
As constantes ocorrências ufológicas registradas nos arredores dos municípios fronteiriços à Serra da Mantiqueira (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), há muito despertam a atenção de abnegados ufólogos. Alguns deles, inclusive, em virtude do grande número de observações de naves extraterrestres nesses locais, formaram grupos especializados no estudo do Fenômeno UFO, para melhor recolher, catalogar e interpretar os depoimentos das testemunhas desses acontecimentos. Esse foi o caso do saudoso Grupo de Estudos de Objetos Aéreos Não Identificados (Geoani), sediado na cidade de Itajubá. Presidida por Antônio Magalhães Lisboa, a equipe era formada, entre outros, pelo professor Hélio Mokarzel, catedrático do Instituto de Eletrônica de Itajubá, o engenheiro Augusto Olimpo Tocantins de Araújo e o médico João Pereira.
Onda Ufológica em Itajubá — Situada à margem direita do rio Sapucaí, à 856 m de altitude e distante cerca de 418 km de Belo Horizonte, 85 km de São Lourenço e 256 km de São Paulo, Itajubá contava, em 1967, com pouco mais de 30 mil habitantes. Seus moradores, na maioria das vezes, se dedicavam à agricultura, ao comércio e às indústrias de fiação e tecelagem – atualmente a economia local também é movida pelo setor de componentes eletrônicos, helicópteros, metalurgia e até mesmo material bélico. No segundo semestre de 1967, a cidade e outras regiões do sul de Minas Gerais foram palco de uma espetacular onda ufológica – estranhos objetos voadores podiam ser vistos freqüentemente. Imbuídos do compromisso de recuperar, ao menos em parte, a história da Ufologia, resgatamos a desvelada pesquisa de campo efetuada na época pelo Geoani, contida no artigo Serra da Mantiqueira: Local Preferido Pelos OVNIs, do jornalista, astrônomo amador e ufólogo A. S. August, que no final daquele ano o incluiu na sensacional série O Estranho Mundo dos Discos Voadores, de sua autoria, publicada pelo jornal Diário Popular, de São Paulo.
Um dos primeiros fenômenos ufológicos na cidade tratou-se de um contato de terceiro grau, ocorrido na madrugada fria de 05 de junho. Eram cerca de 24:30 h quando o motorista Geraldo Baqueiro retornava do Rio de Janeiro conduzindo uma ambulância. Momentos antes, ele havia parado em Piquete, subindo depois a serra com destino a Itajubá. A viagem, que até então era tranqüila, foi interrompida à três quilômetros do alto da serra por uma luz vermelha que, a primeira vista, nada mais era do que a luz traseira de um caminhão. Contudo, à medida que a luz foi se aproximando, e piscava, o motor da ambulância começou a falhar. Isso foi acontecendo gradativamente, até que, em uma curva no alto da serra, ele parou por completo. Ao mesmo tempo, o rádio emudeceu e os faróis apagaram. Nesse instante, Baqueiro notou diante de si, flutuando a uns cinco metros de altura, um disco voador branco e metálico, redondo, com cerca de 15 m de diâmetro. Um detalhe interessante é que ventava muito nas proximidades do local, o que o levou a imaginar que tamanha agitação provinha do que chamou de “escapamentos do objeto”.
Através de um visor semelhante a um pára-brisa, alguns seres, que lembravam figuras de gatos com porte de homens, observavam o motorista atentamente. Sem ter idéia de quanto tempo permanecera ali, ele recordava-se apenas que, quase imediatamente, o objeto pôs-se a subir, desaparecendo no horizonte por trás da montanha. Logo em seguida, os faróis da ambulância reacenderam, o rádio voltou a funcionar e o vento cessou. De volta ao veículo, Baqueiro seguiu viagem, mas somente chegou em sua casa, na cidade de Itajubá, cerca de quatro horas depois. Temendo que o julgassem louco, ele confiou o relato somente à sua esposa, porém, os vizinhos logo ficaram sabendo. O fato chegou ao conhecimento do professor Hélio Mokarzel, do Geoani, que submeteu Baqueiro à hipnose – desta forma foi possível apurar os acontecimentos. Quase um mês depois, às 13:30 h do dia 03 de agosto, João Vicente [Os nomes utilizados são fictícios a pedido das testemunhas], morador de Itajubá, observou um objeto discóide realizando evoluções em movimento oscilatório. Com o auxílio dos binóculos, ele pôde notar que o UFO descia em direção ao Vale de Anhumas, ao sul de onde se encontrava. Naquela mesma tarde, entre 14:00 e 15:00 h, o funcionário público federal Reinaldo Flores avistou uma “bacia metálica voadora”, como descreveu, que emitia um forte zumbido e saiu do Vale de Anhumas em ascensão inclinada, à 45° sudeste.
O Geoani, em investigações feitas in loco, constatou que realmente foi ouvido um forte zumbido naquele dia. Outra testemunha, inclusive, afirmou que, ao mesmo tempo, viu uma “coisa amarela” subir em direção ao céu. Então, considerando os vários depoimentos, o grupo concluiu que o objeto teria pousado ou permanecido pairando no ar, a baixa altura, por cerca de 40 minutos. Exatamente às 24:00 h de 10 de agosto de 1967, Márcio Gomes, morador do Bairro Cruzeiro, e mais quatro pessoas de sua família viram um objeto metálico que, de acordo com seu trajeto, mudava repentinamente de cor e direção. O estranho aparelho estava a uma altura aparente de 50 m e também emitia um forte zumbido. Das quatro pessoas presentes, a que portava os binóculos definiu o aparelho como “uma bola com abas” ou “dois pratos, com uma bola em cima e outra embaixo”. Inicialmente, o UFO estava a baixa velocidade, mas depois partiu feito um bólido na direção oeste-leste. Durante todo o tempo que durou a observação – cerca de 15 minutos –, a família notou que os cães da vizinhança não pararam de latir. Eles somente silenciaram após o afastamento do objeto.
Às 19:30 h de 19 de agosto, no bairro de Varginha, ainda em Itajubá, Luiz Henrique, em companhia de um casal e um garoto de 14 anos, observou três estranhas esferas metálicas. Elas eram semelhantes a uma bola de futebol e caminhavam juntas, mantendo entre si uma distância de aproximadamente 50 m e uma altura de 500 m, rumando velozmente para a Serra da Mantiqueira. Às 03:35 h de 21 de agosto do mesmo ano (1967), José Bernardo acompanhou, durante três minutos, a passagem de um objeto azul, voando a baixa altitude na direção sudoeste-norte e emitindo um ruído semelhante ao zumbido de abelhas. O que mais chamou a atenção foi o fato de que do aparelho pingava uma substância parecida com ouro.
Aproveitando a onda de estranhos fenômenos, o grupo ufológico realizou uma vigília em Itajubá no final de agosto. Certa noite, por volta das 20:20 h, um de seus membros alertou os demais para uma esfera luminosa que despontava sobre o morro. No início, não era possível afirmar que se tratava de um disco voador, principalmente porque a visibilidade era prejudicada pela intensa fumaça das queimadas, comuns naquela época do ano. Entretanto, pouco tempo depois, o objeto, que estava a um ângulo de 90º em relação à Lua, dividiu-se ao meio, no sentido horizontal, transformando-s
e em duas calotas esféricas.
Bola Luminosa — De dentro da inferior saíram outros três objetos luminosos, que desapareceram atrás do morro juntamente com a calota inferior. Após algum tempo, os aparelhos regressaram e a esfera se recompôs, fez várias evoluções e foi diminuindo sua luminosidade até apagar. Nessa altura, os observadores já haviam solicitado auxílio de outros membros do grupo, entre eles o professor Mokarzel. Por volta das 22:10 h, e até às 03:30 h da manhã, vários pontos luminosos puderam ser vistos na encosta do morro. Esses pontos não se movimentavam, simplesmente desapareciam e ressurgiam em outros lugares da montanha. Logo que amanheceu, uma caravana foi para o local entrevistar os moradores. Um deles, Joaquim, confirmou ter visto, no alto do morro, uma “bola de futebol” luminosa. Amedrontado, ele correu para a casa de um conhecido seu, o senhor Benedito Amaro, que mora a cerca de 400 m dele. O relato de Joaquim correspondia exatamente, até mesmo no horário, com os avistamentos do grupo no alto da Escola de Engenharia, onde havia sido montado um posto de observação. Na ocasião, foram usados binóculos e uma luneta de 30 x 60 mm, e estavam presentes o engenheiro Araújo, o médico Pereira, Alcides Rodrigues Moura e Walter Serrano, todos ligados ao Geoani, além de seu presidente Antonio Lisboa.
Mas como podem ser explicados os constantes fenômenos ufológicos na região? Por que razão as áreas adjacentes a Serra da Mantiqueira seriam uma das preferidas pelos seres alienígenas? Recortada por vales profundos, com rios de água límpida cruzando fraturas e depressões para formar corredeiras e cachoeiras, cercadas por paisagens deslumbrantes, essa cadeia de montanhas é constituída por terrenos muito antigos, com idade aproximada de 70 milhões de anos (dos períodos arqueanos e algonquianos). Trata-se de um dos principais acidentes geográficos do sudeste brasileiro. Na Serra da Mantiqueira (Amantiquira, na linguagem dos índios, que significa pouso das chuvas) as águas nascem e formam rios que dão origem a bacias hidrográficas importantes, como a do Rio Grande, que deságua no Paraná. Este, por sua vez, corre em direção ao sul e, quando sai do Brasil, recebe o nome de Rio da Prata.
A região da Serra da Mantiqueira viveu dois ciclos do ouro, nos séculos XVIII e XX. Não obstante, de acordo com o ufólogo A. S. August, o subsolo seria mesmo rico em talco, que nada mais é do que silicato hidratado de magnésio – uma massa mole, branca e esverdeada, escamosa e um tanto untuosa. “Não se conhece um processo econômico de obtenção de magnésio puro a partir de talco. Mas isso não impedirá que se descubra, com o passar do tempo, um sistema que permita retirar o precioso metal de seu silicato, com características de rendimento econômico e, até mesmo, em escala industrial. A título de ilustração, podemos informar que o processo atual, antieconômico, consiste em tratar o talco com soda cáustica, obtendo da reação dois compostos: silicato de sódio e óxido de magnésio. Depois da separação dos compostos, o óxido de magnésio é tratado com um redutor energético, obtendo o metal sob a forma pura”, explicou August, para quem os discos voadores eram constituídos basicamente de magnésio, um metal branco, argênteo, muito leve e estável no ar à temperatura ordinária.
Largamente encontrado na natureza em forma de compostos, dos quais os mais importantes são magnesita, dolomita, cainita, carnalita e vários silicatos como olivina, estatita, amianto, serpentinita, espinélios, espuma do mar, talco, esteatita e outras, seu ponto de fusão é de 651° C e de ebulição é de 1100° C. Aquecido a certa temperatura, inflama-se e arde no ar atmosférico, em vapor d’água, gás carbônico etc, emitindo uma luz muito brilhante e ativa. Considerando a profusão dos casos de UFOs com aparência metálica, luminosa e esbranquiçada, A. S. August afirmou que esse aspecto é resultante do magnésio existente em sua composição: “A luminosidade poderia ser explicada pela reação do magnésio às gotículas de água em suspensão na atmosfera. Ela seria, então, resultado da combustão da própria estrutura dos discos voadores, que se desgastariam com o uso”, especulou.
Seguindo esse raciocínio, e admitindo-se que os UFOs necessitassem repor o material, nada mais lógico do que supor que seus tripulantes estariam “minerando” a Serra da Mantiqueira. É oportuno lembrar o caso que veio a público quando, em 1957, o célebre colunista social Ibrahim Sued informou ter recebido diversos fragmentos recolhidos por um caiçara em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Segundo a versão divulgada, as testemunhas viram um objeto em forma de disco mergulhar no mar em alta velocidade e emergir rapidamente ganhando altitude. Parou, então, como se tivesse algum desarranjo mecânico, e explodiu no ar lançando uma verdadeira chuva de estilhaços brilhantes. Alguns fragmentos caíram nas águas próximas à praia e puderam ser recolhidos pelas pessoas presentes. Três pedaços, do tamanho aproximado de uma moeda de ásperos e leves como papel, foram entregues ao médico e ufólogo Olavo Fontes, da Comissão Brasileira de Pesquisa Confidencial dos Objetos Aéreos Não Identificados (Cbpcoani), que os encaminhou à Seção de Espectrografia do Laboratório Nacional de Produção Mineral, no Rio de Janeiro. Tanto essa como as análises subseqüentes da Aerial Phenomena Research Organization (APRO), dos Estados Unidos, comprovaram tratar-se de magnésio de absoluta pureza, com densidade de 1,866, enquanto a densidade do magnésio terrestre é de 1,741.
Núcleo Cósmico do Planeta — Confirmando a tendência ancestral do homem de privilegiar determinados lugares para manter contatos com o sobrenatural, os místicos e esotéricos do século XX elegeram o sul de Minas Gerais, especialmente as cidades adjacentes à Serra da Mantiqueira, como o núcleo cósmico do planeta, ou seja, o que abriria as portas e propiciaria o advento da Nova Era ou da chamada Era de Aquário.
Tida como integrante de uma “geografia sagrada”, ela se ramificaria com a Serra do Roncador e a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, Alto Paraíso em Goiás, Brasília no Distrito Federal e Machu Picchu nos Andes peruanos, tornando-se assim a área de maior concentração esot
érica do Brasil no período que precedeu a chegada do ano 2000. Isso confirma a tendência ancestral do homem de procurar desesperadamente a salvação, conforme as situações de crise se agravavam ou a virada do século e do milênio se aproximava. Verificou-se ali, num curto espaço de tempo, um intenso afluxo e a conseqüente proliferação de pregadores, profetas, videntes, gurus, líderes messiânicos, seitas religiosas e comunidades alternativas. No Vale do Matutu (que significa cabeceira do vale no idioma dos índios guaianás) ficava o santuário ambiental do Santo Daime, comunidade dos adeptos do chá alucinógeno oaska, preparado e ingerido em meio a cânticos e rituais.
Em Conceição do Rio Verde, a vidente Neila Alckmim, cujas previsões raras vezes se mostraram acertadas, recebia empresários e políticos em suas sessões. No seu sítio em Pouso Alegre, o paranormal e “guru das estrelas” (só delas, bem entendido) Thomas Green Morton – cujas farsas e truques foram várias vezes desmontadas, embora não descarte que talvez possua algum poder, porém limitado e fora de seu controle – impressionava ricos e famosos do mundo artístico e do colunismo social. Em Carmo da Cachoeira, o guru Trigueirinho dirigia o seu Centro de Desenvolvimento Espiritual na Fazenda Figueira, onde seguidores de várias regiões do país passavam os dias meditando, plantando e trabalhando voluntariamente. Sintomaticamente, esses três indivíduos garantiram já ter mantido ou estar em contato permanente com os extra ou intraterrestres.
São Thomé das Letras, à 1290 m de altitude, converteu-se na Meca dos ufólogos, místicos, neo-hippies e aventureiros, que passaram a acorrer em massa para a cidade em busca de energias cósmicas e telúricas, experiências extra-sensoriais e contatos com discos voadores. Enquanto isso, as mineradoras, explorando a mão-de-obra de famílias pobres e de crianças, devastavam o ambiente com montanhas de pedras quebradas por todos os lados. Os turistas da chamada Nova Era, no entanto, longe de trazer qualquer iluminação espiritual, exceto um questionável benefício econômico, ajudaram a descaracterizar e a desestruturar a sociedade local, formada por descendentes dos antigos escravos que trabalharam nas minas de ouro e de pedras preciosas. Eles foram os construtores das poucas edificações originais que restaram na cidade, inteiramente de pedras empilhadas sem argamassa.
O ufólogo e pesquisador de História e Arqueologia, Oriental Luiz Noronha, o Tatá, acredita que os discos voadores, alguns dos quais chegou a filmar, freqüentavam São Thomé das Letras para extrair energia do quartzito, mineral abundante no subsolo da região. Já o geólogo Fernando Junqueira discorda, pois, segundo ele, “o quartzito é uma formação muito impura do quartzo, não funcionando, portanto, como capacitador ou condensador de energia”. De qualquer maneira, muitos deixam São Thomé, mesmo sem nada terem visto, convencidos de que estavam no “umbigo do mundo” e que uma passagem secreta na Gruta do Carimbado ligaria a cidade a Machu Picchu, cerca de 3300 km de distância.
Civilizações Subterrâneas — Em torno de nascentes da água mineral, cidades como Araxá, Poços de Caldas, Caxambu e São Lourenço nasceram e prosperaram graças, em grande parte, às propriedades medicinais diversas que essas águas magnesianas, ferrosas, radioativas, sulfurosas, gasosas ou simplesmente quentes, apresentam. São Lourenço, a mais exuberante das estâncias hidrominerais, com suas nove fontes que se esparramam por jardins impecáveis de densa mata verde, foi escolhida em 1924, pelo baiano Henrique José de Souza, para sediar a Sociedade Teosófica Brasileira (STB) – a atual Sociedade Brasileira de Eubiose –, que se dedica ao estudo da Teosofia e quer dizer a sabedoria das coisas divinas, como o próprio nome indica – do grego Theos (Deus) e Sophia (sabedoria). Essa filosofia foi amplamente difundida no ocidente por Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Golden Dawn e autora da obra A Doutrina Secreta – que abrange, entre outros assuntos, ocultismo, espiritismo, orientalismo e religião.
Um dos motivos que levaram Henrique José de Souza a escolher a região – segundo revelou o teúrgico José Augusto da Fonseca, em seu livro Teurgia se deu três anos antes, em 1921: “O último Buda vivo da Mongólia, o bem-aventurado Ashvagosha, apontando para o ocidente, disse aos seus discípulos que, naquele momento, passava para seu sucessor seu pesado madeiro, na região sagrada da Serra da Mantiqueira”.
Os teósofos ou eubióticos consideram São Lourenço a capital espiritual do mundo e crêem que deverá surgir ali, no ano 2005, o Avatar Maytréia, que sintetizará os sete Avatares precedentes, dos quais Jeshua Bem Pandira (o Jesus bíblico) foi o sétimo. Seria inaugurada, assim, a Idade do Ouro e o Ciclo de Aquário, estabelecendo-se na face da Terra uma nova civilização, livre das misérias materiais e morais. Antecipando-se a isso, erigiu-se, em 1949, uma réplica do templo de Paternon, de Atenas (Grécia), em homenagem ao Avatar Maytréia, à paz universal e a todas as religiões do mundo.
Acredita-se que São Lourenço estaria situada diretamente sobre a cidade de Caijah, o centro das outras seis cidades subterrâneas de Duat, cujas embocaduras ficariam em São Thomé das Letras, Aiuruoca (toca de papagaio, em tupi-guarani), Pouso Alto, Maria da Fé, Conceição do Rio Verde e Carmo de Minas. A Eubiose tem sede em todos esses municípios. Essa outra humanidade, que supostamente viveria nas entranhas da Terra, remanescente do continente perdido de Atlântida, teria atingido elevadíssimo grau de organização econômica, social, cultural, científica, tecnológica e espiritual. Os discos voadores nada mais seriam do que os vimanas dos atlantes, grandes e poderosas aeronaves fabricadas com material desconhecido por nós e que se movimentariam com energia retirada da própria atmosfera.
Relatam que, em fevereiro de 1955, um deles teria pousado na colina fronteiriça à Vila Helena e os seus três tripulantes, com significativos acenos, teriam saudado o dirigente da STB, Henrique José de Souza, e as pessoas que se encontravam na varanda da casa, fato esse assistido por outros moradores de São Lourenço. Ele contou que, aliás, em outra ocasi
ão, teve a oportunidade de visitar o mundo de Agartha. A idéia da existência de um gigantesco mundo subterrâneo com inúmeras cidades, em que viveriam os milhões de seres governados por Melki-Tsedek, chamado o Rei do Mundo, é natural para uns e um absurdo intolerável para a maioria das pessoas, que argumenta, com razão, que se esse tal mundo interior existisse, com suas inúmeras embocaduras ou entradas na superfície, há muito teria sido esquadrinhado e devassado pelos homens.
A Geologia, por sua vez, pugna pela total impossibilidade desse reino nas profundezas – sugerida no final do século XIV pelo pai da ficção científica, Julio Verne, em sua obra Viagem ao Centro da Terra – baseada no fato de que a temperatura aumenta constantemente à medida que se penetra na crosta terrestre, em conseqüência do núcleo central do planeta ser constituído de matéria em estado de alta fusão, o que é prontamente rebatido por aqueles que justificam o aumento de temperatura, os vulcões e as fontes de água quente, como originários de bolsões subterrâneos. Em seu livro Dos Mundos Subterrâneos Para os Céus: Discos Voadores, O. C. Huguenin tentou explicar o segredo que cerca a existência de civilizações intraterrestres de uma forma absolutamente fantástica: “Possuindo, como possuem, seus habitantes, o conhecimento pleno e o absoluto controle das forças sutis da natureza, nada mais fácil para eles do que disfarçar as entradas dos mesmos na superfície terrestre, seja com o recurso do que os orientais chamam maya budista, criando paisagens ilusórias, seja fechando-as ou abrindo-as ao seu bel-prazer. Por outro lado, o número limitado de conhecedores desse mistério, todos pertencentes a elevada categoria das fraternidades ocultas que atravessam os séculos, mantiveram o mais rigoroso sigilo sobre o fato.”
Se para os eubióticos os discos voadores procedem do interior da Terra e, por seus cálculos cabalísticos, apontam para a existência de aberturas justamente nas áreas a noroeste da Serra da Mantiqueira – que é onde surgirão as cidades sagradas da Nova Canaã, a Terra Prometida –, para os não iniciados e céticos a simples menção desse mundo interior povoado por remanescentes das antigas civilizações da Atlântida, ou Lemúria, depositários de conhecimentos ancestrais que só em tempos mais recentes os homens da superfície começaram a dominar, soa intangível, delirante e absurda. Na verdade, os que ingressam nessa sociedade o fazem atraídos pela promessa de integrar uma elite de iniciados e desenvolver poderes latentes que lhes conferiria o direito no futuro, agora bem próximo, de participar de uma sociedade perfeita, sem males, utópica e ideal, nada mais do que uma versão combinada do Paraíso, Jerusalém, Eldorado, Shangri-lá e outras. Melki-Tsedek, o Rei do Mundo, é a personificação do messias, o salvador que virá das entranhas da Terra (concebida como o verdadeiro céu) para trazer a vitória do bem sobre o mal e corrigir as imperfeições do mundo.
Ele é o redentor que extinguirá a ordem presente das coisas, instituindo uma nova ordem de paz, amor, harmonia, justiça, felicidade, progresso universal e reconciliará o homem com a verdade, a razão e as leis divinas. A vinda desse rei coincidirá com o “fim dos tempos” ou o “juízo final” e colocará fim ao ciclo de Peixes, permitindo o advento do de Aquário. Esse novo ciclo “esbarra no problema da divisão matemática das constelações, como são vistas no céu”, de acordo com o que escreveu Lobo Câmara em seu livro A Farsa da Nova Era: Nem Apocalipse, Nem Era de Aquário”. O autor afirma que: “A astrologia sideral divide o zodíaco em 12 partes iguais de 30°, à partir do ponto vernal, sem uma referência astronômica precisa, e estabelece o começo da Era de Aquário para os primeiros anos do século XXI. Entretanto, se levarmos em consideração a forma real das constelações e suas extensões, como são conhecidas desde os tempos antigos, chegaremos a uma conclusão bem diferente. A constelação de Peixes desde a antiguidade é representada por dois peixes amarrados e nadando em direções opostas. A estrela mais brilhante desta constelação, a Alpha Piscium, ou Al-Risha, é o primeiro ponto (ou grau) desta constelação, sendo que a última estrela é a Beta Piscium. Tomando-se como referência as posições reais das constelações, a Era de Aquário começará depois da passagem do ponto vernal por esta estrela, o que ocorrerá em 2813 d.C. Tanto do ponto de vista astrológico como astronômico podemos considerar essa data como a mais provável. O resto é balela”.
Não obstante, se por um lado o reino messiânico é necessariamente um reino futuro, o qual esperava-se com intensa expectativa, por outro, não permite a crença passiva e inerte de resignação e conformismo, exigindo que diante das imperfeições e injustiças o homem se empenhe para saná-las e corrigi-las. Enquanto isso, se congrega com o maior número possível de fiéis para visar os movimentos messiânicos, isto é, uma tentativa ativa de criar – ou apressar – realmente o milênio.
Velhos Sofismas — Seriam os UFOs atraídos pelas águas magnesianas, sulfurosas e radioativas da Serra da Mantiqueira? Estariam os extraterrestres minerando o subsolo atrás de magnésio ou extraindo energia do quartzito? Teriam ali estabelecido bases para melhor ocultarem-se sob florestas e montanhas? Haveriam realmente os tais portais para outras dimensões? Ou teriam razão os teósofos e eubióticos ao apontarem a existência de aberturas por onde trafegam discos voadores de civilizações subterrâneas? Nenhuma dessas perguntas têm resposta inteiramente satisfatória e s&
oacute; geram mais perguntas sem respostas. E, como se não importasse o modo como as pessoas a vejam, a serra permanece como um rico manancial de tesouros ecológicos, históricos e ufológicos a nos desafiar e nos exigir mais estudos. Invocando lendas, mitos, parábolas e alegorias de antigas tradições, encerro com mais um sofisma.
Em seu livro Bestas, Homens e Deuses, Ferdinand Ossendowski narra as experiências que vivenciou entre os lamas do oriente e os secretíssimos ensinamentos recebidos. O lama Gelong, o favorito do príncipe Choulton Beyli, e o próprio príncipe, fizeram-lhe a descrição do reino subterrâneo: “Todos os homens desta região estão protegidos contra o mal e o crime não existe no interior de suas fronteiras. A Ciência evoluciona tranqüilamente, livre do espírito de destruição. O povo subterrâneo conseguiu atingir o mais alto saber e é atualmente um grande reino, com milhões de súditos governados pelo Rei do Mundo. Este conhece todas as forças da natureza, lê em todas as almas humanas e no grande livro do destino. Invisível, ele reina sobre os oitocentos milhões de homens que estão prontos para executar suas ordens. É o reino de Agartha que abrange todas as passagens subterrâneas do mundo inteiro”. Os lamas dizem que todas as cavernas subterrâneas da América são habitadas por esse povo.