A ambição da Malásia em enviar um astronauta ao espaço deveria inspirar outros países muçulmanos, disse um professor de Estudos Islâmicos. No entanto, declarou Saiyad Nizamuddin Ahmad, esses astronautas deverão enfrentar os desafios de orar em gravidade zero e garantir que suas refeições sigam os padrões do Islã.
“Temos esperança de que os esforços do governo malaio inspirem outras nações islâmicas a inaugurar iniciativas espaciais”, declarou o professor, que participa de uma conferência em Kuala Lumpur para discutir a perspectiva do islamismo na exploração espacial.
Assim como fez o Brasil, o governo malaio pretende enviar um astronauta, a bordo de numa nave russa, em missão à Estação Espacial Internacional (ISS). O processo de seleção para o astronauta malaio, que inicialmente reuniu mais de 11.000 candidatos, incluiu uma corrida de mais de 3 km em agosto de 2005, onde a largada foi dada pelo vice-primeiro-ministro Dato Seri Najib Tun Razak. Atualmente restam quatro finalistas no processo seletivo, três dos quais são muçulmanos.Segundo Ahmad, o primeiro – e único – muçulmano no espaço foi o príncipe saudita Sultan bin Salman, que viajou a bordo do ônibus espacial Discovery, em 1985. Não se sabe se o príncipe teve dificuldades em descobrir a direção de Meca – cidade sagrada para qual os muçulmanos devem se voltar ao rezar cinco vezes ao dia – em órbita da Terra.
Mazlan Othman, diretor-geral da Agência Espacial da Malásia, disse ter esperança de que as nações islâmicas venham a considerar uma cooperação técnica para enviar mais pessoas em expedições similares. “Os países islâmicos ainda não são capazes de enviar um astronauta ao espaço por conta própria, porque ainda precisamos de parcerias com países como os EUA, China e Rússia”, disse. A Malásia, que sedia a Organização da Conferência Islâmica (OCI), está entre as nações mais ricas e industrializadas do Sudeste Asiático.
Para o professor Ahmad, financiar um programa espacial não seria difícil para o Oriente Médio, rico em petróleo, especialmente se os membros da OCI unirem seus recursos. “Deveríamos nos inspirar em exemplos nossos, em vez de olhar para os Estados Unidos, Inglaterra ou Europa”. Autoridades estimam que a viagem do astronauta malaio custará US$ 25 milhões, mas o valor será abatido num acordo entre o governo da Malásia e Moscou, para a compra de aviões de caça Sukhoi.