Um UFO espatifou-se no deserto do Novo México, próximo a Corona, quase divisa com o México. Não foi a primeira e nem a última vez que isso aconteceu. Mas, como sempre, uma espessa cortina de silêncio foi imediatamente erguida para que a opinião pública jamais viesse a saber sobre esse incidente. O caso em questão aconteceu na localidade de Roswell, uma cidadezinha do Novo México, em julho de 1947. Portanto, esse UFO acidentou-se a quase 5 décadas e a Humanidade terrestre ainda não sabe dos fatos oficiais que envolvem seu resgate por parte de militares norte-americanos.
Era uma noite típica de deserto quando o acidente ocorreu, com raios e fortes descargas elétricas que faziam vibrar as frágeis cabanas da região. Em Corona, próximo a Roswell, numa dessas cabanas dormia o capataz de uma fazenda da região, o senhor Mac Brazel, que sem querer se tornaria, décadas mais tarde, pivô de um dos maiores escândalos já perpetrados por um governo desse planeta contra seu próprio povo: o de esconder os fatos relativos ao acidente de uma nave espacial extraterrestre e resgate de seus ocupantes mortos na queda. Brazel vivia há muito tempo no deserto e estava acostumado a tempestades de verão, mas de repente foi despertado por algo bem mais grave do que um raio. Ouviu uma violenta explosão que fez com que os pratos de sua cozinha saltassem das prateleiras.
Sem dormir – Nem sequer imaginava o que se passaria a seguir. Só pensou em seu rebanho de ovelhas, “que desse jeito iria acabar se debandando e seria difícil juntá-las de novo no mesmo bando, na manhã seguinte”, disse certa vez ao pesquisador Stanton Friedman. Pela manhã, bem cedo, Brazel saiu a cavalo, acompanhado de seu ajudante de 7 anos, Timothy Proctor, afim de ver o que acontecera na noite anterior. Quase não conseguiu dormir depois do barulho, mas não arriscara sair na escuridão para ver do que se tratava. Achou melhor aguardar. Pois, em sua busca, Brazel e o jovem Proctor encontraram, espalhados numa área de cerca de 2,5 km de largura por 1,2 km de comprimento, destroços de materiais bastante estranhos. Ainda que sem quaisquer conhecimentos científicos, Brazel percebeu que tinha algo bem incomum espalhado em sua fazenda – tão incomum que decidiu levar vários fragmentos à cidade Roswell, a cerca de 24 km, um ou dois dias depois. Embora leves, Brazel colocou os fragmentos em sua camionete e sentiu, ao transportá-los, que pareciam bem resistentes. As peças eram metálicas, feitas de algo que lembrava papel e alumínio ao mesmo tempo.
Na realidade, a queda não aconteceu em Roswell, mas em Carona, um lugarejo a 70 km de lá. Roswell, por ser a maior cidade de toda a região, levou a fama. E também não houve uma única queda de UFO, mas várias, a partir de 1947, sempre no sul dos EUA. No caso em questão, o UFO espatifou-se em duas partes, uma com ocupantes
Chegando a Roswell, Brazel entregou o material ao xerife do município, George Wilcox, que deu uma olhada naquilo e também achou muito estranho. Nenhum dos dois tinha visto qualquer coisa semelhante àqueles objetos antes. Assim, achando estar de posse de algo que representasse algo de importante para o país, Wilcox chamou os militares da Base da Força Aérea do Exército mais próxima, a leste de Roswell. Naquela época, a Força Aérea Norte-Americana era pertencente ao Exército, tendo se desmembrado dele para ser autônoma após a 2ª Guerra Mundial. E a base em Roswell era especial em todo o contexto de instalações militares norte-americanas, pois era lá, na ocasião, que estava construída a única instalação atômica para fins bélicos do mundo. Logo que chamados por Wilcox, chegaram à delegacia dois oficiais da base, que confiscaram o material todo e solicitaram a Brazel que os acompanhasse até o local onde o resto dos destroços estava espalhado. Como conseqüência das investigações preliminares feitas pelos militares, a respeito do acidente, um fato único e surpreendente ocorreu na história militar norte-americana.
Pela primeira vez, um destacamento militar admitia, em documento oficial emitido pela Base em Roswell, que os EUA tinham conseguido recolher os destroços de uma nave extraterrestre. O documento foi estampado na primeira página do jornal Roswell Daily Record, de 8 de julho de 1947, levando a assinatura do oficial de informação pública da Base, tenente Walter Haut, e com a aprovação do comandante, coronel William Blanchard. O documento transcrevia o documento quase literalmente, garantindo “… que os muitos rumores concernentes aos UFOs tornaram-se realidade ontem, quando o Departamento de Informação do 509° Grupo de Bombardeiro da 8ª Divisão da Força Aérea, em Roswell, logrou grande êxito ao tomar posse de um disco voador, com a cooperação de um dos fazendeiros locais e o auxilio do xerife da cidade, Wilcox”.
O documento de Haut, divulgado pela tarde, rodou o planeta em instantes e apareceu em jornais tão distantes como alguns da Alemanha, Inglaterra, França etc. Para se ter idéia da repercussão, até o prestigioso London Times ecoou, em manchete, que “os UFOs são reais e foram recolhidos por oficiais americanos no sul dos EUA”. No pacato Roswell Daily Record, telefonemas da imprensa de todo o mundo não cessavam e pediam maiores detalhes. Na estação de rádio local, que primeiro divulgou o fato, tudo se repetiu, com dezenas de pessoas ligando e exigindo maiores detalhes. Nem Brazel ou Wilcox, nem Haut ou Blanchard imaginavam que aquela história teria tamanha repercussão. Particularmente, os militares que divulgaram o documento estavam atônitos, vendo a bola de neve crescer.
Escolta Militar – Quatro horas mais tarde o material recolhido na fazenda de Brazel já estava em Fort Worth, Texas, a cerca de 960 km a leste de Roswell. Lá, na sede 8a Divisão da Força Aérea do Exército, o general-brigadeiro Roger Ramey, comandante, deu uma entrevista coletiva afim de responder aos repórteres que solicitavam insistentemente pelos detalhes do acidente. Espalhados no chão do gabinete do general estava grande quantidade de um material elástico enegrecido e pedaços disformes do que parecia ser uma tela ou tecido de estanho bem fino. Ramey estava ajoelhado ao lado do material, posando para fotos junto ao major Jesse Mareei, também trazido de Roswell especialmente para a ocasião. Marcel teve o papel de escoltar os fragmentos num avião militar, até a 8ª Divisão. “Tudo não passou de um mal entendido, um engano do pessoal de Roswell”, Ramey apressou-se em dizer aos repórteres, armando a farsa que seria perpetrada e mantida até hoje. Segundo o general, o incidente de Roswell nada mais era do que um caso de identidade trocada. “Na realidade, o suposto disco voador que fora resgatado não passava de um balão meteorológico acoplado a um refletor de radar”, emendou Ramey. Vergonhoso!
Desde esta época, centenas de pesquisadores já se debruçaram sobre o assunto, dezenas de livros foram escritos e o governo ouviu infinitas acusações de estar enganando ou acobertando os fatos da opinião pública. Dezenas de estudiosos foram ao local da queda para tentarem achar algum fragmento, mas os militares l
imparam tão bem toda e região que até peneiraram a areia do deserto em busca de pedaços de metal extraterrestre que pudesse comprometê-los.
Em dezenas de simpósios e congressos o assunto tem vindo a público; em vários processos judiciais estimulados pelo uso da Lei de Liberdade de Informações, as autoridades governamentais têm sido pressionadas a contarem o que sabem. Mas nada disso adianta: até hoje, nenhuma das diversas autoridades envolvidas admitiu que o que caiu em Roswell foi de fato uma nave extraplanetária. “Infelizmente, os meios de comunicação aceitaram imediata e integralmente o engodo da Força Aérea, perpetrado por Ramey e Mareei”, diz Stanton Friedman, um físico nuclear e co-autor do livro Crash at Corona, junto do editor de aviação Don Berliner. Seu livro é um dos três mais completos já escritos sobre o assunto, com extrema profundidade e detalhamento de cada aspecto da queda e do acobertamento governamental. “A história do balão foi parar nos jornais na manhã seguinte, convenceu todo mundo e qualquer chance de um imediato reavivamento do caso caiu por terra”, completa.
Grande Farsa – A farsa montada por Ramey – a mando de seus superiores – marca o início do que Friedman se refere como Watergate Cósmico: um contínuo mascaramento do que o governo sabe a respeito de naves extraterrestres e suas atividades aqui na Terra. Esse Watergate não envolve apenas a queda do UFO em Roswell, mas várias outras quedas em diversos lugares do mundo, além de dezenas de outros episódios seríssimos ligados aos UFOs. “O Watergate é a escandalosa operação do governo dos EUA em manter o público permanentemente enganado quanto à existência dos UFOs e suas visitas à Terra”.
Friedman chamou a operação toda de Watergate justamente pela semelhança com as manobras e confusões do Watergate político que envolveu Richard Nixon, porém garante que este nem se compara, em importância, ao Watergate Cósmico. Muitos cientistas e pessoas de alta reputação apóiam Friedman em suas conclusões. Se ele e seus colegas da comunidade ufológica estiverem certos – o que não resta dúvidas -, o envolvimento militar na recuperação de discos voadores acidentados seria o mais bem guardado e explosivo segredo da história da Humanidade mundial. Afinal, o que pode ser mais importante do que sabermos que ETs não só existem, quanto visitam a Terra e até já se acidentaram nela?! Naturalmente, nem todos os estudiosos do assunto vêem a coisa assim. “É preciso situar Roswell num certo contexto”, adverte Curtis Peebles, historiador aeroespacial cujo enfoque quanto aos UFOs mostra-se como um progressivo sistema de crença. Seu livro, Watch the Skiesl, acaba de ser publicado pelo Smithsonian Institute, uma das mais reputadas instituições científicas do país. “E este contexto é o relevante papel do governo e sua relação com seus governados. Os americanos sempre suspeitam de seu governo, isso quando não nutrem um ativo desdém pelo mesmo”.
Peebles argumenta que tem gente vendo importância demais em coisas que não são fundamentais, como Roswell, segundo ele. “Esqueça o que o governo diz e veja o que ele faz. Há realmente qualquer evidência, nos anais da história, de que a Força Aérea ou o governo teriam resgatado um disco voador com tecnologia presumivelmente milhares de anos mais avançada que a existente na Terra? Se há, eu não consegui encontrar”, desafia o historiador, garantindo ter feito uma intensiva busca nos arquivos da USAF e nada encontrado. Independente de sua verdade final, entretanto, Roswell simboliza as dificuldades e frustrações que muitos ufólogos encontram para descobrir o que o governo sabe ou não sobre os UFOs. É a burocracia que não ajuda, são documentos que se perdem ou são “perdidos”, testemunhas que morrem ou desaparecem, outras que se recusam a dizer o que sabem por medo do ridículo ou, segundo Friedman, por juramento de segredo (quando ex-militares) etc. A despeito de ter sido relegado ao esquecimento por mais de 40 anos, os ufólogos ainda consideram Roswell um dos casos mais convincentes de que se tem notícia.
Manobra Perfeita – Em 1978, por exemplo, Friedman entrevistou pessoalmente o major Jesse Mareei, pouco antes de sua morte. “Ele continuava sem saber que material era aquele”, diz Friedman. “Tinha certeza de que não era parecido com nada do que já vira antes e certamente não era um balão meteorológico, como foi obrigado por Ramey a dizer à imprensa”, completa o físico. Conforme foi noticiado na ocasião, Marcel confirmou a Friedman a natureza incomum do material: embora extremamente leve, ele não cedia ao ser golpeado com uma marreta e nem sequer chamuscava ao ser colocado diretamente no fogo. Entretanto, fazer com que a Força Aérea dos EUA diga alguma coisa sobre Roswell, em particular, ou sobre os UFOs, em geral, tem mostrado ser um exercício de perda de tempo. Ou os militares são burocraticamente vagos demais, ou são terrivelmente imprecisos – o que não acreditamos. O Major David Thurston, por exemplo, porta-voz do Pentágono junto ao Departamento de Assuntos Públicos da Força Aérea, quando inquirido a respeito de documentos de pesquisa ufológica, deu-nos uma resposta ridícula. Apenas indicou o Centro de Pesquisa Histórica da Força Aérea em Montgomery, Alabama, como possível fonte onde se poderia achar a história do Caso Roswell – “isso se de fato ela existir”, ironizou. Na unidade, é mantido um arquivo completo das operações da USAF em microfilme, para exame público. Mas ao nos dirigirmos àquele Centro, um porta-voz disse que não possuíam “material investigativo” e sugeriu que checássemos, então, os registros dos Arquivos Nacionais, onde estão os documentos do conhecido Projeto Livro Azul. Simplesmente, nenhuma referência a Roswell, por mais que tentássemos os canais competentes!
Sem dúvida, a maneira fingidamente desinteressada com que os militares trataram a pesquisa do Projeto Livro Azul dá a impressão de que atribuíam muito pouca importância à questão ufológica, quando sabemos que é exatamente o contrário. O projeto serviu de fachada para operações secretas de pesquisas muito mais intensas e profundas. Sobre isso, tanto a corrente pró quanto a contrária ao Caso Roswell concordam. Oras, em vez de darem aquela pouca atenção à questão ufológica, com a lerdeza típica de funcionário público em sexta-feira à tarde, como se os UFOs fossem algo totalmente desinteressante, bem longe dos olhares inocentes da população os altos escalões das agências de inteligência governamentais – tanto civis como militares – realizavam reuniões secretíssimas sobre os UFOs. Estas discussões incluindo até estudos e debates de casos de naves extraterrestres acidentadas e resgate de corpos de alienígenas já em estado de decomposição. Esses debates eram sempre seguidos de muita ação militar, evidentemente secreta. Às vistas do público, os UFOs sequer existiam ou eram um problema da menor importância poss&iacut
e;vel… E a prova disso tudo está nos próprios – e volumosos – documentos secretos que muitos grupos de Ufologia conseguiram arrancar dos cofres governamentais com o uso da Lei de Liberdade de Informações.
Mecanismos Adequados – “Toda esta documentação representa um verdadeiro tesouro nas mãos dos ufólogos”, garante Friedman, que fala com experiência de causa. Infelizmente, os pesquisadores não tinham mecanismos para forçar a divulgação destes documentos secretos até 1966, quando o Congresso aprovou a referida lei, que recebeu ainda, no último ano da administração Nixon, em 1974, uma emenda chamada Lei de Privacidade. A partir daí, qualquer pessoa, qualquer cidadão, teria acesso aos dados que agências governamentais tivessem a seu respeito. Isso quer dizer que qualquer pessoa poderia conhecer seu próprio arquivo, ou aquilo que o governo pensa a seu respeito. Movidos por esta lei, alguns ufólogos – incluindo Friedman – ficaram surpresos ao descobrirem que suas atividades pessoais no campo da Ufologia eram minuciosamente acompanhadas pela CIA, FBI, NSA etc, e que resultavam até em dossiês governamentais. Ninguém jamais imaginava que estudar Ufologia representasse algum risco para o país, ao ponto de ser fichado e monitorado dessa forma… Seja como for, os ufólogos viam essa lei como um meio para atingirem seus objetivos e, no início dos anos 70, começaram a entrar com ações e pedidos contra o governo.
Procuradores de uma entidade ufológica de Connecticut, a Cidadãos Contra o Segredo aos UFOs (CAUS, do inglês Citizens Against UFO Secrecy), principalmente, acabaram por conseguir a liberação de pilhas e mais pilhas de documentos previamente confidenciais. Muitos outros grupos seguiram o exemplo da CAUS e foram bem-sucedidos. O problema, entretanto, é que o governo, que havia sido pego de surpresa com tantos processos, passou a precaver-se e a contra-atacar. Assim, apelações a instâncias superiores foram cada vez mais utilizadas como forma de conter as ações judiciais que obrigavam diversos departamentos e organismos a liberarem seus documentos. Como um segundo passo, estes documentos passaram a ser fornecidos com restrições: longos trechos eram apagados ou rasurados, antes de os documentos serem divulgados, para evitar que informações sigilosas caíssem nas mãos dos ufólogos. Felizmente, estes parecem ser mais persistentes e dedicados que os funcionários públicos do outro lado do balcão e, em não raras circunstâncias, conseguiram verdadeiros trunfos governamentais.
Ações Judiciais – A princípio, muitas agências simplesmente negavam que tivessem tais documentos, mas os juízes as obrigavam a mostrá-los e a entregá-los. Em muitos casos, como observa o ufólogo Barry Greenwood, diretor de pesquisa da CAUS e co-autor (com Lawrence Fawcett) do livro Clear Intent: The Government UFO Cover-up, as agências usavam estratagemas fantásticos para negarem o que sabiam sobre os UFOs. “Um caso em particular foi a CIA, que assegurou-nos que seu interesse e envolvimento com UFOs tinha terminado em 1953”, diz Greenwood. “Mas após uma longa ação judicial, a agência, por fim, foi obrigada a liberar mais de mil páginas de documentos que retinha”. Até o momento, a CAUS já conseguiu mais de dez mil documentos relacionados aos UFOs – a grande maioria proveniente da CIA, do FBI, da Força Aérea e de várias outras agências militares. “Mas, com certeza, deve haver uma quantidade muito maior destes documentos ainda bem guardados e protegidos pelas agências”, completa o ufólogo.
Como era de se esperar sobre os documentos liberados, muitos são simples relatórios de ocorrências ufológicas registradas bem após o término do Projeto Livro Azul – o que prova a continuidade das operações governamentais de pesquisas após terem sido dadas publicamente como encerradas. Porém, alguns documentos são bem interessantes. Um deles, por exemplo, liberado pelo Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD, de North American Aerospace Defense Command), revelava que várias bases militares secretas situadas desde o Estado do Maine até Montana entraram em alerta máximo após uma série de avistamentos de UFOs em outubro e novembro de 1975. Outro documento do Departamento Especial de Informação da Força Aérea informava sobre uma luz não identificada que pousara próximo à Base Aérea de Kirtland, em Albuquerque, Estado do Novo México, na noite de 8 de agosto de 1980. Já outro documento que Greenwood acha particularmente interessante é o chamado Memorando Bollender, que leva o nome do seu autor, o general-brigadeiro C. H. Bollender, à época vice-diretor de desenvolvimento da Força Aérea. Com data de 20 de outubro de 1969, o memo diz expressamente que “…os relatos sobre objetos voadores não identificados que possam afetar a segurança nacional não fazem parte do processo do Projeto Livro Azul”. Com isso, entende-se que o projeto era, de fato, pouco mais do que um mero exercício de relações públicas, como já afirmamos antes. Os casos realmente significativos foram parar noutro lugar, pesquisados por outros projetos muito mais secretos. “Onde? É o que gostaríamos de saber”, respondeu Greenwood à nossa pergunta. Nós também!
Ceticismo – Naturalmente, há objeções às interpretações do ufólogos. Cientistas céticos não aceitam o fato de que o governo esconde informações sobre Roswell ou qualquer outro assunto relacionado aos UFOs. Um deles, o arquicético Philip Klass, ex-editor da revista Aviation and Space Technology e autor do livro UFOs; The Public Deceived [Editor; UFOs: O Povo Enganado], vê as coisas bem diferentemente. “Pelo que pude entender do contexto em que foi escrito, o memo tentava apenas solucionar o problema sobre o que aconteceria com os registros sobre UFOs, de qualquer espécie, após o fim do Projeto Livro Azul Bollender estava simplesmente dizendo que, quaisquer que fossem os problemas (como por exemplo os mísseis soviéticos), já existiam canais para tratar tais casos”. Klass não convenceu ninguém. O memorando fala por si só, sem contar o fato de que dele fazem parte simplesmente 16 apêndices referentes aos arquivos da Força Aérea sobre UFOs, e estes anexos desapareceram quando o memo foi liberado sob força da Lei de Liberdade de Informações. Por quê?
“Alguns documentos desapareceram das agências governamentais. Isso é uma coisa. Mas saber que há outros que existem e são envoltos num véu de segredo” – diz Greenwood – “é outra bem diferente!” Para ilustrar o que diz, ele cita um caso en
volvendo a ultrassecreta Agência de Segurança Nacional (NSA, de National Security Agency), talvez até mais secreta que a própria e toda poderosa CIA. Usando pistas encontradas nos documentos desta última e de outras agências de espionagem (o governo refere-se a elas como “de informação ou inteligência”), os procuradores da CAUS entraram na justiça pedindo a liberação de todos os documentos da NSA relacionados ao Fenômeno UFO. Após as costumeiras negativas iniciais, a NSA admitiu finalmente a existência de cerca de 160 dos tais documentos, mas resistia em liberá-los sob o argumento de que constituíam objetos de segurança nacional. Assim, constitucionalmente, o juiz do Distrito Federal, Gerhard Gessel, deu parecer favorável ao pedido da NSA para a não liberação, após reexaminar a questão a portas fechadas, numa sessão restrita apenas a juízes – in camerae.
Sessão Secreta – Mas Greenwood voltou a carga dois anos mais tarde, com novas petições, e finalmente conseguiu uma cópia da sessão secreta que os juízes realizaram. Mas, das 582 linhas da transcrição do texto das discussões, 412 estavam completamente rasuradas para impedir – já que o documento iria ser liberado mesmo – que se soubesse seu conteúdo. “É lamentável. Nós procedemos dentro das leis e temos nossos direitos de cidadãos; direitos de saber o que se passa. O governo não pode agir assim ambiguamente. Ou os UFOs afetam a segurança nacional ou não afetam. E se não afetam, como costumam garantir as autoridades, por que não se libera logo o que se sabe”, desabafou Greenwood. O bloqueio da ação da CAUS pelo NSA mostra bem as deficiências da Lei de Liberdade de Informação, ainda que este seja o único mecanismo eficaz contra o sigilo aos UFOs. Segundo Friedman, o público americano acredita na história de que esta lei é uma espécie de chave mágica que abrirá lodos os cofres secretos do governo, e que tudo o que as pessoas têm a fazer é pedir. As coisas não são bem assim, segundo o físico, pois existem milhares de obstáculos e problemas para se conseguir o que se deseja. Friedman observa que as pessoas imaginam que as informações estão todas gravadas na memória de um grande computador e bem guardadas nas entranhas do Pentágono, quando nada é mais ilusório. “O segredo viceja em divisões, subdivisões e sub subdivisões”.
Felizmente, nos últimos anos os ufólogos encontraram um inesperado aliado em sua luta para arrancar confissões do governo. Steven Aftergood, um engenheiro elétrico que dirige o Departamento Sobre o Governo e Sigilo de uma entidade de Washington chamada Federação dos Cientistas Americanos, admitiu, do alto de sua fantástica experiência, que o problema é o lado ético do comportamento furtivo do governo. “Na verdade, esse comportamento ambíguo aumenta o fosso que divide cidadãos e governo, tornando a participação de todos no processo democrático algo bem mais difícil. E é antiética sua interferência nos processos que alimentam o crescimento da ciência e da tecnologia”, diz abertamente Aftergood, quase abraçando a causa dos ufólogos. “Afinal, eles não são o bando de malucos que muitos imaginam”, confessa. O sigilo burocrático também é extremamente oneroso para o processo de estabelecimento da democracia [Editor: estas discussões sobre ética e democracia podem não ter muito a ver com a realidade brasileira, mas nos EUA é algo absolutamente sério]. Aftergood apresenta números estatísticos realmente dantescos em apoio ao seu argumento. A despeito das promessas eleitorais de sucessivos candidatos presidenciais, tanto democratas como republicanos, de abrir os arquivos do governo ao público, mais de 300 milhões de documentos compilados antes de 1960, guardados só nos Arquivos Nacionais, ainda esperam o sinal verde oficial para sua liberação.
O estudioso destaca também um estudo de 1990, feito pelo Departamento de Defesa dos EUA, que estimava o custo da operação de manutenção do segredo em torno de 14 bilhões de dólares por ano. “E quase o tamanho do orçamento da NASA”, disse. De fato, o governo deve ter uma razão inconfessavelmente forte para manter o sigilo aos UFOs a esse fantástico custo. Mas há a possibilidade de que a Força Aérea e outras agências governamentais tenham seus próprios esquemas para manterem o Watergate Cósmico? Segundo alguns experts, sim. Mas, para eles, os UFOs devem ser plataformas aéreas superavançadas nossas, e não extraterrestres.
Lago Seco – Algo parecido com isso justificaria o que pode estar ocorrendo na supersecreta instalação militar de Groom Lake, pertencente à Área de Testes da Base Aérea de Nellis, no Nevada, ao norte de Las Vegas. Peritos em aviação acreditam que a pista de Groom Lake, uma das mais extensas do mundo, esteja sendo utilizada pelo famoso avião Aurora, que se acredita ser o projeto hipersônico espião que viaja a 8 vezes a velocidade do som e que substituiria o Blackbird SR- 71. De fato, para confirmar isso, os experts apontam para o fato de que a Força Aérea freqüentemente nega a existência do Aurora. E com o Projeto Livro Azul fora de operação ela já não tem mais que reunir repórteres para responder suas incômodas perguntas sobre os UFOs. Pela perspectiva governamental, então, a confusão que se faz hoje entre tecnologia terrestre e naves extraterrestres pode tornar-se um casamento tanto de coincidência quanto de conveniência. Aparentemente, não querendo arriscar-se, a Força Aérea iniciou gestões para adquirir, em 30 de setembro de 1993, mais de 250 alqueires de terra adjacentes ao Groom Lake, privando o público de qualquer possibilidade de ter acesso àquela área. Bob Lazar garante que viu UFOs sendo testados lá. Assim, onde há fumaça…
As pessoas imaginam que as informações sobre UFOs,ocultadas pelo governo dos EUA, estão todas gravadas na memória de um grande computador e bem guardadas nas estranhas do pentágono, quando nada é mais ilusório.”O segredo viceja em divisões, subdivisões e sub subdivisões”, diz o físico nuclear Stanton Friedman
Ao perpetuar tal estado de desinformação, a força Aérea pode estar fazendo uso de uma arma secreta pertencente à extinta União Soviética, durante guerra Fria… James Oberg, outro arquicético ufológico, engenheiro espacial e autor do livro Red Star in Orbit, faz em seu livro uma análise crítica do programa espacial soviético. Segundo Oberg, já de algum tempo o governo soviético, agora destituído, vinha mantendo uma técnica de despistar a opinião pública quanto aos UFOs. “Toda vez que surgiam casos envolvendo observações de UFOs, especialmente nos anos 70, os militares soviéticos procuravam não desmentir nem tampouco corroborar tais histórias pois elas mascaravam as operações militares conduzid
as no supersecreto cosmódromo Plesetsk”. Ou seria vice-versa? Mas a questão é saber se estaria ocorrendo coisa semelhante nos EUA? “Acho que é possível”, responde Oberg, abrindo espaço para outra pergunta: poderia estar havendo o vice-versa também neste caso? Por outro lado, o governo dos EUA deve mostrar interesse em relatos de ocorrências com UFOs, especialmente aqueles que eventualmente envolvam tecnologia espacial e militar? Certamente! E seria desanimador se assim não fosse. Oberg rebate a isso dizendo que significaria dizer que aquele objeto supostamente alienígena encontrado em Roswell seria o carro-chefe do próprio programa espacial norte-americano.
O contra-argumento de Friedman é preciso. “Governos e nações exigem lealdade afim de sobreviverem”, afirma. “Os governos não querem que pensemos em termos globais, como cidadãos de um planeta em detrimento de uma entidade política específica, pois isso ameaçaria sua própria existência. O impacto em nossas estruturas coletivas, sociais, econômicas e religiosas, ao admitirmos que estamos sendo contatados por outras formas inteligentes de vida, seria enorme se não literalmente catastrófico aos poderes políticos existentes”. Quaisquer que sejam as razões para reter tamanha quantidade de documentos ufológicos em seus cofres, não há dúvidas de que o governo dos listados Unidos tem sido completamente inacessível para os ufólogos. Já a atitude publica do governo, sobre este assunto, tem se mostrado calculadamente contraditória. Em algumas vezes ela é confusa e desinteressada, noutras, dissimulada e esquiva. Num momento o governo afirma ter encontrado um disco voador; noutro, um balão meteorológico. Numa noite os UFOs constituem uma ameaça à segurança nacional; na seguinte eles não passam de histeria popular baseada em sentimentos religiosos, desconhecimento da tecnologia, hipnose maciça etc. A fim de trazer alguma ordem ao caos causado por este posicionamento oficial errático, e mostrar as rupturas nos canais de informação, quaisquer que sejam suas causas, o fundamental é continuarmos pesquisando, buscando a verdade a todo custo. Um dia o governo cederá e, com certeza, teremos fantásticas surpresas.