Suponha que acordemos amanhã e vejamos no noticiário que a vida extraterrestre está, oficialmente, comprovada. Que diferença isso faria em nossas vidas?
Deixando de lado as crenças criadas em torno da Ufologia, a notícia de um contato extraterrestre talvez não alterasse nosso dia-a-dia, mas por certo alteraria, e muito, a cultura mundial.
O primeiro impacto seria, obviamente, o visual. Imagine você ligar a TV e ver ali a imagem real de um extraterrestre transmitida para o planeta todo.
É também de se perguntar qual seria o papel das religiões e de outros movimentos ocultistas para explicar o fenômeno, então indiscutível, da existência de vida inteligente em outros lugares do universo.
A confirmação inequívoca de que não somos únicos poderia fortalecer ou, ao contrário, enfraqueceria a fé em Deus, na ciência e na própria humanidade? Obviamente, a resposta é especulativa. Tudo, claro, iria depender dos líderes dessas igrejas ou seitas de como seria sua abordagem.
Contrário ao que se afirma na maioria das vezes poderia ser uma grande chance de essas “instituições” serem menos dogmáticas e mais pragmáticas.
Em outras palavras, menos “dependentes da fé” e mais claras com seus princípios, antes dogmáticos somente.
Na filosofia acadêmica, o interesse pela vida extraterrestre é secundário. Esse pseudomodernismo pode ser um erro, pois na Grécia Antiga, o epicurismo – sistema filosófico que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, sem sofrimento corporal – argumentava que todas as formas possíveis de vida devem se repetir infinitamente em um universo que é infinito.
Nos séculos XVII, XVIII e XIX, a astronomia demonstrou que a Terra é apenas mais um planeta e nosso Sol apenas mais uma estrela. Já então a hipótese padrão entre observadores informados era a de que o universo estava cheio de planetas habitáveis e de vida inteligente.
Um dos principais argumentos para esse “pluralismo” era filosófico e teológico: Deus – ou a natureza – não faz nada em vão, e, portanto, um universo tão vasto, não poderia ser o lar de apenas uma pequena raça de seres racionais, como os humanos.
“Se os alienígenas nos visitassem, o resultado seria muito semelhante ao que aconteceu quando Colombo chegou à América”, disse o físico Stephen Hawking em entrevista ao canal de televisão Discovery Channel em 2010. Se assim fosse, será que a exploração seria semelhante ou a intenção seria outra?
Onde estão os ETs?
Crédito: Forbes
Mas, dada a plausibilidade da vida extraterrestre tão difundida até mesmo pela ciência mais ortodoxa, por que espécies inteligentes não se tornam visíveis, uma vez que a percepção humana atual é bem diferente daquela de décadas atrás?
Existem seis hipóteses (mais relevantes), umas estapafúrdias outras menos, que arriscam dar uma resposta à questão:
- Os extraterrestres mais avançados nos mantêm isolados em uma espécie de zoológico intergaláctico, sujeitos de experimentos laboratoriais.
- Os extraterrestres não estão interessados em colonizar ou transformar a galáxia.
- Os extraterrestres mais cautelosos preferem agir discretamente, pois existem espécies genocidas que destroem qualquer um que se torne visível.
- Os extraterrestres são máquinas pós-biológicas sem interesse em estrelas, planetas, vida biológica ou de se comunicar fisicamente com os humanos.
- Os alienígenas passaram pela “singularidade” e desapareceram em buracos negros, transcenderam para uma dimensão mais alta, criaram um novo universo ou migraram para uma realidade virtual.
- Os alienígenas controlam os humanos por meio do pensamento, simulando uma realidade para que possamos procriar e autodesenvolver de acordo com nosso livre arbítrio.
Essas hipóteses, é evidente, são elucubrações mais lógicas. Existem outras variáveis. O que se sabe, é que ainda não existe qualquer protocolo internacional por parte da ONU ou de qualquer outro governo que determina certas regras, planejamento e comportamento para receber oficialmente os visitantes do espaço.
Um dos obstáculos dessa falta de um “documento de recepção extraplanetária” começa pela própria ciência. Não existem critérios claros para distinguir a ciência da pseudociência, ou simplesmente, da baboseira que impera entre os mais fanáticos. Hoje em dia, todo tipo de metafísica está disfarçado de ciência para enganar os mais crédulos.
A pluralidade de crenças misturada com a imensa gama de conceitos científicos ou não, tira a ordem da casa para receber um visitante tão incomum.
No final das contas, é por causa dessa espécie de “ciência pós-empírica”, onde a verdade não importa mais, é que fomenta a missão de alarmistas, interessados mais em fazer grana do que em informar com consistência.
O mais sensato – e raro – irá preferir tecer ideias e especulações com base nas evidências de fontes confiáveis e que promova a busca da verdade, não importando quão transitória ou contingente ela seja. O caminho é esse. Não tem outro.
Em outras palavras, emita seus conceitos e até mesmo seus preconceitos, sempre em cima de prerrogativas que não se conectem com meras e escorregadias especulações que dão vazão para mil interpretações.
Conclusão
Ainda não é tempo para um contato aberto? Crédito: Space.com
O contato com ETs tem variadas abordagens, como já se conhece pela classificação “oficial” dos encontros que o estudioso e até mesmo o leigo, mas interessado no assunto, já conhece.
Em síntese, do avistamento de naves ou de seres, até o contato íntimo e mental/telepático, fica difícil saber se um dia a humanidade vai mesmo ver “ao vivo” um ser de outro planeta na TV, anunciando que “veio em paz”.
A tendência é que esse acontecimento histórico e sem precedentes, jamais acontecerá. A Terra é uma tribo cheia de tribos e, por isso mesmo, a reação poderia ser, pessimismo à parte, catastrófica para o mundo dos fundamentalistas, dada a sua reação quando das primeiras experiências do CERN, por exemplo.
Pelo visto, ainda vai prevalecer o mito do ser invisível, aquele que só aparece quando existe fé. É um comportamento existente no planeta desde os primeiros hominídeos. Destruir ou desmanchar algo que está impregnado no DNA do ser humano ainda vai exigir algumas gerações para se tornar real.
Em outros termos, a mudança de conceitos (para não usar a palavra da moda, “paradigma”) seria tão drástica se os extraterrestres dessem as caras oficialmente, que a melhor analogia seria como ensinar para um estudante do ensino fundamental, conceitos do curso superior. Imagine a confusão na cabeça da criança.
Portanto, de acordo com o presente estágio evolutivo em que se encontra o planeta Terra, esse tipo de contato – se se acontecer um dia – será seletivo, jamais coletivo.
Tudo a seu tempo…