A revista científica especializada Nature Astronomy acaba de publicar novas informações sobre o cometa 2I/Borisov, o segundo objeto interestelar até agora detectado – o “novo” Oumuamua. Uma equipe de cientistas acredita ter descoberto a origem do primeiro cometa proveniente do exterior do Sistema Solar, chamado inicialmente C/2019 Q4 e rebatizado como 2I/Borisov.
O novo artigo, publicado na Nature esta terça-feira (14), confirma que o corpo celeste vem de fora do Sistema Solar e não é muito diferente dos cometas que já conhecemos. Realmente, o 2I/Borisov é surpreendentemente familiar.
O primeiro visitante
O primeiro objeto interestelar, o asteroide Oumuamua (Mensageiro das Estrelas, em havaiano), com a forma de um charuto, foi detectado em 2017 com um telescópio no Havai, nos Estados Unidos.
A importância do Oumuamua reside no fato de ser o primeiro asteroide detetado que não vem do Sistema Solar. A natureza do “Mensageiro das Estrelas” está rodeado de mistérios desde o dia em que foi descoberto por astrônomos da Universidade do Hawai, em outubro de 2017.
Depois de constatar mudanças na velocidade do seu movimento, o Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian sugeriu que o asteroide poderia ser uma “sonda” enviada à Terra intencionalmente por uma “civilização alienígena”.
No último ano, o mundo da astronomia debruçou-se no estudo do corpo celeste e as mais várias teorias já foram apresentadas em artigos científicos: desde o seu passado violento, passando pela possibilidade de ser um sistema binário, e até o provável local de onde veio o Oumuamua.
Investigadores também sugeriram que milhares de objetos semelhantes ao Oumuamua podem estar presos no Sistema Solar.
Imagem de Oumuamua pelo NASA Solar System Exploration
O segundo objeto interestelar
O novo cometa foi identificado pelos especialistas depois do alerta, em 30 de agosto, de um astrônomo amador, Gennadiy Borisov, natural da Crimeia, para um objeto estranho no céu.
Após análises dos dados recolhidos, mediante observações com telescópios na Espanha e no Havai, astrônomos profissionais concluíram que o objeto provém de outro sistema solar, desconhecido, dada a sua órbita.
O cometa é formado essencialmente por poeira ligeiramente avermelhada, na cauda, tendo o seu núcleo sólido cerca de um quilómetro de raio. De aconrdo com o jornal Público , o 2I/Borisov é avermelhado, de cauda curta e com uma longa cabeleira, fazendo lembrar a cor e a morfologia dos cometas nativos do Sistema Solar.
“O 2I/Borisov é um cometa com uma órbita altamente hiperbólica, o que significa que veio do espaço interestelar”, revelou um dos líderes da investigação, Piotr Guzik, da Universidade Jaguelónica, na Polônia, em declarações ao mesmo jornal. “Morfologicamente, parece um cometa típico do nosso Sistema Solar e a sua cor também é compatível com a que observamos nos cometas do nosso sistema”, acrescentou.
2I/Borisov, pelo Observatório Gemini/NSF/AURA
Quanto às comparações com o primeiro corpo interestelar, os cientistas frisam que o 2I/Borisov é maior e mais brilhante do que o Oumuamua e poderá ser observado melhor em dezembro quando estiver ainda mais próximo do Sol. “Nesse encontro, o cometa poderá ser observado sobretudo por telescópios profissionais, mas mesmo assim parecerá muito tênue.
Poderá ser detectado por astrofotógrafos amadores, mas não será visível mesmo em telescópios amadores grandes”, disse ainda Piotr Guzik, citado pelo jornal Público.
No novo estudo, disponível no arXiv, uma equipe de investigadores poloneses tentou rastrear a trajetória do cometa, o que os levou a um sistema binário de estrelas anãs vermelhas localizado a 13,15 anos-luz de distância do Sol. O sistema, onde ainda não foram encontrados exoplanetas, é conhecido como Kruger 60 e localiza-se na constelação de Cepheus.
Espera-se que o 2I/Borisov se aproxime do nosso planeta em 10 de dezembro deste ano, a uma distância de cerca de 1,8 unidades astronômicas. O cometa permanecerá dentro do Sistema Solar durante cerca de seis meses. De acordo com uma simulação da trajetória esperada do cometa, o objeto celeste passaria entre as órbitas de Júpiter e Marte.
Ao LiveScience, Ye Quanzhi, astrônomo da Universidade de Maryland (EUA), disse que as evidências de que o cometa se originou no Kruger 60 são bastante convincentes. Segundo o cientista, a observação de objetos interestelares dá uma oportunidade rara aos investigadores de estudar sistemas distantes.
Se estes resultados se confirmarem, o cometa Borisov tornar-se-ia o primeiro objeto interestelar sobre o qual se traçou a origem. Os autores do artigo apontam que os seus resultados não podem ser considerados como conclusivos, uma vez que o processo de recolha de dados adicionais na rota do 2I/Borisov pelo Espaço ainda continua.
O Oumuamua, por outro lado, parece ter vindo da direção da estrela brilhante Vega, mas, de acordo com o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, os cientistas não acreditam que esse é o local de onde o objeto veio originalmente, sugerindo que provavelmente veio de um recém formado sistema estelar.
Fonte: Phys.org, Forbes, Gizmodo, ArXiv
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