Aqui nos deparamos, mais uma vez, com uma séria problemática no seio da família de ufólogos. Realmente quer nos parecer que é uma questão definida. Parece que não tem solução! Mas, pelo menos vamos tentar abordar o assunto de uma forma a não nos tornarmos provocador ou intransigente. A ética na Ufologia poderia trazer contribuições significativas para expansão e melhoria dos diagnósticos e análises das ocorrências em pesquisas de campos e vigílias. Os grupos assim comprometidos com sua prática tornar-se-iam parceiros em pesquisas abertas e com amplas possibilidades de reflexões e integrar-se-iam numa definição mais operacional no campo das descobertas e é nesse contexto que a ética trabalha como um usuário autônomo, uma espécie de orientadora e mediadora de ações, integrando conceitos de interatividade com base na justiça, respeito e equilíbrio nas aquisições de tais verdades.
A Ufologia assim praticada teria na ética o toque de moral ao exigir transparência e rejeitando qualquer tipo de fraude, logro ou manipulação da verdade, o que a tornaria compartilhadora de informações a qualquer pessoa que desejasse se inteirar sobre determinada ocorrência. A ética é uma disciplina teórica e as pessoas que a praticarem devem ter convicção de que a Ufologia expressa suas ideologias, tendo em vista tratar-se de um movimento social defensora de causas nobres enquanto procuram a verdade. Em síntese, no terreno moral e ético, não há como se admitir neutralidade, faz-se mister se posicionar, definir-se.
Em termos práticos toda definição requer coragem e a tomada de decisão ética faz parte dos princípios da moral e como tal, da escolha de situações e prescrições, colocando o indivíduo a praticar as regras da conduta humana o que deveria estar ocorrendo dentro da Ufologia, entretanto, o que se vê são contradições entre alguns grupos que rompem com a ética na justa medida de seus interesses individuais e tais flutuações indicam caráter particularista e egoísta, podendo-se afirmar que se localizam em uma “terra de ninguém” tais contendas. O senso comum, porém, sinaliza ao distinguir os oportunistas contumazes e os de ocasião, pessoas em geral honradas mas que eventualmente se desviam do caminho, agindo de maneira antiética.
De tanto ouvir “xaropadas”, assistir brigas nos bastidores e fora deles nos sentimos arremessados à conclusão que não existirá ética na Ufologia que ordene condutas sociais, e ser ético no nosso caso, é construir uma Ufologia em que todos se importam com todos e procuram fazer o bem mutuamente, ajudando e valorizando o trabalho de um colega pesquisador, respondendo ao mesmo tempo por seus atos. O caráter do ufólogo conta muito e o respeito não se compra, não se troca, adquire-se com o tempo. Quais seriam os pilares da ética que iriam refletir no caráter do pesquisador ufólogo?
a) Sinceridade — pesquisa honesta exige sinceridade, imparcialidade, abertura nas análises, integridade e coerência na cientificidade da verdade.
b) Respeito — considerar os outros sem preconceitos, ser cortês e tolerante na apreciação dos conceitos e procurar distinguir a verdade das “xaropadas”, com ética.
c) Responsabilidade — sempre pensar, analisar antes de agir sobre os trabalhos dos outros para uma tomada de decisão sincera e honesta, levando em consideração todos os detalhes da ocorrência, inclusive testemunhais.
d) Senso de justiça — sempre tratar todos com equidade, manter a mente aberta, ouvir os outros.
e) Zelo — pela imagem do ufólogo e por sua dignidade.
f) Cidadania — significa responsabilidade e na prática de vigílias e pesquisas de campo deve haver compreensão e comprometimento com a verdade e a cientificidade na apresentação dos seus resultados.
Espero, de alguma forma, estar transferindo um pouco da minha experiência de algumas centenas de pesquisas de campo e vigílias e de exercício pleno das atividades ufológicas, e mais ainda, que este assunto sobre ética na Ufologia não acabe em “pizza”, mas que venha a servir de fato para uma constante preocupação e reflexão da conduta humana, em geral, de todos os companheiros que se propuseram a entrar nessa luta e que essa relação entre Ufologia e ética seja permanente e direta. Tais critérios de entendimento possuem posicionamentos distintos em seus desenvolvimentos embora possam parecer semelhantes e a postura do ufólogo como sujeito da ação deve situar-se no campo da idéias, nas forças que determinam a conduta no ato de investigar. Todo investigador deve ter como enfoque principal à busca da verdade no estudo da natureza ou essência do fato pesquisado.
A Ufologia ainda não é reconhecida como uma ciência, em virtude da má vontade de alguns e a inexperiência de outros ao usarem de metodologias insuficientes e falhas. Ela depende sempre da ciência para que se tornem reconhecidas suas pesquisas, e nesse aspecto o sujeito torna-se o centro dessa duplicidade de enfoques como realidade. Os conceitos são evolutivos e residem no interior de cada qual e constituem elos em relação à ética cujos limites não estão demarcados no campo da ciência.
Um tratado sobre ética em Ufologia foi muito bem elaborado por um dos mais respeitáveis ufólogos desta nação, o professor Arismaris Baraldi Dias. Deveria fazer parte da mesinha de cabeceira de todo ufólogo que se preze! Para a filosofia, simplesmente, a ética é uma questão de consciência em que muitos pontos não têm o mesmo sentido comum. A consciência ética foi estudada muito antes de Cristo na Grécia antiga com Sócrates, Platão, Galeno, Plotino, Epíteto e mais tarde por outros como Descartes, Locke, Leibiniz, Kant e Hegel. As pessoas constituem sua vida através da consciência. A felicidade que se busca, por esta, entendendo a eficácia de nossa ação em nosso ambiente. A competitividade nos coloca em confronto com as necessidades que programamos é o que nos condiciona a atitudes, a condutas que nos exigem uma ética e uma postura de equilíbrio. Do ponto de vista ético, a Ufologia dá oportunidades a todas as pessoas de realizar pesquisas. Não se trata de nenhuma informação que privilegia a alguns, portanto, a ninguém é dada permissão para tolher ou de alguma forma negar o direito de pesquisa a qualquer sujeito que tenha aptidões naturais para a coisa. Torna-se necessário que a ética seja fortalecida na Ufologia, objetivando o desenvolvimento e fortalecimento do caráter das pessoas que se envolvam nesses tipos de pesquisas. As pessoas que possuem capacidades e oportunidades especiais para influenciar na qualidade moral da nossa sociedade ufológica, ficam na obrigação de estimular o comportamento ético, e isso faz-se urgente, urgentíssimo. o que tornará as pesquisas mais humanas e mais ajustada
s às exigências da metodologia científica, ao contrário do que se vê atualmente, determinando uma Ufologia agressiva, inadequada ao avanço de uma futura doutrina.
Os benefícios que a ética trará ao meio ambiente dos pesquisadores da área serão inúmeros e, a nosso ver, só conseguiremos alcançar tais objetivos com os exemplos das pessoas que já têm consciência ética e que já a praticam, fazendo com que outros de seus grupos venham a praticá-la naturalmente. É preciso que se realizem trabalhos de conscientização dentro dos próprios grupos já estabelecidos e que os ufólogos chamados de “Dinossauros da Ufologia”, devido à idade e experiência, dêem o exemplo! Ser vigilante, democrático e coerente entre seu discurso e a prática, em que a sua ação e sua postura devam obrigatoriamente transmitir segurança, tranqüilidade e respeito. Eis a questão.
O estudo empírico sobre Ufologia, tende seu olhar sobre a realidade, envolvendo-se gradativamente com o seu objeto de estudo. Tal envolvimento o leva a realizar relações com a teoria e a prática que devem agir dentro de um conceito ético onde oportuniza as suas próprias idéias. Estamos vivenciando uma era em que os conhecimentos envelhecem muito rapidamente e, por isto mesmo, devem ser reflexivos e críticos até que se escolham ações capazes de modificar tais realidades. Situações em que a ética estará sempre ajudando a resolver toda problemática que venha a surgir, acentuando-se no equilíbrio da participação na ação grupal e ao experimentar e avaliar posturas de consciências críticas torna-se, desta forma, em transformações que há de conferir legitimidade às pesquisas ufológicas porque estará sempre atual e superando dificuldades.
Na verdade, o que se pretende aqui, é que se faça uma reflexão sobre tais especificidades da ética na Ufologia. De forma alguma, tal assunto é esgotado, por esse motivo seria ótimo se todos procurassem alternativas para seu aprimoramento, pois o que mais importa é a sua prática. Desta forma, concomitantemente, desejo destacar aqui o modo agressivo e equivocado com que alguns encaram a natureza do conhecimento científico, ao afirmarem que ainda não existem provas científicas convincentes para a existência dos discos voadores! O que estará faltando? Que pouse uma dessas aeronaves na Praça dos Três Poderes e seu comandante convide o nosso presidente para tomar uma dar uma voltinha? Com tais perspectivas a idéia que sobressai em nossas mentes é que o ser humano imprime em suas obras, ações, seus traços do egoísmo, individualismo e a estúpida pretensão de ser o único a pensar em todo um universo sem fim. Aliás, por mais que afirmem que tem um fim ainda perguntarei: O que existe após a placa “The end of the universe”? Nada? Mais nada mesmo? Não creio… Na verdade, analisando em função do presente, nos anos 40, 50 e até 60 fomos privilegiados com a ação de uma safra de ufólogos mais conscientes e preparados e que realizaram um trabalho grandioso, colocando inclusive a Ufologia dentro de um contexto mais humano e ético, que hoje está sendo destruído por “pseudo-donos da verdade” e ufólogos ou quem sabe, pesquisadores frustrados em suas insípidas análises, e infrutíferas porque mal realizadas e sem persistência. Mas apesar deles e dos descrentes em geral, os acontecimentos continuam, e hão de continuar, até o seu desfecho final que há de ser a completa retirada das máscaras desses fúteis e desocupados personagens, tais quais “atores” que desfilavam em salões festivos do século XV, cochichando em ouvidos desatentos dos detentores passageiros do poder terreno, seus segredinhos e articulações inconfessáveis os quais, infelizmente, sempre acreditaram em suas mentiras. Mas isso vai acabar em breve.
Parabéns ao Ministério da Aeronáutica com esta recentíssima medida de abrir seus arquivos a um grupo de ufólogos reconhecidamente sérios, permitindo, inclusive, a cobertura completa desse encontro entre ufólogos e autoridades militares por uma emissora de televisão. Certamente o público foi o maior beneficiado. Roberto Beck é consultor de UFO e presidente da Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET). E-mail: roberto.beck@hs24.com.br.