Os astrônomos acabam de confirmar a existência do KOI-5Ab, que foi sinalizado pela primeira vez como um planeta em potencial pelo telescópio espacial pioneiro Kepler, da NASA, em 2009.
O Telescópio Espacial Kepler é um grande símbolo da busca por exoplanetas. Os astrônomos o lançaram em 2009, e desde então segue buscando incansavelmente por exoplanetas. E finalmente, uma equipe de astrônomos confirmou um “planeta esquecido” da sonda Kepler, o planeta KOI-5Ab. Hoje, o Telescópio Espacial Kepler descobriu quase dois terços entre todos os mais de 4 mil exoplanetas conhecidos, além de uma infinidade de candidatos. Ele já não detecta mais nada, já que se aposentou em 2018. No entanto, os dados de seus 2.394 planetas confirmados, além dos 2.366 candidatos a planeta, servem até hoje.
O KOI-5Ab ficou escondido há mais de uma década em meio a um dilúvio de dados. A equipe do Kepler avistou um sinal de trânsito aparente pertencente a um planeta do tamanho de Netuno, que girava em torno de uma estrela semelhante ao Sol a cada cinco dias terrestres. Esta estrela e o planeta aparente estão a cerca de 1.800 anos-luz da Terra, na constelação de Cygnus. Mas uma investigação mais aprofundada revelou que a estrela-mãe tinha uma estrela companheira, tornando as análises consideravelmente mais difíceis. E havia muitos outros candidatos a serem examinados.
Assim, KOI-5Ab “… foi rapidamente abandonado, pois a análise se tornou muito complicada”, disse David Ciardi, cientista-chefe do Exoplanet Science Institute, da NASA, localizado no Centro de Análise e Processamento de Infravermelho do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, durante uma coletiva de imprensa segunda-feira (11 de janeiro de 2021), no 237o encontro da American Astronomical Society (AAS). Na verdade, o KOI-5Ab era ainda mais complicado do que os pesquisadores pensaram na época. Em 2014, Ciardi e outros cientistas determinaram que o sistema KOI-5 na verdade abrigava três estrelas.
O sistema de estrelas KOI-5 consiste em três estrelas, marcadas A, B e C neste diagrama. O sistema hospeda um planeta conhecido, chamado KOI-5Ab, que foi descoberto pelas missões Kepler e TESS, da NASA, bem como telescópios terrestres.
Fonte: Caltech/R. Hurt (IPAC)
E ainda não estava claro se KOI-5Ab realmente existia, ou se o sinal de 2009 tinha sido gerado por uma das estrelas companheiras. O KOI-5Ab voltou aos holofotes graças ao sucessor de Kepler, o Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA, lançado em 2018. O TESS também detectou um sinal no sistema KOI-5, gerado por um potencial planeta com um período orbital de cinco dias terrestres. “Pensei comigo mesmo: ‘Eu me lembro desse alvo’”, disse Ciardi em um comunicado.
Então, ele deu uma olhada em todas as informações do sistema, as observações de trânsito do Kepler e do TESS, assim como os dados de velocidade radial coletados por instrumentos terrestres, como o Observatório Keck, no Havaí. Juntos, os dados confirmaram que KOI-5Ab é de fato um planeta, com cerca de metade da massa de Saturno. Ciardi detalhou que a estrela principal que o KOI-5Ab orbita (estrela A) tem uma companheira próxima (estrela B). Esta dupla orbita uma à outra uma vez a cada 30 anos terrestres. A terceira estrela do sistema (estrela C) está muito mais distante, orbitando o par A-B a cada 400 anos.
Além disso, o plano orbital do KOI-5Ab está desalinhado com o da estrela B, sugerindo que ela possa ter dado ao planeta um “pontapé” gravitacional em algum momento da história do sistema. O exoplaneta está longe de ser o primeiro a ser descoberto em um sistema de estrelas múltiplas. Mas tais sistemas parecem hospedar planetas com menos frequência do que sistemas solares de estrela única como o nosso, por razões que os cientistas ainda não entendem.
“Companheiras estelares podem interromper parcialmente o processo de formação de planetas”, disse Ciardi. “Ainda temos muitas dúvidas sobre como e quando os planetas podem se formar em sistemas de estrelas múltiplas e como suas propriedades se comparam a planetas em sistemas de estrela única. Ao estudar o sistema KOI-5 em mais detalhes, talvez possamos obter uma visão sobre como o universo cria planetas”.