Mais um grande encontro da comunidade ufológica internacional
A pequena cidade de Laughlin, localizada às margens do Rio Colorado, em pleno Deserto do Nevada (EUA), transformou-se numa espécie de Capital Mundial da Ufologia de 26 de fevereiro a 04 de março, quando abrigou a 15ª edição do maior congresso anual sobre objetos voadores não identificados em atividade em todo o mundo. Quase 40 conferencistas de mais de 15 países e um público estimado em 1.100 pessoas se reuniram durante uma semana inteira para expor e debater os mais variados aspectos da pesquisa ufológica e discutir, em altíssimo nível, a manifestação de seres extraterrestres em nosso meio. Tratou-se do 15th International UFO Congress and Film Festival, uma verdadeira maratona de palestras e audiovisuais que atrai entusiastas do assunto dos quatro cantos do mundo desde 1992.
A escolha do local é estratégica. Laughlin, 150 km ao sul de Las Vegas, é também próxima da famosa Área 51, onde os ufólogos garantem que o governo norte-americano mantém uma base secreta em que UFOs acidentados são examinados e desmontados – e eventualmente remontados para testes. Destas atividades teriam resultado tecnologias hoje amplamente usadas, do microondas à navegação aérea invisível, a chamada stealth. A partir de Laughlin, seguindo pela rodovia estadual 95, até Vegas, e de lá tomando a interestadual 15, na direção do vizinho estado de Utah, em pouco mais de quatro horas de viagem se chega ao local, onde se avista as montanhas que separam a enigmática base do resto do mundo. A Área 51 é tão secreta que não consta em qualquer mapa existente – até o serviço Google Maps, na internet, inaugurado no ano passado, tem sido censurado de mostrar imagens do local, apesar do site cobrir 99% da superfície da Terra [Aguarde matéria completa sobre a viagem deste autor ao local].
As palestras do evento aconteceram sempre pelas manhãs e tardes, sendo as noites reservadas para um festival de filmes ufológicos, o único no mundo, em que documentários amadores e profissionais foram enquadrados em várias categorias, apresentados ao público e julgados por uma comissão especialmente constituída. O festival é considerado uma espécie de “Oscar da Ufologia” e os vencedores recebem o Prêmio EBE, sigla de Entidade Biológica Extraterrestre. Neste ano, a entrega dos troféus aos vitoriosos se deu em cerimônia de gala que marcou o encerramento do International UFO Congresso.
Abertura brasileira — A boa notícia para a Ufologia Brasileira é que o documentário Brazil’s Roswell, realizado pela Towers Productions para o canal a cabo norte-americano The History Channel (THC), foi o grande vencedor em duas categorias – a de melhor documentário de curta-metragem e a de melhores efeitos especiais. Brazil’s Roswell, muito semelhante ao programa Linha Direta Mistério, que a Rede Globo exibiu em 25 de agosto passado – ambos contando com consultoria e participação direta de integrantes da Equipe UFO –, mostrou a realidade ufológica da Amazônia, com entrevistas a pesquisadores, testemunhas e militares, além de filmagens feitas no local [Veja UFO 118]. O documentário abusa dos efeitos especiais de alta qualidade, que tornaram as cenas de avistamentos de UFOs na região, e muitos de seus ataques aos moradores das ilhas fluviais do Pará, em especial Colares, ainda mais realistas. O editor de UFO recebeu os prêmios em nome da produtora Michael Webber e do diretor executivo Bob Smart.
A participação brasileira no evento não se limitou à apresentação do programa. Em palestra realizada no último dia do conclave, este autor abordou em detalhes os expressivos resultados da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, promovida desde março de 2004 pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), através da Revista UFO. A questão da execrada política de acobertamento ufológico por parte dos governos é um dos temas favoritos das platéias de congressos internacionais, e em Laughlin não foi diferente. Houve grande entusiasmo quando foram mostrados os diversos passos que o movimento pela liberdade de informação seguiu em nosso país – que, como se sabe, resultou num encontro histórico entre os ufólogos civis e os militares da Aeronáutica, em maio de 2005 [Veja UFO 111]. Na ocasião, a Força Aérea Brasileira (FAB) admitiu a importância da Ufologia e informou publicamente que possui casos investigados secretamente. Parte de minha palestra foi reservada para a exibição do Linha Direta Mistério.
Celebridades da Ufologia Mundial podiam ser encontradas aos montes no evento, principalmente em seus bastidores, que foram agitadíssimos. É que o International UFO Congress tem o condão de reunir não apenas os ufólogos que estarão se apresentando, mas também pesquisadores dos EUA e de muitos outros países que, mesmo não constando do programa, fazem questão de comparecer. É o caso, neste ano, da representante de UFO na Austrália Glennys Mackay, do médico e consultor de UFO na Califórnia Roger Leir, do autor Whitley Strieber, do canadense Steven Basset, do mexicano Victor Camacho, de uma equipe da Organization of UFO Research Japan [Organização Japonesa de Pesquisas Ufológicas], para citar apenas alguns. A imprensa também compareceu em peso ao evento, além de produtoras de programas ufológicos e de temas afins.
Meier e seres híbridos — Entre os destaques do interminável roteiro de palestras estavam dois painéis para tratar de temas distintos – um sobre o polêmico Caso Meier e outro sobre quedas de UFOs e resgate de seus tripulantes. No primeiro, os veteranos Wendelle Stevens, coronel da reserva da Força Aérea Norte-Americana (USAF), Michael Horn e Christian Frehner, ligado à comunidade que Eduard “Billy” Meier possui na Suíça, apresentaram contundentes informações que reforçam a tese de que o episódio não é inteiramente uma fraude, opinião que é quase unanimidade na Ufologia Mundial. No segundo, o produtor do filme Roswell [1994], Paul Davids, e os ufólogos norte-americanos Scott Ramsey e Ryan Wood, além do piloto canadense Don Ledger, mostraram novidades sobre casos antigos e recentes de acidentes ufológicos.
Entre eles, Ledger tratou da queda de uma suposta nave alienígena na localidade de Shag Harbour, na província de Nova Scotia, em 1967. Wood mostrou mais de 75 documentos sobre ocorrências, recentemente obtidos de fontes anônimas do governo dos Estados Unidos. A participação de veteranos da pesquisa de abduções também foi muito concorrida. Apresentando-se conjuntamente, o artista plástico e autor Budd Hopkins e o professor David Jacobs fizeram uma brilhante dissertação sobre um dos temas mais espinhosos da Ufologia: a geração de seres híbridos a partir de experiências de abdução, em que vítimas são submetidas a manipulação genética – isso quando não há cópula efetiva.
Novidades em abduções — Seres Transgênicos, para não causar impacto maior do que o necessário, foi o tema da palestra de Jacobs e Hopkins, ambos integrantes de nosso Conselho Editorial. Eles mostraram resultados de suas pesquisas, que indicam que os híbridos têm capacidades humanas e alienígenas, de tal forma que podem se passar por pessoas “quase” normais. “Eles podem se infiltrar em qualquer ambiente terreno sem serem notados, mas possuem, entre outras coisas, a capacidade de se comunicar telepaticamente”, relatou Jacobs, professor da Universidade de Temple, na Filadélfia que tem um título de Ph.D. e vários livros publicados.
Explorando a casuística ufológica avançada estiveram em Laughlin o turco Haktan Akdogan, da Sirius UFO Research Society [Sociedade Ufológica Sirius], o porto-riquenho Jorge Martín, editor da publicação Enigmas del Milenio, e a dupla de mexicanos Santiago Yturria Garza e Jaime Maussán – todos do Conselho Editorial de UFO. Akdogan, que tem quatro museus itinerantes de Ufologia em seu país, mostrou dezenas de casos em que UFOs foram avistados e fotografados a curta distância de populosos centros urbanos. Martín, que sofre perseguições políticas devido às suas atividades ufológicas – seu país, Porto Rico, no Caribe, é parte dos Estados Unidos e usado por eles para manutenção de bases militares e de experimentações bélicas –, mostrou recentes abduções, aterrissagens e perseguições a humanos. Yturria e Maussán, popularíssimos no evento de Laughlin, mais uma vez apresentaram casos espantosos recentemente ocorridos em seu país – tão interessantes quanto no ano passado, quando abordaram as flotillas. Tais assuntos serão apresentados na íntegra em nossas próximas edições.
Desinformação no ar — Para abordar a ampla e já profunda questão dos círculos ingleses, compareceram ao evento o inglês Colin Andrews e a pesquisadora Nancy Talbot. Com pontos de vista ligeiramente divergentes, eles mostraram que o fenômeno das plantações do sudoeste da Inglaterra, que hoje já é praticamente mundial, está exibindo diferenças nos padrões, sugerindo que há uma inteligência clara por trás de sua manifestação – e que está interagindo com os seres humanos na medida em que estes perscrutam seus mistérios. Nancy, convidada, aceitou e deverá fazer parte da Equipe UFO doravante. E falando em enigmas, um dos mais recentes e intrigantes fatos da Ufologia Mundial não emplacou. O inglês Bill Ryan, que pela internet tem feito ampla campanha para atribuir credibilidade ao recém-descoberto, e ainda suspeito, Projeto Serpo, do governo norte-americano, decepcionou. Aguardadíssima, sua conferência não entusiasmou e o palestrante não conseguiu convencer a platéia da legitimidade de tal operação.
Segundo documentos que têm sido veiculados em sites e listas na rede mundial, de origem não identificada e autenticidade agora ainda mais duvidosa, Serpo seria o nome de um planeta distante do Sistema Solar, de onde naves teriam sido enviadas à Terra, décadas atrás, trazendo seres que supostamente mantiveram contato com o governo dos EUA. Os ETs “serponianos” teriam oferecido – e as autoridades norte-americanas aceitado – que uma equipe de cientistas terrestres viajasse a tal planeta para intercâmbio científico. Tal como na parte final do filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau [1977], de Steven Spielberg, o grupo teria ido e permanecido em Serpo por vários anos. A história é realmente suspeita e tudo indica que teria sido inventada por inspiração
baseada no referido filme.
Um dos momentos mais elétricos do International UFO Congress deu-se na manhã de 03 de março, poucos minutos antes da palestra do italiano Maurizio Baiata, editor da recém-fundada revista Área 51. Ele estava agendado para falar das experiências do falecido coronel norte-americano Philip Corso, autor do livro The Day After Roswell [O Dia Após Roswell, Pocket Books, 1997]. Corso, que acabou forçado a ter como co-autor o empresário William Birnes, sobre quem pesam acusações de ter adulterado o conteúdo da obra, tinha sérias informações sobre o uso da tecnologia da nave acidentada no Novo México, que Baiata mostraria. Antes de se apresentar, o italiano recebeu um fax dos advogados de Birnes proibindo-o de tratar do assunto sob a alegação de que o último detém, após a morte do militar, os direitos exclusivos sobre o material.
Boicote declarado — Foi um vexame, ainda mais porque Birnes é proprietário da única revista sobre Ufologia do país, a UFO Magazine. Resultado: Baiata falou mesmo assim e conferencistas, organizadores, staff e a platéia do evento, revoltados com tal procedimento, resolveram promover forte boicote à publicação de Birnes. Isso foi excelente para a UFO brasileira, que na noite anterior, em reunião da diretoria do evento – da qual este editor faz parte –, teria seu projeto de uma versão internacional, em inglês, oficializada. Bob e Teri Brown, organizadores do evento, junto a uma meia-dúzia de investidores, pretendem fazer o plano dar certo. E com a atitude de Birnes, não será difícil isso acontecer. Laughlin, enfim, mais do que um congresso de Ufologia, é uma escola. E para a Ufologia Brasileira, vale dizer, é uma grande oportunidade.