A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) está desenvolvendo um novo equipamento para capturar amostras de um cometa: uma espécie de arpão espacial. Em 2002, a sonda espacial StarDust coletou amostras do cometa Wild 2 navegando em sua cauda e usando um aerogel para capturar as partículas. Agora os cientistas querem mais, se possível, pedaços sólidos de rocha do interior dos cometas, uma parte não afetada pelo desgaste do tempo.
Como pousar em um cometa seria muito complicado e perigoso, a NASA planeja enviar uma sonda que apenas se aproxime, lance o arpão em locais determinados, e o recolha de volta, trazendo as amostras. Isto permitirá a coleta de vários locais, inclusive daqueles que seria perigoso demais uma aproximação maior.
Para simular as condições do espaço, os engenheiros do Centro Espacial Goddard estão usando um canhão elétrico que seria capaz de atirar o arpão coletador de amostras a uma distância de 1,6 km – por segurança, os testes são feitos com o arpão direcionado para o chão. O campo elétrico do canhão dispara o projétil com uma velocidade de até 30 m/s, fazendo-o atingir a amostra de rocha usada para simular o cometa com uma força equivalente a quase 500 kg.
“Muito provavelmente, haverá áreas [no cometa] com diferentes composições, de forma que precisamos projetar um arpão que seja capaz de penetrar uma faixa considerável de materiais”, explicou Donald Wegel, líder do projeto. Segundo a equipe, uma sonda espacial caçadora de cometas deverá levar vários arpões, cada uma com uma diferente carga de explosivos, para cobrir áreas do cometa com diferentes composições.
Pescaria espacial
Embora a NASA já tenha anunciado uma missão para coletar amostras de um asteróide e até simulado uma missão tripulada a um destes corpos celestes, amostras de um cometa deixam os cientistas mais entusiasmados porque muitos deles acreditam que os cometas podem ter trazido água e até mesmo a vida para a Terra. As próprias amostras do cometa Wild 2 apresentaram sinais de aminoácidos, reforçando essas teorias.
Mesmo se essas hipóteses estiverem erradas, os cometas são verdadeiros fósseis espaciais, trazendo em sua composição material do início da formação do Sistema Solar. A sonda espacial Rosetta, da Agência Espacial Européia (ESA), que está a caminho do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, usará um sistema similar para arremessar uma sonda até a sua superfície. Mas o arpão da NASA é diferente, devendo ele próprio coletar a amostra e ser içado de volta para a sonda espacial por um cabo de aço.