Os avistamentos ufológicos na América do Sul, mais especificamente na porção andina do continente, são parte intrínseca da formação cultural dos povos nativos, e todas as grandes civilizações que floresceram na área deixaram registros de que seus conhecimentos vieram de deuses que desceram dos céus. A posterior chegada dos europeus e a consequente catequização da região, por mais que tenha aniquilado costumes e crenças, não conseguiu varrer do espírito das pessoas suas raízes culturais, incluindo-se aí sua certeza de uma ligação com outras inteligências cósmicas.
De acordo com Julio Cesar Chamorro Flores, coronel aposentado da Força Aérea Peruana (FAP) e nosso entrevistado nesta edição, a mente do homem andino raciocina de maneira diferente da do homem ocidental, cuja cultura é homocentrista, ou seja, centralizada nele mesmo. Os povos andinos têm uma abordagem integralista da vida e para eles o homem é parte da natureza e, portanto, também do cosmos. “Devemos tratar dos povos da região sem limitá-los por fronteiras impostas pela geopolítica”, diz ele começando este diálogo, antes de entrar em Ufologia propriamente dita. Tradicionais xamãs andinos acreditam que “irmãos mais velhos” — como se referem aos seres que hoje sabemos serem tripulantes de UFOs —, que viveriam no céu e viriam à Terra quando necessário, fazem parte de seu passado e presente.
Isso sugere que suas etnias aceitam a existência de uma espécie inteligente mais antiga do que a humana em contato conosco. Esse entendimento ancestral da vida no universo, porém, não freia o interesse científico e nem impede a preocupação dos dirigentes dos países andinos e de suas forças armadas com a possível intrusão de seus espaços aéreos por espaçonaves de outros mundos, que, em uma hipótese mais extrema, podem até colocar em risco a segurança de voos civis e militares.
Avistamentos ufológicos
Nesta entrevista abordaremos os estudos feitos pela FAP a respeito dos avistamentos ufológicos ocorridos naquele país, realizados por meio de um escritório — hoje departamento — fundado especificamente para tratar do assunto e de suas incríveis e surpreendentes consequências. O Peru é hoje uma das cinco nações do continente que têm programas oficiais de pesquisas ufológicas [As outras são Uruguai, Chile, Argentina e Equador] e recentemente expandiu suas atividades significativamente. Todos estes programas estão relativamente integrados e espera-se que a liberação de arquivos secretos sobre avistamentos por uma nação acabe por beneficiar as demais. O Brasil, infelizmente, apesar de sua abertura ufológica parcial, ainda não faz parte do clube.
Já se sabe que eventos ufológicos ocorrem no mundo inteiro e, graças à rapidez na transmissão de informações, atualmente temos acesso quase que em tempo real a fatos acontecidos do outro lado do planeta. Isso nos permite comparar dados e descobrir fraudes — infelizmente cada vez mais frequentes —, assim como traçar rotas de avistamentos de um mesmo objeto, ainda que esses tenham ocorrido em países separados por milhares de quilômetros. A investigação séria desses fatos deve ser estimulada e a existência de organismos oficiais dedicados ao tema tem importante função neste cenário.
Quando se constata que vários países da América do Sul têm entidades que investigam tais eventos de maneira séria e objetiva, com pessoal preparado para confirmar ou negar uma ocorrência, concluímos que estas nações estão um passo adiante das demais, seja no continente, seja em caráter global. “Mas ainda há muito a ser investigado e explicado na área da fenomenologia ufológica”, diz Chamorro. Mais ainda, podemos dizer que o fato de alguns governos se disporem a analisar avistamentos ufológicos coloca aqueles que não admitem tratar da questão em uma difícil situação. “Apesar de toda a negativa oficial ao Fenômeno UFO por parte de alguns países, ele acontece e é real”, insiste.
Escritório e departamento
Um dos fundadores da Oficina de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (OIFAA), hoje ampliada e rebatizada como Departamento de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (DIFAA), pertencente à Força Aérea Peruana (FAP), o piloto e navegador Julio Chamorro testemunhou vários avistamentos ao longo de sua vida. Foi ele também quem tornou público o avistamento ocorrido com o então presidente peruano Alberto Fujimori — que, após o fato, empolgado com o que vira, determinou a Chamorro a criação da OIFAA, no início dos anos 2000. Durante o período de funcionamento do órgão, temporariamente paralisado na metade da década passada, a FAP efetuou o deslocamento dos investigadores a todos os pontos do Peru e o acesso às ocorrências pesquisadas poderia ser feito com um simples telefonema por qualquer pessoa.
“Estou afastado das investigações oficiais hoje, mas mantenho boas relações com os que estão na ativa na atual DIFAA”, diz. A diferença da nova entidade para a anterior, segundo o entrevistado, está no fato de que antes era apenas um escritório de investigação de UFOs [Oficina em espanhol], e hoje é um departamento, algo mais robusto. Espera-se que a ação do órgão revitalizado e alçado à nova condição, hoje dirigido pelo coronel Julio Vucetich Abanto [Veja matéria nesta edição], dê andamento a casos que tiveram sua investigação interrompida com a paralisação do então escritório.
O comandante Chamorro, como é conhecido, ingressou na Aeronáutica peruana em 1975 e especializou-se em defesa aérea em 1977. Estudou operação de radares na antiga União Soviética e trabalhou durante vários anos na importante Base Aérea de La Joya, no sul do Peru. Atualmente atua como navegador em uma empresa privada de transporte aéreo com aviões russos Ilyushin, realizando voos regulares para a Amazônia peruana. Ele esteve no Brasil várias vezes fazendo palestras, a exemplo do IV Fórum Mundial de Ufologia, realizado pela Revista UFO em Foz do Iguaçu, em 2012. E recebeu este editor na sede do Clube da Aeronáutica do Peru, em Lima, para esta entrevista. Vamos a ela.
A mente do homem andino raciocina de maneira diferente da do homem ocidental, cuja cultura é homocentrista, ou seja, centralizada nele mesmo. Os povos andinos têm uma abordagem integralista da vida e para eles o homem é parte da natureza.
O senhor pode nos falar sobre como surgiu a ideia de se criar a OIFAA?
A ideia saiu do meu gabinete, em razão do grande número de ocorrências no Peru no início dos anos 2000. Havia muita gente interessada em fazer pesquisas dentro do meio militar e muita informação sobre casos ufológicos, mas nada era organizado, centralizado. Junto aos meus colegas oficiais da Força Aérea Peruana (FAP), observei também que havia outros países desenvolvendo atividades de pesquisa do tema. Nós começamos examinando a questão com a intenção de coletar informações sobre como funcionavam tais órgãos em outras partes do mundo. Tivemos muita colaboração tanto de entidades civis quanto militares. O processo de formação da Oficina de Investigação de Fenômenos Anômalos Aeroespaciais (OIFAA) exigiu muito tempo, mas o que quero destacar é o interesse que houve por parte da população em nossas atividades, mesmo antes de haver qualquer tipo de difusão a respeito do assunto — muita gente se aproximou oferecendo ajuda.
Como foi o processo administrativo para a criação da OIFAA?
Ele seguiu os caminhos protocolares até chegar ao presidente da República, que é quem autorizou sua implantação e definiu o gasto orçamentário em suas atividades. Pela Constituição do Peru, a soberania e a segurança do país são de competência da Força Aérea e, portanto, qualquer fenômeno anômalo que ocorra nos céus é de sua responsabilidade. Esta questão foi a motivação inicial de criação do órgão. A OIFAA foi criada dentro do organograma da Força Aérea. Mas, para fazê-la funcionar, foi necessário que houvesse pessoas com interesse genuíno no assunto, pois não é fácil dar ordens a alguém que não se interessa ou acredita no que faz.
Algo mais importante
Quem era o presidente do país na época em que a OIFAA foi fundada?
Era Alberto Fujimori e ele não só disse que apoiava a ideia como também ordenou que a sua criação fosse rápida. O escritório foi fundado em 2001 e operou até 2005, quando foi temporariamente paralisado. Ele agora voltou à ativa, mas transformado em departamento, algo ainda mais importante dentro da hierarquia governamental.
Quando fala que a OIFAA estava dentro da Força Aérea, o senhor quer dizer que havia uma destinação de recursos oficiais para ela?
Quando a criamos, ela estava dentro da estrutura da Direção Nacional de Interesses Aeroespaciais (DINAE), um grande organismo onde há vários escritórios encarregados de diferentes assuntos, como, por exemplo, o programa aeroespacial peruano. E o DINAE está ligado à FAP. A OIFAA tinha um orçamento para ser empregado em suas atividades, como qualquer outro órgão de governo. Estive ali por bastante tempo antes que houvesse mudanças, lamentavelmente provocadas por políticos e não por militares. Por causa disso, muita gente boa que poderia ter continuado no escritório agora não está mais disponível…
Quais exemplos foram seguidos na formação da OIFAA?
Bem, recebemos do Exército e da Força Aérea Espanhola (FAE), por exemplo, um roteiro de procedimentos que deveriam começar pela entrevista das testemunhas que informavam os avistamentos. Havia muitos formulários para preencher, era uma rotina enorme, mas um bom trabalho. A primeira coisa que perguntávamos era se o testemunho poderia ser tornado público. Se a testemunha concordasse, anotava-se seu nome e dava-se o encaminhamento devido. Esse era o protocolo espanhol. Já dos Estados Unidos recebemos normas de trabalho de organizações civis e também instruções para chegarmos a conclusões sobre casos ufológicos. Em geral, a primeira coisa a se fazer em uma investigação era estimar a possibilidade de que o fato observado fosse um voo controlado.
O senhor poderia exemplificar melhor?
Sim, porque já há alguns anos há muitas coisas voando, como drones, por exemplo, que são facilmente confundidos com UFOs. Para determinar a natureza de um objeto relatado, trabalhávamos conjuntamente com controladores de tráfego aéreo e estes nos diziam se havia aeronaves no local que podiam ser tratadas como UFOs — esse é, aliás, um procedimento de defesa aérea.
Houve contribuição de algum país do continente na formação da OIFAA?
O Chile nos ajudou bastante. Os militares chilenos ficaram interessados na criação da OIFAA e nos apoiaram muitíssimo. Eles tinham sua organização já montada desde 1979, o Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA). Mas havia uma diferença entre a CEFAA e a OIFAA. A organização chilena está ligada à Direção Geral de Aeronáutica Civil e no Peru estávamos ligados à Força Aérea. O general chileno Ricardo Bermúdez [Entrevistado da edição UFO 205, agora disponível na íntegra em ufo.com.br] é uma pessoa muito aberta às novas informações. Em 2000, ele nos convidou e eu e meus colegas oficiais fomos a um evento em seu país, a Feira Internacional do Ar e do Espaço (FIDAE), que acontece em Santiago a cada dois anos. Naquela oportunidade já estávamos estudando a criação da OIFAA e recebemos muitas dicas de Bermúdez e seus oficiais.
O que aconteceu naquele encontro?
O general Bermúdez nos explicou como funcionava a CEFAA, o que nos abriu os horizontes. Mas o que mais chamou a atenção foi que um dos membros da sua entidade nos falou de eventos ufológicos importantes ocorridos justamente no Peru, citando, entre eles, o Caso La Joya, ocorrido em 1980 na Base Aérea La Joya, do qual fui testemunha. Tratou-se do avistamento de um UFO sobre aquela unidade militar com posterior intercepção por caça a jato, um episódio fantástico. Ou seja, um investigador de outro país sabia tanto ou até mais do que nós sobre o ocorrido, tendo inclusive documentos oficiais do governo norte-americano a respeito do fato.
O senhor poderia falar mais sobre os documentos que foram mostrados?
Sim. No primeiro deles haviam riscado muitas informações com tinta preta. Em seguida mostraram outro documento onde estava a informação completa do Caso La Joya. Nesse segundo arquivo estavam coisas das quais eu não lembrava, ou das quais nunca soube, como, por exemplo, o número de registro do avião que foi usado para interceptar o UFO, o tempo que ele voou, a quantidade de combustível que foi consumida, o nome do piloto e até a quantidade de munição que foi gasta quando se tentou acertar o “intruso” com rajadas de metralhadora — e eram documentos oficiais de um governo.
O senhor acredita que os Estados Unidos estavam monitorando o que acontecia no Peru naquele momento?
Bem, o caso ocorreu em 1980 e a Guerra Fria estava em seu ápice. Como você acha que os norte-americanos reagiriam se o Peru abrisse as portas totalmente aos soviéticos, que já estavam por aqui naquela época vendendo-nos aviões e equipamentos? Nós nos perguntamos como informações como aquelas, de 20 anos antes, que nós não tínhamos anotado e nem publicado, estavam completas nas mãos do governo dos Estados Unidos? Então, é evidente que estávamos sendo monitorados.
Por que havia presença soviética no seu país nos idos dos anos 80?
Na época, o Peru foi o primeiro país sul-americano a comprar armamentos, aeronaves e veículos com tecnologia de ponta dos soviéticos, quebrando o equilíbrio bélico da região. Com o auxílio dos russos, nos preparamos para enfrentar qualquer tipo de contingência ou interferência contra os interesses do país. Havíamos treinado muito e estávamos prontos para o combate com qualquer nação do continente, se necessário. Lembre-se que estávamos completando 100 anos da Guerra do Pacífico, que aconteceu entre o Peru, o Chile e a Bolívia, que disputavam uma parte do deserto do Atacama.
O Peru foi o primeiro país sul-americano a comprar armamentos, aeronaves e veículos com tecnologia de ponta dos soviéticos, quebrando o equilíbrio bélico da região. Com o auxílio dos russos, nos preparamos para enfrentar qualquer tipo de contingência.
Entendo. E sobre o Caso La Joya, o que pode nos contar a respeito?
Aconteceu em uma manhã de 1980, mais ou menos às 07h00. Era um dia claro e de céu azul, como são todos os dias no sul do Peru, onde está a base, ao redor de Arequipa. Naquela manhã alguém avisou que havia um globo metálico voando nas proximidades da base e logo um jato Sukhoi foi enviado para interceptar o “intruso” — e atacar, se necessário. E o que aconteceu foi que, mesmo lançando vários projéteis pesados na direção do artefato, o piloto não conseguiu atingi-lo. O evento durou meia hora e havia cerca de 1.500 testemunhas na base, inclusive militares e técnicos russos. Lembro-me que escutei o tenente Oscar Santa Maria Huertas, o piloto do caça designado para interceptação [Que esteve no II Fórum Mundial de Contatados relatando sua experiência, de 16 a 18 de maio passado], dizer que, quando ia arremeter seu avião, decidiu fazer um voo rasante e passou entre 20 e 40 m do objeto. Falou que o artefato não tinha motores, entradas, escapamentos ou janelas. Não tinha nada, era completamente fechado.
Descendência extraterrestre?
Em 1980, quando ocorreu o evento na Base Aérea de La Joya, o senhor já tinha interesse por Ufologia?
Sim, e também tinha companheiros que sabiam muito sobre o assunto, ainda que com uma profundidade mais teórica do que técnica.
Voltando um pouco atrás, o senhor comentou que muitas pessoas se prontificaram a ajudar a OIFAA. Houve alguma comunicação à população sobre a criação da entidade?
Não, mas quando a notícia se espalhou houve muito interesse, as pessoas começaram a comentar e foram se aproximando. Uma das mais importantes que se juntou a nós foi o doutor Fernando Fuenzalida, um antropólogo que via no Fenômeno UFO e na possibilidade de contato com outra cultura o mais importante acontecimento do século XXI. Como antropólogo, ele também pensava que havia a possibilidade de que nós, humanos, não fôssemos terrestres, mas descendentes de extraterrestres.
Além de Fernando Fuenzalida, quem mais se aproximou?
Outro deles foi o doutor Anthony Choy, que é advogado, escritor e jornalista investigativo [Entrevistado da edição UFO 210, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Enfim, foram muitas pessoas e não me recordo do nome de todas. Eram engenheiros, professores, estudiosos civis da Ufologia etc.
Como vocês da OIFAA eram vistos por seus colegas militares que não faziam parte dela? Houve alguma discriminação, alguma reação deles?
Sempre havia algum comentário sarcástico, mas nada demais. Isso também ocorre em outros países, é uma reação normal. Os pilotos são os que mais evitam tratar do assunto, preocupados com a discriminação que podem sofrer — pois para manter sua licença de voo é preciso fazer exames semestrais e um deles é o perfil psicológico da pessoa.
Como era a rotina diária de trabalho no escritório da OIFAA, em Lima?
Entrávamos às 08h00 e saíamos às 17h00, mas precisávamos ficar disponíveis 24 horas por dia com um telefone à mão para recebermos informações de novos avistamentos, que podiam chegar a qualquer hora. Até então, no Peru, havia muita gente que tinha informação de novos casos, mas não havia quem lhes escutasse. Por isso, quando finalmente anunciada à população a criação da OIFAA, houve grande quantidade de novos relatos de ocorrências. Uma delas aconteceu no alto da Cordilheira dos Andes, a quase 5.000 m de altitude, em um local chamado Ticlio, onde havia um enorme letreiro dizendo “Zona de Contato OVNI”. As pessoas viajavam até lá só para tirar fotos.
Lá havia mesmo muita incidência ufológica?
Sim. Quem fez o letreiro foi um senhor chamado Luiz Matayanos, um policial já então aposentado e bem idoso. Ele me procurou na sede da OIFAA e suas palavras foram muito motivadoras. Matayanos me disse que eu estava fazendo algo que ele havia tentado anos atrás, mas não lhe ouviram. Ele era sargento de polícia de uma cidadezinha das cordilheiras lá pela década de 60 e um dia lhe informaram que havia caído um “avião” nas montanhas. Ele e sua patrulha a cavalo foram para o local, mas, quando começaram a perguntar, os camponeses lhes disseram que duas naves em forma de cigarro tinham perseguido uma terceira, em forma de prato, e que depois de manobras impressionantes essa última chocou-se contra uma montanha. Não era nenhum avião, portanto.
O senhor sabe se este caso foi investigado, se os destroços foram recolhidos?
Matayanos encontrou os restos e ficou muito assustado, voltando lá com outros policiais para enterrar os destroços. Mas depois de ter passado um ano em um manicômio, como foi forçado a fazer, ninguém se atreveu a voltar ao local.
Entendo. Mas, por favor, nos diga como funcionava a OIFAA em termos práticos? Por exemplo, se alguém telefonasse dizendo que algo havia aterrissado em uma fazenda, quais eram os procedimentos adotados?
Nós nos reuníamos, analisávamos os dados e atribuíamos ao caso um nível de confiabilidade — é preciso qualificar o informante e a informação antes de qualquer outra coisa. Quando conferíamos a categoria A1 ao episódio, um de nós era designado a ir até o local da ocorrência, enquanto outros procuravam por informações sobre trafego aéreo junto aos controladores.
O senhor poderia nos dar um exemplo prático de como isso funcionava?
Sim, vamos falar do caso ocorrido na cidade de Chulucanas, que foi investigado por Choy. Um membro da Força Aérea na região de Piura, onde está Chulucanas, me telefonou e disse que um funcionário do município havia filmado um UFO. Eu comentei com Choy, fizemos uma análise preliminar das informações e ele foi para lá. Ao voltar, trouxe duas gravações com ele, uma delas com 40 minutos de duração e que mostrava nitidamente uma nave. O caso levou logo de início a classificação A1.
Por quanto tempo o senhor participou da OIFAA?
Até o final de 2002, quando me afastei para fazer pós-graduação. O oficial que me substituiu também teve que trabalhar muito, pois começaram a aparecer novos casos para serem investigados e fotografias para serem examinadas. Pouco antes de sair, Choy elaborou seu relatório sobre Chulucanas e nós o apresentamos juntos ao alto comando da Força Aérea, onde obviamente suscitou muito interesse.
Naves em Culiculote
Há outro caso que a OIFAA tenha pesquisado e sobre o qual gostaria de falar?
Sim. Em uma tarde de sexta-feira, ligou para o escritório uma pessoa que, pela maneira de falar, se notava ser do interior. Era um senhor que provavelmente havia andado muito para encontrar um telefone público — isso em uma época em que todos nós já tínhamos celulares. A ligação vinha da região Cuculicote, 800 km ao norte de Lima, e a pessoa dizia que todas as noites surgia uma grande nave sobre sua propriedade e que de dentro dela saíam várias outras menores. Elas permaneciam na região por algumas horas, quando então as pequenas voltavam para a nave maior, que ia embora. O homem disse que tínhamos que ajudá-lo, pois o problema era que os burros faziam barulho a noite toda, as galinhas não botavam mais ovos, as vacas não davam mais leite, os cães latiam muito e eles não podiam dormir. A comunidade estava impaciente e pedindo ajuda.
Ah, o que incomodava os moradores era que não podiam dormir!
Exato! Cuculicote é um centro cerimonial pré-inca, um centro de energia. Ali ainda vive um descendente direto de um xamã pré-inca, que tem o mesmo nome e sobrenome que seu antepassado. O jornal mais sério daqui, que é o El Comercio, publicou em primeira página, há mais ou menos um ano, um artigo sobre xamanismo no local. Enquanto fazia o artigo, o jornalista disse que teve seis avistamentos em Cuculicote. Quando perguntou ao xamã local a respeito das naves, ele respondeu: “São nossos irmãos mais velhos”. No final, não fomos investigar o caso porque as moedas da pessoa acabaram e o telefonema caiu sem que pegássemos seu nome…
O homem disse que tínhamos que ajudá-lo, pois o problema era que os burros faziam barulho a noite toda, as galinhas não botavam mais ovos, as vacas não davam mais leite, os cães latiam muito e eles não podiam dormir. A comunidade estava impaciente com o UFO.
Algo foi feito em relação aos avistamentos constantes na região?
Bem, eu entrei em contato com as autoridades locais, pois o assunto me interessou muito. E mesmo a OIFAA não tendo investigado os casos, eu passei a desenvolver uma tese sobre o desenvolvimento sustentável de uma comunidade como Ticlio ou Cuculicote, baseada no criptoturismo, ou seja, sobre como desenvolver uma comunidade com base no interesse das pessoas em visitá-la para conhecer algo insólito — um turismo baseado em enigmas.
Quando era necessário ir a uma localidade distante, a OIFAA tinha orçamento para isso? Aviões, equipamentos, laboratórios para análises etc?
Como havia muito interesse no tema, tínhamos apoio de todo mundo. Mas não se pode simplesmente tirar um avião da Força Aérea do hangar só para se fazer uma investigação. Então, averiguávamos quando saía um voo para determinado lugar onde tivesse havido uma ocorrência, coordenávamos com o chefe de operações e só então íamos investigá-la. Podíamos ir a qualquer lugar para onde a Força Aérea tivesse voos, com toda a infraestrutura possível.
O senhor certa vez falou que um fenômeno semelhante ao chupa-chupa, que acometeu o Pará, no Brasil, também ocorreu no Peru. Eram as mesmas luzes vampiras que atacavam as pessoas e sugavam seu sangue?
Sim, a mesma coisa aconteceu aqui em 2008, na região de Pucallpa, do outro lado da cordilheira e próximo ao Brasil. Uma noite me ligou um técnico da Força Aérea e me disse que algumas pessoas da cidade relataram que nas noites anteriores uma nave havia tentado levar um cidadão. O objeto lançara um forte raio de luz sobre a pessoa, um rapaz de 18 anos que estava pescando à noite — a nave lhe dirigiu o tal raio de luz e o queimou. O pescador se jogou na água pedindo ajuda.
E então?
Aqui no Peru existem as chamadas rondas camponesas, ou seja, o governo deu armas aos camponeses para que se defendam dos terroristas [O governo do Peru enfrenta há muitos anos o grupo terrorista Sendero Luminoso, ativo até hoje]. Quando os componentes da ronda foram chamados e encontraram o rapaz na água, tampando o rosto e protegendo-se da luz, dispararam na nave e ela foi embora. Foram, então, à Força Aérea para apresentar uma denúncia formal.
“É como um marshmallow”
E o que houve depois disso?
A Força Aérea enviou uma patrulha para investigar o fato, mas seu chefe não sabia o que fazer. O oficial me telefonou e disse: “Estou vendo a nave neste momento. É como um marshmallow, como uma gelatina que pulsa”. Dava pra escutar os disparos, porque os militares e as pessoas da ronda camponesa estavam atirando no objeto com fuzis automáticos. O homem me perguntou o que devia fazer e eu lhe disse que, se houvesse alguma agressão por parte do objeto, ele devia fazer um relatório e enviar à sede da OIFAA.
Por que a nave queimava as pessoas?
Não sabemos, mas ela também parecia extrair sangue das testemunhas, exatamente o mesmo que acontecia no Brasil durante a onda chupa-chupa, nos anos 70. Várias pessoas morreram aqui por isso. Mas minha filha, que é jornalista e foi a Pucallpa, investigou nas delegacias da região e lhe disseram que não tinham nenhum registro das mortes. Lá, pouca gente tem documentos de identificação…
Entendido. Agora, também consta da história da OIFAA que sua sede foi assaltada e que levaram todas as suas fotos, documentos e outros itens. Como foi isso?
Sim, infelizmente isso ocorreu e tudo se perdeu. O escritório funcionava em uma casa alugada pela Força Aérea em uma rua central com acesso livre a todos que quisessem entrar. Não havia medidas de segurança, pois não se pensava que fossem necessárias em um local onde se pesquisa discos voadores. Certa manhã, ao chegarmos ao local para trabalhar, descobrimos que a casa estava arrombada e que coisas importantes que tínhamos lá haviam sido levadas. Muito misteriosamente, alguém entrou para roubar os discos rígidos dos nossos computadores. Havia outras coisas lá e até mesmo armamento, mas só levaram os discos rígidos, que continham informações valiosas.
Lamentável. Mas pegaram os criminosos? Vocês têm ideia de quem seriam?
Não, nunca conseguimos descobrir quem seriam e jamais reavemos os discos rígidos. Muita informação importante simplesmente se perdeu para sempre…
Enquanto esteve ativa, a OIFAA tinha tratados de cooperação com outras entidades de pesquisa ufológica de outros países, civis ou militares?
Não falamos com ninguém de outros países porque naquela época não havia a facilidade de comunicação que há hoje. E também porque, assim como a do Peru, outras forças aéreas não gostam de compartilhar informações porque elas são ferramentas que dão a quem as possui muitas vantagens sobre quem não as possui — naquela época, preferíamos usar estas ferramentas nós mesmos. Tenho certeza de que no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai etc, se uma entidade for dirigida pela Força Aérea, haverá um nível particular de segurança sobre os dados que obtiver. Os documentos sempre terão algum nível de sigilo, identificado com um carimbo, por exemplo. O que se pretende é não perder a confidencialidade do material — e quando um documento é confidencial, nem todos têm acesso a ele.
O senhor acredita que a Força Aérea Peruana (FAP) ou outra entidade das Forças Armadas de seu país ainda tenha documentos secretos ou sigilosos sobre discos voadores que não sejam de conhecimento público?
Não creio que nossas autoridades civis ou militares estejam deliberadamente ocultando documentos sobre discos voadores. Acredito também que não há mais nada para ocultar, nem para publicar, uma vez que a OIFAA foi paralisada por vários anos e nada foi produzido a respeito do assunto. Agora que retomamos as atividades, é possível que os casos voltem à mídia, mas nada será escondido da sociedade. Pelo menos, esta é a diretriz a seguir.
O que pode nos falar sobre o novo estágio da OIFAA, o atual Departamento de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (DIFAA)?
Bem, o conselho consultivo do DIFAA é formado por oito civis: um astrônomo, um arqueólogo, um sociólogo, um piloto, um físico, um filósofo, um comunicador e um sociólogo, além de dois militares. Essas pessoas são encarregadas de fazer as avaliações de novos casos ufológicos e preparar um relatório para a Direção de Interesses Aeroespaciais (DINAE), que determina ou não sua investigação. A forma de trabalho do DIFAA é semelhante à da antiga OIFAA, porém modernizada.
“É como um marshmallow”
Assim como Alberto Fujimori no passado, o atual presidente peruano, Ollanta Humala, tem interesse pelo assunto?
Não conversei com ele pessoalmente, mas acredito que sim. Primeiro, porque ele é um comandante do Exército e um homem relativamente jovem para a maioria dos políticos do país. Humala é uma pessoa que está vivendo as coisas novas que estão acontecendo, algo que não tem precedente. É possível que esteja interessado pelos UFOs.
Falando em Fujimori, o senhor citou um caso ufológico que aconteceu com ele. Pode nos dizer o que houve?
Este caso foi informado à OIFAA pela tripulação do avião presidencial na época de Fujimori. O presidente gostava de pescar e ía muito à Amazônia, onde há boa pesca. Em uma destas pescarias, que fazia à noite, ele e seus seguranças viram um UFO muito grande sobre a água, com um ruído igual ao de um aspirador de pó. Os seguranças que viram aquilo se voltaram para Fujimori para saber o que deveriam fazer, e o ex-presidente disse: “Isto não aconteceu. Esqueçam-se disto”. Não sei se ele contou o caso a alguém, mas acho possível. O fato é que, ao mesmo tempo em que impunha silêncio ao seu próprio avistamento, ele ficou empolgado com o que houve e apoiou bastante a criação e o desenvolvimento da OIFAA.
Quais outros casos importantes o senhor conhece e que poderia nos relatar?
Há muitos outros. Um que posso contar ocorreu em 1984, quando eu estava em um acampamento de pesquisa em Puna, na ponta da Cordilheira dos Andes, a 4.800 m de altitude. Enquanto dormia, uns soldados vieram me chamar. Era por volta de 01h00 e a temperatura era de oito graus negativos. Um sargento, apavorado, me relatou que as sentinelas estavam observando uma nave. “O senhor tem que ver isso, não sabemos o que fazer”, disse. Então coloquei blusa, máscara e protetor para o frio e fui até um penhasco. Havia ali no ar uma coisa enorme feita de luz e algumas luzes esféricas que a orbitavam, que sumiam e reapareciam. Seria, talvez, do tamanho de quatro campos de futebol.
Uma noite me ligou um técnico da Força Aérea e disse que algumas pessoas da cidade relataram que uma nave havia tentado levar um cidadão nas noites anteriores. O objeto lançara um forte raio de luz sobre a pessoa, um rapaz de 18 anos que estava pescando à noite.
O que ocorreu então?
O objeto foi para trás da montanha e desapareceu de nosso campo de visão. Em um ponto daquela região das cordilheiras há uma pedra enorme que, depois, já na Base Aérea de La Joya, me disseram ser uma porta dimensional. Muitos camponeses já viram ali naves entrando e saindo da montanha.
Intensa casuística
O Peru é considerado um dos países de mais intensa casuística ufológica do planeta. Qual é sua opinião sobre isso?
Creio que seja algo antropológico, pois a relação cósmica do homem peruano é diferente do de outras partes do mundo. Por exemplo, se um norte-americano vê um UFO, ele muda de nome, de religião, seu modo de andar e, por último, se suicida [Risos]. Aqui no Peru, não. Aqui se convive com o Fenômeno UFO com naturalidade. E quanto mais para o interior se vai, mais tranquilamente as pessoas lidam com as ocorrências, que são abundantes.
De fato, no Peru convive-se com o fenômeno há muito tempo, desde os incas…
Claro. Há até um autor que escreveu sobre a relação dos incas com o cosmos, que descobriu que a existência daquele povo e de outros anteriores a ele dependia da relação da Terra com as estrelas. Por exemplo, os incas deixaram escrito o cosseno do azimute, que é a referência em graus do começo da era que terminou em 2012. Mas quando falo dos peruanos, na verdade me refiro a todos os povos andinos, que podem ser peruanos, colombianos, equatorianos, chilenos — todos os que vivem nos Andes.
Está falando em filosofia de vida?
Sim. Os ocidentais têm uma cultura que eu chamo de homocentrista, ou seja, o homem está no centro do universo, da natureza. Ele tem que ser capaz de aproveitar a natureza em benefício próprio. Já os andinos não pensam assim, mas sim que o homem é parte do universo. São integralistas, porque estão integrados à natureza e ao cosmos. Tudo o que venha do cosmos é parte dele e não temos que nos surpreender ou nos assustar, pois é algo que existe da mesma maneira que eu e você existimos. Se você entrevistar pessoas do campo e lhes perguntar o que fariam se vissem um ser extraterrestre que se aproxima, elas responderiam: “Eu o convidaria para uma refeição e uma cerveja, pois é o que tenho para dar”.
A cultura peruana é milenar e sempre teve muita relação com o cosmos…
Sim, e eu também creio que a informação que temos hoje nos permite perceber mudanças que aconteceram há muito tempo atrás. Em 1921 havia um historiador que encontrou uma peça de cerâmica singular, uma cabaça com várias outras penduradas. Logo se deduziu que era uma representação da fertilidade. Hoje eu mostro a você o mesmo objeto e digo que é a representação de uma nave com vários motores. Por que ele pensou aquilo em 1921 e nós, em 2012, pensamos de forma distinta? Porque as informações que temos hoje nos oferecem mais dados com os quais podemos tirar novas conclusões.
Perfeito. O senhor teve outras experiências pessoais com discos voadores?
Sim, dentro da citada Base Aérea de La Joya, além daquele episódio que já contei. Eu servi lá durante 12 anos e vi muita coisa. Por exemplo, em uma noite eu e meus colegas militares saímos de onde estávamos trabalhando e fomos para uma pequena montanha, que se iluminava de cima para baixo como se recebesse o brilho de um flash de uma grande câmera fotográfica. Ela era iluminada e se apagava misteriosamente. Nós ríamos e pensávamos: “Vai ver que estão tirando fotos da gente”. E logo depois, ali adiante, surgiu uma luz ainda mais forte no céu, que iluminava uma grande área — não havia um objeto, só a luz.
Depois de tudo o que o senhor viu e pesquisou, qual é sua opinião sobre os discos voadores? Quem são eles, de onde vêm e por que estão aqui?
Perguntas difíceis de responder… Creio que o fenômeno existe e não podemos negá-lo. Ele é passível de ser fotografado e pode-se procurá-lo nas páginas da história, mas não tem explicação total, ainda. Em todo caso, sua existência corresponde à necessidade de alguém de vir nos visitar de algum outro lugar do universo. Dentro das hipóteses que podemos aludir, é possível que alguns discos voadores sejam de humanos como nós, mas vindos do futuro. Enfim, tudo é possível…
Mas o senhor também acredita na origem extraterrestre dos UFOs?
Sim. Na Bíblia, Jesus diz que esse não era o reino de seu Pai, apenas um dos reinos dele. Também disse que nós erámos desse mundo, mas que ele não era. E que a casa de seu Pai tinha muitas moradas. Estamos falando de algo proferido 2.000 anos atrás. Tratamos de alguém que veio nos dizer algo importante e nos deixar um legado, que agora estamos interpretando. Como nossos antepassados teriam interpretado essas mesmas frases? Não sabemos. Penso que, se há um órgão que sabe muito de Ufologia, é o Vaticano. Mas não revelará tão cedo os seus segredos. Em todo caso, acho que devemos estar preparados para a chegada de outros povos, mas a questão é: com os braços abertos ou com o fuzil na mão?
O que o senhor acha?
Bem, os incas receberam os espanhóis que aqui chegaram com os braços abertos e olhe o que lhes aconteceu…
É verdade. Em sua opinião, há pessoas que conhecem a verdade sobre os UFOs?
Sim, creio que algumas autoridades já sabem exatamente do que se tratam. De qualquer maneira, há muitas sugestões a respeito de sua origem e objetivos. O cinema nos dá muitas informações sobre as quais devemos refletir. Às vezes elas coincidem com as que recebemos de outras origens. Creio que o cinema faz um trabalho de preparação da sociedade para o que virá.
Os oficiais do Vaticano dizem que, se nós existimos, é claro que também existem outras espécies inteligentes no universo. Falam também que não reconhecer outras inteligências é subestimar a capacidade criativa de Deus. O que pensa sobre isso?
Há muitas possibilidades. Pode ser que sejamos um experimento de outras inteligências cósmicas, que ainda estejamos nas fraldas da evolução. Mas entendo que há uma aproximação da Terra por parte de outras espécies. Não podemos nos iludir pensando que somos os únicos e devemos reconhecer que há outras civilizações, que não somos o centro de nada, mas sim parte do todo e que temos que nos comportar como tal.
Comido por alienígenas
Como foi seu primeiro contato com o assunto? Que idade tinha?
Eu conheci a Ufologia pelos meios normais, através de livros, rádio e filmes. Creio que estava com 11 anos quando chegou às minhas mãos um livro chamado Glasskan, O Planeta Maravilhoso, de José Estremadoyro [Editorial Peisa, 1971]. É uma ficção que conta a história de alguém que é abduzido e chega a um planeta onde se encontra com outros humanos, que lá estavam por que eram como animais de laboratório que acabavam comidos no final da festa. Então, o herói da história começa a defender-se e descobre que tinha a capacidade física para fazê-lo. A mensagem da obra é que as capacidades das espécies se igualam e os alienígenas concluem que não podem comer alguém que pensa como eles.
Interessante. O que o senhor pensa sobre as abduções alienígenas?
Vou lhe contar uma história pessoal, que aconteceu com minha esposa antes de nos conhecermos — eu só soube do que havia ocorrido depois de nos casarmos. Em uma noite ela sonhou que estava em uma sala de cirurgia sendo operada. Ela se lembrava do sonho ao acordar pela manhã, e quando foi levantar o pé para entrar no chuveiro, teve uma dor pós-operatória. Mas nunca havia operado nada, e ainda assim sentiu aquela dor. Ela tomou seu banho e, ao sair do chuveiro, fez os movimentos com muito cuidado para não doer novamente. Depois, quando entrou em seu carro, sentiu a dor outra vez. O incômodo continuou por alguns dias, mas como se estivesse cicatrizando.
Por que o senhor acha que foi um episódio de abdução alienígena?
Bem, eu contei a um psiquiatra que trabalhava no Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA), no Chile, e ele me disse que é uma constante que pessoas que se dedicam de uma ou outra forma a este fenômeno tenham sempre alguém por perto que foi abduzido — ele me contou que sua esposa também fora abduzida. Este psiquiatra fez com ela uma regressão hipnótica e a mulher não só descobriu que tinha sido operada, mas também que os ETs a manipulavam geneticamente. Depois que se casaram, houve uma espécie de respeito mútuo ou algo assim e os experimentos cessaram.
Um sargento, apavorado, me relatou que as sentinelas estavam observando uma nave. ‘O senhor tem que ver isso, não sabemos o que fazer’, disse. Havia ali no ar uma coisa enorme feita de luz e algumas esferas que a orbitavam, que sumiam e reapareciam.
Poucos homens no mundo estiveram em sua posição, a de um militar na ativa investigando UFOs oficialmente para o governo de seu país. Como se sente?
Creio que todos nós fazemos coisas que outros não fazem. O que para outros é algo grandioso, para nós, ufólogos, é rotina. Recebemos informações, às vezes somos testemunhas e até temos contato com pessoas que nos surpreendem, mas nossa atitude é diferente. Não há surpresa nem incredulidade ao encararmos o Fenômeno UFO, mas sim análise de suas circunstâncias. Meu objetivo é compartilhar conhecimento nesta área, não apenas ser alguém importante, até por que, ser importante é muito relativo.
Alguma vez em sua trajetória de investigação, antes ou depois da OIFAA, o senhor foi vítima de preconceito?
Geralmente penso que as pessoas que dizem algo contra minhas atividades o fazem por que precisam de provas para acreditar, precisam ver acontecer algo. Para mim, este é um tema interessantíssimo para perder tempo com atitudes preconceituosas. Faço o que faço, e sempre fiz, sem pensar no que as pessoas pensam. Sigo o meu caminho.
O senhor acredita que um contato oficial e definitivo possa ocorrer entre a nossa e alguma espécie extraterrestre?
Bem, às vezes penso que o Fenômeno UFO não é inteiramente físico, mas sim energético. Talvez sejam sondas ufológicas a nos espreitar, algo que vem nos visitar e observar sem haver alguém a bordo. Para nós, em nossa forma de pensar, temos que viajar fisicamente a algum lugar para conhecê-lo, mas talvez não seja assim que ocorra com nossos visitantes, que podem observar tudo a distância…
Intensa casuística
Há quem diga que a atividade ufológica no Peru está ligada aos tremores de terra nos Andes, que são frequentes.
O que o senhor pensa disso?
Acho uma tese interessante. O que me lembra de uma das coisas que aconteceu durante as operações da OIFAA, em 2005, quando recebemos um documento que continha desenhos e números que não conseguimos interpretar, supostamente canalizado por uma testemunha de um avistamento. Depois de algum tempo estudando aquilo, chegamos à conclusão de que eram coordenadas geográficas que apontavam para frente da cidade de Paracas, ao sul de Lima. Tentando decifrar a mensagem, nós achamos que significava algo como “estamos aqui e queremos ajudá-los, mas não nos perturbem” ou “nos deixem trabalhar”. Em frente à Paracas, como se sabe, há uma área de treinamento de combate aéreo e o número de avistamentos ufológicos no local é alarmante.
E qual é a relação desta informação com os tremores de terra?
Anos depois houve um grande terremoto e as coordenadas do documento eram muito próximas ou coincidiam com o epicentro dos tremores. Talvez a mensagem fosse um aviso, mas de quem?
E sobre a possibilidade de existirem bases extraterrestres na costa do Peru, como afirmam alguns pesquisadores, o que diz? Há casos de objetos saindo da água no Oceano Pacífico?
Não sei muito sobre isso, mas acredito que seja possível. Nossa mente e nosso conhecimento não conseguem imaginar tudo o que pode haver, e assim não podemos desprezar nenhuma hipótese.
O senhor tem conhecimento da abertura ufológica governamental que está acontecendo no Brasil desde 2007?
Sei que no seu país há muito interesse no assunto por parte de grupos civis de investigação. Mas eu fui parte do outro lado, entende? Ante a existência de informações, desclassificam-se arquivos, mas o que se ganha com isso? Penso que não adianta liberar documentos técnicos que ninguém vai entender o que significam. Sei que no Brasil existem muitas informações vindo à tona, mas não sei se elas são tudo o que o governo tem sobre o assunto. Nem mesmo sei se a abertura de certa quantidade de informações não seria uma estratégia para se resguardar outra quantidade…
O senhor poderia deixar uma mensagem final aos ufólogos brasileiros e aos leitores da Revista UFO?
Eu os parabenizo por procurarem saber mais sobre o Fenômeno UFO. Querer saber mais é reconhecer que não se sabe muito. Pesquisar é reconhecer que existe uma necessidade de conhecimento. Há pessoas que não se interessam, falam mal e ridicularizam o assunto. Há também muita especulação e, às vezes, pessoas que têm a mensagem que poderia ser a chave para o entendimento da questão, mas não a compreendem e não sabem transmiti-la. Portanto, há que se ter cuidado com este tema, que o que tem de fascinante, tem de perigoso.
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