formações, solidificou-se também a ideia de que um fato sem precedentes está ocorrendo em nosso país, que chama a atenção não apenas de estudiosos da presença alienígena na Terra, mas também de pesquisadores de outras áreas.
Com os novos agroglifos catarinenses, registrados pelo quarto ano seguido, renovam-se os questionamentos dos ufólogos brasileiros quanto à razão de ocorrerem unicamente em uma pequena região do oeste daquele estado — e simplesmente em nenhum outro ponto do país. Dessa vez, as cidades que receberam as formações foram, além de Ipuaçu — onde o fenômeno teve início —, Bom Jesus e Ouro Verde. Somadas a outras localidades onde no passado também foram encontrados agroglifos, como Toldo Velho e Abelardo Luz, tem-se que o fenômeno está circunscrito a localidades distantes entre si nada mais do que 40 km. Ou seja, de toda a vasta extensão do Território Nacional, apenas em Santa Catarina as manifestações são registradas, e ainda assim, naquele estado, apenas em uma pequena área.
Apesar da incidência do fenômeno em 2011 ter sido bem maior do que nos anos anteriores, especialmente devido a duas enormes formações em Ipuaçu, descobertas em 07 de novembro [Veja artigo nesta edição], pouca atenção os agroglifos receberam da população, da imprensa e até mesmo de autoridades — e a grande maioria dos ufólogos brasileiros apenas acompanhou os fatos pela internet, através de informes regulares postados no Portal da Ufologia Brasileira [ufo.com.br], o site da Revista UFO. É a publicação e a entidade que a produz, o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), aliás, os únicos a manter constante monitoramento dos fatos que ocorrem no oeste catarinense, como se viu em nossas edições anteriores, que trazem detalhes desde os primeiros casos [UFO 146, 161 e 182].
Infelizmente, como também ocorreu nos anos anteriores, nenhuma instituição de pesquisa, cooperativa agrícola ou universidade com cursos voltados à agricultura, das tantas existentes em Santa Catarina — especialmente naquela região de grande produção de grãos —, manifestou qualquer interesse em acompanhar as formações, ignorando-as como se fossem apenas fatos banais do dia a dia. E impressionantemente, o único profissional consultado pela imprensa para falar dos agroglifos foi, novamente, o presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Adolfo Stotz Neto, que, mesmo sem se dar ao trabalho de checar de perto as marcas nas plantações e de não ser pessoa ligada à área, resumiu-se a falar disparates sobre o fenômeno, atribuindo sua origem a “brincadeiras” [Veja seção Em Foco].
Como vem sendo exaustivamente publicado em UFO, esse enigma já tem três décadas de duração e cresce vertiginosamente, desafiando cientistas, estudiosos e até governos — pelo menos os que se interessam em estudá-lo. Tendo origem na Inglaterra, lenta e gradualmente, os agroglifos se espalharam pelo mundo, em um total estimado entre 6 e 20 mil casos em 30 anos, dependendo da fonte consultada — quase a totalidade deles está em nações do Hemisfério Norte, por razões desconhecidas. No Brasil, país que contribuiu com os melhores casos ufológicos em todas as modalidades, estranhamente, nunca havia sido registrado um único agroglifo até 2008.
Alguma forma de inteligência
Hoje já se tem como certo que os sinais nas plantações — quase sempre de grãos comestíveis — são evidentes mensagens de alguma forma de inteligência de origem não terrestre. Mas o que significariam? A resposta só virá com muita pesquisa de cada novo fato que vier a ocorrer, aplicando-se para isso conhecimentos dos mais variados segmentos das ciências físicas, biológicas e humanas. Sobretudo, o fenômeno precisa ser conhecido no local onde se manifesta, ou seja, in locu, nos campos do oeste catarinense. Lamentavelmente, no entanto, parecem ser poucos os estudiosos dispostos a percorrer as vastas distâncias que separam as capitais do sul do país das cidades onde o fenômeno ocorre. Esse editor é um dos poucos ufólogos brasileiros a ter feito isso em todos os casos de registros de agroglifos.
No ano passado, estive mais uma vez naquela região de Santa Catarina investigando os novos agroglifos, entrevistando potenciais testemunhas e avaliando as condições das formações. Em 04 de novembro estive em Abelardo Luz, Ouro Verde, Bom Jesus e Ipuaçu buscando evidências de novas manifestações, motivado pela descoberta, na tarde da segunda-feira, 31 de outubro, de sinais em plantações de Bom Jesus, em uma lavoura de trigo já pronta para a colheita — as marcas eram visíveis da movimentada rodovia estadual SC 467, a não mais do que uns 500 m da estrada e facilmente avistável por quem ali passasse. O alerta do achado foi dado, mais uma vez, pelo repórter e ufólogo Ivo Luis Dohl, ex-consultor da Revista UFO residente em Xanxerê, a 40 km de Ipuaçu.
Aparentemente, as formações não eram recentes, mas de algum tempo atrás, que Dohl avalia em pelo menos 15 dias. Lá comparecendo, constatei que as duas marcas circulares eram, em suas características básicas, muito semelhantes a outras observadas antes na região. Uma delas era um conjunto de dois círculos, um menor e com cerca de 4 m de diâmetro e outro, maior, com cerca de 14 m de diâmetro. As figuras estavam interligadas por uma espécie de “corredor” de plantas amassadas e em seu interior os pés de trigo estavam dobrados rente no formato típico espiralado e em sentido anti-horário — ainda vivos. O círculo maior tinha ainda um anel externo, que o menor não possuía, mas um tanto tosco para os padrões conhecidos em Santa Catarina — tinha uns 30 cm de espessura e as plantas em seu interior estavam dobradas em sentido horário, ou seja, ao contrário do que ocorria no círculo.
No topo de uma colina
No trajeto para o oeste catarinense, na sexta-feira, 04 de novembro, pouco antes de atingir a região dos agroglifos, dirigindo-me p
ara Bom Jesus, fui alertado de que outro agroglifo acabara de ser encontrado na vizinha cidade de Ouro Verde, a cerca de 10 km. Esse editor seguiu imediatamente para a nova localidade informada e buscou detalhes na prefeitura municipal, encontrando ali o funcionário da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) Adalberto Antonio Skowronski, que se prontificou a indicar o local onde estava a formação. Incrivelmente, o agroglifo se localizava no topo de uma pequena colina, plenamente visível do centro da pequena cidade — especialmente dos andares superiores da prefeitura, de onde foi observado pela primeira vez, por um funcionário.
O agroglifo de Ouro Verde estava em uma plantação de trigo farta e dourada, já perto de ser colhida, a uns 15 minutos de caminhada de uma estrada vicinal de fazenda. O proprietário daquelas terras, Hélio Barreta, que cultiva grãos com seu filho Delazir Barreta, não estava nada satisfeito com o estrago em sua plantação, mas não se aventurou a teorizar a origem do inusitado sinal. Tive a enorme sorte de encontrar o novo agroglifo de Ouro Verde apenas algumas horas depois de descoberto, e dentro dele pude fazer uma pesquisa sem incomodação da imprensa e de populares — esses, a propósito, já nos acorrem mais aos locais dos fatos com o mesmo interesse que demonstraram nos casos dos anos anteriores, quando chegaram a destruir as figuras, pisoteando-as.
A nova formação na plantação de trigo de Barreta estava praticamente intocada. Apresentou 14 m de diâmetro e as plantas em seu interior, mais uma vez, estavam dobradas no típico formato espiralado em sentido anti-horário. Ao redor do agroglifo havia um “muro” de plantas intocadas, de uns 100 a 120 cm de espessura e, então, um anel externo de mesma configuração, com plantas também dobradas no sentido anti-horário.
Imperfeições em agroglifos
A formação toda estava em um declive de 5 a 10 graus, o que em nada afetou suas características. Próximo dali, no topo da colina e a não mais do que 50 m do agroglifo, havia uma pequena reserva florestal intacta. Examinei toda a figura atentamente, constatando que as características gerais que determinam a legitimidade de um agroglifo estavam bem presentes naquele, como, por exemplo, a precisão na dobra das plantas.
A constatação dessa precisão é fundamental como primeiro passo para se autenticar um agroglifo, e ela é caracterizada por uma maneira cuidadosa com que as plantas são dobradas. Ou seja, no local limítrofe exato em que a área com plantas dobradas “encosta” na área com plantas intactas, não atingidas, não existem vegetais danificados — ou os caules de trigo estão em pé ou totalmente deitados. Esse efeito jamais seria possível com o uso de instrumentos, como no caso de fraudes. Além de outras características que apontam a legitimidade de uma formação. Aliás, ao contrário do que pensam alguns curiosos, os agroglifos podem até não ser figuras geométricas perfeitas, como círculos exatos, mas a área de contato entre as plantas dobradas e as que estão em pé sempre é claramente visível.
As imperfeições em muitos agroglifos podem ser naturais, causadas por variações no terreno em que são feitos, ou propositais, ou seja, causadas com alguma intenção pelas inteligências autoras das formações, ainda não totalmente entendida. Na opinião de muitos circólogos — como são chamados os estudiosos do fenômeno nos Estados Unidos e Inglaterra, e eles nem sempre são ufólogos —, as imperfeições propositais têm o objetivo de testar nossa capacidade de análise das figuras, estimulando-nos a buscar respostas para tais ocorrências. Por exemplo, às vezes a disposição geométrica com que algumas imagens componentes são encaixadas em uma dada formação não é precisa, o que só pode ser descoberto com uma pesquisa verdadeiramente profunda — e parece ser isso o que tais inteligências buscam nos investigadores.
Recepção de sinal de celular
Outras características comuns aos agroglifos autênticos, como níveis anormais de eletricidade, magnetismo e radiatividade em seu interior ou ao redor das formações, também denunciam sua legitimidade. No entanto, tais medições não foram executadas por esse editor em nenhum dos círculos visitados em Bom Jesus e Ouro Verde. Embora pudesse tê-lo feito, considero que essa deveria ser uma tarefa de técnicos e engenheiros agrícolas das várias instituições que lidam com o campo em Santa Catarina, a quem, em entrevista que concedi à imprensa local, conclamei para tomar posição quanto ao impressionante fenômeno que se abate sobre sua região.
No entanto, testei outra característica comum aos agroglifos verdadeiros, que é a recepção de sinal de celular em seu interior. A cidade onde estava a formação não tem nenhuma unidade da operadora de telefonia celular Tim, não havendo, por vastas regiões da área rural de Ouro Verde, qualquer sinal de celular. Mas tentei e consegui uma fraca recepção em um aparelho iPhone 3GS da referida operadora — embora não o insuficiente para originar uma chamada ou mesmo enviar uma mensagem de texto. Isso, no entanto, foi possível fazer a partir dos agroglifos de Ipuaçu de 2008 e 2009, e naquela região, em tais anos, não havia nenhuma operadora de telefonia celular presente — hoje lá está a Tim.
Outra etapa da investigação dos agroglifos de Ouro Verde e Bom Jesus, principalmente do primeiro, mais fresco, foi a procura de potenciais testemunhas do fenômeno e de circunstâncias paralelas, como a observação de sondas ufológicas luminosas durante as noites que precedem a descoberta dos agroglifos. No entanto, em nenhuma das cidades foi encontrada uma única testemunha de tal fato. Simplesmente, nenhum dos vizinhos de Barreta, em Ouro Verde, viu qualquer coisa estranha. A casa mais próxima do agroglifo ali registrado, há cerca de um quilômetro, está na Fazenda Jardim e é habitada pela família do senhor Fidélix Tedesco, 80 anos, que, entrevistado, disse não ter visto qualquer anomalia. “Nem meus cachorros se comportaram estranhamente por causa daquilo”, afirmou Tedesco, que tem vários desses animais — e todos bem barulhentos.
Al
egações insustentáveis
Naturalmente, foram imediatas as alegações de que os agroglifos de Ouro Verde e Bom Jesus eram fraudulentos, resultado de “brincadeiras”, como alegou o citado astrônomo Stotz Neto, sem o mínimo conhecimento da questão. Entre as “explicações” para a confecção do agroglifo de Ouro Verde, por exemplo, afirmou-se que marcas de pneu de trator cortavam a formação, e o veículo teria sido usado para fraudar o sinal. Mas essa alegação não resiste a uma simples observação do agroglifos em questão: as marcas de trator estavam por toda a vasta plantação de trigo de Barreta e eram bem anteriores à formação da figura, tanto que as plantas dobradas em seu interior as cobriam com facilidade. Além delas, nenhum outro vestígio de ação humana foi encontrado e não resta dúvida de que aquela formação é legítima — resta saber quem é o autor.