Dezoito anos já se passaram desde aquele fatídico dia de 1993, no Congresso dos Estados Unidos, quando se decidiu o corte de verbas que alimentavam um audacioso e pioneiro projeto de busca por inteligências extraterrestres. Foi pelas mãos do senador Richard Byron que veio a ação que mudaria totalmente os rumos da pesquisa de vida fora da Terra, ainda embrionária na época. Por falta de recursos, os principais “ouvidos” do planeta Terra foram desligados. Após apenas um ano de operações, foram ceifadas as atividades do Projeto de Pesquisa de Microondas de Alta Resolução [High Resolution Microwave Survey, HRMS], da NASA, que desde 12 de outubro de 1992 operava com força total no Centro de Comunicações Complexas do Espaço Profundo, em busca de sinais de outras espécies cósmicas.
O funcionamento do HRMS se dava através do chamado modo all sky survey [Pesquisa de todo o céu], ou seja, uma antena fixa vasculhava o campo estelar que passava em seu raio de ação. Já no Observatório de Arecibo, em Porto Rico, o projeto operava no modo target survey [Pesquisa de alvos], quando apenas determinadas estrelas são escolhidas para estudo. Apesar de o congresso norte-americano ter sufocado suas operações com a decisão de cortar os recursos destinados ao projeto, apenas dois anos depois, em 1995, grupos de cientistas indignados com a atitude iniciaram novos esforços para manter viva a busca por inteligências extraterrestres através de instrumentos. Foi assim que surgiu o Projeto Phoenix, em alusão ao pássaro que renasce das cinzas. Nada mais apropriado.
Entre 1996 e 1998, o projeto utilizou a antena do Observatório Nacional de Radioastronomia [National Radio Astronomy Observatory, NRAO] para fazer a busca por sinais alienígenas na faixa de freqüências entre 1 e 3 GHz, utilizando o método target survey. Foi em 1996 que a diligência de cientistas liderados por Richard Factor levou à criação da Liga SETI [SETI League], um grupo de estudiosos amadores dispostos a construir uma rede de milhares de antenas para vasculhar o céu continuamente em busca de comunicações provenientes de ETs. A diferença entre o Phoenix e a Liga SETI é que os radiotelescópios desta última são instrumentos caseiros, construídos com materiais ao alcance de todos. Em geral, tratava-se de uma antena barata de recepção de satélites e um microcomputador de uso doméstico para fazer o processamento dos sinais. Embora, ao contrário do que muitos pensavam, a Liga SETI não patrocina a construção destes aparelhos, ela presta todo apoio técnico e fornece programas e equipamentos para sua montagem.
O início do SETI
O que a penicilina, o velcro e a radioastronomia têm em comum? Todos esses avanços foram descobertos acidentalmente. Em 1933, Karl Jansky, então um jovem engenheiro, construiu uma antena para investigar a estática causada por tempestades elétricas, e acidentalmente detectou sinais de rádio vindos do espaço exterior. Ele publicou o fato em seu artigo Distúrbios Elétricos de Origem Aparentemente Extraterrestre [Electrical Disturbances Apparently of Extraterrestrial Origin], que foi o marco inicial da radioastronomia. Iniciava-se ali uma corrida para a construção de grandes antenas para explorar essa nova “janela” através da qual o universo podia ser estudado. Até então, as observações do firmamento eram feitas somente na estreita faixa da luz visível. Mas, com a radioastronomia, essa faixa foi ampliada até as microondas, permitindo uma nova visão do cosmos.
Quase duas décadas depois de fundado, o SETI está enfraquecido com a falta de recursos e metas não atingidas. Sem apresentar qualquer resultado, seus membros agora encaram a realidade de que os sinais de ETs que procuram tão longe no universo podem estar aqui mesmo, na Terra — e são conhecidos da Ufologia.
O maior radiotelescópio do mundo é o de Arecibo, com 305 m de diâmetro, construído em um vale natural nas montanhas de Porto Rico, no Caribe. Trata-se de um aparelho fixo que observa os astros no zênite — o ponto mais alto da esfera celeste — ou próximo dele. O maior radiotelescópio móvel do planeta é o de Green Bank, em West Virginia, com 100 m de diâmetro. Hoje é muito comum um novo sistema de busca de sinais extraterrestres, chamado de interferometria e que consiste em um conjunto de antenas apontando para a mesma região do céu. Os sinais provenientes de todas as unidades são convergidos para uma sala de controle, onde são misturados como se fossem originários de uma única e imensa antena. O resultado prático obtido é que tudo funciona como se tivéssemos um radiotelescópio muito maior.
O mais conhecido sistema de antenas funcionando em conjunto atualmente é o Campo de Busca Ampla [Very Large Array, VLA], um observatório radioastronômico localizado na Planície de San Agustin, a aproximadamente 80 km de Socorro, no Novo México — justamente onde os ufólogos descobriram que caiu um UFO nos anos 40 [Veja detalhes no livro Quedas de UFOs, código LIV-009 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. É lá onde foram feitas as filmagens do filme Contato [1997], em homenagem a Carl Sagan e protagonizado pela bela atriz Jodie Foster. O VLA é um conjunto de 27 antenas com 25 m de diâmetro cada, mas não é utilizado na pesquisa de sinais inteligentes do cosmos, apesar de ter sido um cenário inesquecível para o filme — suas antenas são usadas somente em radioastronomia convencional.
Tentando ouvir os extraterrestres
O marco inicial do Projeto SETI, que conhecemos hoje como o programa oficial de busca por sinais de vida alienígena inteligente, foi um artigo publicado por Philip Morrison e Giuseppe Cocconi na revista Nature, em 1959, intitulado Buscando Comunicação Interestelar [Searching for Interestelar Communication], no qual foi sugerida a realização de pesquisas com ondas de rádio na freqüência do hidrogênio, 1,42 GHz, para se ouvir comunicações alienígenas. Como este elemento químico é o mais abundante do universo, os cientistas julgaram que seria a freqüência que uma civilização inteligente provavelmente utilizaria em uma eventual tentativa de enviar mensagens a outras. Quem primeiro usou um radiotelescópio para pesquisa de sinais de origem extraterrestre foi o cientista Frank Drake, professor de astronomia e astrofísica na Universidade da Califórnia. Isso foi em 1960, e Drake utilizou a antena de 26 m do Observatório Green Bank.
Na ocas
ião, de forma muito rudimentar, as informações obtidas eram armazenadas em fita cassete para análise posterior. Este projeto pioneiro foi batizado de Ozma, em referência a uma tentativa de comunicação por rádio com a imaginária Terra de Oz, criada pelo autor norte-americano Frank Baum e descrita como um local muito distante, difícil de ser alcançado e habitado por seres estranhos e exóticos. Drake observou as estrelas Tau Ceti e Épsilon Eridani na freqüência de 1,42 GHz. Elas foram escolhidas por serem parecidas com o Sol e por estarem relativamente próximas da Terra. O Ozma ocupava os instrumentos de Green Bank seis horas por dia e totalizou 150 horas de operações em um período de quatro meses, mas nenhum sinal estranho foi detectado.
Um sinal que era um espanto!
Em 1961 surgiu uma nova idéia, proposta pelos cientistas Robert Schwartz e Charles Townes, de se realizar a pesquisa de vida extraterrestre também na região da luz visível, dando origem ao SETI ótico, que usava equipamentos convencionais. Apesar das desvantagens óbvias do processo — os telescópios óticos são mais frágeis e as pesquisas não podem ser realizadas com mau tempo —, existem esforços nessa área sendo realizados até hoje, como o mantido pela Sociedade Planetária [Planetary Society, PS], uma organização não governamental e sem fins lucrativos dedicada à exploração do Sistema Solar e à busca por vida extraterrestre.
O mais intrigante sinal não explicado recebido até hoje pelo sistema é o famoso Wow!, captado pelas antenas do Radiotelescópio Big Ear, da Universidade de Ohio. Jerry Ehman analisava os dados obtidos pelos instrumentos todas as noites, e em 15 de agosto de 1977 um forte sinal surgiu em suas telas. Era tão intenso que Ehman escreveu na margem da listagem impressa da observação a palavra wow, uma expressão de espanto em inglês, e desde então o sinal ficou conhecido com esse nome. Mais de 30 anos depois, o sinal Wow! continua um mistério que até hoje não foi satisfatoriamente explicado — nem como interferência terrestre, nem como uma mensagem vinda de alguma fonte celeste. Ele é o mais forte candidato que temos até agora a uma possível comunicação de origem extraterrestre, mas que infelizmente não pode ser confirmada.
O Projeto SETI tem como regra de trabalho que sinais não verificados nada provam, ou seja, que um sinal suspeito, para ser aceito pela comunidade científica, precisa ser captado por pelo menos mais de um radiotelescópio. Assim está nos protocolos de pesquisa da entidade: “Um sinal suspeito deve passar por uma identificação rápida para se descartar a possibilidade de se tratar de interferência terrestre ou de algo originário de uma radiofonte celeste conhecida”. Descartadas essas possibilidades, um comunicado é enviado para a comunidade científica ligada ao projeto, para que outros também possam tentar detectá-lo e identificá-lo. Se nenhum outro observatório conseguir captá-lo e confirmá-lo, o sinal é desconsiderado. Claro que corremos o risco de estar lidando com um sinal válido que tenha tido uma curta duração, e que já havia terminado quando foi passado para confirmação. Mas os protocolos são rígidos e sinal não confirmado é sinal descartado.
Atualmente, o Radiotelescópio Big Ear não existe mais, tendo sido desmontado para a construção de um campo de golfe no local — o que representou um dos episódios mais dolorosos do SETI. Pedaços da grade de metal do instrumento foram vendidos por 100 dólares cada para obtenção de recursos para continuar a pesquisa. Mesmo assim, os esforços não pararam e a próxima grande investida do programa foi então o Projeto HRMS, da NASA, operando no Observatório de Arecibo. Ele realizava observações entre 1 e 10 GHz nos modos all sky survey e target survey, e a antena fixa instalada em Porto Rico apontou para a estrela Gliese 615-1A, um astro de cor laranja relativamente próximo da Terra, distante apenas 6,1 anos-luz daqui. Quando o Congresso norte-americano votou pelo corte de verbas, em 1993, encerrando o programa, todo o esforço do SETI foi abruptamente encerrado.
Ouvidos desligados e novos golpes
O citado Projeto Phoenix foi o que veio a seguir, a primeira tentativa dos cientistas de manter a pesquisa de vida extraterrestre inteligente ativa. Sua criação ocorreu por iniciativa do Instituto SETI, em Mountain View, na Califórnia. O Phoenix começou trabalhando em 1995 com a antena do Observatório Parkes, com 64 m de diâmetro e situado na longínqua Austrália. Entre setembro de 1996 e abril de 1998, o programa operou também com o radiotelescópio de Green Bank, em West Virginia, pesquisando na freqüência de 1 a 3 GHz. Para excluir a possibilidade de interferência de sinais terrestres, o Phoenix utilizava um segundo radiotelescópio para verificar ruídos não identificados. Mas, após nove anos de operação, o projeto também foi encerrado.
O Instituto SETI continuou sua investida na pesquisa e o passo seguinte foi a criação do Telescópio de Busca Allen [Allen Telescope Array, ATA], uma rede com centenas de antenas operando como um interferômetro de rádio voltado para a busca de inteligências extraterrestres no cosmos. Após um investimento de 25 milhões de dólares, a primeira fase do ATA entrou finalmente em operação em 2007, com 42 antenas — o objetivo era chegar a 350 delas com 6 m de diâmetro cada. O sistema utiliza o conceito large number, small diameter [Mais unidades, diâmetros menores], que consiste em um campo com um grande número de pequenas antenas, por ser impossível construir uma realmente grande. A freqüência de trabalho do ATA é de 500 MHz a 11,2 GHz. Mas, infelizmente, em abril deste ano, suas operações também foram paralisadas por falta de recursos para sua manutenção [Veja edição UFO 178, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Ouvindo ETs com recursos caseiros
Um a um os “ouvidos” do SETI foram sendo desligados e o programa sofreu agora um novo golpe. A falta de verbas parece que será sempre o pior inimigo da busca por sinais de vida extraterrestre inteligente. Das cinzas o SETI surgiu e para as cinzas ele retornou. Mas não devemos confundir o desligamento de suas antenas como o fim do projeto. Houve certa confusão no anúncio de seu congelamento, levando muita gente a crer que ele fechou suas portas e parou de funcionar. Não é assim. O projeto não é uma iniciativa isolada, de uma única instituição ou localizada em um prédio central em algum local do mundo, mas um conjunto de iniciativas espalhadas pelo globo, em locais e instituições diversas, tocadas por centenas de cientistas e entusiastas. Apesar disso, não é possível se ignorar, com o passar do tempo, um gradativo enfraquecimento de suas operações. O Instituto SETI continua funcionando, mas as antenas do ATA, seu principal projeto, estão desativadas.
Outra iniciativa importante foi o estabelecimento da citada Liga SETI, uma entidade que congrega radioamadores, físicos, engenheiros, estudantes e pessoas comuns interessadas em montar sua própria estação de rastreamento do espaço em busca de sinais de vida inteligente — com o detalhe de que é totalmente caseira. A liga tornou-se operacional em 1996 e as estações de trabalho são montadas com recursos comuns, em geral uma antena doméstica de recepção de canais via satélite e um computador pessoal equipado com placa de som. Outros aparelhos mais específicos também são necessários, como um receptor de rádio e um programa de operação, que devem ser adquiridos no exterior. O componente mais caro de uma estação — e seu coração operacional — é um receptor de rádio que trabalha na faixa de freqüência do hidrogênio, de 1,42 GHz. Trata-se de equipamento importado, não disponível normalmente no mercado brasileiro.
Devido ao alto custo de alguns componentes de trabalho, a Liga SETI desenvolveu alternativas e montou seu próprio receptor de hidrogênio, ao custo de apenas 400 dólares — o que era anteriormente usado, adquirido no mercado, custava mais de 10 vezes isso. Como já foi dito, a iniciativa tinha como objetivo estabelecer milhares de antenas até 2001, mas atualmente, 10 anos após a data planejada, a entidade tem apenas pouco mais de 1.500 membros e apenas cerca de 150 estações construídas e distribuídas ao redor do mundo. Infelizmente, como se vê, a Liga SETI não atingiu sua meta, mesmo após uma década e meia de existência. Cada uma dessas estações realiza sua busca individualmente, mas a única forma de se ter cobertura total do céu seria contar com pelo menos 5.000 antenas, que era o número originalmente previsto.
Bilhões de ouvidos ligados no cosmos
Onde está o problema? Bem, apesar de as estações de recepção de sinais serem relativamente de baixo custo, poucas pessoas têm o empenho e o tempo necessários para sua construção e manutenção. Obviamente, não basta ao membro coletar e gravar os ruídos. Primeiro, é necessário verificar diariamente se sua estação captou algum sinal que não seja padrão. Em seguida, descartar que tal sinal tenha sido originado de algum objeto celeste emissor natural de ondas de rádio — chamado tecnicamente de radiofonte — ou de algum satélite artificial. Somente passada essa fase é que teríamos um “sinal candidato”, que ainda precisa ser confirmado por outras estações. O caminho é longo. No Brasil, este autor iniciou a construção de sua estação assim que a Liga SETI foi fundada, sendo um dos pioneiros do Projeto Argus, que estava à frente de sua operação. Foi também coordenador regional da liga até 2001, quando pediu desligamento por motivos pessoais. Hoje, no país, contamos apenas com uma estação totalmente operacional, localizada em Porto Alegre e trabalhando com uma antena parabólica de 3,6 m na freqüência do hidrogênio.
Outra página na história do SETI foi escrita pela citada Sociedade Planetária, entidade fundada por Paul Horowitz em 1983. Naquele mesmo ano, por sugestão de Carl Sagan, sua esposa Ann Druyan e o cineasta Steven Spielberg, surgiu a idéia de que deveriam ser levantados recursos para a sua primeira grande investida, o META, sigla em inglês para Ensaio Extraterrestre de um Milhão de Canais [Million Channel Extraterrestrial Assay], que funcionou no Observatório de Oak Ridge, da Universidade de Harvard, em Massachussets. Em 1990, com fundos provenientes da própria sociedade, começou a operação do META II, com observações no Instituto Argentino de Radioastronomia, próximo a Buenos Aires. No ano seguinte, ainda com fundos próprios, foi lançada uma nova e poderosa atualização do META, o projeto BETA, Ensaio Extraterrestre de um Bilhão de Canais [Billion Channel Extraterrestrial Assay], que voltou a ser coordenado por uma equipe de Oak Ridge.
Dados a serem processados
Um grande sucesso do Projeto SETI, operacional até hoje, foi também patrocinado pela Sociedade Planetária. Trata-se do SETI@home, o sistema de computação distribuída que visa o processamento de sinais originários de grandes radiotelescópios que procuram sinais extraterrestres. Ele surgiu para fazer frente a um dos maiores problemas do SETI, que é a quantidade de dados a serem processados. Assim, pacotes de dados prontos para processamento são enviados pela internet a usuários de computadores de todo o mundo, que têm instalado em suas máquinas um programa próprio que funciona de maneira engenhosa: quando o equipamento fica ocioso, o programa entra em ação processando os sinais recebidos e devolvendo o resultado posteriormente para o servidor que armazena informações provenientes de todo o planeta — e nele os dados são combinados.
Mas, apesar da imensa quantidade de informações já processadas, nenhum sinal extraterrestre foi detectado até o momento. A Sociedade Planetária tem dois projetos ativos até hoje, um deles seguindo a tradicional linha de busca por ondas de rádio e utilizando duas antenas de 30 m localizadas na Argentina, e outro operando na faixa da luz visível e usando um telescópio convencional, que procura por pulsos de raios laser em vez de sinais de rádio. Enfim, os esforços são muitos e bem diversificados, mas os resultados são praticamente inexistentes, talvez devido à escassez de verba para se fazer ainda mais.
A crise do programa também afeta as publicações que tratam da busca por sinais de vida extraterrestre inteligente, quase todas paralisadas. A primeira a desaparecer foi a Bioastronomy News, informativo oficial da União Astronômica Internacional que teve sua publicação cancelada subitamente. Outra grande perda foi a do periódico SETI Quest, revista trimestral que teve apenas 15 edições publicadas.
Seu encerramento foi comunicado com antecedência pelo editor, mas lamentado pela comunidade científica. No Brasil tivemos o boletim Comunidade SETI, editado por este autor, que encerrou suas atividades após três edições devido ao alto custo de produção e pequeno interesse da comunidade científica [Exemplares do boletim podem ser obtidos em versão eletrônica no endereço www.claudiobrasil.net/comunidadeseti].
Um grande silêncio cósmico
A despeito da obstinação com que tantos de seus cientistas se lançaram na procura por sinais alienígenas, com tantos projetos envolvendo tantas instituições, o SETI nunca detectou um só sinal comprovadamente de origem extraterrestre. E é justamente isso que causa estranheza [Veja artigo do consultor da Revista UFO Paulo Poian nesta edição]. Qual seria a razão para este “grande silêncio cósmico”, como alguns definem essa falta de comunicação? Será que não existem civilizações inteligentes na galáxia querendo se comunicar com outras? Certamente que há! Mas por que nenhum sinal é captado? Nossos métodos são inadequados? Estaríamos errados em presumir que a freqüência de comunicação é a do hidrogênio? E se os ETs escolherem outra freqüência, ou mesmo outra forma de comunicação? Será, ainda, que os aliens interessados em comunicar-se com outras espécies irão usar pulsos de raios laser como faróis cósmicos? E se estivermos apontando nossas antenas na direção certa, na hora certa, mas com o receptor na freqüência errada?
Todas estas indagações são pertinentes, mas respostas parecem estar ainda mais longe de serem encontradas do que os sinais extraterrestres. Mesmo assim, uma coisa é certa: não podemos correr o risco de insistir somente na busca por sinais de rádio em freqüências determinadas, pois isso pode ser como um sinal de fumaça ou batida de tambores para nossos vizinhos extraterrestres.
Quem garante que eles tenham o mesmo padrão de evolução tecnológica que o nosso para nos ouvir? As variáveis em jogo são muitas e a busca, ainda maior. Já se comparou o trabalho de pesquisa do SETI com a tarefa de se encontrar um gato preto em um galpão escuro. No entanto, o programa é a única forma de a ciência atual, ortodoxa e preconceituosa pesquisar a existência de civilizações alienígenas. A menos que um disco voador pouse na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ou na Praça da Sé, na região central de São Paulo, sendo visto por centenas de pessoas e tendo o fato sendo transmitido ao vivo pela TV…
Mas a ausência de sinais do espaço pode levar a uma conclusão importante: talvez nos falte a sensibilidade de olhar com mais cuidado o que acontece em nossas proximidades, em vez de esperarmos por furtivos sinais de origem celeste. Existem muitos mistérios que ocorrem em nosso mundo e permanecem sem explicação, que deveriam servir para estimular a procura por respostas sobre nossas origens e destino aqui mesmo na Terra. A Ufologia parece oferecer esta nova dimensão de busca. Na complexa casuística ufológica há fatos que sugerem estarmos sendo observados e até provocados por outras espécies cósmicas. Um deles são os intrigantes círculos ingleses, ou agroglífos, que receberam esse nome por surgirem inicialmente nos campos de plantações da Inglaterra, mas que hoje já se espalham pelo mundo e chegaram até ao Brasil [Veja edições UFO 149 e 161, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br].
Sinais que faltam lá abundam cá
Tais figuras são vistas como verdadeiros sinais de inteligências extraterrestres, mas se manifestando escancaradamente aqui, na Terra. Os enigmáticos desenhos não se limitam a círculos e anéis, como antes, mas assumem estruturas complexas, perfeitas, gravadas no campo da noite para o dia, sem que se encontrem vestígios ou pegadas de seus presumidos autores. São vistos com precisão somente de certa altitude e muitos trazem mensagens cifradas, como o enigmático desenho de Avebury Manor, de 2005, que faz referência à data limite do Calendário Maia ao mostrar com exatidão a posição dos planetas do Sistema Solar no dia 21 de dezembro de 2012 — data em que se encerraria o calendário. Isso sem falar nos milhares de avistamentos ufológicos em todo o mundo, comprovados com instrumentos de precisão, como radares, e indicando que “eles” não precisam mais ser ouvidos com tanta dificuldade em seus longínquos planetas, se já freqüentam abertamente o nosso.
Enfim, o SETI é a ciência dos grandes investimentos e das baixas probabilidades. Infelizmente, sua atual situação é a pior possível. Diversos projetos estão encerrados por falta de verbas e outros agonizando, embora seus dirigentes implorem por recursos privados para continuar operando. Isso tudo sem falar do pior dos problemas: a total ausência de sinais com evidência de orig
em extraterrestre. Por isso, essa talvez seja a hora certa de se investir recursos nas pesquisas ufológicas e de outros fenômenos que permanecem sem explicação. “Estamos procurando por vida extraterrestre em locais distantes quando ela pode estar bem aqui ao nosso lado, com evidências bem mais fortes do que sinais de rádio”, disse certo cientista, desanimado com o SETI. O pesquisador verdadeiramente engajado em encontrar vida extraterrestre inteligente deve ter, antes que todos, a mente aberta para novas realidades, saber que existem muitas questões ainda por serem respondidas e que, principalmente, o universo não é como a ciência desejaria que fosse — é do jeito que é e cabe à ciência descobri-lo em sua plenitude e sem preconceitos.
A equação de Frank Drake
A chamada Equação de Drake, proposta por Frank Drake em 1961, foi formulada com o objetivo de fornecer uma estimativa do número de civilizações em nossa galáxia, a Via Láctea, com as quais poderíamos ter chances de estabelecer comunicação. Seu maior problema, segundo os críticos, é que a equação, na época em que foi concebida, não previa que civilizações pudessem sair da sua galáxia original para colonizar outras. Assim sendo, entrariam também em conta as equações da dinâmica populacional. A equação da fórmula é:
N = R* . fp . ne . fl . fi . fc . L
N Número de civilizações na Via Láctea cujas emissões eletromagnéticas são detectáveis.
R* Taxa de formação de estrelas apropriadas ao desenvolvimento de vida inteligente.
fp Fração dessas estrelas com sistemas planetários.
ne Número de planetas por sistema estelar com ambiente propício à vida.
fl Fração de planetas propícios onde a vida realmente surge.
fi Fração de planetas onde a vida inteligente pode ter início.
fc Fração de civilizações com uma tecnologia capaz de emitir no espaço sinais detectáveis de sua existência.
L Espaço de tempo em que essas civilizações enviam sinais detectáveis ao espaço.