Em 04 de outubro de 1957, quando o Sputnik – o primeiro satélite artificial do mundo – foi lançado do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, nada fora do comum foi registrado. Pensou-se que as formas de vida extraterrestre, que já freqüentavam ativamente nossos céus desde aquela época, tinham perdido interesse em acompanhar este momento histórico – ou os terráqueos estavam tão preocupados e estressados com a ocasião que não puderam notar qualquer fenômeno incomum. Mas, no início do segundo lançamento, em 03 de novembro seguinte, já com a cadela Laika a bordo, relatos de eventos inexplicáveis vieram com força total. Nesta ocasião, cerca de uma hora antes do disparo do foguete e a certa distância do cosmódromo, inúmeras testemunhas observaram um estranho objeto de forma esférica e luminoso, imóvel e pairando a baixa altitude. Poucos dias depois, o cientista venezuelano L. Corrales tirou algumas fotos do satélite soviético em vôo e observou que um artefato não identificado o seguia de perto, distanciando-se e então se aproximando novamente. Definitivamente, o estranho corpo não era um dos estágios do foguete. Será que a Laika atiçou a curiosidade dos aliens?
Sempre tivemos relatos de manobras de UFOs nas vizinhanças das bases e nos dias de lançamento de veículos espaciais soviéticos. A extinta URSS não era o único local em que isso acontecia, mas lá não era permitido aos cidadãos discutirem abertamente casos do gênero – por isso, quando algum caso ufológico vinha à tona, era cercado de grande polêmica. Mesmo assim, quando multidões testemunhavam objetos incomuns, as autoridades costumeiramente publicavam relatórios e faziam comentários que cerceavam quaisquer explicações “não autorizadas” acerca do fenômeno. Para evitar especulações por parte da população, os cientistas do governo ainda diziam que os incidentes eram raios globulares, fragmentos de estágios de foguetes, aurora boreal, condições climáticas incomuns etc.
Os arquivos da extinta KGB contém inúmeros registros de casos ufológicos
Mas o que os oficiais do Politburo soviético faziam quando eram os cientistas que observavam UFOs? Ou os calavam com ameaças ou simplesmente os convenciam a trabalhar em projetos secretos de pesquisa ufológica, sobre os quais nada poderiam comentar com seus colegas ou familiares. Isso ocorreu com vários deles, que hoje, após a queda da Cortina de Ferro, vêm a público revelar suas experiências. Várias delas estão descritas em detalhes em nossa obra UFOs na Rússia, recém publicada no Brasil [Código LIV-023 da Biblioteca UFO. Veja seção Shopping UFO desta edição ou o Portal UFO, no endereço ufo.com.br]. Este é o caso, por exemplo, de M. L.Gaponov, influente cientista envolvido em pesquisas geofísicas e biológicas, que participou de uma expedição científica e geofísica internacional ao Pólo Norte, em 1982. Lá, Gaponov observou um gigantesco UFO em forma de charuto sobrevoar o Centro de Treinamento de Cosmonautas de Dubna – por causa disso, acabou recrutado para trabalhar na área. Mas não foi o único cientista soviético a avistar fenômenos anômalos, muitos outros tiveram esta sorte.
Enquanto tentava convencer a população de que UFOs eram “invenções das forças subversivas hostis ao Partido Comunista” ou “propaganda amarela dos norte-americanos”, o governo da então União Soviética mantinha segredo absoluto sobre os fatos registrados – que eram, sim, acompanhados de perto e profundamente investigados. Sob regime autoritário e militaresco, o Politburo detinha controle total do país e seus cientistas e militares pesquisaram todos os fenômenos anômalos dos quais tinham conhecimento. E sabemos que, mesmo após quase duas décadas da queda do Muro de Berlim, ainda não foram liberados os documentos que contêm estas informações, embora muitos vazamentos garantam o que se afirma aqui.
Avistamentos no espaço
Da mesma forma, os tripulantes dos UFOs pareciam não se importar muito com os regimes políticos terrestres, e os anos 80 ou 90 não foram diferentes dos anos 50, em termos de manifestação ufológica no planeta. Tanto que, como relatado recentemente pelo ex-comandante das forças militares, general Vladimir Ivanov, três naves foram registradas pelo radar no início dos anos 90, não muito distante do Cosmódromo de Baikonur. Não é comum que um homem na posição de Ivanov dê uma declaração desta, mas ela é apenas a prova de que o assunto motiva fortemente pessoas nas mais variadas esferas de poder, em especial na União Soviética na época da corrida espacial.
Durante a história do Programa Espacial Soviético, seus cosmonautas observaram fenômenos interessantes e incomuns, embora nem sempre de natureza ufológica – e muitas vezes até falaram sobre isso. Vladimir Lyakhov, tripulante das missões Soyuz 32, T-9 e TM-6, com 333 dias no espaço, por exemplo, comentou sobre um fenômeno excepcional avistado de sua espaçonave, quando olhava para a Terra. Eram duas ondas gigantes que se formaram no Oceano Índico e se chocaram, fazendo com que a massa d’água resultante parecesse uma imensa montanha, que desapareceu estranhamente num instante. O fato foi publicado na revista Tekhnika Molodezhi, em 1980. O cosmonauta Vladimir Kovalenok, da Salyut 6 e de várias outras missões, também relatou um pilar de água muito semelhante a mais de 100 km de altitude no Mar do Timor, próximo à Austrália.
Em 1979, o cosmonauta e também cientista Yevgeny Khrunov, que participou da missão Soyuz 5 – que acoplou no espaço com a Soyuz 4 –, comentou em artigo publicado na mesma Tekhnika Molodezhi que milhares de pessoas já haviam observado UFOs e o governo acompanhava os fatos. “Toda esta gente não pode estar alucinada. Os fatos são reais”, declarou. Como se vê, a capacidade dos objetos voadores não identificados desafia a imaginação humana desde tempos em que Khrunov não podia falar abertamente. Aleksei Gubarev, que voou nas missões espaciais Soyuz 17 e 28, deu um passo além e em 1980 não apenas admitiu que acreditava em aliens, como mencionou que os norte-americanos tinham informações para confirmar a presença alienígena na Terra. “São fatos estarrecedores, que ainda não podem ser revelados ao mundo”, disse Gubarev. Com manifestações como estas, os
ufólogos russos se sentiram incentivados a coletar informações envolvendo cosmonautas e estranhos fenômenos. Um artigo publicado no jornal Spektra, em 1992, relata diversos incidentes. Por exemplo, em 1976, depois do famoso avistamento de um UFO em Teerã, Valeri Kubasov, das missões Soyuz 6 e 19, entre outras, declarou que tinha numerosas evidências da existência dos UFOs.
Frota de pontos luminosos
Outro caso é o do já citado Kovalenok, que em 15 de agosto de 1978 observou da estação orbital Salyut 6 um estranho objeto que se aproximava e se afastava repetidamente. Ele é recordista em avistamentos ufológicos [Veja outros artigos nesta edição]. Os também cosmonautas Valery Ryumin e Leonid Popov relataram ao controle de terra que, a bordo da mesma estação, em 14 de junho de 1980, notaram uma frota de pontos luminosos que decolou das adjacências de Moscou e voou em direção ao espaço, passando sobre a Salyut. Em outro avistamento, de 02 de setembro de 1978, Kovalenok e Aleksandr Ivanchenkov também viram da Salyut 6 uma sombra sobre as nuvens, que tinha uma estranha coloração alaranjada e mudava de forma. No mesmo ano, em 25 de agosto, ambos haviam observado nuvens iridescentes verdes, roxas, vermelhas, azuis e violetas. Outros cosmonautas, como Vitali Sevastyanov e Peter Klimu, da Soyuz 18, registraram nuvens prateadas cuja origem continua sem explicação. Sevastyanov ficou impressionado com o brilho pálido branco perolado do fenômeno, e disse que a estrutura de tais nuvens era muito fina ou brilhante nas bordas. O astrônomo russo Vitold Tsesarsky foi o primeiro a relatá-las, em 1885.
O cosmonauta Georgy Grechko, veterano das missões Soyuz 17, 26 e Soyuz T-14, conseguiu fotografar o que chamou de “uma massa de gelo flutuante” sobre as nuvens e movendo-se no ar, que o deixou chocado. Mas ninguém pôde explicar outro curioso fenômeno que se manifesta nas altas camadas da atmosfera, uma espécie de efeito de aumento de objetos terrestres, quando vistos do espaço. Sevastyanov relatou que, quando sobrevoava a cidade de Sochi, num dia claro e ensolarado, viu o porto da cidade e sua casa. É difícil de acreditar, mas ele disse também ter visto claramente, do espaço, a casa de dois andares onde cresceu. Enquanto sobrevoava o Brasil a bordo da Soyuz 24, o engenheiro de vôo Yuri Glazkov distinguiu uma pequena estrada e, um segundo depois, um ônibus azul se movendo ao longo dela. Ele não pôde explicar como conseguiu enxergar aquilo, mas insistiu que o fato havia ocorrido. Grechko e Yuri Romanenko também relataram ao centro de controle em terra que, enquanto a estação orbital sobrevoava as Ilhas Malvinas, observaram grandes letras na superfície.
Em entrevista ao jornal Vechernyaya Moskva, Romanenko – que já passou 430 dias no espaço, em várias missões – recordou que, em dezembro de 1977, junto de Grechko, viu um objeto que perseguia a Salyut 6. Era um pequeno artefato metálico cujo tamanho era difícil de avaliar. O cosmonauta tentou registrá-lo, mas depois negou o fato e disse que não era nada além de uma cápsula abandonada. Grechko também comentou que observou UFOs durante seu vôo na Soyuz T-14, mas também depois negou tudo. Assim como Kovalenok, ele disse ter visto um fenômeno estranho em 02 de outubro de 1978, a bordo da Salyut 6. Era uma sombra sobre uma nuvem de tom alaranjado que inexplicavelmente mudava de tamanho. Isto foi relatado à revista ufológica russa NLO, iniciais de njeobjasnimi ljetutsschij objekt, UFO em russo. A fonte desta informação foi G. Lisov, renomado pesquisador e jornalista, cujas conexões são altamente confiáveis.
O cosmonauta Vladislav Volkov, falecido em 1971, também revelou os inexplicáveis barulhos que ouviu no espaço, através do seu intercomunicador. Quando estava a bordo da Soyuz 7 – missão que tentou um acoplamento mal sucedido com a Soyuz 8 –, ouviu cães latindo, vacas mugindo e bebês chorando. Ele não conseguiu encontrar uma explicação para o fato. Os pioneiros Yury Gagarin e Aleksei Leonov também diziam ter ouvido música, que classificaram como “não sendo deste mundo”. Em 12 de julho de 1971, os cosmonautas Anatoly Beregovoy e Valentin Lebedev viram pelo monitor da Salyut 7 um objeto incomum em formato de gota, que voou entre a estação orbital e o veículo Progressor 14, dirigindo-se para algum local acima deles.
“Não é possível negar os UFOs”
E assim os casos se sucedem. Uma interessante entrevista sobre este tema foi publicada na revista Sputnik, intitulada Os UFOs na Ótica dos Cosmonautas, contendo histórias de 10 exploradores espaciais soviéticos e norte-americanos. Entre eles, o coronel Yevgeny Khrunov, que participou da Soyuz 5, mencionou que “não era possível negar a presença de ETs em nosso meio, porque milhares de pessoas já os observaram”. E admitindo que algumas de suas características desafiam a imaginação, como a capacidade de mudar de curso em ângulos de 90 graus.
Um caso à parte é o de Pavel Popovich, que se tornou cosmonauta em 1960, durante a era de ouro do Programa Espacial Soviético. Ele participou de importantes missões e relatou um curioso avistamento a bordo de um avião, em janeiro de 1978, sobre Cuba. Era um objeto de coloração branca e formato triangular, que se aproximou da aeronave a uma velocidade maior. Popovich alertou os demais passageiros e a tripulação, que também observaram o UFO. Em 1993, Popovich fez novas declarações sobre este caso para o jornal Anomaliya. Igualmente, em fevereiro de 1991, Vladimir Aleksandrov, um dos diretores do Centro de Treinamento de Cosmonautas, concedeu entrevista em que mostrou a foto de um UFO de formato discóide encoberto por uma espécie de nuvem brilhante, obtida em 14 de julho de 1980 pelos cosmonautas Valery Ryumin e Leonid Popov, em órbita. De acordo com Aleksandrov, um pilar de luz subiu das proximidades de Moscou e parou sobre a Salyut 6. Ambos avistaram o artefato, mas os controladores soviéticos em terra tentaram convencê-los de que haviam observado apenas o lançamento de um satélite. Após a queda da Cortina de Ferro, Aleksandrov refutou a explicação.
O Ocidente não faz idéia do quanto a Rússia sabe sobre vida no universo
Outra entrevista, publicada em 1992 no jornal Megapolis Express, oferece alguma luz sobre os segredos soviéticos a respeito do espaço. O entrevistador é o jornalista Alexander Sidorko e o entrevistado era um ex-oficial
da temida KGB, a polícia secreta da ditadura comunista, chamado Vadim Petrov, responsável pela segurança de pilotos de testes de novos aviões supersônicos e por manter em segredo a identidade dos cosmonautas. Muitas nações que produzem aeronaves têm pilotos de teste, mas pouca gente conhece os soviéticos, pois suas identidades são mantidas em segredo. Na extinta URSS, apenas a Secretaria Geral do Partido Comunista, o chefe da KGB e um grupo limitado de médicos, designers de espaçonaves e operadores – algo em torno de 15 pessoas – sabiam quem eram. O esquadrão de pilotos de testes e cosmonautas foi criado antes mesmo do vôo de Gagarin, seguindo uma idéia do chefe da KGB na época, Vladimir Semichastny. O prestígio do país dependia do sucesso de seu programa espacial, e suas espaçonaves e estações orbitais não podiam falhar.
Morte no espaço
Uma preocupação constante era o equipamento automático instalado nas missões não tripuladas, ainda que considerado confiável. Segundo Petrov revelou, a solução foi equipar algumas naves com módulos de pilotagem manuais, para que os cosmonautas pudessem controlar o vôo, e não apenas os computadores. Enquanto o domínio do veículo estivesse em mãos humanas, a segurança das missões estaria garantida. Mesmo assim, somente voluntários da KGB eram enviados nas primeiras expedições espaciais, que eram mantidas secretas, e sua aceitação seguia um processo seletivo que até mesmo os cosmonautas tinham de conservar em sigilo. Petrov disse ainda que eles sabiam que poderiam morrer nos vôos – e de fato muitos nunca voltaram do espaço, tendo suas cápsulas se transformado em túmulos. “Por isso, estes homens, que foram os primeiros enviados à Lua, não tinham sua identidade conhecida e eram designados apenas por números”, declarou.
Vadim Petrov tem muito a falar. Ele iniciou sua carreira no Programa Espacial Soviético em 1969, no projeto Lunokhod [Caminhante da Lua], que era um veículo de exploração lunar motivo de orgulho do Kremlin. Dois dos cosmonautas em treinamento para o vôo à Lua eram conhecidos pelos números 13 e 14. Petrov revelou ao Megapolis Express que, antes deste projeto, teria havido pelo menos uma dúzia de outros vôos secretos, que até hoje não são admitidos. O fato de que os “homens sem rosto” – conhecidos apenas por números – jamais poderiam retornar à Terra era de conhecimento de todos os envolvidos no programa. Os números 13 e 14 ficariam em um módulo separado e, uma vez que pousassem na superfície lunar, deveriam localizar o Lunokhod, reparar seu chassi, alinhar as baterias solares e, finalmente, ajustar corretamente as câmeras de TV. E acabariam suas vidas ali. Estes voluntários foram heróis que conduziram a estação à Lua, quer fossem zumbis drogados ou pessoas extremamente preparadas psicologicamente, sua morte foi um episódio trágico na história da exploração espacial da URSS.
Aliens e UFOs não eram assuntos proibidos para os cosmonautas, contanto que eles fossem bastante discretos. Yuri Malishev, condecorado veterano do Programa Espacial Soviético, também admitiu ter conhecimento de que milhares de pessoas já observaram discos voadores. “É a natureza desses objetos que permanece obscura, não os objetos em si”, disse. Para ele, mesmo supondo que não existam aliens nos planetas do Sistema Solar, eles continuariam nos visitando, embora não tenham estabelecido contato ainda. Ele crê que os terráqueos tenham se tornado objetos de observação unilateral, sem interação mútua, conforme declarou ao jornal Tekhnika Molodezhi, em 1981, após sua quinta expedição ao espaço ter resultado em filmagens de naves alienígenas. Malishev acrescentou que “os aliens e seus veículos há muito tempo entraram para o mundo da exploração espacial”. E disse que até mesmo brincadeiras entre cosmonautas ou entre eles e os controladores têm como tema o assunto. “Quando ocorre algo inesperado num vôo, é comum dizermos que a culpa é de um disco voador, que estaria a caminho da missão”.
A quinta expedição
A espaçonave Soyuz T-4 foi lançada em órbita em 12 de março de 1981, pilotada pelo comandante Vladimir Kovalenok e o engenheiro de vôo Viktor Petrovich Savinikh. Em 13 de março de 1982, a espaçonave atracou com sucesso à estação orbital Salyut 6, que era da segunda geração de plataformas espaciais construídas pelos soviéticos – foi lançada em 29 de setembro de 1977 e recebeu a primeira tripulação em dezembro do mesmo ano. As espaçonaves das classes Soyuz e Progress, como a Salyut 6, estavam envolvidas nos mais excitantes programas espaciais, alternando tripulações que passavam longas estadias em órbita. Para os projetos de pesquisa científica da missão foi designado o professor A. I. Lazaev, e a Kovalenok e Savinikh, no espaço, foi dada a tarefa de confirmarem descobertas incomuns trazidas pelas equipes de observação das expedições anteriores à Salyut 6. Entre tudo o que poderia ocorrer à Salyut 6, as curiosas nuvens prateadas das altas camadas da atmosfera era o que mais preocupava os cientistas, conforme admitido no livro escrito pelo professor Lazaev, S. A. Avakyan e o cosmonauta Kovalenok, intitulado Um Estudo da Terra Feito de Espaçonaves Tripuladas [Gidrometeoizdat, 1987].
A obra deveria conter detalhes de todos os procedimentos a bordo da estação orbital – mas, estranhamente, faltam nela informações sobre pesquisas realizadas na Salyut 6 entre 14 a 18 de maio. O último dado é o de que, em 03 de maio de 1981, “a tripulação observou uma estrutura em forma de raio ao sudoeste da Austrália”. Como se sabe, diversos incidentes estranhos foram registrados da estação entre 1978 e 1989, mas o mais bizarro ocorreu durante a quinta expedição, justamente a pilotada por Kovalenok e Savinikh, e bem entre os dias 14 a 18 de maio 1981. A informação dos fatos vazou por outras fontes, e, enquanto escrevíamos nossa obra UFOs na Rússia, acabamos sabendo detalhes sobre a observação de nave alienígena naqueles dias, um caso que já havia sido noticiado, mas sem detalhes cruciais. Um personagem central nesta história, além dos tripulantes da Salyut 6, é o general Georgy Timofeyevich Beregovoy, que encabeçou programas de capacitação de cosmonautas no Centro de Treinamento Y
uri Gagarin, entre os anos de 1972 e 1995. Ele era um piloto militar altamente condecorado e também cosmonauta. Beregovoy presidiu uma reunião no edifício do Ministério do Planejamento da então URSS, o Gosplan, em Moscou, após Kovalenok e Savinikh retornarem à Terra.
No encontro, Beregovoy apresentou um relatório sobre o que havia ocorrido a bordo da Salyut 6 a uma platéia de duas centenas de líderes do Partido Comunista, cientistas, peritos em exploração espacial e membros da Comissão Oficial de Estudos de UFOs, encabeçada por Pavel Popovich, famoso cosmonauta e marido de Marina Popovich – além de seletos membros da imprensa. Para assombro do restrito público, ele também mostrou uma filmagem feita pelos cosmonautas no espaço, na qual aliens aparecem deixando sua espaçonave sem trajes de proteção ou aparatos para respiração, flutuando próximos a ela e aproximando-se da Salyut 6, quando então tentam contato com Kovalenok e Savinikh. Informações sobre este fantástico acontecimento foram conhecidas do Ocidente no fim dos anos 80, mas curiosamente receberam pouca atenção.
Existem ainda muitos outros pontos interessantes no avistamento de maio de 1981, assim como novas observações feitas por Kovalenok. Sabe-se que ele tentou apresentar outra versão do fato para repórteres italianos há alguns anos, mas prevaleceu a declaração dada por Beregovoy, considerada a oficial. Antes de sua morte, o general foi instrumentista do Programa Espacial Soviético, além de ter editado um dicionário russo-inglês sobre sistemas aeroespaciais avançados. Outra publicação do país, Informatzionniy Byuleten, de outubro de 1990, veiculou uma versão da conversa entre as tripulações do Salyut 6 e Soyuz 4, de 05 de maio de 1981, captada clandestinamente, na qual Kovalenok relata ter visto uma explosão no espaço e uma esfera brilhante incandescente movendo-se perpendicularmente à sua nave. Era alongada como um melão e brilhou por duas vezes, uma na sua seção frontal e outra na traseira. O fato teria ocorrido sobre a Cidade do Cabo, na África do Sul.
O incidente da Salyut 7
Em vista da ideologia dominante na então União Soviética, o incidente ocorrido em 1984, a bordo da estação orbital Salyut 7, é bem embaraçoso para o regime da época, e por isso foi abafado durante anos. A revista NLO, em edição de 1984, narra que a tripulação daquela missão consistia de seis pessoas: Leonid Kizil, Oleg Atkov, Vladimir Solovyew, Svetlana Savitzkaya, Igor Volk e Vladimir Janibekov. O incidente teve início no 155° dia de vôo da estação, quando todos os tripulantes estavam ocupados com experimentos programados, testes e observações científicas, e prestes a iniciarem experiências médicas. Eram cosmonautas experientes e habilidosos, mas aconteceu algo que escapou de sua compreensão. Defronte à estação, repentinamente, apareceu uma nuvem de gás enorme, alaranjada e de origem desconhecida, que os cosmonautas imediatamente relataram ao Centro de Controle Soviético de Missões. Enquanto o controle de terra analisava o fato, a Salyut 7 entrou na nuvem e a tripulação teve uma breve impressão de que a nuvem também havia penetrado na estação. Todos ficaram engolfados pela misteriosa névoa laranja, cegos ou com a visão turva e sem contato com seus camaradas, o que foi restaurado rapidamente.
Os cosmonautas correram na direção das janelas da estação e o que viram os deixou sem palavras. Havia sete formas humanóides gigantes que podiam facilmente ser observadas no interior da nuvem. Sua ideologia política e fé nos postulados marxista-leninistas se esvaíram e eles acreditaram que se tratassem de anjos, pois tinham asas enormes e auréolas de luz intensa, e se pareciam muito com humanos, embora com algumas diferenças – entre elas, um sorriso acolhedor. Quando vieram de encontro à tripulação, os “anjos” os olharam de forma tal que os tocou profundamente. “Eram sorrisos de júbilo que nenhum ser humano poderia dar daquela forma”, disse um dos cosmonautas. Dez minutos se passaram rapidamente e, enquanto o relógio corria, os “anjos” desapareceram, assim como a nuvem. A tripulação então experimentou um sentimento de perda, mas o controle em terra estava exigindo explicações. Quando um relatório foi transmitido pelos cosmonautas, foi imediatamente classificado como secreto. Uma equipe especial de médicos foi formada para estudar seu comportamento e assegurar seu bem-estar. A tripulação recebeu ordens para checar sua saúde, tanto física quanto mental, mas os testes indicaram que estavam em perfeito estado. O incidente ocorreu antes da Perestroika, e para evitar furor desnecessário, o Politburo fez com que o relatório permanecesse secreto até hoje – a tripulação foi advertida no sentido de manter silêncio.
Sussurros no espaço
Existem episódios da exploração espacial soviética que não são discutidos nem atualmente na Rússia, tais como os chamados “sussurros espaciais”. Um cosmonauta que chamaremos de X, que pediu anonimato, revelou algumas informações a respeito deste inusitado fenômeno. Ele recorda que seus colegas haviam ouvido rumores sobre os tais sussurros, mas que não compartilhavam informações entre si e nem com a equipe médica, pois temiam ser removidos do programa. X acreditava que os boatos eram uma lenda criada pela primeira equipe espacial soviética para assustar os novos integrantes, mas estava enganado, pois eram verdadeiros. Ele e um camarada estavam a bordo de uma espaçonave, sobrevoando o Hemisfério Sul, quando ouviram um primeiro sussurro, como se alguém mais estivesse próximo deles. “Era uma sensação intensa de que alguém invisível nos observava pelas costas”, disse. Eles não tiveram dúvidas de que estavam sendo notados. Um segundo depois, seu camarada – um engenheiro de vôo que estava olhando pela vigia – repentinamente se virou e olhou em sua direção, quando ambos receberam diferentes “textos mentais”. Eles eram pessoas bem centradas e distantes de quaisquer crenças místicas, além de bons amigos que já se conheciam antes do treinamento na Cidade das Estrelas. Por isso, não temeram compartilhar suas impressões após o término do episódio.
A reação que tiveram diante da sensação de estarem sendo observados foi idêntica: ambos ficaram mudos e atônitos. O sussurro parecia vir das profundezas da mente dos cosmonautas. A que X “ouviu” dizia que eles tinham chegado ali muito cedo, e o fizeram de forma errada. “Acredite em mim, pois sou seu ancestral. Você não deveria estar aqui. Volte à Terra e não viole as leis do Criador”, disse uma voz em sua cabeça. O sussurro foi ouvido por eles mais uma vez com o mesmo “texto mental” da primeira ocasião, e ambos sentiram uma presença alienígena tanto ao redor quanto fora da estação. X e seu companheiro encararam o dilema de relatar ou não o incidente aos seus superiores em terra. Se o fizessem, suas carreiras poderiam terminar imediatamente. Outros cosmonautas também mantiveram o silêncio, de forma que nada fosse relatado aos seus comandantes. X e seu camarada passaram horas intermináveis tentando determinar o que haviam sentido. Ambos eram ateus e gostavam de ficção científica, o que os levou a especular que uma inteligência alienígena, utilizando algum tipo de hipnose, estava determinada a evitar que a humanidade explorasse o espaço – e que, para convencê-los de que de não estavam alucinando, fatos marcantes lhes foram apresentados, retirados de suas próprias memórias e misturados aos “textos mentais”.
O programa espacial e os UFOs
Há quanto tempo seres extraterrestres têm pesquisado nossa civilização? Talvez há milhares de anos. Mas seriam tão ingênuos a ponto de suporem que não poderíamos perceber seus artifícios? Se aquela não era uma manifestação alienígena, o que seria? Esta situação abalava as convicções dos cosmonautas, seu ateísmo e a visão que tinham do mundo. Seu senso de dever lhes dizia que deveriam fazer um relatório, mas eles não o fizeram. Outros homens que foram ao espaço, no entanto, e que também haviam escutado os sussurros, informaram seus superiores dos fatos, e, como resultado, equipes médicas especiais foram introduzidas no programa de treinamento espacial. Eram hipnotizadores altamente qualificados que exploravam a psiquê dos cosmonautas. Ao mesmo tempo, todo o programa sofreu profundas mudanças, para se adaptar a tais possibilidades. Ambas as medidas indicam que os chefões especiais da extinta URSS levavam tais acontecimentos a sério.
Os ufólogos russos Valery e Roman Uvarov entrevistaram Musa Manarov e Gennady Strekalov, dois destacados cosmonautas, para o jornal Anomaliya. Manarov e Strekalov foram questionados acerca do filme de um estranho objeto no espaço, feito pelo primeiro e apresentado por Marina Popovich aos ufólogos e à imprensa russa. Apenas em 16 de maio de 1996, Manarov informou mais detalhes do caso e descreveu a história. Disse que, durante uma filmagem rotineira através da janela da nave – para registrar um procedimento de atracamento –, notou um detalhe incomum, algo parecido com uma antena na parte inferior da nave, estava separada do veículo, que não deveria estar ali. Manarov era muito experiente e conhecia seu trabalho. O estranho objeto rotacionava e era difícil determinar seu tamanho, mas o cosmonauta viu que não se tratava de um parafuso ou qualquer coisa do tipo ou pertencente à nave. O artefato permaneceu em algum local atrás dela por algum tempo, fora do campo de visão, e depois ficou novamente visível por alguns minutos. Parecia ter aproximadamente um metro de comprimento, o que é relativamente pequeno. Mas se tivesse grandes dimensões, tanto os norte-americanos quanto os russos – que rastreiam fragmentos grandes – poderiam tê-lo detectado. Manarov também sabia que seguiriam com os radares um objeto que chegasse tão próximo de seu veículo.
O cosmonauta ainda relevou informações interessantes acerca do treinamento soviético. Disse que, antes de embarcarem num vôo espacial, eles assinavam documentos prometendo que quaisquer vídeos que fizessem no espaço não poderiam ser utilizados contra os interesses do estado soviético. Manarov iniciou carreira em 1978, e até aquela época UFOs nunca haviam sido mencionados por seus superiores, nem ao menos uma vez. Mas embora ele tenha interesse pelo fenômeno, nunca realizou nenhuma pesquisa sobre o tema. Quanto aos demais cosmonautas, é bom lembra que apenas pessoas muito equilibradas fazem parte do programa espacial, gente que não tem propensão a imaginar coisas ou a terem visões. Já Manarov disse que nunca teve chance de falar com os astronautas norte-americanos sobre UFOs, mas assegurou que também nunca foi advertido a não revelar quaisquer segredos sobre o tema. “Jamais recebi nenhuma pressão neste sentido”, diz, contradizendo alguns de seus colegas.
Ainda na entrevista, Gennady Strekalov, por sua vez, menciona que viu diversas vezes estranhos fenômenos no espaço, mas que hesitou em classificá-los como UFOs. Disse também que seus camaradas já lhe confessaram terem observado discos voadores, mas que não lhe deram muitos detalhes sobre os avistamentos. O fato mais impactante que Strekalov viveu ocorreu em 1990, durante o sobrevôo de Newfoundland, no Canadá. A atmosfera estava clara e a visibilidade era perfeita quando ele avistou uma linda esfera que mudava de cor, permanecendo visível por 10 segundos e desaparecendo instantaneamente em seguida. Ele recorda que o globo tinha forma perfeita e relatou o incidente ao centro de controle em terra. Gennady Manakov estava com ele e também observou o fenômeno. E Vladimir Dezhurov, por sua vez, avistou outro estranho evento que Strekalov mencionou em sua entrevista. “Eram nuvens com formas perfeitas e extremidades retas, como se alguém as tivesse esculpido intencionalmente daquele jeito”, declarou. Manakov também notou tais nuvens durante seus vôos espaciais.
Estranha pulsação e luminescência
Outra fonte de informação respeitável sobre observações espaciais russas é V. M. Trankov, que foi oficial do Centro de Coordenação das Forças Espaciais Russas e revelou que um dia, enquanto trabalhava nos sistemas de comunicações e sinais de TV a bordo das estações espaciais, observou estranhos acontecimentos. Trankov descreveu um objeto em forma de disco que surgia sobre zonas de nevoeiro com uma estranha pulsação e luminescência, e que tremulava na parte central. Tudo foi gravado em fita magnética e o material está nos arquivos do Centro de Ciências Espaciais da Rússia. Ele também confirma que muitos cosmonautas tiveram encontros com UFOs no espaço. Infelizmente, no entanto, os documentos que poderiam nos dar uma idéia exata da extensão dos contatos com objetos voadores não identificados e seres extraterrestres em órbita da Terra estão até hoje mantidos ocultos nos edif&iacut
e;cios do atual governo russo. O mesmo ocorre com o programa espacial norte-americano, ao redor do qual gravitam informações de que os astronautas também tiveram experiências similares. Um dia certamente isso tudo virá à tona, o que já ocorre atualmente, embora em doses homeopáticas, quando cosmonautas aqui e astronautas acolá dão declarações acerca de suas experiências e de seus colegas no espaço. Ainda agem com discrição, mas deixam claro que algo de muito sério se passa sobre nossas cabeças.