A Ufologia pode não ser uma ciência, como alegam aqueles que não reconhecem o assunto como merecedor de atenção. Mas constantemente emprega recursos estabelecidos e amplamente usados por variadas disciplinas científicas em seu trabalho. Geografia, química, física, sociologia, psicologia, história, medicina e várias outras áreas têm seus recursos “emprestados” pelos ufólogos em suas investigações. Afinal, o Fenômeno UFO se manifesta em nosso meio ambiente e interage com seres humanos, que são objetos de estudo das citadas ciências. Entre elas, a psiquiatria desempenha papel de fundamental e crescente importância, não somente ajudando na determinação de padrões de ocorrências ufológicas – especialmente as abduções –, mas também no tratamento de eventuais traumas adquiridos pelas testemunhas e abduzidos após seus encontros com aliens.
Em nosso país, o emprego da psicologia e psiquiatria na investigação ufológica ainda é embrionário, ao contrário dos Estados Unidos, onde já são empregadas há décadas. Mas o avanço da associação da Ufologia com tais disciplinas aumenta rapidamente com a adesão de um número crescente de profissionais destas áreas, que passam a encarar o assunto com a seriedade que ele exige. Entre os pioneiros a fazê-lo está o médico psicossomático, ortomolecular e acupunturista Luciano Stancka e Silva, que trabalha na Clínica Hiperbárica de São Paulo e exerce suas atividades em consultório particular na capital paulista. Luciano é consultor de Ufo há mais de 10 anos e já tratou de várias testemunhas de manifestações ufológicas – algumas das quais se diziam abduzidas. Estas tinham sintomas clínicos e psicológicos relevantes, que comprometiam a normalidade de seu dia-a-dia. Seu trabalho é reconhecido em todo o país e tem proporcionado subsídios à compreensão dos mecanismos de interação de UFOs com as pessoas. “A psiquiatria tem boas ferramentas para lidar com a casuística ufológica, mas seu uso deve ser responsável. Especialmente no caso de tratamentos a pessoas traumatizadas após experiências marcantes”, afirma Luciano. Ele é o nosso entrevistado dessa edição.
Como exatamente a psicanálise pode ajudar na compreensão dos mecanismos de contato entre seres humanos e extraterrestres? Psicanálise é a parte da psicologia que, através de métodos de investigação e análise, procura descobrir no inconsciente das pessoas as tendências, desejos e manifestações que perturbam suas mentes, trazendo à luz da consciência esses fatores perturbadores e revelando-os para que possam ser tratados com a psicoterapia. Como é um método tradicional de estudo e tratamento de distúrbios psíquicos e traumáticos, a psicanálise pode ser um instrumento de ajuda na compreensão e atenuação da situação inusitada vivida pelo indivíduo abduzido, que se sente inseguro e invadido, que apresenta sonhos desconexos e aterrorizantes – além de manifestações físicas desagradáveis, como enjôo, diarréia, vertigens, tonturas, sensações de calor, frio, formigamento, lapsos de memória etc, muito comuns a experiências do gênero.
A psiquiatria tem boas ferramentas para lidar com a casuística ufológica, mas seu uso deve ser responsável. Especialmente no caso de tratamentos de pessoas traumatizadas
Como funciona o procedimento médico em casos em que há suspeita de abdução por extraterrestres? Assemelha-se ao procedimento médico clássico de abordagem de um paciente psiquiátrico. Primeiro se faz uma anamnese no paciente, que é o interrogatório clínico que visa coletar todos os dados relevantes sobre a atual situação do paciente e deve conter diversos itens essenciais. Todos os dados pessoais e antecedentes do indivíduo devem ser anotados. A anamnese também busca saber se a pessoa tem algum histórico de doenças anteriores, se já fez alguma cirurgia, se já teve algum episódio convulsivo, fez transfusão de sangue, tem algum tipo de alergia etc.
Quer dizer que o tratamento de um possível abduzido é basicamente idêntico ao que se aplica a um paciente que chega ao seu consultório com histórico de distúrbio psiquiátrico? Praticamente sim. Porque se trata de um ser humano necessitando de auxílio e a conduta médica é padrão. Inclusive, registramos muito mais dados sobre o paciente, como seus antecedentes familiares, por exemplo. Se ele tem algum membro diabético ou hipertenso na família, se seus filhos são saudáveis, coisas assim. Tudo ajuda a determinar um quadro clínico. Precisamos saber o máximo sobre a pessoa, desde as questões mais simples até as mais complexas.
E qual é o passo seguinte, então? É o interrogatório psíquico. Nessa fase da anamnese observamos a aparência geral do paciente, seu modo de andar, postura, fala, vestimenta, expressão facial, idade aparente, atividade motora e sua atitude em relação ao examinador, que anota suas impressões. Também se avalia o estado de afeto ou humor do paciente, sua expressão geral, tendências e pensamento. É importante saber se o paciente tem algum tipo de bloqueio ou preocupações incomuns, se demonstra ter idéias delirantes ou crenças fixas, ou ainda se se sente controlado por forças estranhas. Fazemos isso em pacientes comuns e pacientes “ufológicos”.
Algum sintoma em especial pode chamar a atenção do médico? Tudo tem que ser levado em consideração e examinado. O que pode parecer um sintoma para um paciente, pode não ser para outro. Igualmente, coisas comuns a muitas pessoas têm interpretações diferentes de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, se tem medo do escuro e dorme de luz acesa, se tem sonhos freqüentes e repetitivos, se acordam subitamente à noite com pesadelos e se esses fatos, quando se dão, ocasionam reações físicas, tais como fome, diarréia, marcas no corpo, hemorragias etc.
Você já tratou vários casos de pessoas que adquiriram algum tipo de trauma decorrente de encontros com alienígenas. Você vê risco nestas experiências? É importante salientar que já tratei de vários casos de pessoas que alegaram ter tido encontros com aliens, que, na maioria das vezes, tinham seqüelas que perduraram por meses ou até anos, como medo, sonhos, perturbações no pensamento, insônia, perda do apetite, diarréia e emagrecimento. Na maioria desses episódios é necessária a prescrição de medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos, a fim de a pessoa voltar a suas atividades normais.
Há diferenças entre os abduzidos clássicos daqueles indivíduos que julgam estar em contato permanente com ETs? Na grande maioria dos casos, sim. Esses supostos contatados se sentem “escolhidos” pelos seres extraterrestres e não apresentam os sintomas físicos descritos. Mas demonstram uma grande insistência em impor suas convicções aos outros. Alguns chegam a abandonar suas antigas religiões e passam a ser pregadores de uma nova era. O risco é de que essas pessoas não consigam se adaptar a sua nova forma de vida, alienando-se. Daí perdem seus amigos, empregos e até mesmo a família por causa dessas novas convicções. Pesquisei um caso assim, de um guarda noturno de Rondonópolis (MT) que, após ver uma luz muito forte, passou a se sentir conhecedor de grandes segredos e a acreditar ter poderes que ninguém mais tinha. Só que esses poderes, na prática, não existiam e os tais conhecimentos nada diziam. Essa experiência o fez batizar seu filho de Ovenis Homis Terraquius.
Você reconhece a hipnose regressiva como um instrumento eficaz de pesquisa de casos de contatos diretos com ETs, em especial as abduções? Veja, há um número crescente de casos ufológicos que vêm sendo investigados e dados como verídicos porque os indivíduos que passaram por tais experiências disseram isso ou aquilo sob hipnose. Não é bem assim e gostaria de dar uma contribuição aos pesquisadores. Quero alertar para o fato de que o que vem sendo feito em muitos casos está gerando um aumento na complexidade da pesquisa ufológica, colocando aspectos da imaginação humana à frente do fenômeno em si e levando os pesquisadores ao erro.
A hipnose pode, quando bem aplicada por um profissional, ajudar a combater traumas diversos que uma pessoa apresente, originados por problemas do passado
Quer dizer que você vê um risco no uso da técnica para fins ufológicos? É importante que saibamos que nós somos seres complexos e a ciência médica, com os últimos estudos nas áreas da psicologia, psiquiatria e mais recentemente a neuropsiquiatria, vem apresentando novas e importantes descobertas sobre a mente humana, que revolucionam o que se sabia. Para isso, a medicina conta com um arsenal tecnológico que possibilita investigar a mente com aparelhos de última geração e medir, mensurar, o tipo de distúrbio que o cérebro de um indivíduo vem apresentando. Temos hoje modernos eletroencefalógrafos, aparelhos para mapeamento e escaneamento cerebral, além de ressonância magnética etc, que nos possibilitam, com pequenas chances de erro, saber o tipo de problema que a mente humana vem apresentando. Esses avanços também podem determinar se um dado distúrbio numa pessoa é decorrente de algo natural ou de uma abdução por aliens.
Ainda assim, o uso da hipnose pode ser validado na pesquisa ufológica? Claro, mas com cautela. Veja que a hipnose é uma técnica terapêutica anterior ao conhecimento atual, usada por toda a Antigüidade. Há provas de que os egípcios, assírios, babilônios, romanos, astecas e maias já a utilizavam para tratar doentes. No Egito, por exemplo, existiam os “templos dos sonhos”, onde se aplicavam aos pacientes sugestões terapêuticas enquanto dormiam. Os gregos realizavam peregrinações a Epidaurus, onde se encontrava o templo do deus da medicina, Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, que invocavam alucinatoriamente a presença de sua divindade para indicar os possíveis métodos de cura. Portanto, hipnose não é propriamente uma novidade, nem mesmo para a Ufologia, que vem usando a técnica há três ou quatro décadas. Mas tal uso deve ser muito bem controlado.
A hipnose pode induzir o paciente a criar fenômenos ufológicos? Se não houver o emprego do método certo, poderá haver deturpações. A hipnose pode, sim, levar a estados alterados de consciência e exemplos disso vêm tanto do passado quanto da atualidade. É sabido hoje que, num transe hipnótico, o indivíduo sucumbe de tal forma a sua própria vontade que se confunde ou entra em choque com as idéias ou a imaginação do hipnotizador. O paciente, sem se dar conta do fato conscientemente, projeta sobre o hipnotizador os efeitos hipnóticos de suas próprias características, assim como seus desejos de fazer milagres e ser especial, suas fantasias e sonhos interiores. Pelo lado psicológico da questão, a hipnose se explica, entre outras coisas, como um fenômeno de projeção.
A hipnose pode ser uma forma de se sugestionar um indivíduo? Sim, pode. Contrariamente ao que ensinam os livros populares, a fé inabalável no hipnotismo e a forte vontade não constituem atributos fundamentais e diretos do hipnotizador, mas sim do paciente. A experiência mostra que os melhores pacientes são precisamente os tipos impulsivos, os voluntariosos. Em suma, são pessoas de muita vontade ou vontade forte. O especialista Howard Warren definiu a hipnose como “um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém distinto do mesmo e tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória”. Isso quase equivale a dizer que a hipnose é, antes de qualquer coisa, do princípio ao fim, sugestão.
Como estão os estudos acerca da técnica hipnótica, hoje? Atualmente, dividimos os estágios hipnóticos em cinco fases. Na fase chamada insuscetível o indivíduo não apresenta características hipnóticas de espécie alguma. Já na seguinte, a hipnoidal, ele demonstra relaxamento muscular, expressão de cansaço e freqüentemente um tremor nas pálpebras, além de contrações espasmódicas nos cantos da boca. Há em seguida o chamado transe ligeiro, que é o terceiro estágio. Nesse momento, o hipnotizado sente os membros pesados e o corpo todo apresenta uma alienação da realidade, embora a mente conserve ainda plena consciência de tudo que se passa ao redor. O indivíduo pode apresentar rigidez cataléptica em olhos e membros, e demonstra pouca inclinação a falar. Tem ainda tendência a responder as perguntas com movimentos da cabeça ou da mão, pois já não quer se mover ou mudar de posição.
O que vem a seguir nesse processo? Bem, depois vem uma parte muito usada na pesquisa ufológica, que é o quarto estágio, o do transe médio, quando o indivíduo ainda pode conservar alguma consciência. Mas agora é que podemos dizer que está hipnotizado de fato e não resiste mais às sugestões, salvo aquelas contra seu código moral ou interesses vitais. Nessa altura há a catalepsia completa dos membros e do corpo, amnésia parcial, alucinações motoras e completa inibição muscular. Nesse estágio, por exemplo, um médico já consegue analgesia [Anestesia] no paciente e nele podem ser feitas pequenas cirurgias. Daí, chegamos finalmente ao transe profundo, o último estágio. Este é o verdadeiro estado hipnótico. Agora o paciente aceita sugestões pós-hipnóticas por mais bizarras que sejam. Em transe profundo se pode mandar o hipnotizado abrir os olhos sem prejuízo do procedimento.
É nesse estágio que podem ser reveladas experiências ufológicas ocultas na mente do paciente? Agora, sim. É nesse estágio que se faz efetivamente a regressão de memória na pessoa. Normalmente, a indução ao transe profundo exige de 30 minutos a uma hora de trabalho ininterrupto. Quando se chega a esse ponto há uma série de características que o paciente apresenta. Dentre elas, a mais certa para se avaliar se o indivíduo está mesmo hipnotizado é a ausência do sentido ao tato. Assim, pode-se inserir uma agulha na pessoa sem que ela tenha reação alguma. A ausência dessa reação indica transe médio ou profundo. Outro teste consiste em levantar o braço da pessoa e deixá-lo erguido. Se ele permanecer assim, é sinal de que a hipnose está em andamento. E outra característica é que o paciente, nesta fase, não se mostra inclinado a falar, e sim a responder as perguntas positiva ou negativamente, com a cabeça ou mão.
É aí que a Ufologia se “apropria” da técnica para seus fins? Sim, a partir desse estágio, quando a pessoa está plenamente hipnotizada, é que se começa a reconstituição dos fatos relativos a uma eventual abdução. A certeza de que o indivíduo está mesmo em transe profundo advém da observação constante e cuidadosa de muitos fatores físicos. Ainda nessa fase há diminuição do pulso e da pressão da pessoa, suas extremidades dos pés e mãos ficam mais frias e ela apresenta hipermnesia, que é a lembrança de coisas esquecidas de seu passado. Alucinações visuais e auditivas também são freqüentes quando se chega nesse ponto, como a possibilidade de regressão de memória. A partir desses parâmetros clínicos podemos dar credibilidade a hipnose, devendo a mesma ser repetida em algumas sessões para que, aí sim, tenhamos realmente informações com consistência.
Há risco para os resultados de uma pesquisa se esses requisitos não forem totalmente atendidos? Olhe, pela dificuldade ou custo do procedimento hipnótico, no mínimo os parâmetros clínicos descritos devem ser observados, a fim de realmente se obter algo muito próximo da verdade. Do contrário, vamos ter inúmeras distorções confundidas com estados psicóticos. O estresse e ansiedades familiares podem facilmente ser transformados em fantasiosos contatos com alienígenas, acabando por serem divulgados por ufólogos sem conhecimento da técnica como legítimos, aumentando assim a quantidade de casos dúbios da Ufologia. Temos distúrbios clínicos, como a “síndrome da falsa memória”, que acomete pessoas sob o estresse da vida cotidiana. Elas passam a criar inverdades e a acreditar nelas de uma tal forma que convencem a terceiros. Vários casos supostamente ufológicos ocorridos nos Estados Unidos, de alegados contatos traumáticos com ETs, quando voltaram a ser investigados por profissionais competentes – e não por curiosos sem preparo técnico e científico –, resultaram ser o produto de seqüelas normais.
Essa falha na condução das sessões de hipnose se aplica a ufólogos, também? Certamente! Isso inclui muitos ufólogos também, que na ânsia de pesquisar casos impactantes e depois terem algo “quente” para divulgar, acabam por induzir testemunhas a abandonar suas próprias idéias e convicções e a crer terem passado por uma abdução. Isso é o que chamamos de “síndrome da falsa memória”. Algo muito similar ocorre na “síndrome do feto desaparecido”, que atinge mulheres que sofrem intensas pressões sociais e familiares. Elas, na luta por uma posição privilegiada na sociedade, competindo lado-a-lado com o homem pelo mercado de trabalho, vivem quadros de tensão, estresse e alterações que aumentam a produção de hormônios que inibem a fertilidade, como a prolactina. E por mais que tentem engravidar, não apresentam condições hormonais para isso. Em casos graves, algumas mulheres entendem seus atrasos menstruais como gravidez. Mas após um período de semanas ou meses, há uma melhora do quadro hormonal, vem a menstruação e elas crêem que tiveram um aborto. Aplicando esse quadro à Ufologia, temos casos de mulheres suscetíveis que imaginam ter sido abduzidas e engravidadas por ETs, que vêm a perder seus fetos após apenas alguns meses de gestação. E o que ajuda esse quadro a se agravar são filmes de abduções, leitura de obras de ficção científica, a pregação de ditos contatados etc.
Suas informações contrariam muitos estudiosos. Servem de alerta para evitar exageros? Sim, é um alerta que eu faço aos pesquisadores e grupos de Ufologia, para que, ao depararem com casos de supostas abduções, que necessitem de hipnose regressiva, que busquem a assessoria de profissionais de medicina. Assim como quando os casos ufológicos requerem, deve-se buscar ajuda de especialistas em áreas como astronomia, geologia, biologia etc. Só dessa maneira construiremos uma Ufologia séria e respeitada, feita de pesquisas objetivas e aprofundadas. Sempre digo que a hipnose é excelente para colocar coisas na cabeça das pessoas, mas para retirar informações de lá, essa é outra história…
Como você encara alegações de pessoas que afirmam poder provocar um contato com alienígenas quando querem? Elas devem ser vistas com cautela, investigadas ou ignoradas? Eu particularmente prefiro investigar esses casos, mas sempre tendo cautela e rigor científico. Afinal, sou ufólogo desde os 16 anos. Já fiz inúmeras vigílias e vi coisas interessantes, que foram até filmadas e exibidas nos principais canais de televisão do país. Acredito que o Fenômeno UFO é real, mas desconfio muito das pessoas que o usam para se auto-promover, criar seitas, escrever livros mirabolantes, fundar comunidades etc. Não podemos nos esquecer que existem patologias mentais que podem levar indivíduos a muitas elucubrações. Lembra do ditado que de médico e de louco todo mundo tem um pouco? Pois é. Uns tem um pouco mais de louco e querem extravasar isso de alguma forma – e o meio ufológico é uma excelente área. Temos como exemplos as seitas criadas por visionários como Jim Jones, que levaram ao suicídio centenas de pessoas. E seitas de falsos gurus, que levam o dinheiro de seus integrantes com o pretexto de divulgar o trabalho dos ETs na Terra – ou ainda vendendo caro coisas absurdas, como pedrinhas em forma de disco como fontes imensuráveis de conhecimento.
Essas pessoas representam um risco para a Ufologia, em sua opinião? Claro, elas normalmente não procuram tratamento. Esses indivíduos vêem todos com desconfiança porque, para eles, os demais é que não “entendem sua proposta”, que “não são iluminados”. O mais incrível é que sempre aparecem seguidores desses falsos gurus e compram suas mentiras como grandes verdades. Muitos passam a ter comportamento mitômano, pois também começam a mentir e a viver de suas mentiras, pregando-as a seus conhecidos e até convencendo outros a delas participar. Isso acaba virando uma reação em cadeia que cria novas seitas.
O que você acha dos números apresentados por ufólogos como Budd Hopkins e David Jacobs, cujas pesquisas indicariam que há milhões de pessoas abduzidas em todo o mundo, mas 99% delas não têm conhecimento disso? Acho um grande exagero e até um desserviço para a Ufologia, pois essas afirmações são muito fortes e contundentes. Elas servem para vender livros, fazer filmes e gerar capital. Jacobs, por exemplo, em seu livro A Ameaça [Editora Rosa dos Tempos, 2000], parece ter se baseado no filme Arquivo X. Ele se perde no decurso do livro propondo textualmente o que o filme apresenta: que somos abduzidos para hibridização do ser humano com ETs, e nada podemos fazer contra isso. Jacobs argumenta que esse é nosso destino final, é só uma questão de tempo. Suas opiniões não são consenso na Ufologia Mundial, e são justamente afirmações desse tipo que a imprensa sensacionalista adora usar para tirar a credibilidade do estudo sério da Ufologia. Acho que os ufólogos devem rebater mais essas afirmações e discutir esses temas polêmicos, para não permitir que essas idéias criem mais raízes ou até novas seitas…