Grande parte das especulações sobre as atividades extraterrestres na Área 51 provém menos de fontes fidedignas e confiáveis do que de boatos ou rumores associados a pessoas ou relatos específicos. Após verificar a origem e autenticidade das fontes, dificilmente uma pessoa de bom senso se sentirá estimulada a conferir maiores atenções a essas histórias. De qualquer forma, não há como negar que coisas estranhas e de difícil explicação acontecem na Área 51. Muitas das “luzes” avistadas nos arredores do local fogem totalmente do comportamento padrão de aviões ou helicópteros. Observadores experientes, incluindo pilotos de aviões, concordam que muitos dos UFOs que eles viram por lá não guardam nenhuma relação com o que estão acostumados a ver no dia a dia, e nem mesmo com os protótipos das mais modernas aeronaves.
Por outro lado, uma pessoa inexperiente que visite os arredores das instalações militares secretas Lago Groom pode se confundir facilmente, e essa tendência aumentará na mesma medida de sua ânsia em querer ver algo. Luzes de sinalização, testes de aviões, combates simulados e os constantes vôos de aeronaves com formatos exóticos sobre a base serão tomados por algo anômalo na visão de um leigo curioso. O avião bombardeiro B-2, por exemplo, que tem o formato aproximado de uma asa delta, com uma parte protuberante por cima e fuselagem cinzenta, ao ser visto de lado, fazendo curvas sobre as diversas pistas de pouso da região, ganha o formato exato de um disco voador clássico para um observador situado a distância. Silencioso e voando muito alto sobre os arredores da cidadezinha vizinha de Rachel, o B-2 pode se passar perfeitamente por um nave alienígena devido ao seu formato incomum.
Luzes militares de sinalização, de diversas cores, são constantemente lançadas sobre a base por aviões. E isso por diversos motivos, dentre eles o treinamento de pilotos, exercícios de combate etc. Intensamente brilhantes e muitas vezes descrevendo trajetórias irregulares durante a queda, podem ser confundidas com UFOs se vistas de longe. Além disso, o céu excessivamente claro e sem poluição do deserto permite uma visão estupenda das estrelas à noite. Satélites brilhantes cruzam freqüentemente o céu da região e os mais variados fenômenos astronômicos, pairando sobre as silenciosas vastidões de terra nua, assumem um brilho desconhecido para os moradores das cidades. Essas coisas, mais uma vez, podem criar muitas ilusões para olhos desacostumados e desejosos por contatos imediatos.
Avistamentos inexplicados — O ufólogo e radialista Glenn Campbell, que passou quase 10 anos pesquisando a região, tem experiência de sobra para identificar os diversos fenômenos luminosos que costumam confundir os curiosos. Ele comenta que a fonte geradora mais comum de avistamentos de UFOs sobre a Área 51 são os exercícios militares. Muitas vezes realizados durante a noite, com os aviões e helicópteros jogando diversos tipos de sinalizadores ao longe, sobre as montanhas da área de acesso restrito, produzem os mais variados efeitos de luz no céu. Muitos deles com a genuína aparência de UFOs. O próprio Campbell conta que, nas suas primeiras vigílias, chegou a pensar que sinalizadores de magnésio eram os famosos discos voadores que Lazar dizia existir por lá. Esses sinalizadores, como se sabe, são luzes de um brilho muito intenso, que caem lentamente de pára-quedas sobre a área de batalha para aumentar a visibilidade dos soldados inimigos.
Portanto, para distinguir algo realmente incomum sobre o Lago Groom, são necessários muita persistência e olhos treinados para as peculiaridades da região. Pesquisadores experientes já reportaram luzes realizando manobras totalmente estranhas a distância, sumindo e reaparecendo pouco tempo depois. Os avistamentos mais impressionantes falam de objetos voadores muito brilhantes se aproximando das testemunhas em uma velocidade impressionante, e logo depois retornando ao seu ponto de origem, bem como de luzes brilhantes voando sobre o deserto em velocidades acima do som, sem causar estrondo e sem fazer nenhum barulho.
O também ufólogo Chuck Clark, autor do The Área 51 and S-4 Guidebook [Guia da Área 51 e S-4, 2003. Veja mais na próxima edição], é um astrônomo que se mudou para o vilarejo de Rachel em busca de um local privilegiado para observar as estrelas, mas que acabou vendo muito mais do que pretendia. Acostumado a identificar aviões militares, satélites e toda a espécie de fenômenos naturais e astronômicos, testemunhou algo notável em uma noite de fevereiro de 1995, cerca de meia hora após o escurecer. Desde as proximidades da chamada Caixa Postal Preta, o ponto de observação mais famoso da região, Clark observou uma luz pulsante amarelo-esbranquiçado brilhante se levantar verticalmente de uma área próxima ao sul da Área 51 para uma altura estimada de 700 m acima do solo. O objeto flutuou por cerca de 15 minutos, levando-o a acreditar que estava presenciando o lançamento de um sinalizador a partir de um morteiro. O objeto desceu então vagarosamente, de maneira constante e com uma fraca iluminação.
Trajetória errante — Quando chegou na linha do topo das colinas, acima do ponto de onde ele saiu, ficou pairando na parte da frente do cume, virado para Clark, e ele pôde continuar acompanhando a sua descida até chegar a cerca de seis ou 10 m sobre o chão do deserto, nos pés das colinas de Jumbled. Parou nesse ponto e se manteve imóvel, iluminando a areia abaixo dela. Isso ainda estava consistente com o que uma luz de sinalização – algumas vezes errante em sua trajetória – deveria fazer. Por isso, Clark inicialmente não deu muita atenção para ela, não se interessando nem mesmo em usar o seu binóculo de 10 x 50 que estava pendurado em seu pescoço. Após flutuar por alguns segundos, o objeto de repente partiu em velocidade espantosa, voando paralelo ao solo e à direita de Clark por uma distância que mais tarde ele calculou como sendo de 7,6 km. Então parou de repente e novamente ficou flutuando sobre o chão, na mesma altura de seis ou 10 m, com a sua luz ainda iluminando o chão.
Clark imediatamente levou o binóculo até os seus olhos para observar melhor o objeto. E o que ele viu foi uma luz com formato indefinido, bem brilhante, coisa que nunca tinha visto antes. Ele estimou que o diâmetro da luz era de uns oito ou 10 m. O deslocamento de 7,6 km levou cerca de um a 1 segundo e meio. Isso daria uma velocidade de 18.300 a 27.700 km/h! Apesar dessa observação ter sido feita a 20 km de distância do objeto, não houve nenhum som audível nem explosão sônica. Logo depois, o objeto simplesmente sumiu, evaporou, enquanto flutuava pela segunda vez, cerca de dois ou 3 segundos após Clark começar a observá-lo com os binóculos.
Em busca de alguma evidência para a existência do avião secreto Aurora, exatamente às 21h00 de quinta-feira, 15 de dezembro de 1994, um experiente piloto de aviões rumou às proximidades da famosa Caixa Postal Preta. Fazia bastante frio e o c&eac
ute;u estava bem claro, com uma bela Lua cheia. Ele não tinha muita esperança de ver ou ouvir alguma coisa, uma vez que não era quarta-feira, o melhor dia da semana para se flagrar os vôos dos discos voadores, segundo Bob Lazar. Além disso, ele tinha lido que os aviões secretos evitavam voar em noites de Lua cheia devido ao fato de que a luminosidade excessiva facilita a identificação visual dos detalhes de sua construção. Entretanto, já no meio caminho, assim que começou a descer a estrada em direção ao Vale Tikaboo, o piloto notou um brilho irregular, bem fraco, oriundo de algumas luzes avermelhadas sobre a região do Lago Groom.
Logo que chegou, consultou a bússola para estacionar o carro na direção da pista de pouso da Área 51, seguindo as indicações que constam no Guia do Observador da Área 51, de Clark. Usando os binóculos, pôde perceber que essas luzes, e o que quer que as estivesse gerando, eram diferentes de tudo o que já tinha visto na vida. A primeira característica incomum é que as luzes piscavam de maneira irregular, em intervalos de cerca de 15 segundos. Eram uma ou duas seqüências de três a 5 flashes consecutivos em uma freqüência em torno de 1 Hertz [Uma piscadela por segundo].
Luzes estroboscópicas — O intervalo entre as piscadelas era muito menor do que o das luzes de sinalização utilizadas em aviões, mas muito similar às luzes estroboscópicas utilizadas em aviões de carreira para aumentar a visibilidade da aeronave. As cores variavam de rosa a vermelho, e de branco a esverdeado mas, novamente, não tinham nada a ver com as cores das luzes de sinalização utilizadas em aviação para indicar movimentos da aeronave à direita ou à esquerda. O brilho das luzes também variava junto com as cores, do rosa para o vermelho, e do branco para o esverdeado. Mesmo a luminosidade mais forte gerada pelo objeto ainda parecia fraca diante das luzes estroboscópicas dos aviões convencionais.
O mais notável é que a cor e a intensidade da luz emitida parecia estar relacionada à velocidade e a distância com que o objeto se movia. Algo como um impulso de energia a cada troca de cor. Além disso, o objeto parecia ficar totalmente parado no ar entre cada movimento, talvez por causa do efeito estroboscópico causado pelas piscadelas consecutivas. Mas, nem mesmo com a Lua cheia daquela noite, o piloto conseguiu ter alguma idéia do tamanho ou do formato daquele objeto. Também não conseguiu perceber outras luzes no objeto além dessa luz estroboscópica. Logrou notar, porém, que essa luz emitida tinha um alongamento horizontal de algum tipo, algo elíptico ou retangular.
As luzes ou o objeto estavam extremamente bem estabilizados horizontalmente durante as emissões de luz, já que, durante todas as oito horas de observação, em nenhum momento elas perderam o alinhamento horizontal ao piscar, nem mesmo nas manobras mais arrojadas. Em outras palavras, ele não viu nenhuma mudança de direção acontecer durante os flashes de luz. Mais uma vez, talvez fosse por causa do efeito estroboscópico. Os movimentos executados pelo objeto eram bem aleatórios, espasmódicos e em ziguezague. De um impulso para outro, ele se movia para cima, para baixo, esquerda, direita, às vezes muito rapidamente. Mas, nos intervalos entre os impulsos, mantinha-se perfeitamente parado e estabilizado. Cada impulso novo não guardava nenhuma relação com o anterior – em direção ou velocidade. Era como se o objeto não tivesse nenhuma massa ou inércia. Entretanto, quando qualquer um dos objetos queria se mover somente em uma direção, ele conseguia fazê-lo sem problemas.
Show de luzes — Durante todo o período de mais de oito horas em que o piloto esteve observando o objeto, só umas poucas vezes ele pareceu se mover em linha reta. E esses momentos duraram menos de cinco segundos. Devido à maneira como os objetos se moviam, à velocidade e à total independência de movimentos em qualquer direção, deslocando-se como se estivessem sendo “empurrados”, o piloto descartou totalmente a possibilidade dessas luzes serem helicópteros já nos primeiros cinco minutos de observação. Outro detalhe importante é que eles não emitiam nenhum som. Para efeito de comparação, no dia seguinte o piloto pôde observar caças F-15 voando ao longe, e o ruído era perfeitamente audível, mesmo da grande distância em que se encontravam. Também diferentemente dos aviões a jato, esses estranhos objetos não produziam nenhum tipo de fumaça ou rastro, pelo menos em nenhum momento dos dois dias em que o piloto ficou a observá-los.
Procedendo a uma triangulação sobre o mapa da região, para localizar linhas de visibilidade sobre um mapa mediante pontos fixos de referência, o piloto concluiu que os cinco ou 6 objetos observados estavam entre 24 a 38 km de distância da rodovia. Ele podia ver claramente a Montanha Bald coberta de neve, e a utilizou como uma de suas referências principais. Formações com dois ou 3 objetos seguiam na direção norte-sul por trás da Montanha Bald até a parte mais ao norte da área restrita, e depois invertiam o curso, voando na direção sul. Um outro grupo de dois ou 3 objetos voava para leste a partir do sul da pista de pouso do Lago Groom até chegarem próximos aos limites da área restrita, quando invertiam o curso de volta ao ponto de origem. Pelo menos um dos objetos pareceu-lhe ter saído da área restrita, voando continuamente para leste, até se perder de vista.
O show de luzes se manteve de maneira contínua das 21h00 até às 03h00 na primeira noite de observação. E, depois de acompanhá-lo por umas três horas, o piloto pôde discernir um padrão de comportamento. Cerca de cinco ou 6 objetos pareciam levantar vôo de um ponto próximo do Lago Papoose, onde já está a famosa Área S-4, de uma só vez, treinando flutuação individualmente – com movimentos pequenos e espasmódicos centrados em um ponto no ar –, sobre a pista de pouso do Lago Groom por cerca de 10 minutos. Então, passavam a voar em uma grande formação meio indefinida, piscando próximos uns dos outros em um fantástico show luminoso, dentro de uma região compreendida em uma esfera com cerca de três ou 7 km, por mais 10 ou 15 minutos. Depois, separavam-se em dois grupos de dois ou 3 objetos e voavam em formações menores, uma no sentido norte-sul, e outra no sentido leste-oeste. Várias vezes durante esse período de 15 a 20 minutos, ele via um dos objetos de cada grupo se aproximar dos outros, pairando lentamente um sobre o outro e, pelo menos por duas vezes, emitindo um feixe bem fino de uma esp&eacut
e;cie de raio laser, como estivessem se comunicando, antes do objeto se reunir novamente ao grupo.
Depois de um total de cerca de 45 ou 50 minutos de vôo, ambos os grupos se separavam e cada objeto voltava, um de cada vez, na direção do Lago Papoose. Os objetos reapareciam uns 10 minutos depois e o ciclo recomeçava, com cada um deles praticando ziguezague sobre o Lago Groom. Eles se mantinham entre 1.000 e 2.000 m de altura, provavelmente em uma tentativa de ficar abaixo da linha das montanhas, impedindo a visão de quem estivesse mais distante do local. Cerca de uma vez a cada hora, um deles subia a cerca 3.000 m de altura, aparentemente para observar ou controlar a atividade dos outros.
Sistemas não convencionais — Resumindo, o piloto não soube dizer o que eram aqueles objetos, até porque não conseguiu distinguir nada além das suas luzes no céu. Porém, baseado na sua experiência de ex-piloto da força aérea, tendo voado em 11 tipos de caças a jato e cinco tipos de aviões a hélice, com um total de mais de 2.400 horas de vôo, pôde afirmar com certeza que não se tratavam de luzes de helicópteros. Sua visão era 20 x 20, ou seja, perfeita, e além disso estava usando os mesmos binóculos que o acompanhavam já há sete anos em suas observações astronômicas e das corridas de cavalos aos sábados. Ele estava absolutamente convicto de que não eram helicópteros devido às manobras executadas e pela maneira totalmente imprevisível com que os objetos mudavam de direção, sem guardar nenhuma relação com a trajetória anterior.
Ademais, ele havia lido um artigo na edição de fevereiro de 1995 da Aviation Week, especializada em aviação, que dizia que “um tipo de avião tripulado estava sendo testando em Groom Lake utilizando uma cobertura para a fuselagem capaz de mudar de cor e de tonalidade ao ser submetida a descargas elétricas”. Esse suposto avião foi citado separadamente no meio de uma reportagem que falava sobre um novo tipo de projeto secreto de helicóptero. Pareceu-lhe então que uma quantidade significativa de pessoas deveria ter visto a mesma coisa que ele viu, levando alguém na revista a inventar essa história visando ocultar outras coisas. A sua experiência com os meios convencionais de propulsão, aerodinâmica, superfícies e sistemas de controle lhe dizia que aqueles objetos não estavam utilizando nenhum dos sistemas convencionais de controle.