Ipuaçu, uma pequena cidade do noroeste de Santa Catarina, com pouco mais de seis mil habitantes e localizada a 520 de Florianópolis, capital do estado, é o local onde foram registrados os primeiros casos de agroglífos do país. É assim que são chamados os enigmáticos desenhos em plantações de grãos, surgidos inicialmente na Inglaterra, na década de 80, e hoje presentes em vários países [Veja edição UFO 146]. Anteriormente conhecidos como círculos ingleses, devido às suas origens, já foram exaustivamente estudados e vêm sendo acompanhados ininterruptamente há décadas por cientistas, autoridades, militares e especialmente pelos circólogos, como são denominados os pesquisadores que se dedicam a decifrar o mistério. Para eles, os agroglífos seriam algum tipo de mensagem que civilizações extraterrestres estariam enviando à espécie humana. Até hoje, já foram registrados mais de 20 mil deles em pelo menos 30 nações, embora o local de seu surgimento original, a Grã-Bretanha, ainda detenha cerca de 80% das manifestações mundiais, que podem chegar a mais de duas mil por ano. As figuras surgem do nada e impressionam por sua graciosidade aliada ao seu gigantismo. E da mesma maneira como aparecem, sempre no início do verão no hemisfério norte – época de plantio e colheita de cereais em alguns países –, desaparecem quando se encerra a estação, deixando para trás perplexidade e muitas perguntas sem respostas.
Sofisticados conjuntos geométricos
Quando começaram a surgir nas plantações inglesas, quase sempre culturas de grãos – trigo, cevada, aveia e cânola, principalmente –, os desenhos se limitavam a círculos de tamanhos modestos, às vezes com anéis circundando-os. Com o passar do tempo, as figuras foram ficando cada vez mais complexas, reunindo muitas vezes inúmeras formas geométricas dispostas harmonicamente – o que só aumentou a perplexidade de quem os acompanha e o número de perguntas sem respostas.
Em alguns casos, os agroglífos podem chegar a até 1.000 ou 1.200 m de comprimento e conter mais de 600 figuras dispostas de uma maneira absolutamente desafiadora para a mente humana. Muitas vezes, os conjuntos geométricos apresentam padrões matemáticos e astronômicos complexos, além de representações de conceitos científicos, desenhos de moléculas como o DNA e até coisas mais simples, como figuras que remetem a artefatos do cotidiano. Tudo isso denota, inquestionavelmente, a ação de uma inteligência por trás do fenômeno – e ela não parece ser humana ou terrestre. Mas, desde que começaram a ser registrados, e com a evolução de seus formatos e tamanhos, também passaram a ser copiados por pessoas que pretendiam ora desmoralizar os pesquisadores, ora provar que podem ser feitos pelo homem. “Tivemos anos em que até 90% dos círculos na Inglaterra eram falsos”, diz Colin Andrews, consultor da Revista UFO no país e nome de referência no assunto. “Felizmente, desenvolvemos técnicas para distinguir os casos verdadeiros dos fraudados”. Mas as características dos agroglífos forjados são visivelmente diferentes daquelas encontradas nos considerados genuínos pelos estudiosos.
Não se sabe por que Ipuaçu e região foram os locais escolhidos para os primeiros casos de agroglífos brasileiros, mas as imagens surgidas na área rural do município e, uma semana depois, na vizinha Ouro Verde [Até o fechamento desta matéria, notícias de novos círculos continuavam chegando à Redação de UFO], chamaram a atenção da imprensa e de curiosos de todo o país. A cidade, fundada em 1992, teve colonização italiana, alemã e polonesa, e sua sustentação está na agricultura e pecuária, muito fortes na região. Ipuaçu também concentra numerosas colônias de indígenas kaingangs e guaranis, em diversos assentamentos. Foi neste cenário que, da noite de 08 para 09 de novembro passado, de sábado para domingo, surgiram os primeiros agroglífos de que se tem notícia no Brasil. Os sinais, independentes e com quase 20 m de diâmetro cada, apareceram em duas propriedades da zona rural do município. Espantosamente, uma semana depois, igualmente de um sábado para domingo, Ipuaçu registrou outro círculo, de menos da metade do tamanho dos primeiros. E na vizinha Ouro Verde, mais um no dia seguinte, na manhã da segunda-feira, 17 de novembro. Tinha dimensões quase idênticas às dos originais.
O primeiro caso foi registrado na propriedade do agricultor Inézio Trentin, residente na comunidade de Toldo Velho, distante cerca de 6 km de Ipuaçu. Ele notou algo diferente em sua fazenda, tomada por uma vistosa plantação de trigo, nas primeiras horas da manhã de domingo. Era um círculo feito com plantas amassadas próximo da estrada que divide sua propriedade de outras, envolto por um anel externo de plantas intactas e outro, mais externo ainda, de trigo novamente dobrado – padrão que segue os primeiros casos ingleses. “O que mais me chamou a atenção foi que não havia qualquer rastro que pudesse indicar a passagem de pessoas, máquinas, veículos ou animais no local, porque toda a plantação em volta daquele conjunto estava intocada”, declarou Trentin. Para ele, começava ali o mistério, porque seria impossível alguém produzir algo como aquilo, de gigantescas proporções e tamanha perfeição, sem deixar vestígios de qualquer natureza. Ele não sabia que isso é o que acontece em locais onde círculos autênticos são registrados em todo o mundo. Trentin e o filho contemplaram a cena estupefatos, mas indignados com o estrago em sua colheita.
Dando queixa na polícia
O agricultor, sem suspeitar que sua propriedade fora sido “escolhida” para receber um dos primeiros agroglífos do país, e que acabaria virando centro de romarias de curiosos, foi à delegacia de polícia de Ipuaçu apresentar queixa. Não sabia quem poderia ser o responsável pelo dano, mas mesmo assim fez um boletim de ocorrência. Conforme declarou posteriormente, acreditava que um vândalo tivesse feito a marca em sua plantação de trigo, e temia que pudesse voltar e praticar algo pior. “A gente nunca sabe o que pode acontecer”. Não passava por sua cabeça que o sinal na lavoura de sua fazenda, prestes a ser colhido, pudesse ter uma origem extraordinária. Mas também não acreditava que ele tenha sido produzido pelas mãos humanas. “Aquilo é muito perfeito para ter sido produzido por gente”. H
oje ele reluta em falar do assunto e recusa dar entrevistas, devido ao assédio que recebeu. E assim, como ele, outros proprietários rurais da região, cada vez mais assustados com o que vem acontecendo.
Inexistência de vestígios
Depois de prestada a queixa na delegacia, o policial Tiago Antunes foi até o local, constatou o fato e, igualmente estarrecido, confirmou a inexistência de vestígios de qualquer espécie que pudessem denunciar a autoria da agressão à plantação de trigo de Trentin. “Não havia, em toda aquela área fora do sinal, qualquer pé de trigo pisado. Tudo estava perfeito ao redor da figura, que tem em seu centro e no anel em volta o cereal dobrado rente ao chão, em sentido horário e em forma de caracol”, declarou Antunes. Como ele, outros moradores e profissionais de várias áreas da região constataram o fato inusitado. Consultado pela Equipe UFO, por exemplo, o engenheiro agrônomo Otacílio Pasa foi um dos que afastaram a hipótese de um fenômeno natural ter atingido aquela lavoura. Igualmente, o técnico agropecuário Rosino Feldens, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão de Santa Catarina (Epagri), de Ipuaçu, também constatou a anomalia. “Os círculos não foram provocados por causas naturais, como o vento, pois são perfeitos”, declarou Feldens, impossibilitado de oferecer uma explicação para o fato.
Tão logo descoberto o sinal na plantação de Inézio Trentin, e espalhada a notícia por toda a vasta região triticultora, não tardou para que se descobrisse uma segunda marca, também naquele domingo, desta vez na propriedade de Nilson Rovilho Biazzotto, a não mais do que dois quilômetros do centro de Ipuaçu. Em suas terras, onde havia plantado triticale, um cereal resultante da hibridação de trigo e centeio [Uma planta mais rústica e com mais tolerância a doenças, que não rejeita solos menos férteis e cujo aproveitamento se dá para produção de ração animal], foi encontrado, igualmente próximo da estrada que corta a zona rural, um círculo com idênticas dimensões e características. Em época de colheita, se trabalha todos os dias. Assim, apesar de ser domingo, logo após o almoço, Biazzotto se dirigiu à lavoura com sua colheitadeira, quando descobriu o estranho sinal. O agricultor contou ao jornal Gazeta Regional, da vizinha cidade de Xanxerê (SC) – que vem acompanhando os fatos ininterruptamente –, que acreditou, inicialmente, que o vandalismo fosse obra de jovens que teriam feito manobras e até um “cavalo-de-pau” na plantação. Mas um funcionário chamou sua atenção para a estranheza da marca e suas formas perfeitas. “Foi aí que vi que havia algo mais por trás daquele mistério”, declarou Biazzotto.
O fazendeiro ficou perplexo ao examinar a área ao redor do agroglífo, constatando, assim como Trentin e o policial Antunes, que não havia qualquer vestígio de pegadas humanas ou marcas de pneus de carro, nada que pudesse indicar que alguém tivesse feito aquele sinal na plantação. “Acho que um homem não conseguiria fazer um trabalho desses”, disse, confirmando nunca ter visto algo como aquilo em sua vida de agricultor. Mesmo assim, seguiu seu trabalho e, logo depois, acabou colhendo o triticale normalmente – mas teve a prudência, como Trentin, de preservar a área em torno do agroglífo, não passando a máquina sobre ela. Ao voltar ao local na segunda-feira, 10 de novembro, já havia um grupo de curiosos visitando o lugar, o mesmo ocorrendo ao outro círculo, mais distante de Ipuaçu. “Entre os curiosos estava gente de todos os tipos, que compareceu aos locais e teve a mesma sensação: a de nunca ter visto algo semelhante e de não ter dúvidas de que os círculos não foram feitos por máquinas, tratores ou veículos”, relatou à Revista UFO o repórter Ivo Luis Dohl, da citada Gazeta Regional, veículo pertencente à Rede Princesa de Telecomunicações, baseada em Xanxerê, há 30 km de Ipuaçu.
Não é fenômeno meteorológico
Foi Dohl quem alertou este editor quanto ao acontecimento, logo no dia seguinte à descoberta dos sinais, permitindo seu deslocamento a Ipuaçu nas primeiras horas da manhã de terça-feira, 11 de novembro. Para ele, estudioso do Fenômeno UFO e um dos primeiros a ver os círculos, não havia dúvidas de que se tratava de algo realmente extraordinário. “A hipótese de tornado ou de qualquer outro fenômeno meteorológico foi descartada imediatamente, pois as plantas estavam acomodadas e bem definidas, sem qualquer sinal de terem sido atingidas por ventos ou chuva de pedras”, disse Dohl, completando que também não havia, na área, qualquer vestígio das plantações terem sido atingidas por ventos ou chuva de pedras. O repórter ainda confirmou que os círculos eram delimitados por uma faixa com plantas em pé, intocadas e sem qualquer sinal de amassamento, seguidas por outra faixa de plantas amassadas, derrubadas de maneira uniforme e em sentido horário.
Entre os profissionais com experiência de campo consultados pela Revista UFO, o citado engenheiro agrônomo Pasa, que há muitos anos atua na região, também atestou que as plantas em ambos os agroglífos não sofreram uma ação mecânica que tivesse partido do solo, mas sim do alto. Para ele, se as plantas tivessem recebido uma força exercida lateralmente ou a partir do chão, elas não estariam dispostas da maneira em que se apresentavam. “Além do que, não se vê sinais do emprego de qualquer tipo de pressão nos pés de trigo. Dá a impressão de que uma força centrífuga agiu ali de cima para baixo, sem tocar nas plantas”. Pasa confirmou o que todos os demais entrevistados pela UFO disseram, em especial os moradores da região: que nunca havia ocorrido algo semelhante em toda aquela vasta área.
As opiniões convergem
“Aquilo ali na fazenda do Biazzotto e do Trentin impressiona pela perfeição. Não conheço tecnologia nem instrumentos que possam produ
zir um efeito como o que se viu nos círculos”. Para Pasa, que examinou detidamente o material, havia a impressão de que o trigo e o triticale poderiam até ser colhidos e aproveitados, se não tivessem sido pisoteados pelos curiosos.
Desde que foram descobertos os primeiros sinais, Ipuaçu e a localidade de Toldo Velho não tiveram paz. Até no fim de semana seguinte, quando surgiram os demais, perto de 10 mil pessoas já haviam visitado os agroglífos, produzindo, logo no começo das romarias, uma substancial depredação dos sinais. O segundo círculo de Ipuaçu, encontrado em 16 de novembro, a cerca de um quilômetro do centro da cidade, na propriedade de Ângelo João Aléssio – curiosamente ao lado de uma cooperativa agrícola –, também foi pisoteado. Mas, por sorte, o proprietário das terras onde o agroglífo de Ouro Verde surgiu, no mesmo dia, Valdir Goulart, impediu sua depredação isolando a área. Muitos moradores daquela importante região agrícola de Santa Catarina estão assustados com as ocorrências.
Uns pensam ser um mal presságio, enquanto outros acreditam que se tratava de uma mensagem divina, como é o caso da irmã Cecília Bendes, 80 anos, freira franciscana e missionária de Maria Auxiliadora, que compareceu ao local por curiosidade, junto de Veronice de Almeida e Marlene Presotto. “Pode ser um sinal de Deus. Mas Deus também se serve do homem para dar seus sinais a nós”, disse. A professora Sarita de Biasi levou seus alunos do Colégio Padre Antônio Vieira até o local para medir os círculos. “Sou professora de física e de matemática e achei o fenômeno estranho. Medimos a área e o perímetro com trena e a partir do raio, fizemos o cálculo e depois conferimos. Verificamos que a figura se aproxima de uma circunferência quase que perfeita”.
O professor de educação física Dirceu Fumagalli, residente em Ipuaçu desde que nasceu e morador a dois quilômetros do círculo na propriedade de Trentin, também se inquietou com o fato. Quando perguntado sobre sua opinião quanto ao fenômeno, não hesitou: “Isso é algo que a gente nunca viu aqui na região, acho que nem no estado. Fiquei surpreso e impressionado, mas não com medo. Nunca vi nada igual”. E assim, um a um, os entrevistados foram deixando claro sua idéia de que estavam diante de algo desconhecido. “Isso não foi feito pela mão humana”, declarou Célio Videira, proprietário rural na cidade de Chapecó, 80 km ao sul de Ipuaçu. “Não existe qualquer fenômeno atmosférico ou meteorológico que produza um efeito como o visto nos círculos”, disse o professor de física Abel Cançado. “Certamente, a anomalia não é devida a ação de algum tipo de fungo ou doença de plantação”, resumiu Pasa.
Avistamento de sondas ufológicas
O que ficou patente a todos que compareceram aos locais atingidos era que algo verdadeiramente inusitado havia ocorrido. Os sinais, inicialmente na plantação de triticale de Biazzotto quanto na de trigo de Trentin, e depois nas lavouras de Aléssio e Goulart, também de trigo, tinham em seu interior e no anel em volta as plantas com os caules derrubados de maneira uniforme e no sentido horário. Não havia vestígios de plantas queimadas, destruídas ou mesmo quebradas. “Os caules estavam estendidos rentes ao solo, com todos os cachos na mesma direção, parecendo que os pés de cereal foram tombados pela ação de uma ‘enceradeira gigante’ em sentido horário”, disse Dohl. Outro profissional a ver de imediato algo excepcional nos locais afetados foi Gerônimo Galetti, fotógrafo em Ipuaçu. “Muitas pessoas passaram no sábado à noite pelos locais e nada viram, e os círculos foram notados logo no domingo de manhã. Ou seja, se foi alguém que os fez, planejou muito bem”, disse Galetti. Pelos depoimentos das pessoas a que ele se refere, estima-se que os fenômenos tenham surgido em algum momento entre 22h00 de sábado, dia 08, e 02h00 de domingo, dia 09 de novembro. Não se sabe a que horas foram produzidos os outros círculo, tanto o de Ipuaçu quanto o de Ouro Verde.
Mas os fenômenos do oeste catarinense, já suficientemente intrigantes, revelariam algo ainda mais complexo como ingrediente. Tão logo se espalhou a notícia da descoberta dos agroglífos, inúmeras pessoas de Ipuaçu e até de outras cidades da região começaram a relatar o avistamento de luzes e objetos não identificados naquela noite. Membros da Família Cunico, que retornavam de carro de Xanxerê para Ipuaçu, relataram ter avistado uma luz no céu perto do agroglífo na propriedade de Trentin, cerca de 01h00 do domingo, 09 de novembro. “Parecia uma bola de fogo”, conta Eliane Cunico. Seu filho, o estudante Leonardo Cunico, relatou ter visto a bola subindo do trigal e logo desaparecendo. “Era pequena, como estas de futebol, e tinha luz vermelha bem brilhante, mas não fazia barulho”. Sua avó, Teresinha Cunico, que também estava no veículo, repetiu a descrição: “Estávamos vindo de Xanxerê, e quando passamos pelo aviário, meu neto gritou ‘olha lá pai’. Meu filho, que estava dirigindo, então confirmou estar vendo a bola de luz”. A família de agricultores mora na propriedade ao lado da de Trentin. O objeto cruzou a estrada, vindo de onde foi descoberto o agroglífo, e rumou em direção sul.
Ainda naquela noite, mas um pouco mais cedo, outro avistamento teve como protagonista a senhora Adriana Deres, esposa de Evanildo Dagort, proprietário da Rede Princesa. Ela estava com a mãe em uma fazenda a cerca de cinco quilômetros do círculo encontrado nas terras de Trentin quando, por volta das 20h30, viu um objeto voador não identificado cruzar o céu. “Estávamos do lado de fora da casa e tivemos nossa atenção atraída para uma luz amarelada e forte, que parecia voar na altura dos aviões pequenos, mas logo percebi que não poderia se tratar de um e nem de nada conhecido”. Adriana conta que ela e sua mãe, habituais
freqüentadoras do local, nunca haviam visto nada semelhante e que ficaram muito impressionadas. “No dia seguinte, soubemos dos círculos e associamos o avistamento a eles”, disse, assumindo o mesmo comportamento de várias outras testemunhas dos estranhos e inexplicáveis fenômenos luminosos naqueles dias. Como os Cunico e Adriana, muita gente teve avistamentos semelhantes, que não se limitam àquela madrugada, mas haviam começado já na quarta-feira anterior, dia 05, indo até a segunda-feira seguinte, dia 11.
Ana Teixeira Spadotto, caixa de um supermercado da cidade, também informou à UFO ter visto um objeto inusitado no céu, na noite da segunda-feira. “Eram 21h15, eu abri a janela do quarto e vi um disco grande, mas não sei dizer o tamanho. Tinha luzes vermelhas dentro, tipo neon, e dois triângulos em cima. Ele girava bem lentamente”. Ana ficou olhando aquilo até às 23h45. Segundo a testemunha, parecia que o objeto estava procurando algo na região. O artefato descia até próximo do solo, apagava as luzes, girava e depois subia. “Eu parei e fiquei espantada com aquilo”. O aparelho não fazia barulho e a testemunha teve tempo até para chamar seus vizinhos para também observarem o fenômeno. Ana relatou ainda que o disco parecia que ia pousar na área externa ao perímetro urbano da cidade, mas acredita que isso não chegou a ocorrer. Muito relevante em seu depoimento é a descrição da parte inferior do objeto. “Eu tinha ido ver as marcas nas lavouras e me espantei com aquilo. Mas fiquei ainda mais surpresa ao ver que a parte de baixo do UFO tinha o formato daquilo que estava no trigal”. Um caso de testemunho de UFO anterior ao surgimento dos agroglífos, entre os muitos existentes na região, é o do comerciante Renato Gonçalves, que também estava vindo de Xanxerê na sexta-feira, dia 07, por volta de 20h30, quando viu algo no ar. “Uma luz muito forte chamou minha atenção, pois clareava tudo. Aquilo vinha da direção de Ipuaçu e cruzou a rodovia”.
“Aquilo dava umas piscadas fortes”
Gonçalves, que nunca tinha visto algo assim, pensou inicialmente que se tratasse de um avião, pelo tamanho, mas depois viu que não poderia ser um. “Aquilo dava umas piscadas fortes, e eu fui dirigindo vendo a ‘coisa’ e cuidando da estrada. De repente, vi que estava na contra-mão e tomei um susto. Ao voltar a olhar para o céu, o objeto havia sumido tão rápido que não sei se subiu ou desceu”. Era uma noite clara, com poucas estrelas e boa visibilidade. O comerciante, que é dono de um restaurante na cidade vizinha de Bom Jesus, entre Ipuaçu e Xanxerê, mora na região há anos e tem sólida reputação.
Nos casos da semana posterior, descobertos na manhã do domingo, 16 de novembro, e no dia seguinte, também tivemos depoimentos relevando luzes no céu e, pela primeira vez, sons incomuns. No meio da noite de domingo para segunda-feira, 17 de novembro, no momento em que se presume que tenha sido produzido o círculo de Ouro Verde, testemunhas de propriedades próximas ouviram um estranho ronco abafado, ao mesmo tempo em que viam uma inexplicável e intensa luminosidade azul sobre a área onde, na manhã seguinte, encontrariam o agroglífo. Novamente, Ivo Luis Dohl estava atento e compareceu ao local, às 07h50, para registrar o fato, encontrando o agroglífo praticamente intocado. “Era idêntico aos da semana anterior, com algumas pequenas variações nas dimensões”, disse. Naquela semana, alertado por este editor, o consultor da Revista UFO Carlos Alberto Machado, biólogo, também foi ao local para acompanhar os fatos. Até o fechamento desta edição, nenhum outro ufólogo do país, nem mesmo de Santa Catarina, havia se disposto a conferir in locu o que se passa na região.
Também de outras cidades a Revista UFO recebeu relatos de avistamentos de luzes inexplicáveis naquele período. Por e-mail, Eliezer Zimmer, de Chapecó, informou à Redação ter visto, junto de sua namorada, um objeto luminoso voando a alta velocidade e desaparecendo em seguida, na noite de sábado. “Quando vimos a notícia dos círculos nos jornais, imediatamente pensamos que o que avistamos poderia ter alguma relação”. Paula M. R. também relatou, por e-mail à UFO, ter avistado algo incomum na sexta-feira, dia 07, na cidade litorânea de Garopaba (SC). Ela viajava ao sul do estado com duas amigas quando todas observaram no céu um feixe de luz branca se movendo lentamente. “Fiquei bem impressionada porque naquela hora não havia Sol. Era anoitecer e aquilo também não poderia ser fumaça de avião ou algo assim”. As mensagens eletrônicas referentes aos agroglífos e estranhos fenômenos no oeste catarinense continuam chegando.
Além destes depoimentos, a Equipe UFO colheu inúmeros outros, todos dando conta de que algo realmente inusitado, com a proporção de uma onda ufológica, se manifestou na região oeste de Santa Catarina naqueles dias, tendo como epicentro o surgimento dos agroglífos. “Parece que fomos mesmo visitados”, disse o repórter Ivo Luis Dohl, que confirmou ter experimentado uma estranha sensação ao entrar nos círculos. “Senti uma vibração, uma energia diferente. Meu corpo todo vibrou com essa energia”. Ele foi o responsável pela notícia ter se espalhado por todo o estado e atingido o país. “Vi que se tratava de algo muito sério e chamei a Revista UFO e todos os colegas de imprensa, porque não podíamos deixar aquilo assim, sem um tratamento adequado”. Seu senso de responsabilidade para com a notícia, associado à consciência que tem quanto à presença alienígena na Terra, foi decisivo para que os agroglífos catarinenses fossem conhecidos em todo o Brasil e o mundo.
O ceticismo inconseqüente
Como era de se esperar, no entanto, dois fatos ocorreram imediatamente após o surgimento dos primeiros círculos, sem que os que protagonizaram tivessem a prudência de aguardar o que viria. Primeiro, o ceticismo de alguns quanto à natureza extraordinária dos agroglífos de Ipuaçu. Segundo, o surgimento de círculos forjados, tentando desacreditar o fenômeno. E numa atitude torpe e irresponsável, membros da própria Comunidade Ufológica Brasileira usaram a segunda situação para denegrir até mesmo o fenômeno dos agroglífos, que já se tem como legítimo há décadas. Curiosamente, no primeiro caso, todos os que se manifestaram contrários à idéia de que pudessem ser obra de seres extraterrestres têm em comum o fato de não terem compareci
do ao local dos acontecimentos para verificarem in locu o que ocorreu, limitando-se a emitir opiniões apenas a distância. Este é o caso, por exemplo, do presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Adolfo Stotz Neto, que classificou os círculos como “uma brincadeira”. Para ele, ver luzes no céu e dizer que se tratam de UFOs é um absurdo, apesar dos inúmeros testemunhos de pessoas de grande credibilidade na região, e de não tê-las entrevistado pessoalmente.
“Basta o primeiro ‘gaiato’ dizer que foi um ET que todo mundo que vem atrás vai dizer que foi mesmo um”, declarou em entrevista à Rádio CBN, em 13 de novembro. O que tem de mais bizarro neste tipo de declaração é que partiu de um astrônomo – ou de um estudante de astronomia – falar algo relativo a uma plantação de trigo. Isso é tão estranho quanto consultar um agrônomo para explicar um fato referente a Marte ou a Júpiter, ou um dentista se manifestar sobre concreto armado, ou ainda um arquiteto falar de transplante de medula óssea. No entanto, a manifestação de Stotz Neto foi o que mais próximo de uma declaração da comunidade científica se ouviu durante todo este episódio, numa clara demonstração de desinteresse, na melhor das hipóteses, ou preconceito, na pior, quanto a um fenômeno tão significativo. Isso apesar deste editor, em todas as entrevistas que concedeu à imprensa após sua visita a Ipuaçu, em 11 e 12 de novembro, ter conclamado pública e amplamente o meio acadêmico local, as universidades e os institutos agronômicos etc, a irem aonde estão os círculos para estudarem-nos e oferecerem uma explicação para eles, seja ela natural ou não. Ninguém apareceu, exceto o presidente do Grupo de Estudos de Astronomia da UFSC, que sequer esteve no local dos fatos. Eis a maneira como a ciência brasileira reagiu ao primeiro caso de agroglífo em nosso país.
Ufólogos contra a Ufologia
Somaram-se a Stotz Neto, infelizmente, ufólogos de algumas partes do país e até mesmo de Santa Catarina, que, quando consultados pela imprensa, em busca de um naco da notoriedade gerada pelos agroglífos, expuseram-se ao ridículo de igualmente emitirem opiniões sem conhecerem os fatos, atacando as conclusões apresentadas por quem esteve nos locais visitados e conheceram suas circunstâncias. Procedimentos como este apenas demonstram a falta de maturidade da Ufologia Brasileira. Estes ufólogos – se é que podem assim ser chamados, visto não praticarem a logia que a palavra contém –, em vez de aproveitarem a divulgação que o Fenômeno UFO atingiu na mídia, gerada pelos agroglífos, apenas manifestaram ignorância e falta de ética pelo trabalho alheio. “É hora de todos acordarem para esta nova realidade, a de que estamos acompanhados por seres mais evoluídos, que vêm de longe para nos dizer algo, para nos mostrar que a Casa do Pai tem muitas moradas, como agora ocorreu na forma destes sinais em Santa Catarina”, disse sabiamente o repórter Ivo Hugo Dohl.
Quanto aos círculos forjados, seja para descrédito do fenômeno ou de seus pesquisadores, até o fechamento desta edição um já foi registrado e imediatamente rejeitado. Os moradores de Xanxerê encontraram, na manhã de domingo, 16 de novembro, um círculo com características parecidas com os de Ipuaçu, feito em uma plantação de trigo próxima do campus da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), o que deixou centenas de moradores espantados e curiosos. Sem que se soubesse tratar-se de fraude ou não, a Equipe UFO mobilizou-se logo nas primeiras horas daquele dia e, através de comunicações com testemunhas, policiais e repórteres da cidade, até o fim da manhã estava descartado o sinal como um agroglífo verdadeiro. Um integrante da imprensa que esteve no local foi o repórter fotográfico Áureo Galvani, que capturou várias imagens do círculo antes que fosse depredado por curiosos e já alertara que “o círculo não era tão perfeito quanto o de Ipuaçu”. De fato, uma simples análise das fotos enviadas pelo profissional permitiu descartá-lo. Mas, enquanto este fato atraia a atenção de todos, surgia em Ipuaçu mais um novo e espetacular agroglífo, e, no dia seguinte, o de Ouro Verde.
Religiosos discutem o fenômeno
Ao passo em que vemos ceticismo infundado por parte do meio acadêmico e da Comunidade Ufológica Brasileira, notamos claras demonstrações de aceitação do fenômeno de onde menos se esperava: dos conservadores círculos religiosos do oeste catarinense. O repórter Ivo Luis Dohl compartilhou com a Revista UFO um e-mail que recebeu da irmã Neusa L. Luiz, diretora do Hospital São Paulo, de Xanxerê, e do padre Genuíno Begnini, da vizinha cidade de Abelardo Luz (SC), em que se mostram extremamente favoráveis à realidade dos agroglífos e da presença alienígena na Terra. “Tenho acompanhado o interessante trabalho que vocês estão realizando no estudo dos fenômenos encontrados em Ipuaçu”, disse a irmã Neuza, que visitou o local com o padre Begnini e ambos acharam o fato muito interessante. “Aliás, impressionante”, enfatizou. “Acreditamos que sejam seres de outros planetas, sim.O mundo é muito maior do que a Terra. É impossível haver vida somente aqui”. É, as inteligências por trás deste fenômeno tocaram muitas almas.