Já se passaram quase 40 anos desde que ocorreu o famoso incidente de Laredo – fartamente descrito pela imprensa (especializada ou não) – e vários ufólogos de lodo o mundo já se esforçaram para tentar dar uma explicação clara e consciente a este interessante caso da Ufologia, muito conhecido por todos nós. Como se sabe. algum veículo aéreo caiu (ou foi derrubado) próximo à cidade de Laredo, no estado norte-americano de Novo México, nos anos 40. Por suas características e dado ao mistério que o governo dos EUA empregou para ocultar informações sobre o fato ao público – muitos estudiosos acreditaram que se trataria de uma espaçonave extraterrestre (com infelizes tripulantes) o objeto acidentado naquele deserto árido.
Muita coisa se publicou sobre a queda do suposto UFO. E o mais curioso é que a ocorrência foi enquadrada naquela categoria de fatos ligados aos também conhecidos casos de Roswell e Aztecw – localidades onde também teriam caído UFOs. O caso de Laredo, por ter ocorrido na mesma região e na mesma época, passou a fazer parle da “lista de acidentes de tráfego extraterrestre”. O leitor que se interessar em voltar à estas ocorrências poderá ler a série de revistas Ufologia Nacional & Internacional, em suas edições 7, 8 e 9 (Editor: esta série também foi editada pelo Centro para Pesquisas de Discos Voadores (CPDV) e é a precursora da série UFO). Os mais interessados poderão contatar nossa redação para obterem textos científicos norte-americanos recentemente liberados sobre esses casos. Nós, no entanto, nos limitaremos a fazer uma breve descrição do caso Laredo e uma análise técnica, para tentarmos explicar o que teria sido aquele veículo que até hoje deve estar nas mãos dos militares dos EUA.
SEGREDO E POEIRA NO DESERTO – Muito tem se especulado sobre o caso Laredo, surgindo hipóteses aparentemente compatíveis com a sua importância e características. Uma delas, por exemplo, é a de que o aparelho ou veículo caído no Novo México poderia ser apenas uma bomba voadora V-2, tripulada por um macaco. Outra hipótese, para os mais apressados, afirma que o objeto é ura autêntico UFO. Mas não devemos ser precipitados em nossas suposições; como cientistas, devemos ser cautelosos; como “cientistas-ufólogos” (ou simplesmente como ufólogos), devemos ter essa cautela em dobro, pois o terreno dos fenômenos ufológicos é um tanto duvidoso, devido principalmente à incoerência e insegurança de fontes de informações e dados que utilizamos em nossas análises. Devemos, em primeiro lugar, conter a euforia que, muitas vezes, toma conta das emoções de muitos pesquisadores, fazendo-os afirmarem apressadamente algo duvidoso.
Vamos ver como ocorreu o caso Laredo. No dia 7 de julho de 1948, às 2:29h da madrugada, ura aparelho espatifou-se numa região a 45 km ao sul de Laredo, uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, na divisa com o México. Certas informações publicadas dizem que o objeto voador foi detectado na tela de radar de uma base no estado de Washington. Os destroços do aparelho foram encontrados no dia seguinte, em 8 de julho, por militares da Força Aérea dos EUA (USAF) e da Força Aérea Mexicana. Depois de uma rápida observação dos restos do objeto, todos os destroços e o corpo do piloto, que tripulava o aparelho, foram recolhidos e embarcados num avião militar C-47 rumo, talvez, à base de White Sands. Um fotógrafo que compareceu ao local do acidente fotografou o piloto carbonizado, sendo que algum tempo depois publicou 2 destas fotos (muitas outras foram tiradas, mas acabaram nos cofres do Ministério de Defesa dos Estados Unidos), Visto o histórico do caso, resta saber as respostas às duas perguntas seguintes: (a) que aparelho poderia ser aquele?; (b) de onde provinha?
Vamos à primeira pergunta. Podemos dizer com certeza o seguinte: muito se afirmou que poderia ser uma bomba voadora V-2, alemã, pois, como se sabe, dezenas delas foram trazidas aos Estados Unidos, no final da segunda Cirande Guerra, e lançadas da Base Aérea de White Sands entre 1948 e 1950. Embora seja possível que fosse uma V-2, tripulada por um macaco do tipo Rhesus. devemos descartar essa possibilidade totalmente, pois as V-2 tinham autonomia de vôo de apenas 400 km, sendo que de White Sands ao ponto de impacto do aparelho a distância é de cerca de 1.600 km. Supôs-se também, que seria um V-2 aperfeiçoada nos EUA, com maior autonomia de vôo. Mas isso é praticamente improvável, poisa USAF não tinha tecnologia suficiente para, em 24 meses apenas, projetar, aperfeiçoar e construir uma versão maior da já complexa (à época) V-2. um míssil de mais de um estágio. Seria extremamente difícil e problemático para os engenheiros da USAF, projetar e construir – em tempo tão reduzido – uma V-2 mais desenvolvida, com autonomia ampliada em 4 vezes.
MANOBRA PSICOLÓGICA – Segundo os pesquisadores, o objeto de Laredo linha formato circular (o que descarta totalmente a hipótese de que se tratava de um projétil comum), com 27 metros de diâmetro e 8 metros de altura. Um ponto importante, porém até esquecido por muitos pesquisadores, e o fato de que, além das V-2 e das dezenas de quilos de projetos alemães, trazidos via marítima aos Estados Unidos, as forças militares desse país trouxeram, possivelmente, um dos mais fantásticos projetos alemães no setor aeronáutico: os veículos de forma discoidal. conhecidos pelos nazistas pela sigla “V 8”. Na época, indagou-se se tais aparelhos realmente teriam sido recuperados pelos americanos depois da derrota da Alemanha, e se de fato tinham sido trazidos aos Estados Unidos. As Forças Armadas norte-americanas calaram-se a este respeito, ficando evidente que se tratava de um segredo militar que deveria ficar oculto por muito tempo. Assim, o público em geral voltou seus olhos para os soviéticos – que também teriam capturado al gum protótipo desse tipo, segundo informações da época. Esse é um exemplo da chamada “manobra psicológica” dirigida ao público – desse modo, as Forças Armadas norte-americanas influenciavam o pensamento popular a crer que os soviéticos eram os grandes inimigos do país, embora tivessem lutado juntos durante o recente conflito…
Tais veículos as – V-8 – foram testados muitas vezes pelos cientistas alemães com considerável êxito, até que. com a queda do Terceiro Reich, foram capturados pelos Estados Unidos – e talvez também pelos soviéticos. Vamos descrever melhor tais aparelhos, que são pouco conhecidos em termos gerais. A V-8 iniciou seus testes em 1945 (às vezes, a V-8 também era designada como V-9). Era um aparelho ou aeronave discoidal com 24 metros de diâmetro, comandada por controle remoto e dotada de “bocas” turborcatoras na periferia do prato, que tinham inclinação de 45 graus em relação a seus respectivos raios. A área central do aparelho possuía uma parte imóvel que servia de eixo de rotação para o resto de disco. Essa parte central continha dispositivos
de oxigênio, álcool, peróxido e hidrogênio necessários à alimentação dos turborcatores, blocos de compressão, tubos de alimentação e demais aparelhagens necessárias para a propulsão e direção da aeronave discoidal. Sua forma proporcionava maior superfície de sustentação. O “V” da sigla V-8 significava Vergelungswaffe. e tinha motores derivados do BMW-028, que, por sua vez, era derivado do turborcator axial M-018.
Os motores possuíam ainda um compressor de 6 estágios, uma câmara anular de combustão e uma turbina especial, particularmente estudada para vôos estratosféricos, dado que o aparelho poderia ultrapassar 20 km de altura. Os turbopropulsores internos estavam munidos de dispositivos de pós-combustão e os turborcatores eram acionados por uma mistura comprimida à base de hélio. Os reservatório externos de gás, colocados sob o aparelho, eram blindados. As V-8 não transportavam armamento, mas podiam alcançar 20 km de altura com um raio de ação de 65% km e a uma velocidade supersônica. Podia ser guiado por controle remoto a distâncias superiores a 18-20 mil km.
SEGREDO NAZISTA – As V-8 possuíam, ainda, 12 turbinas dispostas eqüidistantemente no interior de um anel metálico móvel. Este anel girava com a coroa do giroscópio, em volta de um corpo central esférico (canopy) e imóvel que continha uma cabine pressurizada para 3 tripulantes, além das instalações de rádio e radar. Em volta dos reservatórios de gás podiam-se colocar bombas de pequenas dimensões. As V-8 partiam em menos de 16 segundos de uma rampa vertical, sendo o lançamento provocado por um propulsor acionado por oxigênio líquido e álcool etílico. A aterrissagem e decolagem processava-se sem rampa, pois, nessas ocasiões, comportavam-se como um helicóptero. Eram construídas com ligas metálicas refratárias e isoladas termicamente. Em testes realizados pelos nazistas, a V-8 atingiu certa vez 20.803 metros de altitude e, mais tarde, 24.200 metros. Em terra, o motor-piloto desenvolvia 5.500 cv no eixo e 2.600 kg de pressão adicional. Durante o vôo, desenvolvia 5.400 cv e 2.000 kg de pressão. Seu combustível-base era o hélio (além de outros elementos altamente combustíveis). 22 metros cúbicos desse gás eram suficientes para 16 horas e 10 minutos de vôo.
Fica evidente, assim, que a USAF realizou testes com tais aparelhos e que, no caso de Laredo, uma V-8 estava sendo tripulada por um único homem – e não por três. Outro ponto que mostra que o UFO de Laredo é um aparelho terrestre, é o fato de o mesmo ter explodido no impacto. Seu combustível, portanto, teria que ser líquido. As medidas mencionadas pelos pesquisadores a respeito da queda de Laredo aproximam-se muito das medidas da V-8. A USAF, embora tenha executado alguns projetos de aeronaves em forma de discos por volta de 1947, não afirmou que o aparelho espatifado pudesse ser um desses discos, pois eram impulsionados à hélice – o que não permitiria atingir velocidades tão altas como as registradas pelo suposto UFO de Laredo. Tais discos movidos à hélice apresentavam instabilidade durante o vôo, o que causou o abandono do protótipo.
As já mencionadas fotos do também suposto ser extraterrestre Laredo, publicadas algum tempo depois do acidente e analisadas minuciosamente por vários pesquisadores, demonstram claramente sinais terrestres. tais como estruturas de tubos soldados, porcas e parafusos primitivos, além de algarismos inscritos nos destroços. Quanto ao piloto que figura na foto (numa posição difícil de se identificar – de costas, com a cabeça coberta pelo capacete), sabe-se que foi muito queimado e realmente se poderia duvidar que fosse um ser humano, embora o capacete, queimado como estava, parecia mesmo com a cabeça normalmente volumosa de um alienígena. Em uma das fotos deste ser, revelada em 1981 a certo ufólogo dos EUA por uma pessoa não-identificada que trabalha ou trabalhou na USAF, há a prova incontestável de que o objeto de Laredo foi apenas um vôo experimental malogrado. Na foto, aparece até um par de óculos do tipo utilizado pelos pilotos norte-americanos na época do pós-guerra.
EXPLICAÇÕES TARDIAS – Discutiu-se muito, também, sobre o fato de que o objeto de Laredo pudesse ser uma V-2, ao invés de uma V-8, e que estava sendo tripulada por um macaco Rhesus, lançada que foi da Base Aérea de White Sands, dentro do “Projeto Experimental Hermes”. Realmente, esses lançamentos ocorreram, assim como o tal Projeto Hermes, mas essa hipótese deve ser descartada por fatores bem claros:
• A autonomia das V-2 (como dissemos anteriormente) era muito pequena para atingir um ponto tão distante como a região de impacto do aparelho de Laredo.
• Os lançamentos do Projeto Hermes ocorreram entre 1948 e 1949. Quer dizer: a data do acidente está entre esses lançamentos, mas o piloto de Laredo mostra-se com a estatura de um homem, não de um macaco Rhesus.
• Segundo cálculos, o tripulante do objeto de Laredo, quando vivo, deveria ter cerca 1,70 metro de altura pois, devido à carbonização sofrida, seu tamanho original reduziu-se drasticamente atingindo as proporções verificadas no ser entre os destroços. Além disso, suas mãos tinham unhas e 5 dedos, como um homem normal.
ORIGEM DESCONHECIDA – Vamos discutir agora o segundo ponto da “Questão Laredo”: de onde provinha a máquina que se espatifou naquele deserto. Depois de analisarmos todos os pareceres sobre o caso, fica evidente que o aparelho de Laredo partiu da única base aérea militar envolvida (pelo que se sabe) com projetos experimentais da USAF: a já conhecida base de White Sands, onde se realizou todo o programa de lançamentos das V-2 – precursoras dos futuros foguetes americanos. O silêncio da USAF, já típico nestes casos, não se deveria, portanto, ao falo de o objeto ser extraterrestre (um UFO), mas sim por ser um malogrado vôo experimental que acabou causando a morte do piloto. Isso mostra que a Força Aérea dos EUA, ainda sem meios técnicos adequados, tentava a todo custo aperfeiçoar um veículo do tipo “disco voador” já naquela época.
Com todos esses dados, podemos formar o seguinte quadro: No inicio da madrugada do dia 7 de julho (e notem que os testes experimentais são geralmente feitos à noite, como acontece atualmente com o supersecreto jato F-19), o disco V-8 é retirado de seu hangar, na Base White Sands, é inspecionado e abastecido. Segundo se calcula, o vôo deveria efetuar-se numa zona delimitada do estado do Novo México. O piloto entra na cabine, verifica os instrumentos e aciona os motores. A aeronave decola, mergulhando na escuridão da madrugada. Talvez por um erro do piloto, talvez por visibilidade insuficiente ou a possível pane num dos sistemas propulsores do aparelho, o veículo chega até a fronteira EUA México, quase penetrando em espaço aéreo mexicano. Finalmente, o aparelho espatifa-se próximo a Laredo, apesar das óbvias tentativas in frutíferas do piloto em retornar à White Sands.
Em 1948, a USAF já possuía aviões a jato. que formaram as primeiras esquadrilhas de jatos da América, e é possível que a alta hierarquia da Força Aérea dos EUA desejasse, além dos jatos, possuir aeronaves discóides, que seriam quase que imbatíveis num confronto aéreo. Mas, não dispondo de meios propulsores adequados para um veículo discóide, tais experiências sempre malograram, e, no caso Laredo, desastrosamente.
TECNOLOGIA SUSPEITA – Voltando a falar das fotos dos destroços, podemos ver neles abundantes elementos terrestres em sua estrutura, e seria até ridículo afirmar que tais destroços pudessem ser de origem extraterrestre. Com certeza. naves alienígenas difícil mente utilizariam em sua estrutura porcas comuns, parafusos e outros apetrechos, primitivos até para nós, simples terráqueos, que já estamos fabricando aviões que dispensam rebites e parafusos, substituídos por polímeros. Cabe aqui mencionar, também, que em casos autênticos de resgate de UFOs, examinados mais tarde, foi relatado que tais aparelhos dispensavam qualquer tipo de pino. porca ou parafusos e rebites em suas estruturas, sendo construídos com um avançado o desconhecido sistema de encaixe, teoricamente perfeito (há descrição, inclusive, de encaixe da nave segundo o sistema macho-fêmea). Seria ridículo supor que uma astronave, vinda quem sabe de outro sistema planetário, com toda a tecnologia necessária para a difícil travessia interestelar, fosse tão rudimentar internamente. Além do fato de que o combustível era líquido, ou seja. talvez simples querosene refinado para ser utilizado numa turbina a jato.
Enfim, o “UFO” de Laredo mostra-se como um malogrado vôo experimental de uma nave discoidal terrestre que, pelo que se sabe. talvez tenha sido uma das primeiras tentativas realizadas na América com uma aeronave desse tipo. Anos depois, foram realizados testes com a famosa “panqueca voadora” e com o “Avro AV-8”, também discoidais, mas que não resultaram em beneficio para a história da aviação, segundo a própria USAF. Mais recentemente, em 1972, soube-se que na Base Aérea de Edwards (Califórnia) foi visto um veículo em forma de disco sendo manejado por um mecânico. Parece até que este disco foi construído com base em autênticos UFOs, resguardados na mesma instalação. Soube-se – também através de boatos – que o mesmo aparelho foi visto em vôo sobre o deserto de Nevada.