A constatação de que o avistamento de UFOs é uma manifestação global que independe de fronteiras, políticas e leis humanas, é unânime entre os pesquisadores, mas mesmo assim parece haver algumas regiões de nosso planeta nas quais o registro de atividades ufológicas é maior. A América Latina é uma dessas regiões, começando pelo México, onde abundam casos de todos os tipos, até alcançar a Patagônia.
Se formos levar em consideração o que diz a Teoria dos Antigos Astronautas, o fenômeno também não é novo no planeta e, em especial, em nosso continente, uma vez que os povos que aqui construíram grandes e sofisticadas civilizações, como os incas, astecas, maias, toltecas e outros, já contavam histórias sobre deuses que desceram dos céus para ensinar coisas à humanidade. Na América do Sul, a incidência de avistamentos e de encontros com UFOs é tão proeminente que muitos países estudam e registram os fenômenos de forma oficial, embora, é claro, não apontem origens para os objetos voadores não identificados vistos nos céus.
Porém, um de nossos vizinhos, o Paraguai, nunca pareceu ser de interesse particularmente quanto ao fenômeno, e enquanto outros países da região montavam grupos de estudos e de vigília, compilavam dados e estudavam casos de avistamentos e de abdução, a Ufologia parecia não existir para além da Ponte da Amizade. Mas, a menos que os UFOs “saltem” o país, parece lógico supor que a incidência de casos no Paraguai seja tão expressiva quanto nos outros países do continente. E se é assim, por que não conhecemos esses dados?
Preenchendo a lacuna
Justamente para responder à essa pergunta é que o entrevistado desta edição decidiu que era hora de preencher essa lacuna no estudo e compilar aquilo que havia arquivado em muitos anos de pesquisa. Comerciante, programador de computadores em Assunção e fundador do grupo Hacking Force Paraguay, que teve grande repercussão na mídia do país, Ronald Maidana Torres fez cursos de jornalismo profissional e é apaixonado por vários ramos do conhecimento, como astronomia, biologia, exobiologia, botânica, psicologia e filosofia. Mas foi na Ufologia, entretanto, que nosso entrevistado se identificou, e há décadas vem fazendo um trabalho de coleta e investigação dos mais importantes casos ufológicos paraguaios. A partir disso, produziu um banco de dados de ocorrências, catalogando episódios de avistamentos de discos voadores e contatos com tripulantes para buscar um padrão ou lógica nos dados.
A inexistência de livros, revistas ou materiais sobre a casuística ufológica paraguaia foi o motor que levou Ronald Maidana Torres a entrar na Ufologia, justamente para suprir esta carência para si e para outros entusiastas paraguaios. Seu trabalho de tantos anos resultou na obra UFOs no Paraguai: Radiografia de um Fenômeno Desconhecido, lançada originalmente em seu país em 2016, e que acaba de receber uma edição brasileira pela Biblioteca UFO, que será lançada no XXIV Congresso Brasileiro de Ufologia, em março, em Curitiba. Sua ação de pesquisa também é pioneira na América do Sul, pois o autor se dedica a recolher e a analisar casos ufológicos na bibliografia histórica do continente, tendo encontrado evidências de contatos extraterrestres em épocas que vêm desde o início do século XVII.
Torres encontrou, inclusive, um caso testemunhado pelo escritor, historiador, geógrafo e herói brasileiro da Guerra do Paraguai, o almirante Augusto João Manuel Leverger, que o anotou em seu registro de viagem, em 26 de novembro de 1646. À época da ocorrência Leverger era ainda capitão, forma como é tratado por Torres. O caso, que durou incríveis 25 minutos, está descrito na obra. Segundo nosso entrevistado, “Leverger ficou muito intrigado com aquilo que testemunhou e até mesmo procurou calcular a altitude do objeto que vira”.
Ronald Maidana Torres também é correspondente internacional da Revista UFO, colaborador das revistas Alpha e UFO Alternativa, entre outras. Também participa do projeto Magonia Exchange, criado pelo pesquisador e autor Chris Aubeck, um grupo privado de pesquisadores em todo o mundo que coletam, compartilham e acumulam informações sobre todos os tipos de eventos inexplicáveis, desde a Antiguidade até 1947.
Dados dispersos ou destruídos
É interessante notar que o pesquisador não encontrou quase absolutamente nada em termos de relatórios oficiais ou investigações feitas pelo Governo Paraguaio sobre os casos que descreve em seu livro — nem mesmo sobre os mais notórios, que envolveram controladores de voo, aviões de companhias aéreas e uma quase colisão em pleno voo. “É como se o governo ignorasse completamente o assunto”, diz Torres.
Ainda segundo o pesquisador, se relatórios e investigações foram feitas, é possível que tenham se perdido com o tempo e que muitos papéis tenham sido destruídos por falta de cuidado ou por não terem sido considerados importantes o suficiente para serem preservados. É claro que precisamos levar em conta a história política do país e as mudanças de regime que talvez tenham influenciado a falta de preservação de arquivos, mas, segundo Torres, o governo realmente parece não se interessar pelo assunto.
Por outro lado, em algumas regiões do Paraguai os UFOs são muito bem conhecidos e estão em várias representações pictográficas. Ou seja, o governo não liga, mas as pessoas sim — ou talvez os dados oficiais sobre os UFOs estejam tão bem guardados que parecem inexistentes. Isso somente o tempo poderá responder. Há, contudo, um relatório produzido em razão de um incidente envolvendo a extinta empresa Linhas Aéreas Paraguaias que foi arquivado pelo Ministério da Defesa daquele país. Se houve algum desenvolvimento posterior, ninguém sabe.
Currículo internacional
Nosso entrevistado foi conferencista em duas edições do Fórum Mundial de Ufologia, realizadas pela Revista UFO em Foz do Iguaçu, em 2012 e 2016, representando o Paraguai e abordando a rica casuística ufológica de seu país. O autor é também fundador do grupo Vigilantes dos Céus do Paraguai (VCP), uma equipe de observadores que monitora os céus com tecnologia de visão noturna em busca de UFOs. Atualmente, está trabalhando no desenvolvimento de uma nova metodologia para a investigação do fenômeno.
Torres também participou de vários programas de rádio e televisão, nos quais exibiu parte de sua pesquisa, inclusive na premiada série Contato Extraterrestre, do canal a cabo History. Seu livro contém material que expõe a diversidade e riqueza da presença alienígena no país vizinho, onde fenômenos observados ocorrem absolutamente alheios aos paradigmas da ciência atual e são testemunhados por populares, militares, cientistas, meteorologistas, religiosos, pilotos, controladores de tráfego aéreo, banqueiros, professores etc.
Na entrevista a seguir vamos conhecer alguns casos intrigantes da casuística paraguaia e a opinião do pesquisados em relação aos UFOs. “Sou apenas um coletor de dados”, diz ele, cheio de modéstia. O fato é que, se não fosse por seu trabalho, não conheceríamos os impressionantes eventos ufológicos paraguaios, a maior parte dele inéditos para nós. Ronald Maidana Torres nos faz lembrar a importância da pesquisa e da compilação de dados para a compreensão dos Fenômeno UFO. Vamos à entrevista.
Você diz que foi a ausência de publicações sobre casos ufológicos paraguaios que o estimulou a iniciar uma investigação sobre o assunto no Paraguai. A que você atribui essa ausência? Não havia ufólogos no país até então?
Foi exatamente isso que chamou minha atenção: a ausência de publicações que reunissem casos ufológicos nacionais. Como é possível que em países vizinhos, como Brasil, Argentina e Bolívia, existam registros e no Paraguai não? Estariam enterrados entre as antigas folhas dos jornais e escondidos na som
bra do esquecimento? Ou a casuística estrangeira só desperta interesse em nossos compatriotas interessados em Ufologia? Realizei uma ampla e extensa investigação bibliográfica e hemerográfica, que confirmou minhas suspeitas iniciais: a inexistência de livros sobre de pesquisa ufológica paraguaia. No entanto, encontrei alguns artigos do então ufólogo e representante local da Mutual UFO Network (MUFON) Jorge Alfonso Ramírez, empresário e fundador do Grupo de Estudos Ufológicos do Paraguai (GUEIP), que reunia pessoas interessadas em UFOs na década de 90. O grupo promovia encontros e debates análogos aos atuais “cafés ufológicos”, sobre os quais temos notícias na Argentina e outros países.
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