A área com água é absolutamente enorme, aproximadamente do tamanho da Holanda, de acordo com o comunicado, tornando-o um lugar muito promissor para procurar ainda mais água no futuro.
Com a ajuda do ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), da Agência Espacial Europeia (ESA), uma equipe de cientistas fez uma descoberta fascinante: um enorme reservatório de água no fundo do Valles Marineris, o sistema de cânion mais profundo do planeta Marte – 10 vezes mais longo, sete vezes mais largo e sete vezes mais profundo que o Grand Canyon do Arizona, na Terra.
O instrumento detector de nêutrons epitérmicos de resolução fina (FREND) do orbitador mapeou a quantidade de hidrogênio na camada superior do solo que cobre a superfície marciana e encontrou algo que não era esperado nesta zona equatorial: água. É um lugar incomum. A maioria das descobertas de água em Marte até agora foram encontradas perto das regiões polares do planeta na forma de gelo.
“Com o TGO, podemos olhar um metro abaixo desta camada de poeira e ver o que realmente está acontecendo abaixo da superfície de Marte”, disse Igor Mitrofanov, um pesquisador da Academia Russa de Ciências e principal autor do estudo, à revista Icarus. “O FREND revelou uma área com uma quantidade enorme de hidrogênio no colossal sistema de cânions Valles Marineris: assumindo que o hidrogênio que vemos está ligado a moléculas de água, até 40% do material próximo à superfície nesta região parece ser água”, ele adicionou.
Graças à tecnologia do TGO, descobriu-se fontes de água aparentemente de fácil acesso em Marte.
Fonte: ESA
A área é absolutamente enorme, aproximadamente do tamanho da Holanda, de acordo com o comunicado, tornando-a um lugar muito promissor para procurar ainda mais água no futuro. “Descobrimos que Candor Chasma, uma parte central de Valles Marineris, estava cheio de água, muito mais água do que esperávamos”, disse o coautor Alexey Malakhov no comunicado. “Isso é muito semelhante às regiões de gelo permanente na Terra, onde o gelo de água persiste permanentemente sob o solo seco devido às baixas temperaturas constantes.”
Ainda existe a possibilidade de que grande parte dos depósitos de água estejam presos nos minerais, mas há motivos para otimismo. “Em geral, achamos que essa água tem mais probabilidade de existir na forma de gelo”, argumentou Malakhov. “Com essa descoberta, damos um primeiro passo incrível, mas precisamos de mais observações para saber com certeza com que tipo de água estamos lidando”, acrescentou o coautor do estudo, Håkan Svedhem.
“O importante é que se trata de um grande reservatório de água, não muito profundo e facilmente explorável nesta região de Marte.” A descoberta pode nos dar uma melhor compreensão da evolução inicial do planeta vermelho e nos ajudar a ter uma ideia muito melhor de onde procurar por sinais de vida antiga – ou mesmo lugares que um dia poderemos habitar.