Acidentes com UFOs têm sido relatados por testemunhas civis e militares há décadas, atingindo um número superior à duas dúzias, de 1940 até os dias de hoje. No entanto, têm sido relativamente raros os relatos de quedas destas naves nos últimos 10 anos. O Incidente que iremos narrar neste artigo teria supostamente ocorrido em 7 maio de 1989 e é um desses casos que têm sido exaustivamente investigados por pesquisadores de todo o mundo desde sua descoberta. O caso alcançou as manchetes mundiais em setembro do ano passado e tudo indica que envolva mais um episódio em que se repete o acobertamento oficial de informações por parte de autoridades locais, desta vez de países da longínqua África: Botswana e África do Sul, países que fazem divisa entre si.
A descoberta da queda e a participação de militares
O caso foi primeiramente revelado ao mundo por um tal Dr. Henry Azadehdel, que afirmou estar em contato com oficiais da Inteligência (espionagem) sul-africana, supostamente os mesmos que lhe deram informações sobre o incidente. O que narraremos adiante é o relato de Azadehbel, que diz que “certas autoridades daquele país lhe revelaram todo o episódio há algum tempo”, sem ser mais preciso. Diz também que conheceu os detalhes do incidente quando hospedou em sua casa um oficial sul-africano e sua família, durante um mês, e que, nesse tempo, ouviu toda a história – que julgou fantástica – de seu convidado. Imediatamente, sua intenção era a de escrever um livro sobre o assunto, revelando o segredo, que estaria sendo mantido a sete chaves pelo governo local. Iremos analisar essa questão mais adiante, assim como o título de doutorado de Azadehdel, que parece não ser comprovado.
A história toda é muito complexa, está ainda envolta numa névoa de mistério e muitas tentativas de elucidá-la esbarram nas potestades de sigilo oficial, como era de se esperar. Aparentemente, a queda envolve o radar de uma fragata naval sul-africana, que teria captado um UFO em sua teia. A fragata é a Cisne Branco (White Swan) que, no momento da detecção, estava estacionada ao sul da cidade do Cabo, extremo sul do país, após às 13h45 de 7 de maio daquele ano. Também aparentemente, as informações que Azadehbel diz ter recebido de suas “fontes” indicam que o objeto dirigia se à costa sul-africana, em rota para direção noroeste e à velocidade de 5.746 milhas náuticas por hora. O objeto teria penetrado no espaço aéreo sul-africano precisamente às 13h52 (local), o que fez com que fossem acionados dois caças a jato Mirage, que subiram para interceptação do intruso sob o comando de um determinado oficial de sobrenome Jones, que seria o Iíder do esquadrão.
O resgate da nave caída e de seus tripulantes
Às 13h59 um contato entre os caças e o UFO havia sido feito tanto por radar como visualmente. Neste momento, o esquadrão fez vários disparos contra o UFO, utilizando um canhão experimental a laser, o Thor 2, até então secreto e supostamente uma arma de guerra. Apenas um dos caças teria aberto fogo contra o objeto, que, ainda segundo Azadehdel, foi atingido e caiu a cerca de 70 km do local, precisamente em Botswana, um país vizinho, na região do deserto do Kalahari. O objeto colidiu com o solo num ângulo de 25 graus, já bem dentro da área do deserto, e uma equipe foi imediatamente despachada para o local para investigar a queda. Azadehdel diz também que “alguém admitiu que se tratava da equipe de resgate da Força Aérea da África do Sul (SAAF)”, mas isso ainda será discutido e analisado neste artigo. Subseqüentemente, helicópteros de recuperação teriam sido também enviados ao Kalahari, mas outro incidente teve origem: segundo as fontes de Azadehdel, o primeiro que atingiu o ponto da queda pairou no ar a cerca de 170 metros e inexplicavelmente caiu, sendo que todos os seus tripulantes morreram. Isso teria sido causado pelo campo eletromagnético emanado pelo objeto, mas as autoridades usaram uma substância parecida com uma tinta, apressadamente espalhada sobre a nave, que anulava os efeitos da mesma.
O objeto, apenas semi-destruído, foi então transportado para uma base próxima e ainda desconhecida da Força Aérea do país. Azadehdel diz que suas fontes garantem que “os destroços foram acondicionados num determinado sexto andar subterrâneo da base”, um departamento secreto da mesma e para onde convergiam outras atividades ligadas aos UFOs na África do Sul. De repente, durante o processo de condução dos escombros, ouviu-se um estranho barulho vindo da nave e uma pequena abertura surgiu num de seus lados, até então insuspeita. Vendo as possibilidades de se adentrar no equipamento alienígena, os oficiais usaram equipamentos de pressão hidráulica para abrir a pequena porta, logrando êxito. Quando a abertura já mostrava o interior do UFO, dois pequenos seres ainda tontos e aparentemente machucados, saíram por ela e foram prontamente agarrados pelos oficiais e posteriormente conduzidos para uma enfermaria. “Um dos seres pareceu bem ferido”, pelo que conta o informante, mas mesmo assim atacou o médico que o atendia, deixando-o com muitos arranhões na face e tórax.
Extraterrestres colocados em confinamento na Terra
Por essa razão, as criaturas foram colocadas em confinamento até que as autoridades sul-africanas convocassem \’experts\’ norte-americanos para auxiliá-los a lidar com a questão, não antes de serem despidos para um exame completo de sua anatomia. Vários técnicos de agências da Inteligência dos EUA chegaram ao país em clima de segredo, analisaram detidamente a situação e, segundo as fontes de Azadehdel, “sugeriram que as autoridades locais despachassem tanto a nave semi-destruída quanto os pequenos extraterrestres para os Estados Unidos, onde teriam melhores condições de serem estudados”. Como os alienígenas recusavam todo o alimento e a bebida (água, principalmente) que lhes eram oferecidos, uma decisão sobre o transporte para os EUA foi apressada e o objeto e seus dois ocupantes chegaram, então, à famosa Base Aérea de Wright Patterson, em Dayton, Ohio. A instalação naquela base – a mesma para onde foram levados os destroços de vários outros UFOs acidentados nos EUA e no México, nos anos 40, 50 e 60 – teria ocorrido em 23 de junho do mesmo ano.
O que foi narrado acima é a história básica que se veiculou sobre a queda do UFO no Kalahari, conforme afirmação de Azadehdel que, por sua vez, a teria recebido do oficial da Inteligência sul-africana que hospedou. Para substanciar o que afirmava, a fonte de Azadehdel teria fornecido a ele um xerox do relatório da missão de resgate e outros detalhes. Esse material foi exaustivamente analisado por nossa equipe, concluindo-se que boa parte do mesmo não corresponde à verdade. O documento sofreu um processo de edição e adulteração – se é que era de fato genuíno. Em sua primeira página, por exemplo, aparece, num papel oficial da SAAF, os dizeres “altamente secreto” (“top secret”). Quando olhei o docu
mento e li a história toda que continha, suspeitei imediatamente de sua veracidade: apesar de o documento parecer estar impresso ou datilografado num papel timbrado oficial genuíno, deu-me motivos demais para pensar…
Análise dos fatos à luz da casuística ufológica
Por se tratar de um conjunto de informações absolutamente fantásticas e dentro do mais alto nível, em termos casuísticos, uma investigação aprofundada era imprescindível. A princípio, iniciamos realizando um estudo do documento apresentado por Azadehdel, onde encontramos as seguintes falhas:
(a) O documento estava repleto de palavras escritas erradamente. A Força Aérea Sul-Africana é considerada uma das mais eficientes e de mais alto padrão do planeta, de forma que esses erros dificilmente poderiam aparecer num documento top secret (ou qualquer outro) feito por seus altos oficiais.
(b) O documento dificilmente poderia ter sido escrito em inglês, como está, visto que o alto-comando da Força Aérea Sul-Africana utiliza obviamente a Iíngua do país, o “Afrikaans” (o nome correto do idioma é Afrikaans mesmo, mas existem as mais peculiares variações, usadas erroneamente pela imprensa, como Africans e Africanêr).
(c) O agente da Inteligência sul-africana que escreveu o documento, por extenso, incluiu no mesmo uma página e meia de um suposto texto em um estranho tipo de escrita hieroglífica. Garante ainda que teria encontrado tais símbolos e letras no interior da nave acidentada. Mesmo assim, tentei comparar o texto a vários outros que existem, supostamente escritos em idiomas extraterrestres (a ufóloga carioca Irene Granchi, do CISNE, apresentou alguns desses textos e, a meu pedido, enviou-me cópias para comparação, as quais encaminhei para a organização MUFON, dos Estados Unidos). Não tive êxito.
(d) O documento fala de um tal oficial Jones, que ser ia o “líder do esquadrão” de caças a perseguir o UFO. No entanto, na SAAF não há tal posto hierárquico de comando; o que há é o posto de capitão ou major, mas por que o redator do documento não se referiu a ele dessa forma?
Questões diplomáticas são abertas com o caso
Entre os efeitos que irremediavelmente surgiriam após a liberação de informações sobre o caso, estão os políticos e diplomáticos. Várias autoridades foram consultadas para que se pudesse colher informações e impressões oficiais sobre toda a história. Evidentemente, poucas das pessoas entrevistadas interessaram-se em emitir opiniões ou declarar algo sobre o caso. Entre elas, duas autoridades podem ser citadas: David Powel, de Pretória, e sua assistente Maria Sullivan, de Harare, no Zimbábue, Vejamos seus comentários:
(a) Se a queda ocorreu em Botswana, a 70 km da fronteira com a África do Sul, o governo sul-africano teria, obrigatoriamente, que ter solicitado (e recebido) permissão para atravessar a divisa e efetuar as manobras de recuperação dos destroços, especialmente numa área tão sensível quanto aquela, sempre às voltas em conflitos raciais e de divisão geográfica.
(b) O documento declara que o Iíder do esquadrão Jones fora instruído para circular a área da queda até o término da operação de resgate do objeto. Sua aeronave levantou vôo da Base Aérea de Valhalla, em Pretória, supostamente às 13h52 daquele dia (ou pouco antes, ou pouco depois). Olhando-se para um mapa da região, poderíamos nos perguntar como um avião a jato poderia permanecer no ar, sem se reabastecer, por tanto tempo?
(c) O desembarque de equipamentos, homens e veículos para o resgate do objeto, além do tempo e a distância envolvidos para se penetrar 70 km em Botswana, está relacionado no documento de forma no mínimo curiosa: “imediatamente”. Para tais manobras, tais deslocamentos levariam dias – e nem há área para aterrissagem de aeronaves de grande porte no desolado deserto de Kalahari, de qualquer modo. Também, o governo de Botswana teria que ter estado envolvido demais na questão, o que não parece ser verdade.
Incongruências apontam uma fraude mal elaborada
Outras questões que foram levantadas por nossa equipe e por vários outros investigadores em todo o mundo também são no mínimo curiosas. Como os dois alienígenas poderiam ter sobrevivido a tal impacto? Se os pobres seres semi-vivos pudessem emergir agressivamente da nave, arranhando e atacando o médico, como puderam depois ser despidos para um exame completo de suas anatomias? Se os alienígenas recusaram todos os alimentos que lhes foram oferecidos, como sobreviveram, presumivelmente, de 7 de maio a 23 de junho, quando então foram transportados para Wright Patterson? Enfim, muitas indicações claras de fraude passaram a surgir, o que nos levou a redobrar a cautela nas investigações.
Não custou para que se contestasse todo o documento oferecido por Azadehdel – que o teria recebido de suas fontes – como fraudulento. Um dos indícios de sua criação\’ para fins falsos era o próprio sistema de medida empregado em seu texto: na África do Sul o sistema é métrico, mas o documento apresenta um amontoado de outras convenções, como jardas, pés, toneladas etc. O especialista David Powel foi um dos primeiros a rechaçar o caso e oferece o descrédito do relato, analisando algumas passagens do material (o fac-símile do documento está apresentado na íntegra nesta edição):
(a) A frase “Destino – Base da Força Aérea, Pretória”, está errada. Oras, Pretória é uma cidade, e não uma Base Aérea. Num relato oficial militar, a Base poderia ser identificada fácil e corretamente. O mesmo ocorre com a fragata naval Cisne Branco, “estacionada na cidade do Cabo”; o Quartel-General Naval da África do Sul fica em Simonstow, e esse é o lugar de onde se poderia fazer o contato, pois é onde a Cisne Branco deveria estar estacionada. Por vez que a Marinha sul-africana possuiu tão poucas fragatas, elas são de conhecimento público, não havendo sigilo vinculado a elas. (b) As indicações de horário no documento estão erradas, como 13.59 GMT. Este termo não é usado na África do Sul, pois está referido em uma unidade chamada de \’tempo universal\’. Além disso, o horário na África do Sul é indicado com um \’h\’ minúsculo entre as horas e os minutos, tal como 13h59.
(c) A Base Aérea de Valhalla é uma base de treinamento e de administração. A Base mais próxima é Swartkops, que apenas possui aeronaves propulsoras e cuja pista de pouso e decolagem é pequena para os jatos do tipo Mirage, que não estacionam lá. A outra dúvida se refere ao canhão a laser Thor 2. A existência de tal arma bélica é extremamente duvidosa, mesmo porque não é compatível com o tipo de inimigo que as aeronaves
a jato estão designadas para Interceptar.
(d) O Mirage possui um suprimento muito limitado de combustível, razão pela qual eles nunca poderiam circular a área até o resgate completo – o processo poderia certamente levar vários dias, especialmente se o pessoal de Wright Patterson estava envolvido. A SAAF também nunca poderia se arriscar tanto, tendo uma de suas aeronaves de maior sucesso circulando sobre uma terra estrangeira, mesmo que tivesse capacidade para tal, ainda mais carregada de armas de guerra.
Analisando a questão e puxando o fio da meada…
Mesmo com tantos pareceres contrários ao caso, o ditado popular de que onde há fumaça há fogo nos impulsionou a continuar aprofundando nossas investigações, tanto para se ter uma idéia completa de até onde vai a fraude e onde se pode achar alguma verdade (e a que esta conduz), até para se tentar apurar quais são os motivos que levam alguém a criar uma estória tão intrigante. Em nossa investigação, que consumiu viagens, contatos telefônicos, visitas à autoridades e consultas a pesquisadores, além de intensa troca de informações com especialistas de vários países, descobrimos muita coisa que agora repartimos com o leitor.
Um dos supostos oficiais da Inteligência sul-africana que teria relatado o caso a Azadehdel já foi identificado: é James Van Greunen (há uma variação na escrita de seu sobrenome). Tanto quanto pude averiguar – e não foi fácil – esta pessoa é de ascendência holandesa e nasceu na África do Sul, tendo, logo aos 16 anos, se interessado por UFOs e ingressado na prestigiosa organização norte-americana Mutual UFO Network (MUFON). Desde então, passou um certo tempo no Canadá, onde também associou-se ao grupo local Northern UFO Research & Investigation Network (NUFORIN), e retornou à África do Sul logo em seguida, onde formou um grupo novo de pesquisas sob o mesmo título. Por várias vezes, no último ano, Van Greunen foi ao programa de TV “Good Morning South Africa” falar sobre seu grupo e convidar os interessados para contatá-lo. Além disso, descobriu-se que tem cerca de 26 anos, é bem apessoado e cobra nada menos do que 100 dólares ao ano de quem quiser ser membro de seu grupo (o que responde muita coisa sobre ele …).
Intrigas entre ufólogos resultam das pesquisas
Mais recentemente, este Van Greunen telefonou-me para perguntar como poderia entrar em contato com Prier Wintle, o representante da MUFON na cidade do Cabo (dirigiu-se a mim por eu ser representante da mesma organização no Zimbábue). Coincidentemente, Prier estava comigo na ocasião, mas naquele exato minuto estava fora. Van Greunen então disse que soubera que eu estaria passando por Johannesburg a caminho do Cabo, em dezembro, e pediu-me para fazer uma conferência para o seu grupo, o NUFORIN. Poucos dias mais tarde, o jovem apareceu novamente na TV. Embora me sentisse um pouco contrariada em discursar somente para seu grupo – achava que em Johannesburg deveria alcançar uma audiência maior -concordei. Depois, Van Greunen telefonou-me para dizer que o evento se daria no dia 29 de dezembro, no Hotel de Johannesburg, e disse também que viria a Zimbábue por 2 ou 3 dias, a trabalho, e estava procurando acomodações. Ofereci-lhe hospedagem, caso estivesse sozinho, mas ele perguntou se poderia trazer outra pessoa junto, um outro pesquisador.
Pouco tempo depois, em 21 de dezembro, recebi um telefonema anônimo misterioso, que ameaçou-me gravemente se continuasse com a idéia de hospedar ou dar hospitalidade a Van Greunen. A voz afirmou que Van Greunen era “um elemento perigoso, ladrão e uma vergonha para a África do Sul”, tudo isso dito em meio a estranhos barulhos na linha telefônica, o que me fez concluir que aquela era uma chamada de fora do país. O autor da ligação também possuía um certo sotaque distinto, que não pude identificar se era alemão ou belga – mas definitivamente não era sul-africano! Sua ameaça não se restringiu ao fato de conhecer e hospedar Van Greunen, mas também envolveu minha pesquisa particular sobre o incidente na fronteira com Botswana, que já estava desenvolvendo há algum tempo, isoladamente. A voz recusou-se a dar o nome ou a declarar seu propósito, mas, mais tarde, identifiquei-a positivamente como sendo de Henry Azadehdel.
Mais pedras para o quebra-cabeças já instalado
Quando de minha ida para Johannesburg, para fazer a conferência, liguei para Van Greunen para avisar de minha chegada, em 28 de dezembro e conforme combinado; tentei insistentemente telefonar-lhe, mas, misteriosamente, não obtive qualquer resposta. E como não me recordava o nome do hotel onde faria a conferência, estava totalmente incapaz de localizá-lo (seu nome não estava no catálogo telefônico) ou de saber o que estava acontecendo… Assim, fui direto para a cidade do Cabo. Quando lá cheguei, mostraram-me a primeira e única edição da revista dotal grupo NUFORIN, produzida por Van Greunen. Ela mencionava minha conferência, a data e o Sugar onde se realizaria; mas, mais ainda, informava que seria cobrado cerca de 7 dólares pelo ingresso – o que eu não havia sido informada e que achava um absurdo! No entanto, para completar o mistério, a direção do Hotel de Johannesburg informou que mais de 20 pessoas estiveram lá naquela noite, com ingressos na mão, mas Van Greunen nem sequer apareceu ou mesmo reservou qualquer sala daquela instituição. Van Greunen havia fugido para a Europa, para tentar vender sua história e produzir outros 200 ou 300 documentos para prová-la!
Nesse meio tempo, fui informada que Van Greunen havia feito uma compra de livros nos EUA, no valor de 544 dólares, paga com um cheque norte-americano que, é até desnecessário dizer, foi devolvido pelo banco: “conta encerrada”. A última confirmação da conduta totalmente irresponsável e fraudulenta deste rapaz foi-me passada em 2 de março último, quando o próprio ligou da Alemanha Ocidental para Prier Wintle, na cidade do Cabo. Van Greunen disse a Wintle estar ciente de que estava em “maus lençóis” comigo, mas que não havia recebido dinheiro algum por isso. Disse que tudo foi obra de um certo Dr. James Hunt, do Departamento Legal da Universidade da África do Sul (onde um diploma pode ser obtido até por correspondência). David Powel procurou-o, mas o Departamento disse que Hunt havia deixado o emprego no final do ano passado. Hunt também não consta da lista telefônica…
Ainda na conversa que teve com Wintle, Van Greunen falou inúmeras outras coisas e abordou as atividades de várias pessoas que – segundo sua inclinação para acreditar em tudo e não hesitar em espalhar falsa informação por aí – estariam atuando na manutenção do sigilo aos UFOs e ocultando informações com relação à queda do objeto no Kalahari. Entre as coisas que afirmou, garantiu que um tal capitão Hendrik Greef, que seria um oficial da Inteligência da SAAF e supostamente teria atuado no resgate ao UFO, havia sido rebaixado em sua graduação por ter liberado informações confidenciais. Van G
reunen disse, também, que um certo Ben Nei, que vive em Nova York, teria 4 fotos dos alienígenas – mas não deu endereço seu endereço, e nem o de Greef! Em suas elocubrações, disse ainda que, da Base Aérea de Valhalta, os experimentos com naves extraterrestres estariam sendo levados para o que chamou de “Bienheim” e “Kentron” – nomes muito britânicos e muito inclinados para ficção científica para a longínqua África do Sul…
Van Greunen disse também que a história da queda do UFO no Kalahari agora estava sendo classificada como “AAA5”, um código secreto de segurança… Oras, se fosse verdade, como poderia ele saber a respeito, ainda mais se estava viajando no exterior? Disse ainda que os helicópteros usados durante a operação de resgate voavam a apenas um metro do solo e que já tinha obtido a exata posição da queda do objeto em Botswana. Fez também acusações contra Azadehdel, as quais, se verdadeiras, poderiam envolver o Esquadrão Anti-Drogas sul-africano e que seu antigo patrão era um agente da KGB. Van Greunen, por fim, afirmou ter trabalhado para NORRAD e para o DIA, no Canadá, coisas que agora estamos checando. Referindo-se ao MOSSAD, disse que esta instituição forneceu a um tal Henry Harris documentos sobre o caso, etc. Farto de tantas estórias, Wintle ainda teve que ouvir de Van Greunen um pedido bizarro: “Envie-me todos os documentos que você possui, para que possa checá-los”, disse, deixando Wintle admirado sobre quais documentos estaria falando e a quem pertenceriam…
Apesar das mentiras, alguma coisa aconteceu
Existe apenas um único fator positivo em todo o caso, pelo menos é isso que consegui apurar com exaustivas investigações: em 7 de março de 1989, alguma coisa realmente caiu do céu na tumultuada fronteira entre Botswana e África do Sul… Para que se tenha uma idéia, o GMC, um organismo pertencente ao Instituto Smithsoniano de Washington, rastreia e observa o céu todas as noites do ano, para pesquisas astronômicas e meteorológicas. Pois naquela noite em particular, o GMC registrou o que concluiu apressadamente ser uma “bola de fogo” descendo sobre aquela área. Ademais, investigações aprofundadas estão sendo conduzidas neste exato momento e mais informações já estão chegando.