Irene Granchi nasceu na Alemanha, em 26 de novembro de 1913, mas teve formação inglesa. Também estudou e morou em Milão e, logo depois de se casar com o italiano Marco Granchi, veio para o Brasil. Naturalizada brasileira “desde os tempos de Getúlio Vargas”, como diz, teve sua vida de pacata dona-de-casa completamente mudada numa tarde de julho de 1947, quando viu, pela primeira vez, um disco voador metálico em formato de tampa de panela pairando sobre o sítio em que morava no município de Vassouras, interior do Rio de Janeiro. Desde então, se deu conta de que não teria paz enquanto não soubesse tudo a respeito do que acabara de presenciar.
O início da carreira desta que é a primeira ufóloga brasileira e respeitadíssima na área em todo o mundo é o retrato da garra, da força de vontade e do esforço, sem se importar com os riscos que recebeu e o cansaço que a acometia em suas investigações ufológicas. Carregando um gravador de 15 kg numa mão e dezenas de outros apetrechos na outra, subia e descia morros do Rio de Janeiro atrás de UFOs e suas testemunhas. O resultado de tanta atividade garantiu a Irene o incontestável mérito de ser a grande pioneira da Ufologia Brasileira. Poliglota, a nossa “representante de saias” foi aos poucos conquistando prestígio internacional. Desde os primórdios da Era Moderna dos Discos Voadores, conviveu com ufólogos como Joseph Allen Hynek, Jim e Coral Lorenzen, Gordon Creighton, Olavo Fontes e tantos outros com os quais manteve íntimo relacionamento e troca de informações, o que proporcionou boa soma de conhecimentos passados à Comunidade Ufológica Brasileira.
Vi um disco voador pela primeira vez em julho de 1947, em Vassouras, Rio de Janeiro. Como naquele tempo não se falava em UFOs e eu era bastante racional, comecei a indagar aquilo. E pensei: não vou ter paz enquanto não me dedicar de corpo e alma ao estudo destes objetos
Na noite de 17 de agosto de 1968, Irene retornava para sua casa, depois de ter visitado um amigo no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, quando avistou um UFO pela segunda vez. Era por volta das 21h15 e, enquanto esperava o ônibus, o objeto fez um show para ela. Toda sua família, incluindo o marido, foram testemunhas de avistamentos ufológicos ao longo de suas vidas. Para Irene, há uma “propensão inata” para que uma determinada família seja visada pelos UFOs, no que concorda sua filha, a artista plástica carioca Chica Granchi. Ambas são integrantes da Revista UFO desde sua criação. Irene é presidente de honra do Conselho Editorial da publicação e Chica é consultora.
Em 1978, em parceria com a Hunos Editorial, Irene lançou a revista OVNI Documento, o primeiro veículo brasileiro inteiramente dedicado à Ufologia, antecessora direta da UFO. A publicação, no entanto, durou apenas dois anos e teve somente oito edições, fechando as portas e enlutando a Ufologia Brasileira. Foi devido a isso que surgiu a Revista UFO, tendo em Irene uma fonte de inspiração direta e constante. A OVNI Documento tinha um corpo de colaboradores de peso, que incluía nomes como o citado Hynek, Silvio Lago, Flávio Pereira, Fernando Cleto Nunes Pereira [Veja seção Diálogo Aberto da UFO 132], Mário Martins Ribeiro, Bob Pratt, Bill Chalker, Décio Estrela Maia, Húlvio Brant Aleixo [Veja seção Diálogo Aberto da UFO 138] e o general Alfredo Moacyr Uchôa. Entretanto, a união de esforços em prol da excelência não foi suficiente para driblar a falta de patrocínio, de recursos e as sucessivas crises econômicas, obrigando Irene a encerrar precocemente suas atividades. Hoje, as edições da OVNI Documento são avidamente disputadas em sebos e zelosamente preservadas por colecionadores.
Em 1988, a ufóloga dirigiu o documentário sonoro Contatos Imediatos ao Vivo, roteirizado por Luiz Carlos Maciel, narrado por Alfredo Canthé e editado pela empresa produtora Serapis Bey, do Rio de Janeiro. No lado A da fita cassete havia um pequeno histórico sobre os discos voadores, com depoimentos de ufólogos e testemunhas, incluindo um trecho citando o então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kurt Waldheim. Batalhadora incansável, Irene participou como conferencista em dezenas de eventos, simpósios e congressos. O Centro de Investigações Sobre a Natureza dos Extraterrestres (CISNE), fundado por ela em 1982, realizou mais de 12 concorridos encontros, entre eles aquele que foi, sem dúvida, o maior acontecimento de sua carreira e, talvez, um dos mais profissionais conclaves de pesquisadores já ocorridos no Brasil, o IV Congresso Internacional de Ufologia (CIUFO), realizado no Rio de Janeiro, de 03 a 06 de setembro de 1986. Entre seus convidados estavam os maiores nomes da Ufologia da época. O evento foi um marco e uma das grandes contribuições da ufóloga à “causa dos UFOs”, como costuma dizer.
Aos 80 e tantos anos, Irene ainda mantinha o mesmo ritmo de trabalho de quando começou a pesquisar os UFOs a fundo, em 1954. E, a julgar pelo cenário de seu apartamento na Rua das Palmeiras, no bairro Botafogo, repleto de livros sobre Ufologia em vários idiomas e de pastas bem arrumadas contendo recortes de jornais e revistas, ela estava longe de parar. Em complemento ao material escrito, Irene guardava ainda dezenas de depoimentos colhidos por ela de pessoas que mantiveram contatos com os seres extraterrestres ou que testemunharam de alguma forma a presença de discos voadores. “Esse material para mim vale ouro e foi graças a ele que escrevi um livro mais dirigido a estrangeiros”. Ela se refere à obra UFOs: Brazilian Cases Histories [Horus House Press, 1995], que relata casos ocorridos no país no período de 1950 a 1975. O livro é tradução de UFOs e Abduções no Brasil [Novo Milênio], lançado aqui em 1992.
Hoje com 94 anos, Irene Granchi está completamente inativa na Ufologia. Há cinco anos foi acometida de grave diabetes, com seqüelas visíveis. Sua memória está imensamente prejudicada, assim como sua visão e audição. Mesmo assim, em março, a grande “matriarca da Ufologia Brasileira” recebeu seus “afilhados” Marco Antonio Petit, Rafael Cury e A. J. Gevaerd, e com muito esforço os reconheceu e os saudou, num momento de grande emoção [Veja depoimento na seção Mensagem do Editor da UFO 144]. Há alguns anos, a ufóloga concedeu esta entrevista exclusiva a Cláudio Tsuyoshi Suenaga e Pablo Villarrubia Mauso, em que fala de maneira franca sobre o início de sua carreira, suas primeiras dificuldades, suas primeiras conquistas, os pesquisadores que conheceu, os casos que estudou, e sobre a situação da Ufologia no Brasil e em todo o mundo.
Como surgiu seu interesse pelos UFOs? Foi quando vi um disco voador pela primeira vez, em julho de 1947. Naquele tempo, eu e minha família morávamos em um sítio em Vassouras, interior do Rio de Janeiro. Eram mais ou menos 15h30 quando fui à horta colher alface para o jantar e vi um objeto aparecer no horizonte, se aproximando até a altura dos eucaliptos. Tinha um brilho impressionante, era metálico e possuía uns círculos desenhados, como uma tampa de panela. Eu era dona-de-casa na época, por isso a comparação. Como naquele tempo não se falava em discos voadores e eu era bastante racional, até mesmo cartesiana, comecei a indagar o que seria aquele estranho objeto que se movia lentamente em movimento oscilatório acima e ao longo da estrada de ferro local. De repente, apareceram algumas idéias esquisitas na minha cabeça, que naquele tempo eu não sabia o que eram, mas hoje sei que eram mensagens telepáticas. A primeira delas foi: “Esse é um objeto manufaturado”. A segunda: “Mas não foi manufaturado aqui na Terra”. E a terceira: “Você não vai ter paz enquanto não se dedicar de corpo e alma ao estudo destes objetos”. Vários pensamentos vieram à minha cabeça no momento, mas o que mais permaneceu foi o de que jamais conseguiria descansar enquanto não soubesse o máximo sobre o que acabava de ver. E aqui estou, mais de cinco décadas depois, ainda nesta procura.
Quais as maiores dificuldades que a senhora enfrentou para levar adiante a pesquisa ufológica? A falta de tempo e de recursos é a maior delas. Estou sempre recebendo visitas, sempre fazendo pesquisas e mantendo intercâmbio com outros pesquisadores. Mas, infelizmente, não sou uma pessoa abastada e sequer posso manter empregada fixa. Então, eu mesma sou obrigada a cozinhar, a ir ao supermercado, ao banco etc, o que me consome um tempo estúpido e me impede de produzir ainda mais pesquisas ufológicas.
Suponho que o início de sua “carreira” de ufóloga deve ter sido difícil. Mas, no princípio, em meio às primeiras dificuldades, a senhora não teve desejo de abandonar a tarefa? Difícil, só se for com respeito à falta de tempo ou de dinheiro, como disse. Uns 10 anos após começar minha “carreira”, já morando no Rio, eu lecionava inglês na Cultura Inglesa e me sobravam pouquíssimas horas, nos sábados e domingos, para me dedicar à Ufologia. Financeiramente, a dificuldade estava no volume da despesa que tinha com correspondência, principalmente para o exterior, além da impossibilidade de me locomover para investigar casos ocorridos longe de onde morava. Como não tínhamos carro, precisava ir de ônibus, sozinha, pesquisar aparições em lugares muito distantes, a três ou quatro horas de viagem do Rio. Uma vez, em Paulo de Frontim, no interior do estado. Lá, até o vice-prefeito já havia visto UFOs e eu me hospedei em sua fazenda, podendo também observar o fenômeno. Era uma pequena estrela que se movia lentamente. Em minhas pesquisas, o difícil era subir e descer morros a pé, atrás de testemunhas de UFOs e locais de pouso. Tinha que carregar gravador – e era daqueles grandes –, livros, revistas, máquina fotográfica etc, tudo para poder efetuar minhas investigações. Mas isso já é dos anos 70 para cá. De qualquer forma, ninguém achava graça daquilo. Eu era sempre bem recebida e acolhida. E apesar de todas as dificuldades, porém, nunca desejei abandonar o trabalho, mesmo tendo sido taxada de louca por meus próprios colegas na Cultura Inglesa, que me chamavam de “maga voadora”, do inglês flying sorcerer, cuja pronúncia é muito parecida com flying saucer, que significa disco voador. Mas, se meus colegas professores gozavam, já meus alunos gostavam e me respeitavam bastante. Muitos chegaram a aprender sobre Ufologia.
Quando a senhora começou suas pesquisas, entrevistas com testemunhas e levantamentos no campo, não houve restrição ao fato de ser mulher? Na verdade, iniciei inocentemente, sem saber que estava fazendo pesquisa. Por causa de minha própria experiência com UFOs, comecei a interrogar todo mundo por perto. Descobri, por exemplo, que nossa lavadeira, uma portuguesa que também era nossa vizinha, tinha ouvido um estranho barulho e, ao se dirigir para o quintal, viu um objeto “igual àquele que a senhora descreveu”, disse-me uma vez. Muitas pessoas haviam visto UFOs: minha família, o mecânico da oficina próxima, os empregados das fazendas da região. Um destes observou um UFO e chegou a dizer que pensou ser “o avião do Juscelino [Kubitschek]. Não sabe? O avião dele é redondo”. Mais tarde conheci o doutor Paulo Coelho Neto, um estudioso que começou a escrever livros sobre o assunto, já falecido. Ele morava em Vassouras também, e era um verdadeiro pioneiro da Ufologia. Mas, quanto ao fato de eu ser mulher, foi algo que não me atingiu no sentido de crítica. Nunca senti qualquer restrição por isso, acho que por ter sido um pouco independente, por ter recebido educação européia, pois só vim para o Brasil depois de casada. Contudo, creio que fui a primeira ou uma das primeiras mulheres a se ocupar com os discos voadores seriamente.
O Bühler dizia que eu era espiã norte-americana e eu ficava indignada cada vez que ouvia isso. Se tivesse sido, ou ainda fosse espiã, estaria rica. Vivo da pensão do meu marido e de minha aposentadoria de professora da Cultura Inglesa. Também falam que eu fui perseguida pelo regime militar, mas isso nunca aconteceu
Pesquisar Ufologia deve ter trazido algumas dores de cabeça, não? Qual foi a maior que a senhora já teve? A mais prolongada foi a incompreensão de minha família. Meu falecido marido tinha ciúmes do tempo que eu dedicava à Ufologia, e que tinha que sacrificar o dele. Seu ciúme era até justificável, admito. Meus três filhos, embora acreditassem em UFOs, enjoavam de me ouvir falar tanto no assunto. Fora de casa, também havia alguns problemas, como sorrisinhos mofos, críticas etc, tudo movido por pura ignorância e temor que muitas pessoas tinham do assunto. Por outro lado, muitas vezes tive a preciosa ajuda dos associados do CISNE [Sua entidade, chamada Centro de Investigação Sobre a Natureza dos Extraterrestres], mas ainda assim o trabalho maior é comigo mesma. Para manter minha correspondência, por exemplo, até faltava a compromissos, entre eles até os de dona-de-casa. Desculpe o desabafo! Acho que muitos de meus colegas pelo Brasil afora têm problemas parecidos. Publicamente, até que não tenho muito do que me queixar. Mas apesar disso, morro de medo cada vez que tenho que falar em público, e até hoje este sentimento de temor me acompanha quando tenho que fazer alguma conferência. Por isso agradeço aos meus alunos e ao público que as assiste, por serem tão generosos comigo.
Da mesma forma que surgiram os problemas, a senhora teve algum benefício pessoal pesquisando Ufologia, ou mesmo benefício material? Veja, profissionalmente, sempre me mantive como professora, estando agora aposentada. Dentro da pesquisa ufológica, a única coisa que posso dizer, relativa a finanças, é que jamais tive perdas financeiras nos muitos congressos de Ufologia que já organizei através do CISNE. Mas também não tive lucros, a não ser o suficiente para cobrir despesas básicas, como telefone, correspondências etc. Nunca tive vantagens ou benefícios materiais com Ufologia, mas tive e tenho benefícios de outros tipos: as amizades que consegui através destes anos todos, os momentos felizes que passei com meus associados e até com testemunhas de observações de UFOs etc. Tudo contribuiu para que eu me apegasse ainda mais à Ufologia. Mas hoje as coisas não estão fáceis! Pesquisar discos voadores se tornou algo bem mais difícil, pois é preciso ter realmente coragem. Isso é o que posso dizer aos que pretendem entrar neste “barco” também. É como o desabrochar de uma flor. Poder contemplar o crescente interesse que o mundo vai adquirindo pelo nosso assunto, o assunto do milênio.
A senhora acha justo o ufólogo auferir algum tipo de proveito ou lucro com suas atividades? Não estamos falando em fazer dinheiro à custa dos UFOs, mas em receber remuneração por trabalho prestado. Claro que sim. Neste mundo, não vivemos de ar! Precisamos ter recursos para viver. Porém, não concordo que se faça da Ufologia um meio de vida, pelo menos não por enquanto, porque isso pode pôr em risco a honestidade e a autenticidade do trabalho. Para sermos específicos, acho muito certo remunerar o ufólogo que verdadeiramente contribui com a pesquisa ufológica, realizando cursos ou conferências, escrevendo artigos para revistas ou jornais e, desta maneira, representam algum lucro para quem encomenda suas atividades. Ai deve haver remuneração, pois o ufólogo despende seu tempo útil para realizar tais atividades, enquanto poderia estar ganhando a vida com outros tipos de trabalho. Mas quando a Ufologia for tratada em universidades, quando for reconhecida como ciência, aí a coisa pode mudar de figura e poderá haver aqueles que viverão dela. Mas não no momento, em minha opinião.
A revista OVNI Documento, que a senhora editou, foi a primeira sobre Ufologia no Brasil? Foi. E foi ela que inspirou o A. J. Gevaerd a criar a Revista UFO, que já existe há tantos anos e de cujo Conselho Editorial sou a presidenta de honra, ao lado do meu colega paulista Flávio Pereira.
Como nasceu o Centro de Investigação Sobre a Natureza dos Extraterrestres? Em 1982, quando o médico e ufólogo Max Berezovski, então presidente da Associação de Pesquisas Exológicas (APEX), de São Paulo, interrompeu as atividades de seu grupo, eu me ofereci para continuar com a APEX aqui no Rio, mas ele se recusou. Foi assim que decidi fundar uma entidade própria, o CISNE. Depois, tive poucos contatos com o Max, embora continuemos amigos.
Seu apartamento é decorado com pinturas de discos voadores. Quem pintou esses quadros? Um pintor primitivista que expõe e vende seus trabalhos na Praça General Osório, onde aos domingos é realizada uma feira hippie. Esses quadros eu comprei para servirem de capa para a edição norte-americana de meu livro UFOs e Abduções no Brasil.
Quem a senhora acha que teve papel fundamental no desenvolvimento da Ufologia até onde estamos? E quem tem este papel nos dias de hoje? Vários, mas em âmbito mundial, o nome mais conhecido é o do astrofísico Joseph Allen Hynek, fundador do Center for UFO Studies [Centro de Estudos de UFOs, CUFOS], um dos mais conhecidos nos Estados Unidos. Hynek viajava o mundo inteiro proferindo conferências e apresentando suas pesquisas. No Brasil, onde esteve três vezes, chegou a se apresentar no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Isso foi em 1975, e os jornais deram enorme destaque, porque senadores e deputados federais o ouviram e o aplaudiram intensamente. Outro nome conhecido é o do francês René Foueré, que dirigiu a revista Phénomènes Spatiaux, altamente qualificada e teor de elevadíssimo nível. Também da França tivemos Aimée Michel, matemático e autor que descobriu a ortotenia, um levantamento que pressupõe um sistema de vôo de UFOs em linhas geométricas, descoberto a partir das linhas entre as cidades francesas de Bayonne e Vichy. Da abreviação das iniciais dela que vem a expressão Corredor Bavic. Dos Estados Unidos tínhamos ainda o casal Jim e Coral Lorenzen, que durante 32 anos ininterruptos publicaram o The APRO Bulletin, e ditado pela mais antiga organização ufológica do mundo, a Aerial Phenomena Research Organization [Organização de Pesquisas de Fenômenos Aéreos, APRO], com representantes em todo o mundo, hoje extinta. Eu a representei no Brasil. Todos os citados, infelizmente, já faleceram, mas deram sua enorme contribuição à pesquisa ufológica.
A senhora tem mais algum nome para nos dar? Sim, vários. Da Espanha tivemos o Antonio Ribera, autor de vários livros, entre eles Seqüestrados pelos Extraterrestres e Um Caso Perfeito. Era um grande pesquisador e uma grande pessoa também. Ainda da França temos dois outros grandes ufológicos, o Jimmy Guieu, escritor e pesquisador há 50 anos, e Jacques Vallée, matemático, astrofísico e conferencista que agora trabalha na NASA. Agora, apesar de todos estes nomes, não creio que haja alguém que preencha o espaço deixado com o falecimento do doutor Hynek. Ainda assim, numa outra linha, o major Colman VonKeviczky, já falecido, foi um forte candidato. Com sua insistência em alertar os governos do mundo sobre o perigo de uma confrontação entre terrestres e extraterrestres, VonKeviczky, que já veio ao Brasil uma vez, era conhecido mundialmente. Pensando bem, nesta relação eu incluiria também todos os que editaram revistas sobre Ufologia. E pela dedicação e até teimosia que tem demonstrado em continuar seu trabalho neste campo tão difícil, citaria o Gevaerd, que há mais de duas décadas edita a UFO com determinação e arrojo. Também não poderia deixar de falar do Ademar Eugênio de Mello, também falecido, que em suas longas e brilhantes conferências apresentou os mistérios do passado em conexão com a Ufologia.
O ufólogo e médico Walter Karl Bühler [Presidente da extinta Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores, SBEDV, já falecido] dizia que a senhora era espiã norte-americana… Fico indignada cada vez que ouço falar isso. Se tivesse sido, ou ainda fosse, estaria rica. Vivo da pensão do meu marido e de minha aposentadoria de professora da Cultura Inglesa. É só com esse dinheiro que eu sobrevivo. Também falam que eu fui perseguida pelo regime militar, durante a Ditadura, mas isso nunca aconteceu.
Fale-nos um pouco sobre o ufólogo e jornalista norte-americano Bob Pratt, com quem a senhora mantinha forte intercâmbio. O Bob Pratt trabalhava no jornal National Inquirer, e nesta função veio ao Brasil em várias oportunidades para pesquisar UFOs, principalmente na Amazônia e no Nordeste. Eu citei alguns casos que ele investigou em meu livro, o que o agradou bastante. Pesquisamos alguns episódios juntos, como o Caso Hermínio e Bianca Reis. A aventura deles começou em 1976, numa noite de janeiro, quando viajavam de carro do Rio de Janeiro para Belo Horizonte. Era muito tarde e a visão do que lhes pareceu um balão luminoso no céu os fez parar o veículo, e daí fora, seqüestrados com carro e tudo para dentro da espaçonave. Lá dentro, Hermínio e Bianca, ele um ex-pastor das Testemunhas de Jeová e ela uma dona-de-casa, foram recebidos por um ser alto e belo, chamado Karran. Era um extraterrestre que se tornou amigo do casal. Aquele foi o primeiro de uma série de encontros que tiveram com o tal ser. Mas o assunto se tornou delicado quando Hermínio divulgou detalhes impressionantes sobre discussões de caráter teológico que mantivera com o Karran, chegando a fazer profundas declarações sobre a origem da vida na Terra.
Quem nega o Caso Barra da Tijuca é de uma geração mal informada e que fica no diz que diz. Eu sei que as análises computadorizadas mostraram várias discrepâncias, entre elas a posição do objeto e do Sol em relação à paisagem, mas eu acredito mais na pessoa que fotografou, o Keffel, do que nas análises posteriores
A senhora considera este caso verídico? Sim, não tenho nenhuma dúvida disso. Um ano depois que aconteceu, fui procurá-los aqui em Madureira, subúrbio do Rio, onde moravam, e depois os trouxe à minha casa para estudá-los melhor. Entretanto, a fama subiu-lhes à cabeça e posteriormente eles passaram a inventar muitos fatos. Manifestaram aquilo que se convencionou chamar de “síndrome do contatado”. Há alguns anos, a Bianca chegou a dar um curso em Brasília cobrando mil dólares por pessoa. Ela se separou do marido e se casou com um rapaz muito simpático, muito bonzinho, bem diferente do Hermínio.
Eles falavam que os ETs na nave usavam capacetes com fios, para uma espécie de tradução entre o idioma deles e o nosso. Isso não soa um tanto arcaico ou esdrúxulo para a senhora? Não. Os capacetes faziam parte do equipamento de tradução. Os pesquisadores que disseram que aquilo era muito primário, pois achavam que fios não se coadunavam com uma tecnologia tão avançada, se esqueceram de que não estamos sendo visitados por uma única raça de ETs, mas por pelo menos 60 raças diferentes. Portanto, alguns são mais adiantados em certos aspectos e atrasados em outros.
A senhora pesquisou um caso ocorrido em 1930, 17 anos antes do início da Era Moderna dos Discos Voadores. É o Caso Rute Veiga, que viu um objeto com dois “olhos” e “pernas”. Fale-nos sobre ele. Foi um caso bem interessante. O capim ou o gramado sobre o qual o UFO pairou se tornou cinza. A Rute disse que o objeto lembrava um monstro. Quando ele apareceu, o marido, pensando que era um assaltante, foi pegar a espingarda, enquanto ela se ajoelhou na cama para observar pela janela o que era aquilo. Ela então gritou, espantada: “É um monstro!” O objeto atravessava o campo devagar, bem defronte à casa dela, onde, do outro lado, havia uma queda d’água. O artefato ia até lá e voltava, fazendo isso várias vezes. Não sei se ela ainda está viva, pois perdi contato não só com ela mas com todos de sua família, da qual vários membros também tiveram experiências ufológicas.
Em 07 de maio de 1952, o fotógrafo Ed Keffel e o repórter João Martins, da revista O Cruzeiro, fotografaram um disco voador na Barra Tijuca, inaugurando a Ufologia no Brasil. Alguns dias depois, oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) tentaram reproduzir as fotos atirando tampas de panelas para o ar. Jornalistas estrangeiros ouviram de pescadores o boato de que estavam jogando falsos discos para o ar. O médico e ufólogo Olavo Fontes mandou as fotos para a APRO, nos Estados Unidos, e o Relatório Condon, de 1969, não as considerou verdadeiras. Posteriormente, os ufólogos Carlos Alberto Reis e Claudeir Covo [Co-editor da Revista UFO] concluíram que as fotos foram fraudadas. Quais as considerações que a senhora faz hoje do Caso Barra Tijuca? Eu conheci a fundo o João Martins. Já o Keffel, um alemão daqueles antigos, não cheguei a conhecer tão profundamente. Ele tinha feito inovações técnicas que todos os fotógrafos do mundo vinham adotando. Portanto, são duas pessoas de confiabilidade total. Eu tenho uma declaração deles, escrita à mão e assinada por ambos, e ainda passada em cartório, confirmando que fotografaram mesmo um disco voador na Barra da Tijuca. Em 1971, fui aos Estados Unidos participar de um simpósio da APRO, no Arizona, e lá colocaram em dúvida o caso. Assim que retornei, exigi essa declaração de veracidade deles. Quanto aos militares que jogaram os pratos no ar, constataram que não era possível reproduzir as fotos tal como haviam sido obtidas. Quem nega o caso é de uma geração mal informada que fica no diz que diz. Eu sei que as análises computadorizadas mostraram várias discrepâncias, entre elas a posição do objeto e do Sol em relação à paisagem, mas eu acredito mais na pessoa que fotografou, no caso o Keffel, do que nas análises posteriores. Porque a técnica é muito falha.
Em seu livro UFOs e Abduções no Brasil, a senhora diz que um médico e sua esposa haviam visto o disco voador da Barra da Tijuca, em 07 de maio daquele ano, mesmo dia em que as fotos foram feitas, mas que haviam se calado. Por quê? Eu não conheci pessoalmente esse médico. Só falei com ele pelo telefone e ele me enviou uma carta relatando que na época estava querendo entrar para a Marinha e tinha uma namorada. Naquele tempo, um sujeito que saía com a namorada, não sendo noiva, e a levava para um lugar deserto na Barra da Tijuca, era mal visto. Então ele não quis declarar em público o que eles viram, com receio da família da moça.
Um dos casos mais curiosos que a senhora pesquisou é o da tampa de caneta Parker furada, que ocorreu entre 1952 e 1954. No seu livro, a senhora conta que o Senhor E viu um UFO defronte a garagem da casa onde ele morava. Um mês depois, ele estava no centro da cidade quando foi fitado por um homem com chapéu e capa de chuva escura, e seus olhos não tinham canais lacrimais. O Senhor E pegou um táxi para o bairro de Botafogo e, quando lá chegou, o homem estava lá fitando-o novamente. Em outra noite encontrou-se com o mesmo personagem e sentiu algo ferir seu rosto e queimá-lo. Nisso, o Senhor E deixou a caneta Parker cair no chão e, no dia seguinte, encontrou sua tampa com um furo. Como a senhora chegou a esse caso? Eu estava dando uma palestra num colégio jesuíta aqui no Rio e na platéia havia uns 500 estudantes e o ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira. Em certo momento, acho que no fim da palestra, um amigo do Senhor E veio a mim e me contou a história, entregando-me a tampa furada da caneta Parker, que guardo até hoje. O Senhor E morava no centro da cidade e, movido por um impulso, resolveu dar uma volta nos arredores, encontrando-se com o homem de chapéu e capa de chuva. Pela ordem, primeiro ele se encontrou com esse homem embaixo de chuva, no centro da cidade. Aí passou um amigo e deu carona para ele. O Senhor E fez um retrato falado desse homem para mim. Aí, quando desceu do carro, o Senhor E viu a pessoa na frente dele de novo. Como é que ela tinha ido parar lá se instantes atrás estava no centro da cidade? Não teria dado tempo. Alguns dias depois, o Senhor E estava fazendo os preparativos para o aniversário da filha, quando viu um disco voador passando no céu e, no susto, deixou a ferramenta com que trabalhava cair da mão dele. Dias depois é que ele teve o impulso de sair para a rua. Pegou o carro e foi na direção da praia do Leblon, que naquele tempo era deserta. A certa altura ele parou o carro e aquele ser apareceu de novo. Desta vez, conversaram sobre muitos assuntos, entre eles astronomia. Como nessa época ele era comerciante, tinha o costume de andar com uma caneta na orelha. E quando o estranho homem foi embora, o Senhor E encontrou no chão do carro a caneta dele com a tampa furada.
Interessante. Falemos agora de outro fato. A senhora referenda o caso do suposto contatado suíço Eduard “Billy” Meier? Ainda não cheguei a uma conclusão definitiva para tomar uma posição favorável ou contrária ao Meier. Não vou cometer os mesmos erros que outros pesquisadores cometeram no passado. O George Adamski, por exemplo, que já foi ridicularizado, hoje é aceito. Só o tempo vai dizer.
Em 14 de dezembro de 1954, a população de Campinas (SP) assistiu às manobras de três discos voadores. Um deles, amparado pelos outros dois, oscilava bruscamente e emitia sons mecânicos distorcidos. Antes de desaparecerem no meio das nuvens, o que apresentava defeitos descarregou de sua parte inferior um líquido prateado. Telhados, ruas, calçadas e até mesmo as roupas que secavam nos varais ficaram salpicados com o material que ia se solidificando conforme esfriava. O químico Risvaldo Maffei, que fez os primeiros exames, revelou que se tratava em grande parte de estanho [90%], misturado a outros metais, sendo, portanto, “o mais puro estanho jamais achado na Terra”. De acordo com Maffei, àquela época, em nenhum lugar do nosso planeta, uma concentração tão alta como aquela, com pureza tão perfeita, poderia ser obtida. A senhora pesquisou este caso? Eu estive em Campinas com uma equipe da Nippon TV Network, do Japão, e entrevistei uma senhora que na época tinha uns 12 anos de idade. Ela ouviu o estrondo e viu o disco caindo. Ela saiu com o irmão dela à noite e encontrou diversos fragmentos no chão. O irmão não deixou que ela os recolhesse temendo que fossem “coisas de terroristas”. Na manhã seguinte ou naquela mesma noite chegou a Aeronáutica e tirou tudo que havia lá, inclusive pedaços grandes do disco, e levou para São José dos Campos (SP). Essa última parte eu soube através da filha da dona Maria Augusta Rodrigues, cujo tio era general naquela cidade.
Vamos tratar de mais alguns casos específicos da Ufologia Brasileira. Quais as ponderações que a senhora faz sobre o Caso Máscaras de Chumbo? O parapsicólogo Silvio Lago, que investigou o episódio, era um grande amigo meu. Para ele, a morte dos dois técnicos em eletrônica não passou de algo natural ou de um assassinato. Ele não quis encarar o lado ufológico do caso, e acho que falhou nisso. Eu considero o caso ufológico.
A senhora conheceu o Tiago Machado, que foi ferido na perna pelo tripulante de um UFO que pousou na cidade de Pirassununga em 1969? Quando o caso aconteceu, ele foi chamado pela antiga TV Tupi, e foi quando eu o conheci pessoalmente. Um dos meus filhos foi junto. Tinha uns militares lá, que fizeram com que o Tiago arregaçasse a calça para mostrar a ferida supostamente feita pelos ETs. Eu e meu filho vimos o ferimento na perna do Tiago.
O maranhense Antonio Alves Ferreira desenvolveu poderes paranormais de uma maneira incrível após sua abdução. Eu tinha uma coleção de talheres entortados mentalmente por ele. Os fenômenos eram espontâneos e ele os produzia sem querer. Um dia alguém começou a dizer que aquilo era uma energia negativa, mas nada indicava que fosse mesmo
E sobre o Caso Itaperuna, protagonizado pelo Paulo Caetano Silveira, que a senhora investigou, o que pode nos dizer? O Paulo Caetano foi abduzido pela primeira vez em 22 de setembro de 1971, quando tiraram amostras do sangue dele na nave. Em decorrência disso, ele sofreu graves distúrbios. E disse que conseguiu fotografar os UFOs que o abduziram. Mas não soube se ele continuou tendo contatos depois disso, pois nunca mais pude voltar a Itaperuna. De qualquer forma, conservo a gravação da entrevista que fiz com ele, bem como com a dona do hotel em Itaperuna, a moça que viu o UFO à noite, bem no horário da novela. Todos os hóspedes do hotel também viram.
Em 26 de julho de 1972, um público de mais de cinco mil pessoas testemunhou o sobrevôo de UFOs sobre o Estádio Godofredo Cruz, em Campos de Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, durante o jogo entre os times do Sapucaia e do Americano. A senhora pesquisou o caso? Eu falei com o chefe de polícia local e o subprefeito na época, que era diretor do time de futebol lá de Goytacazes. Eles me descreveram isso. Depois falei com um juiz, que confirmou o fato, pois estava assistindo ao jogo. A metade dos torcedores viu os objetos. O mais interessante é que, naquela noite, a dona Augusta Rodrigues, que era ufóloga e tinha uma propriedade próxima da cidade, viu várias formações de discos no céu. O motorista dela e o sobrinho também viram, além de outras pessoas.
Um dos casos mais famosos que a senhora investigou é o da pianista Luli Oswald, abduzida na noite de 15 de outubro de 1979, quando viajava de carro, guiado por um amigo de seus filhos, com destino a Saquarema, no litoral norte do Rio de Janeiro. Fale-nos dele. A Luli era minha amiga, já faleceu. Ela era membro honorário do CISNE. O rapaz que a acompanhava na ocasião da abdução era um estudante, filho de dentista, amigo dos filhos da Luli. Eu entrevistei os dois, ele e a Luli, na casa do filho do cineasta e diretor de novelas Carlos Manga, apenas dois ou três dias depois de ter acontecido aquilo com eles. O fato é legítimo e muito interessante. A Luli ficou muito impressionada com o seqüestro e com a ação daqueles alienígenas.
Outro personagem interessante da Ufologia Brasileira é o suposto contatado maranhense Antonio Alves Ferreira. A senhora confirma que ele desenvolveu poderes paranormais após sua alegada abdução? Sim, ele desenvolveu os poderes paranormais de uma maneira incrível. Eu tinha uma coleção de talheres entortados mentalmente por ele. Na época em que os fenômenos começaram a acontecer, ele veio ao Rio de Janeiro a meu convite para participar de um evento que organizei. Eu morava em um apartamento que tinha uma varanda e por causa dos meus netos, que eram pequenos, mandei fazer grades para evitar que caíssem. O Antonio foi à varanda junto com o Júnior, e daí a pouco voltou de lá correndo e dizendo: “Ah, dona Irene, me desculpe, olha o que eu fiz”. Ele havia entortado uma das barras da varanda só com o olhar. Os fenômenos eram espontâneos e ele os produzia sem querer. Em determinado momento alguém começou a dizer que aquilo era uma energia negativa, e que, portanto, não devia ficar em casa com todos aqueles talheres entortados. Assim, recomendaram que eu doasse tudo ao Instituto de Parapsicologia do Rio de Janeiro (IPRJ), que os colocou numa vitrine junto com outras coisas. E não é que o IPRJ foi assaltado e roubaram todo o material?!
A senhora ainda mantém contatos com o Ferreira? Não. Ele morava lá em São Luís, no Maranhão, mas depois se mudou para Brasília e nunca mais o vi. Tenho várias fitas gravadas por ele, supostamente falando com os extraterrestres que o contatavam volta e meia. Às vezes ele aparece falando em português, ou melhor, faz as perguntas em português, mas não traduz as respostas que são deixadas na gravação pelos ETs. Uma funcionária da Embaixada da França, em Brasília, mandou traduzir certas palavras e encontrou muitas contradições. Ele é uma pessoa difícil, como a maioria dos abduzidos, pois são pessoas que mudaram de personalidade. A maioria ou a quase totalidade dos abduzidos acaba desenvolvendo poderes paranormais.
Qual a diferença entre seqüestro e abdução? Quando uma pessoa humana leva outra consigo contra a vontade, trata-se mesmo de um seqüestro, o que tem acontecido muito ultimamente. Mas quando um ser extraterreno faz o mesmo com um terreno, aí é o que chamamos de abdução. E feliz do ser humano que embarcar num disco voador, mesmo sem querer ir.
Fala-se que membros de determinadas famílias são abduzidas geração após geração. Por que isso ocorre? Ao longo de minhas pesquisas encontrei muitas famílias cujos membros vêm sendo abduzidos há décadas. Isso ocorre realmente. Penso que os ETs estão conduzindo estudos genéticos e averiguando quais seriam os graus de intuição e conexão de cada membro de determinada família.
Qual foi o caso que mais a impressionou, ocorrido na Ufologia Brasileira? Foi o caso do Antonio Villas Boas, ocorrido em São Francisco de Salles (MG), em 1957. E por vários motivos. Primeiro, e mais significativo, porque foi um dos casos iniciais de abdução para fins genéticos. Segundo, por ter sido pesquisado pelo médico e ufólogo Olavo Fontes, cuja seriedade e integridade estão acima de qualquer dúvida. E, também, por eu ter conhecido o próprio Antonio Villas Boas pessoalmente, assim como sua esposa, Regina. Quando eu o conheci, ele estava indignado com a publicidade sensacionalista espalhada por Flávio Cavalcanti através de seu programa, e estava bastante cioso em preservar sua privacidade e de sua família, agora como advogado conhecido. Você se lembra do que aconteceu com ele, não? Ele estava arando o campo da fazenda de seu pai – ele tinha uma parte nela –, à noite, quando pousou um UFO do qual saíram uns pequenos seres e o pegaram e levaram à força para dentro do objeto. Lá o despiram e o deixaram sozinho. Daí um tempo aproximou-se uma mulher de corpo belíssimo, mas com estranhas feições e que não falava, apenas grunhia. Fizeram sexo e Antonio achava que só conseguiu, apesar do pavor, porque seus raptores lhe passaram um líquido oleoso, talvez afrodisíaco, pelo corpo, antes do ato. Mas seu caso foi muito deturpado pela imprensa. Por exemplo, ele não era semi-analfabeto na ocasião. Seu caso é impressionante e verídico, mesmo porque o doutor Fontes chegou a constatar, em exame clínico, sinais de que a vítima havia sido exposta à radiação: tinha duas manchas redondas em cada lado do queixo etc.
Sendo uma das ufólogas mais bem informadas da atualidade, qual o caso ufológico ocorrido no exterior que a senhora reputaria como de maior significado para a humanidade? Isso é difícil de responder. Mas, se considerarmos o lado político da questão, excluindo-se o caso do resgate de corpos de ETs e destroços de UFOs pelas autoridades norte-americanas, acho que a ocorrência ufológica de maior importância é a de Bentwaters, na Inglaterra. Naquela região há uma base militar dos Estados Unidos, situada bem dentro da floresta de Rendlesham, onde um UFO pousou duas vezes no final de 1980. De seu interior saíram tripulantes e houve até comunicação entre eles e o comandante da base, isso sob a presença das tropas lá sediadas. Essa ocorrência é totalmente verídica e notável, porém, e naturalmente, foi abafada. Os soldados foram proibidos de falar no assunto, os aldeões que vivem próximos do local e viram tudo também foram ameaçados etc.
E como o Caso Bentwaters veio à tona? Foi graças ao esforço de três pesquisadoras inglesas, jornalistas, que conseguiram fazer com que a imprensa norte-americana pressionasse o comandante da base a torná-lo público. O vice-comandante daquela instalação militar era o tenente-coronel Charles Halt e ele foi obrigado a se pronunciar, confirmando o pouso da nave. Mas nada falou sobre os tripulantes do UFO e a conversa mantida entre eles e o comandante. Talvez com alguma razão. Imaginem uma base norte-americana, dentro da Inglaterra, recebendo emissários de uma terceira potência, extraterrestre? Como divulgar algo assim? Todo mundo deveria ficar sabendo disso, o mundo inteiro! Mas nada! Ninguém disse nada sobre isso, e depois ainda me perguntam: “Por que os extraterrestres não contatam de uma vez as autoridades mundiais?”
A senhora esteve em Varginha imediatamente após a revelação da captura de ETs naquela cidade, em 20 de janeiro de 1996. O que encontrou lá? Fui a primeira ufóloga a ir lá, e fui inclusive para prestar solidariedade ao meu amigo Ubirajara Franco Rodrigues [Na época, co-editor da Revista UFO], que é um ótimo pesquisador, mas que se achava totalmente circundado por desconfianças, mentiras e pelo silêncio das autoridades. E as que resolviam contar alguma coisa não queriam se identificar e pediam segredo. Quando eram procuradas por outras pessoas, negavam tudo. Diante disso ele estava ficando desesperado, e com toda a razão. Fui lá com a minha filha, com um membro do CISNE, uma senhora que é curadora do Museu Nacional de Belas Artes, e um amigo dela.
As provas não dependem propriamente dos ufólogos, e sim desses seres que nos visitam há tanto tempo, e que são muito superiores a nós. Eles só vão se deixar conhecer quando quiserem e permitirem. Há um plano de evolução do homem, uma estratégia superior. Só quando os homens estiverem prontos é que eles anunciarão abertamente suas presenças
Em sua opinião, qual seria a origem dos seres capturados em Varginha? Poderiam ser extraterrestres, mas também poderiam ser intraterrestre. Pelo aspecto, por todo o conjunto, se aproximam mais de intraterrestres. As meninas disseram que eles estavam sujos, cheios de lama. Devo esclarecer que não sou partidária da teoria da Terra Oca, e quando digo intraterrestre não me refiro a um mundo interior com mares, florestas e um sol central, como falam por aí, mas a cidades subterrâneas em cavidades debaixo da terra. Também devo dizer que acredito firmemente na veracidade do caso, porque o Ubirajara é um colega honestíssimo, incapaz de dizer uma mentira ou coisa assim. Além disso, as fontes que lhe passaram as informações são confiáveis, embora queiram permanecer em sigilo.
O que a senhora vê de mais positivo e de mais negativo na Ufologia Brasileira? Mais positivo é o que o Brasil é um país jovem, na Era de Aquário, e terá todos os meios para se desenvolver rapidamente no setor. Ainda mais com tantas ocorrências ufológicas de todos os tipos, que aqui acontecem e despertam o interesse individual de todos, fazendo as pessoas procurarem respostas para o Fenômeno UFO. E os ufólogos se sentem motivados com isso. Agora, de negativo, acho que está a ambição pessoal de cada um, acima da procura pela verdade. Primeiramente, devemos estar à procura das respostas, que são por si só tremendamente difíceis de serem obtidas, e depois deve vir o resto. Acho que devemos praticar mais a pesquisa de campo, que é a base de novos conhecimentos. Sem dados, é ocioso especular, e uso deste pensamento para transmitir uma opinião ou, mais do que isso, um conselho para os jovens ufólogos brasileiros: comecem a pesquisar os casos ao seu redor, coletando o máximo possível de informações. Enviem-nas a organizações de pesquisas ou se filiem a elas, mas evitem apenas escrever a essas organizações pedindo isso e aquilo. Quantos pedidos recebo de livros, de fotos, de relatórios, de material enfim para fundarem seus grupos?! É impossível atender a todos. Vamos coletivamente sintonizar nossas energias e nossas vibrações para o bem comum, procurando juntos descobrir mais sobre o fenômeno. É preciso conhecê-lo a fundo e, ao mesmo tempo, estarmos sintonizados com a natureza, com o universo. É essa a chave para chegarmos até nossos visitantes.
Com relação a Ufologia praticada no exterior, como se encontra a nossa? Há progressos ou está parada? No sentido da divulgação do assunto e do número de pessoas conscientes do Fenômeno UFO, houve, sem dúvidas, muitos progressos nos últimos anos. Mas nem sempre a quantidade da informação divulgada está à altura dos acontecimentos. A imprensa procura sensacionalismo, mas os fatos da Ufologia já são sensacionais por si mesmos, às vezes muito mais do que a imprensa procura. Só que ela parece preferir ficções e fantasias, que parecem dar muito menos trabalho e mais resultados. É obrigação nossa, dos pesquisadores brasileiros, então, esclarecer a imprensa. Aqui está a Revista UFO, contribuindo positivamente para que isso aconteça. Na própria “Ufologia dos ufólogos”, algo como os bastidores desta área, houve certo progresso, que poderia ter sido maior se eles tivessem primeiramente se preocupado com a execução de boas pesquisas de campo, e se tivessem devorado um maior número de livros sobre o assunto para somente depois começarem a tecer suas especulações. Na maioria das vezes ocorre exatamente o inverso! Há no Brasil pouca leitura, acho que principalmente devido às barreiras lingüísticas. E os nossos editores, então? Jogo sobre eles boa parte da responsabilidade da falta de informação no setor. Mas estamos caminhando e, futuramente, os grupos ufológicos nacionais estarão mais coesos, quando acabadas as disputas internas. Hoje, a bem da verdade, já posso enumerar alguns pesquisadores e organizações que merecem nossos elogios por estarem trabalhando assiduamente, apesar de tantas dificuldades.
A senhora acha que, em termos mundiais, tem havido melhora no nível de entendimento da questão ufológica, ou que possa ainda haver a possibilidade do assunto deixar seu rótulo de segurança nacional? Disso não há a menor dúvida. Basta observar a abertura dada ao assunto na Rússia e na China, países onde até há pouco tempo Ufologia era tabu ou “coisa de norte-americano”. Em certos países da Europa, por causa da excessiva industrialização e materialismo, a restrição ao assunto ainda vigora, mas no mais, a situação parece se igualar à nossa. Porém, devemos dizer que mesmo no Brasil a aceitação dos UFOs não é tão grande como se supõe. Por um lado, parte da população insiste em atribuir a eles a manifestação mera e simples de forças ocultas. São essas pessoas que ainda duvidam que o homem foi à Lua. E, por outro lado, temos a “barra pesada” dos pseudo-intelectuais, dos muitos bem sucedidos na vida material, que pretendem aplicar as mesmas regras em tudo o que acontece ao seu redor, como donos da verdade. Isso sem falar em certas camadas de cientistas que, uns por simples analfabetismo científico, outros por medo de perderem seus empregos, negam tudo! Sem a mínima investigação ou consideração, negam o Fenômeno UFO por negar. Por sorte nossa, entretanto, também temos no mundo inteiro cientistas trabalhando a favor da questão ufológica. Especialistas renomados pesquisam o problema sem preconceitos, e alguns até holisticamente. Minha esperança repousa nestes e no esforço conjunto dos abnegados pesquisadores, que durante décadas trabalham nesta área, sem pensar em lucro e procurando meramente a verdade. Segurança nacional? Sobre isso só digo que o fruto, quando madura, cai.
A Ufologia Brasileira não anda tendendo demais para o misticismo? Sim, mas não é um misticismo banal, e sim superior. Isso tem que ser altamente respeitado, uma vez que é o único caminho para se entender toda a complexidade da questão ufológica. Há quem diga que, sendo muitas vezes vista como uma questão de fé, haveria o risco de a Ufologia se tornar uma religião. Talvez, mas não uma religião dentro dos parâmetros institucionais, e sim do tipo universalista, que busca conhecer a essência de Deus, dos seres superiores, daqueles que paulatinamente vêm ensinando os homens há milênios. Mas isso significa que devemos abandonar o lado científico.
A senhora nunca perdeu o interesse ou desanimou em continuar seu trabalho? Nem mesmo quando deve ter concluído que, após tantos anos de pesquisas, os UFOs não iriam mesmo descer para nos contatar oficialmente? Não por tal motivo, de qualquer forma, pois nunca achei que os UFOs fossem descer em data fixa. O que tinha certeza era de que esta era minha missão, e eu a estava cumprindo, apareçam ou não UFOs em massa.
Quando a Ufologia irá conseguir finalmente as provas definitivas da existência dos extraterrestres? As provas não dependem propriamente dos ufólogos, e sim desses seres que são muito superiores a nós. Assim sendo, eles só vão se deixar conhecer quando eles próprios quiserem e permitirem. Há um plano de evolução do homem, uma estratégia superior. Só quando os homens estiverem prontos é que eles anunciarão abertamente suas presenças.