Conforme noticiamos no último 28 de outubro (confira nos links abaixo) os cientistas seguem acompanhando o objeto descoberto no dia 19 do mesmo mês. Inicialmente considerado um cometa, depois ficou claro que ele não possui as características desse tipo de corpo celeste. O visitante cósmico foi descoberto pela equipe do Telescópio de Varredura Panorâmica e Sistema de Rápida Resposta (Pan-STARRS), localizado no Observatório Haleakala no Havaí, e sua sugestão de nome foi aceita pela União Astronômica Internacional (IAU) e pelo Centro de Planetas Menores (MPC). O objeto agora é conhecido como Oumuamua 1I/2017 U1. A palavra em idioma havaiano significa “mensageiro que chega de longe pela primeira vez”, e a letra I significa Interestelar, sendo este o primeiro objeto desse tipo encontrado.
A trajetória do objeto, que segue uma órbita hiperbólica que o levará para fora do Sistema Solar após ter chegado do espaço interestelar, fez com que muitos recordassem do clássico livro de ficção científica de Arthur C. Clarke Encontro com Rama. Na trama um objeto chega ao Sistema Solar também vindo de fora, e logo se descobre que ele é artificial. A trajetória levará esse objeto, chamado de Rama, para perto do Sol para a gravidade da estrela o empurrar novamente para fora, e uma equipe precisa agir rápido para se encontrar com Rama e descobrir seus segredos. Sem surpresas, os mistificadores de sempre estão alegando que “cientistas debatem a possibilidade de Oumuamua ser artificial”, algo completamente absurdo. Encontro com Rama é publicado no Brasil pela Editora Aleph.
Sobre Oumuamua o administrador do Diretório de Missões Científicas da NASA, Thomas Zurbuchen, afirmou: “Por décadas teorizamos sobre objetos interestelares visitando o Sistema Solar, e agora pela primeira vez temos evidência direta que eles existem. Essa descoberta histórica abre uma nova janela para estudar a formação de sistemas solares além do nosso”. Oumuamua passou no ponto mais próximo do Sol em 9 de setembro, e sua maior aproximação com a Terra foi em 14 de outubro, a 24 milhões de quilômetros de distância. O objeto agora ruma para fora do Sistema Solar a uma velocidade de 158.360 km/h. Sua distância atual da Terra é de cerca de 200 milhões de km, e vários instrumentos foram utilizados para observá-lo, a fim de reunir a maior quantidade possível de informações. O que já se sabe é que Oumuamua é algo nunca visto.
VIAJANTE INTERESTELAR
Astrônomos do Observatório Nacional de Astronomia Ótica (NOAO) utilizaram o telescópio WIYN de Kitt Peak, no Arizona, com 3,5 m de abertura, para obter imagens do objeto, confirmando que ele não possui a coma dos cometas, e é um asteroide de formato irregular. Outro estudo, publicado na Nature, analisa as estranhas características do 1I/2017 U1. O instrumento utilizado foi o Telescópio Muito Grande (VLT) do consórcio europeu ESO no Chile. Foram feitas medições espectroscópicas precisas do brilho e da cor do objeto, mostrando que o primeiro fator varia até dez vezes, comprovando que o asteroide gira ao redor do próprio eixo a cada 7,3 horas. Sua cor é um vermelho escuro, como vários objetos observados no Sistema Solar exterior, e Oumuamua deve medir pelo menos 400 m de comprimento, com formato próximo ao de um cigarro. Sua superfície muito irregular se deve provavelmente ao bombardeio de raios cósmicos de alta energia por milhões de anos, enquanto percorria o espaço interestelar. Estima-se que um objeto desse tipo visite o Sistema Solar a cada ano, e os cientistas continuam a estudá-lo com os telescópios espaciais Hubble e Spitzer, buscando descobrir de onde veio e para onde deve ir em sua viagem sem fim pela galáxia.
Confira um artigo sobre Oumuamua 1I/2017 U1 na Nature
Infográfico das distâncias em nosso Sistema Solar
Saiba mais sobre o livro Encontro com Rama
Cientistas da NASA falam sobre o asteroide interestelar Oumuamua
Cientistas descobrem um objeto interestelar dentro do Sistema Solar
Próximo objetivo da nave New Horizons se revela mais misterioso do que antes se considerava
Mistificadores enxergam UFO imenso em foto do Hubble
Planeta anão Ceres possui muita água em sua composição
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Pacote NASA: 50 Anos de Exploração Espacial
Veja em 50 Anos de Exploração Espacial os momentos mais emocionantes da trajetória da NASA, desde o primeiro homem em órbita até as missões do ônibus espacial. A série contém ainda detalhes do funcionamento de satélites espiões, do desenvolvimento da Estação Espacial Internacional e da implantação do telescópio Hubble. Conheça a verdadeira razão de não voltarmos mais à Lua e descubra que o destino agora é Marte, Vênus, Júpiter e mundos além do Sistema Solar, e quais são os planos da NASA para alcançá-los.