Antes de iniciar este artigo, o autor gostaria de deixar claro o respeito e a admiração que tem em relação aos profissionais, pesquisadores, cientistas e colaboradores que lutam bravamente pela continuidade do Projeto SETI, o programa de busca por vida extraterrestre inteligente — que, entre as dificuldades que enfrenta, sofre com a falta de verbas para pesquisas, de patrocínio para novos projetos e até com o desestímulo que recebe por parte de governos, que não vêem a importância desta linha de investigação. Entendemos seus valores e reconhecemos a seriedade e a responsabilidade dos indivíduos e grupos que compõem o SETI espalhados pelo globo, em atividade ou não. Por isso, o autor espera que suas dúvidas, indagações e críticas sejam compreendidas.
Em Ufologia estamos habituados a comentar, vez por outra, as diversas ações do Projeto SETI, realizadas regularmente e veiculadas através da imprensa comum e especializada. Como se sabe, qualquer pessoa pode até fazer parte dele através do SETI@home, com seus computadores caseiros, recebendo a promessa de que o equipamento envolvido será reconhecido e seu usuário terá o nome listado nos resultados do programa como co-autor de uma eventual detecção positiva de sinal de origem extraterrestre — assim, a pessoa terá seu nome gravado definitivamente na história da humanidade, apenas por ceder o tempo ocioso de sua máquina [Veja como funciona no texto do consultor da Revista UFO Claudio Brasil nesta edição].
Porém, a despeito das frustrações que envolvem os resultados do SETI, quase inexistentes — à exceção do sinal Wow! —, muitas indagações surgem nesta fase em que se anuncia a desativação de suas antenas. Será que realmente nunca ocorreu qualquer contato radioastronômico com outras formas de inteligência extraterrestre? Que nenhum sinal foi recebido, mas passou despercebido dos integrantes do SETI? Ou, pior, será que sinais foram efetivamente recebidos, mas sua recepção — confirmando a existência de outras espécies cósmicas tentando se comunicar no universo — fora acobertada pelos dirigentes do programa, estabelecendo então outro tipo de acobertamento de informação?
Emissões de inteligências humanas
Essas são conjecturas plausíveis e muito já foi escrito a respeito, assim como a literatura especializada é farta desses questionamentos [Veja edição UFO Especial 037]. São numerosas as afirmações que dão conta dessas hipóteses, sendo que algumas foram desmentidas ou negadas pela própria realidade posterior, mas outras não. Diante da dúvida — e da possibilidade — de ter havido negligência ou acobertamento na recepção de alguma mensagem extraterrestre, partimos em busca de pistas que nos levem a confirmar as hipóteses, ou, em última análise, tentar compreender o que faltaria para se estabelecer um contato extraterrestre através dos métodos empregados pelo SETI.
Algumas questões incômodas, mas necessárias, devem ser feitas aos dirigentes do programa de busca por vida extraterrestre inteligente, entre elas, a mais contundente, se estão preparados para receber mensagens de outras espécies cósmicas, interpretar seu conteúdo e repassá-las
à humanidade.
Para tanto, temos que nos recordar que ainda em 1889 o brilhante Nikola Tesla captou acidentalmente interessantes sinais sonoros, emitidos de acordo com temas ou motivos específicos, segundo sua interpretação. Tesla deduziu que se tratavam de emissões provenientes de inteligências humanas, mas não aqui da Terra. Em 1933, Karl Jansky, um dos fundadores da radioastronomia e colaborador da poderosa Bell Labs, também ouvia emissões radioelétricas procedentes da Via Láctea, aumentando as expectativas na área.
Há, além desses, vários incidentes interessantes a serem considerados. De 14 a 17 de setembro de 1953, por exemplo, milhares de telespectadores britânicos viram aparecer em suas telas de TV uma seqüência de imagens que não estava sendo transmitida por nenhum canal e que perturbava sua programação. Era um sinal incômodo e persistente que fez com uma chuva de protestos caísse sobre a BBC — a empresa inglesa que gerencia a televisão do país —, onde todos estavam igualmente surpresos. Para eles, tudo aparentava estar tecnicamente normal. Em certos pontos, os potentes sinais que atrapalhavam as transmissões locais continham a sigla da estação emissora, localizada na pequena Klee, em Houston, no Texas. O fato se complicou quando foi divulgado que tal estação tinha deixado de existir em 1950, e, portanto, não poderia estar enviando sinal algum.
Comunidades galácticas superiores
O que se especulou foi que as transmissões da estação de Klee tinham ido a algum lugar do espaço e voltado à Terra, três anos depois, interferindo na programação das TVs inglesas. Mas investigações conjuntas da BBC e da rede de TV norte-americana NBC chegaram à conclusão de que seria impossível que tais ondas tivessem voltado ao planeta em apenas três anos — seriam necessárias décadas. Elas simplesmente não poderiam ter refletido casualmente em um objeto celeste e voltado para cá, como igualmente não se tratava de uma brincadeira de mau gosto — se fosse, além de arcar com elevada multa, seu autor necessitaria de um grau de conhecimento científico, fora dos padrões da época.
A única conclusão possível, ainda que não admitida na época, era de que alguém ou alguma coisa em algum ponto do espaço teria captado as emissões da estação emissora de Klee de 1950 e devolvido à Terra com a finalidade presumida de demonstrar sua existência e a observação que faz de nossa espécie. Pelo menos essa parece ter sido a opinião do matemático e físico australiano Ronald N. Bracewell, que, depois de ter examinado detalhadamente o evento e comparado com outros de conseqüências análogas, publicou uma série de interessantes estudos a respeito, entre os quais figurava um artigo intitulado Comunicações Procedentes de Comunidades Galácticas Superiores [Communications from Superior Galactic Communities, Nature, 1960]. Bracewell era diretor de investigação na área de radiotécnica do governo australiano.
Outro pesquisador de peso, estudando o caso, também ficou inteiramente convencido de que inteligências alienígenas começavam a se mostrar à humanidade. Era Ian McGowan, responsável técnico pelo arsenal de foguetes e mísseis Redstone. Assim como o notável astrônomo britânico Fred Hoyle, que compartilhava da mesma opinião ao escrever que estava certo de que “existem muitas informações obtidas e inseridas em algo que eu denominaria de ‘biblioteca galáctica’. Nós, terrestres, também acabaremos contribuindo com a nossa parte para aquilo que me compraz imaginar
como sendo uma cultura cósmica”. Mas os fatos não pararam e novas misteriosas transmissões foram recebidas. Entre elas a de 1956, quando John D. Kraus registrou sinais vindos de Vênus com características parecidas às emissões feitas pelas estações terrestres de rádio.
Em 1960, alguns cientistas russos e de vários outros países também captaram fragmentos de sinais de rádio de distante procedência, provavelmente do corpo estelar CTA-102, um quasar, um objeto astronômico distante e poderosamente energético, com um núcleo galáctico ativo de tamanho maior do que o de uma estrela [Abreviação em inglês de fonte de rádio quase estelar]. Na época, acreditou-se que os sinais seriam mensagens vindas de uma civilização extraterrestre, devido ao seu conteúdo regular e artificial, diferente de radiações naturais, que apresentam ritmo desordenado.
Isso chegou a constar de um relatório do cientista Nicolai Kardashev, publicado em 1964, mas foi posteriormente considerado como um dos grandes alarmes falsos na história do SETI. Kardashev foi nada menos do que o autor da escala de classificação de civilizações extraterrestres adotada até hoje [Veja edição UFO 172, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. No entanto, ainda naquele ano, a mesma zona cósmica de onde teria se originado o sinal teve uma elevação sensível e inteiramente anormal de energia radiante, que tornou a se repetir cerca de 100 dias depois, levando os astrônomos Iosif Shklovsky e Gennadij Scholomitski a compartilharem a opinião emitida pelo colega, antes de o fato ser dado como alarme falso. No mesmo período, cientistas da Universidade de Princeton captaram mensagens procedentes de Júpiter.
Do acidente à ciência
Enquanto isso, nos Estados Unidos, eram estimulados todos os esforços científicos que pudessem ser envidados na busca desse tipo de contato radiofônico com outros pontos do universo. Em 1960, Frank Drake, professor de astronomia e astrofísica na Universidade da Califórnia, passou a vasculhar o espaço em um projeto novo e audacioso, o Ozma, dirigindo suas emissões às estrelas Tau Ceti e Épsilon Eridani, com o radiotelescópio do Observatório Green Bank, em West Virginia — o maior instrumento móvel do gênero do planeta, com 100 m de diâmetro. Essa é a prova de que as emissões recebidas acidentalmente haviam despertado a curiosidade científica a ponto de terem início estudos regulares do assunto.
Drake recebeu sinais bastante interessantes na ocasião e repetiu a mesma transmissão em 1964, com a antena parabólica do Observatório de Arecibo, em Porto Rico. Era o início do Projeto SETI, mas seus dirigentes preferiram guardar o mais absoluto sigilo sobre os resultados então obtidos. Ainda em 1964, a mesma zona cósmica sofreu mais uma elevação sensível e novamente anormal de energia radiante, que tornou a se repetir mais uma vez cerca de três meses depois. E finalmente, em 1977, foi a vez da recepção do espantoso sinal Wow!, captado pelas antenas do Radiotelescópio Big Ear, da Universidade de Ohio — era o mais intrigante ruído não explicado recebido até hoje pelo sistema SETI.
Citando apenas esses eventos acima, alguns desprezados cientificamente, outros acobertados na época, verificamos quantas dúvidas e incertezas nos cercam até hoje sobre o SETI, que mais do que justificam as indagações iniciais do texto. Mesmo atualmente, técnicos e cientistas do programa explicam tais acontecimentos como “interferências ordinárias”, nada mais, descartando a possibilidade de uma reavaliação dos sinais recebidos — que devem estar arquivados em algum lugar, assim como há pouco tempo descobriu-se o registro de um exoplaneta perdido nos arquivos do telescópio Hubble. Outra pergunta mais contundente ainda se faz: poderia haver alguma mensagem inteligente entrelaçada, misturada, com essas “interferências ordinárias”? E se houver, tendo sido descoberta, estaria ela sendo omitida?
Estamos ouvindo, mas o quê?
A comunidade científica e a sociedade, apesar de participarem e apoiarem o SETI de inúmeras maneiras, nunca recebeu a notícia de que um sinal proveniente de inteligências comprovadamente extraterrestres tenha sido captado, nem mesmo em resposta às nossas transmissões, que já duram décadas e devem ter sido “ouvidas” lá fora. Ou talvez, se tal sinal ou resposta foi recebido, é possível que nossa tecnologia não tenha conseguido traduzi-lo ou entendê-lo, como um brasileiro conversando por telefone com um chinês. Essas indagações levam a outras, que podem ser incômodas, mas são necessárias. Por exemplo, quanto tempo seria preciso para conseguirmos entendimento aceitável de uma eventual transmissão? Sim, porque podemos passar mais algumas décadas transmitindo e ouvindo ruídos cósmicos, sem nos darmos conta de que podem conter mensagens, mas em linguagem ou formato que não entendemos.
Mesmo supondo que integrantes de outras espécies cósmicas se pareçam conosco fisicamente, podem ter comportamentos e motivações diferentes e, claro, idiomas e meios de comunicação igualmente diversos. Assim, vemos que detectar uma mensagem alienígena é uma coisa, mas compreendê-la é outra. Isso sem levarmos em consideração as distâncias envolvidas no processo. Por exemplo, se recebêssemos uma mensagem originária de um planeta localizado a 70 anos-luz da Terra, mesmo que não houvesse qualquer dificuldade em sua compreensão e que respondêssemos rapidamente, seriam necessários outros 70 anos para aquela civilização receber nossa resposta. Ou seja, precisaríamos de alguns séculos apenas para trocarmos alguns “alôs”, tempo em que ambas as civilizações envolvidas no “diálogo” podem ter mudado radicalmente — ou até mesmo sido extintas por algum evento cósmico.
Para se ter uma idéia melhor das dificuldades do processo, basta que se considere que a primeira transmissão do SETI foi feita em 1974, a partir do radiotelescópio de Arecibo — que por isso recebeu o nome de Mensagem de Arecibo — e na direção do aglomerado de Hércules, a cerca de 26 mil anos-luz de distância da Terra. Assim, segundo os pesquisadores do programa, uma resposta à mensagem não pode ser esperada em prazo inferior a 52 mil anos, ou seja, preparemo-nos para ouvi-la daqui a alguns milênios. Isso é, se ela for realmente captada em Hércules, entendida e respondida de uma manei
ra que também compreendamos a resposta!
A quem cabe divulgar um sinal?
Depois dessa transmissão, protocolos internacionais passaram a controlar qualquer tentativa de comunicação com ETs, e foram impostas normas rigorosas que determinam como os pesquisadores devem agir no momento da captura de algum sinal suspeito de ter procedência alienígena. Em um caso assim, depois de uma série de análises e procedimentos, através dos quais é determinada sua autenticidade, a divulgação ou não do fato ao mundo ficará sob critério de cientistas e governantes de todo o planeta. Ou seja, parte da decisão final estará nas mãos dos mesmos cientistas que admitem a existência de vida fora da Terra, mas não aceitam em hipótese alguma que entidades extraterrestres estejam por aqui interagindo com a história, ignorando sem o menor constrangimento os expressivos esforços da Ufologia.
Outra parte da decisão de divulgar ou não ao mundo a recepção de uma mensagem genuinamente extraterrestre estará nas mãos dos mesmos governantes que nos negam informações, mentem e acobertam a realidade da presença alienígena na Terra, tão bem documentada há quase seis séculos por batalhões de ufólogos em todo o globo. Eles nos dizem que desconhecem a ação no planeta de outras espécies cósmicas, enquanto aviões são perseguidos ou estão perseguindo UFOs, militares os pesquisam secretamente e pessoas em todo o planeta estão sendo abduzidas. Diante desta situação, podemos acreditar que teríamos de nossos cientistas céticos e governos acobertadores da verdade sobre emissões
extraterrestres captadas pelo SETI?
Por tudo o que se viu acima, dificilmente o aguardado contato com nossos vizinhos cósmicos acontecerá através da radioastronomia — e se ocorrer, talvez não venhamos a conhecer a verdade. Parece que nossos primitivos antepassados se comunicavam de maneira bem mais simples, rápida e eficaz com os “deuses”, quando monólitos e estranhos artefatos serviam de transmissores e receptores de mensagens ou ordens diretas de seres superiores, e podiam funcionar até mesmo em cavernas, morros ou tendas. Por isso, e agora mediante a confirmação do fracasso do SETI, é hora de os cientistas — envolvidos ou não no programa — voltarem seus olhos para o que ocorre bem aqui na Terra. É hora de reconhecerem a abundância de evidências de que estamos sendo observados por outras formas de inteligência, bem aqui na Terra, e não a partir de longínquos rincões cósmicos.
Descoberta de exoplanetas pode salvar busca por sinais alienígenas
por Paulo Poian
Desde sua criação, na década de 60, o Projeto SETI levantou questionamentos por parte de cientistas, que argumentavam que seus elevados gastos não se justificavam porque os procedimentos não levariam a qualquer resultado positivo, devido às dificuldades técnicas óbvias de uma empreitada como ele. Apesar das discórdias, no entanto, é inegável que um único sinal procedente de outras espécies cósmicas pode mudar toda a concepção que temos sobre a vida e o universo. Ainda assim, como se sabe, em abril o SETI anunciou que iria congelar muitas de suas atividades, estimadas em 50 milhões de dólares [Veja edição UFO 178, agora disponível na íntegra em ufo.com.br], devido a uma forte crise econômica.
O corte mais profundo nas ações do programa de busca por vida extraterrestre inteligente deu-se com a paralisação do Telescópio de Busca Allen [Allen Telescope Array, ATA], uma rede com centenas de antenas operando como um interferômetro de rádio voltado para a busca de inteligências extraterrestres no cosmos. Após um investimento de 25 milhões de dólares, a primeira fase do ATA entrou em operação em 2007, com 42 antenas com 6 m de diâmetro cada — o objetivo era chegar a 350 delas. O projeto contava com a parceria da Universidade de Berkeley, na Califórnia, e os fundos que o ATA recebia da Fundação Nacional de Ciência dos EUA foram cortados a apenas um décimo do que eram, obrigando a hibernação do ATA.
Esperança e interrogações
Pareceu realmente que tudo estaria perdido e sucateado em pouco tempo, mas, entretanto, a situação pode mudar graças a recentes descobertas do telescópio espacial Kepler. Em fevereiro deste ano os cientistas responsáveis por ele anunciaram o mapeamento de nada menos do que 1.235 planetas que podem abrigar vida. “Nunca tivemos uma lista de exoplanetas tão grande como essa antes”, disse o diretor do projeto, Dan Werthimer, referindo-se a planetas que se situam fora do Sistema Solar, também conhecidos como extrassolares. A notícia foi tão animadora que o maior radiotelescópio do mundo, instalado em Green Bank, West Virgínia, passou a apontar para essa região do espaço e já começou a ouvir atentamente 86 dos novos mundos, selecionados pelo SETI por orbitarem estrelas parecidas com o Sol e estarem sob temperaturas entre 0 e 100º C, ou seja, por serem capazes de abrigar água em estado líquido — condição que se acredita essencial para o surgimento da vida como conhecemos.
Esta fase dos estudos deve levar até um ano para ser concluída e contará com a ajuda de uma equipe de aproximadamente um milhão de astrônomos, trabalhando de casa através do SETI@home [Veja como funciona no texto do consultor da Revista UFO Claudio Brasil nesta edição]. Green Bank será de grande ajuda na tarefa de “escutar” os mundos localizados pelo Kepler, pois o radiotelescópio é capaz de analisar 300 vezes mais freqüências de rádio do que seu parente em Arecibo. “Ainda não estamos certos de que todos esses planetas são habitáveis, mas com certeza são lugares muito bons para se procurar por extraterrestres”, disse Andrew Siemion, da Universidade de Berkeley.