A psicóloga Gilda Moura realizou uma pesquisa sobre o tema abduzidos e contatados em conjunto com os doutores Norman S. Don e Sidney M. Greenfield, da Universidade de Wisconsin (EUA). Os resultados foram apresentados ao doutor John E. Mack, autor do livro Abduções [Editora Educare] e criador do Programa para Pesquisa de Experiências Extraordinárias [Program for Extraordinary Experience Research ou PEER]. A pesquisa de Gilda se baseia no fato de que muitos investigadores – como Jacques Vallée e Jenny Randles – observaram que pessoas que passavam por abduções ou contatos com ETs se encontravam em estados alterados de consciência (ASC). Também observaram que abduzidos e contatados possuem a habilidade de entrar em ASC facilmente.
Consciente de que as pessoas que descreviam encontros freqüentes com alienígenas e anormalidades de ordem eletromagnética em sua vida diária também podiam entrar em ASC com extrema facilidade, no momento em que descreviam um contato mental com alienígenas, Gilda decidiu verificar as atividades elétricas do cérebro destas pessoas enquanto estavam nestes estados alterados. Precisamente, analisou o estudo das funções cerebrais correlacionadas com os estados mentais derivados de experiências ufológicas. Para isto, a estudiosa, junto com o doutor Don, realizaram um projeto para conhecer estas funções através de medições psicofisiológicas.
Santo Daime — Foram feitos registros de eletroencefalograma (EEG) de três diferentes grupos de controles: 17 médiuns tradicionais (incluindo três curadores de efeitos físicos), 24 contatados e abduzidos e 13 membros do movimento Santo Daime. Neste grupo, o objetivo seria registrar os efeitos da ingestão da substância psicoativa ayahuasca nas funções cerebrais. Este líquido é ingerido em rituais do Daime. Gilda descreve sua pesquisa como um árduo trabalho de campo, e informa que enfrentou muitos problemas de metodologia. Do grupo de 24 contatados e abduzidos, somente oito foram totalmente analisados. Em seu estudo, apenas foram incluídas pessoas que reportaram experiências constantes e contínuas com UFOs após tais contatos, pessoas que tinham a capacidade de se auto-induzir a estados ASC, para entrar em contato mental com alienígenas, e aquelas que podiam provocar fenômenos de ordem eletromagnética em sua vida diária – além de algumas com habilidades psíquicas ou paranormais desenvolvidas. Os resultados deste estudo exploratório mostraram que, sob ASC, as pessoas que viveram tais experiências exibem um padrão de ativação cortical de freqüência diferente do estado normal e também diferente de estados de transe ou processos mediúnicos.
O significado e conseqüências deste padrão de ondas cerebrais não são conhecidos. Através da comparação com estudos prévios, os pesquisadores chegaram à conclusão de que este comportamento cerebral envolve a focalização e a ativação de um processo de atenção. Ao mesmo tempo, é um estado de expansão da mente chamado de padrão cerebral superestimulado [Hyperaroused Brain Pattern ou HBP], em que se descreve uma maior clareza mental e rapidez de pensamentos. Outra conclusão é que, provavelmente, este efeito de ativação faria parte de alguma reprogramação de origem não identificada, externa ou não à Terra ou – melhor dizendo – ao nosso universo tridimensional. Estas situações são comumente citadas por alguns contatados.
Ponte com a Espiritualidade — Ainda é prematuro se definir uma conclusão geral. No entanto, em seu livro UFO – Contato Alienígena [Editora Atheneu Cultura], Gilda faz uma ponte entre Ufologia, psicologia e espiritualidade, baseada num longo tempo de observação e pesquisa, aonde descreve os processos psicológicos de abduzidos. Estes trabalhos são interessantes para tentar se aproximar do entendimento dos traumas e seqüelas produzidos pelo Fenômeno UFO. Eles nos orientam sobre como transformar os mesmos em um processo positivo. Resumidamente, colocam o fenômeno das abduções e contatos num contexto de evolução da consciência humana. O hipnólogo Mário Rangel também realiza importante trabalho sobre abduções, que resultou no livro Seqüestros Alienígenas. Investigando Ufologia Com e Sem Hipnose [LV-07 da Biblioteca Ufo].
Com sua leitura, é possível se chegar a algumas conclusões, mesmo que parciais e limitadas, sobre o que pode estar ocorrendo. O problema maior que enfrentam os ufólogos é analisar a psiquê humana e tentar tirar dela o que não representa uma experiência vivida, mas um processo de origem meramente mental. Basta observar que os padrões humanos de análise sempre se referem a alienígenas bons como sendo bonitos e, os alienígenas maus, como sendo feios. Da mesma forma que uma pessoa pode sentir aversão a insetos, crustáceos etc, o que ocorre, na maioria dos casos, por sua estranha e bizarra aparência. No lado oposto ao raciocínio, por seu aspecto agradável, uma pessoa sente carinho e ternura por um golfinho.
É importante destacar que, independente das pesquisas em abduzidos e contatados, somos constantemente bombardeados por programas e informações – ou desinformações – que apresentam uma imagem hostil para os alienígenas, como sendo violentos e indiferentes em relação aos direitos humanos. A necessidade de impor, de forma subliminar, a possibilidade de uma presença alienígena perigosa e ameaçadora é crucial para a perpetuação da manipulação das informações e o conseqüente distanciamento do ser humano comum desta realidade. Assim, os meios de comunicação submetem-se inconscientemente a esse jogo, servindo de canais de programação mental e ingressando na mente do telespectador que, curioso, busca informação e encontra apenas medo, insegurança e dúvida. O esclarecimento do Fenômeno UFO estará sempre distante, pois as regras deste obscuro jogo são justamente a confusão e a alimentação da controvérsia. E pelo jeito, a situação permanecerá assim por muito tempo.