Como ficou claro no post anterior desta série, me alinho entre aqueles fãs que têm uma preferência destacada em considerar Batman, e não o Superman, como o maior herói dos quadrinhos. Existem inclusive várias piadas de duplo sentido quanto ao kryptoniano, incluindo até mesmo a discutível idéia de criarem a kryptonita rosa, que altera a opção sexual dos nativos daquele planeta!
Mas não podemos deixar de reconhecer que cada um dos dois grandes possui bem destacado também seu próprio nicho no universo DC. Batman como o ápice da espécie humana, e Superman como o grande exemplo. Um combate o mal ambientando as mesmas sombras deste, enquanto o outro é uma luz para o que de melhor podemos almejar. Relembro as palavras de Jor-El, pai de Kal-El, sobre a espécie humana: \”Eles podem ser um grande povo, Kal-El, eles querem ser. Precisam apenas de uma luz que lhes indique o caminho. Você pode ser esse guia, e é por esse motivo, acima de todos os demais, que lhes enviei você, meu único filho\”.
A origem do Superman, o alienígena vindo de Krypton que se tornou um dos maiores heróis da Terra, já foi contada de muitas maneiras, tanto do ponto de vista dele mesmo quanto das pessoas que lhe são próximaS. Uma que de fato merece destaque é Superman: O Legado das Estrelas (Superman: Birthright no original). Lançada primeiro em fascículos, e depois em um belo encadernado pela Panini, essa saga também é claramente inspirada pelo seriado Smallville.
Um dos aspectos mais chamativos, do ponto de vista ufológico, é que Martha Kent, a mãe adotiva de Clark, é uma ufófila dedicada. Vemos em uma das cenas, logo antes de o filho adotivo entrar, ela diante de seu computador visitando um site sobre Ufologia. Diversos recortes e imagens de UFOs e alienígenas a rodeiam. E poucas páginas depois vemos o próprio Clark usando uma camiseta com o rosto de um alien e a frase \”I believe\”, eu acredito.
A trama começa em Krypton, logo antes da destruição do planeta e do extermínio de uma das mais avançadas civilizações da galáxia. Vemos Jor-El, Lara e o pequeno Kal-El. O casal coloca o bebê na nave e a vemos partir logo antes do planeta se desintegrar. Em algumas páginas a nave cai no Kansas, para ser encontrada pelos Kent.
No presente, Clark está na África, tentando ajudar um dissidente político sem muito sucesso, e aprendendo os primeiros passos da profissão de jornalista. Quando ele volta para a fazenda dos pais adotivos, já tem uma resolução tomada: quer ajudar as pessoas.
Como a história é contemporânea, vemos Clark e a mãe se corresponderem por e-mail, e um elemento inédito: na nave veio também um tipo de e-book reader alienígena, que Clark consegue acessar de maneira um tanto precária (já que não há nada parecido na Terra). E ele vê cenas de seu planeta natal, cobrindo inúmeras eras, e sempre com grande destaque para o símbolo amarelo e vermelho que forma o S tão conhecido, o futuro emblema do herói.
Jonatham, seu pai, não é entusiasta da idéia, mas Martha o apóia, dizendo para o marido que não podem segurar o filho. Naturalmente ela se preocupa, pois se o governo descobrir que eles abrigaram um alienígena, podem ter problemas. Nasce aí não somente o traje azul e vermelho, mas especialmente o verdadeiro disfarce desse personagem: o do repórter Clark Kent. É uma boa explicação para o fato de, apesar de o Super não usar máscara, ninguém perceber que ele e Clark Kent são a mesma pessoa.
Já em Metrópolis, Kent conhece sua grande paixão, Lois Lane, assim que chega a redação do Planeta Diário. Mas acontece um problema com certos helicópteros não tripulados que estão sendo experimentados na segurança na cidade, e finalmente o novo herói tem a chance de atuar. Naturalmente primeiro salvando Lois.
E não será supresa nenhuma revelar que o responsável pelos helicópteros ou VANTs (veículos aéreos não tripulados), é Lex Luthor! Naturalmente o poderoso empresário se interessa imediatamente pelo recém-chegado, e um novo momento interessante para os ufólogos é ver que Luthor é apresentado, pela mídia de Metrópolis, como empresário e exobiólogo.
Clark e Lois se tornam parceiros (a contragosto dela, evidentemente), e Luthor os convida para visitar suas instalações. Ele revela como se interessa pela vida extraterrestre desde criança, e revela que boa parte das descobertas científicas da Lexcorp, sua empresa, vem dessas pesquisas (e Lex chega a citar o nome de Carl Sagan). E é claro que um dos homens mais brilhantes da Terra não deixaria de tecer hipóteses sobre o Superman que já deixam Clark de sobreaviso.
Ao mesmo tempo que vemos Luthor tramando contra o Homem de Aço, em flashback é mostrado como ele e Clark se conheceram vários anos antes em Smallville. Com certeza inspirado pelo seriado de mesmo nome, assistimos a amizade entre os dois ser abalada por acontecimentos impressionantes, dos quais Lex saiu ainda mais obcecado em sua busca.
O vilão consegue que afinal todos desconfiem do Superman, e até mesmo consegue convencer o mundo que ele é a ponta de lança de uma invasão alienígena. E quando naves e exércitos de Krypton surgem sobre Metrópolis, é somente com o Superman que a cidade pode contar.
O final é absolutamente impactante, explorando uma certeza que os fãs sempre tiveram, de que os pais biológicos do Superman nunca tiveram certeza de que o plano de enviar seu filho para a Terra deu resultado. Graças a ciência desenvolvida por Lex Luthor, o final dessa saga é realmente emocionante.
Superman: O Legado das Estrelas, é uma das melhores histórias sobre o Homem de Aço, realizada com roupagem atual e plena de conspirações e menções a Ufologia e exobiologia. Recontando a origem do mais poderoso de todos os super-heróis, pode ser facilmente encontrada em lojas especializadas.