O pesquisador norte-americano Michael Talbot, em seu fascinante livro O Universo Holográfico, sugere que todo o cosmos e tudo o que percebemos em nosso mundo podem ser somente imagens espectrais e projeções holográficas. Segundo ele, as implicações deste conceito são espantosas, a ponto de fornecer a base para a resolução de muitos dos mistérios da Ciência, inclusive aqueles considerados paranormais ou místicos. Tais declarações seriam certamente ridicularizadas se não fosse o fato de que representam a conclusão de alguns dos mais respeitados cientistas de campos tão diversos como a Física, a Neurofisiologia, a Medicina e a Psiquiatria. De fato, o modelo holográfico está ganhando aceitação em quase todas as áreas de pesquisa e pode, eventualmente, conduzir a comunidade científica a abraçar a Ufologia como uma verdadeira ciência.
Para entender e aceitar tal modelo é preciso antes compreender a imagem holográfica e o que implica esta espantosa descoberta. Certo dia, uma imagem totalmente tridimensional “saltou” no ar rarefeito, como um espectro diante dos olhos arregalados do engenheiro húngaro Dennis Gabor, que primeiro especulou sobre o fenômeno. Dispondo de um raio laser e direcionando metade dele para um objeto a ser fotografado, e a outra metade à uma série de espelhos e lentes difusas, ele produziu a primeira imagem holográfica. No entanto, ela apareceu no filme apenas como um padrão de ondas e círculos. Gabor acreditou que, posicionando o laser em direção ao filme, a imagem tridimensional do objeto apareceria misteriosamente, como um fantasma, do outro lado. Essa descoberta lhe rendeu o Prêmio Nobel em 1971.
O pesquisador constatou ainda que quando o filme era seccionado cada pedaço tinha a capacidade de reproduzir o objeto inteiro. Embora não entendesse naquele tempo, este princípio veio a ser conhecido como não-localidade. Isto é, a informação necessária para produzir a imagem não estava em nenhum ponto específico do filme, mas em cada elemento da chapa fotográfica ao mesmo tempo. Desde então, os cientistas começaram a encontrar não-localidade em toda parte. Na Física Quântica, primeiramente, descobriu-se uma propriedade das partículas subatômicas, conhecidas como quanta. Estes prótons, nêutrons e elétrons que compõem o bloco básico do edifício de toda matéria do Universo desobedeceram às leis conhecidas da Física, conforme postuladas por Isaac Newton e Albert Einstein. O doutor David Bohm, físico mundialmente renomado e um dos protegidos de Einstein, foi o primeiro a reconhecer a conexão da imagem holográfica. No seu laboratório, em Londres, ele começou a compreender que as propriedades misteriosas das partículas subatômicas estavam lhe proporcionando uma visão inteiramente nova – as propriedades holográficas. Bohm e outros físicos descobriram um mundo em que o tempo e o espaço deixavam de existir, onde o comportamento paranormal era a regra.
Consciência Grupal — Eles constataram também que os quanta parecem se comunicar entre si instantaneamente, mais rápido do que a velocidade da luz – violando a Lei da Relatividade de Einstein. O que os pesquisadores observaram era muito semelhante à Percepção Extra Sensorial (PES). Quando agrupados, os quanta atingem uma massa crítica e, como uma colônia de formigas, começam a agir como se tivessem uma consciência grupal. Eles param de se comportar como indivíduo e começam a agir como um todo consciente. Todas as partículas subatômicas do Universo também parecem estar interconectadas, criando um sistema indivisível, como uma grande consciência universal. A interconexão tornou-se até mais óbvia quando se descobriu que os quanta podem mudar de forma. Eles aparecem tanto em formato sólido, quando estão sendo observados pelos cientistas, quanto de onda. E agora, até mesmo os estudiosos estão se “atracando” com a conclusão de que eles mesmos estão, de alguma forma, interconectados com as partículas estudadas.
O doutor Bohm e outros físicos têm sido levados a crer que, ao nível da realidade dos quanta, a localização cessa de existir. Todos os pontos de espaço e tempo são os mesmos. O Universo inteiro, segundo eles, parece ser de natureza não-localizada — cientistas de outras áreas também chegaram a essa mesma conclusão. Karl Pribam, um neurofisiologista da Universidade de Stanford, descobriu que o cérebro humano era holográfico quando tentou desvendar em que parte dele os diferentes tipos de memória estavam localizados. Ele constatou que não estavam acumuladas em nenhuma parte particular do cérebro, mas espalhadas nele. Numerosas tentativas têm sido feitas para descobrir em que lugar do corpo encontra-se a consciência humana e, embora seja comumente afirmado que está no cérebro, ninguém ainda foi capaz de dizer exatamente onde. Agora, um número crescente de médicos, liderados pelo doutor Raymond Moody, autor do livro Vida Depois da Vida, está chegando à conclusão de que a consciência humana é também não-localizada. Em seus estudos de experiências de quase morte, estes pesquisadores têm acumulado milhares de casos bem documentados, retratando que a consciência humana não está fixada no corpo. Ela continuaria a existir em outra realidade após a morte.
O doutor Brian Weiss, outrora chefe de Medicina Psiquiátrica do Hospital Monte Sinai de Miami, Flórida, encontrou algo similar no tratamento de seus pacientes. Através da hipnose, descobriu que eles podem lembrar de suas vidas passadas e obter admiráveis curas para uma ampla variedade de desordens físicas e mentais. Ele acredita que a consciência humana não é limitada pelo tempo e espaço e trata disso em seu livro Muitas Vidas, Muitos Mestres. Estas descobertas são totalmente condizentes com o entendimento do físico David Bohm sobre a Física Quântica. De acordo com ele, se cada partícula de matéria se interconecta com outras partículas, o próprio cérebro deve ser visto como infinitamente interconectado com o resto do Universo.
Outra Realidade — A lista dos principais cientistas que estão utilizando o modelo holográfico para entender os fenômenos inexplicáveis aumenta a cada dia. Mas e os ufólogos, o que podem ganhar com esta intrigante teoria? Primeiramente, ela seria muito útil no entendimento das características dos UFOs e dos seres alienígenas, que também parecem existir em outra realidade, no mínimo em outro tempo. Na verdade, eles s&
atilde;o mutantes. Prova disso são os relatos de que os discos voadores aparecem e desaparecem no céu, mudando de cor e forma. Ainda são capazes, ao que tudo indica, de atravessar grandes distâncias instantaneamente — muitas pessoas acreditam que podem viajar entre sistemas estelares e galáxias. Os ETs, por sua vez, materializam-se e desmaterializam-se a todo instante, atravessando facilmente objetos sólidos. Hoje em dia, também são muito comuns eventos paranormais relacionados às ocorrências ufológicas.
Fenômenos poltergeist, experiências fora do corpo e até mesmo regressões são alguns deles. Muitas vezes, os abduzidos recordam ter sido um ser extraterrestre em outra vida — o que provoca a manifestação ou a intensificação de habilidades psíquicas diversas. Esses acontecimentos têm se tornado tão freqüentes que os pesquisadores já os reconhecem como parte da sintomatologia das abduções. Entretanto, alguns ufólogos tentam afastar-se destes aspectos, pois não lhes parecem suficientemente científicos. Para eles, a Ufologia tem trabalhado duramente para tornar-se uma ciência respeitável e, ao lidar com fenômenos paranormais, corre o risco de perder a preciosa respeitabilidade alcançada.
Mas isso pode mudar logo, principalmente se os ufólogos passarem a encarar esses fenômenos como um legítimo campo de estudo — da mesma forma que cada vez mais pessoas assimilam o conceito holográfico. De fato, essa pode rapidamente tornar-se a disputa mais calorosa entre os cientistas nos próximos anos — a corrida para aliar a Ciência à paranormalidade, um longo e insuperável esforço para ligar o mundo científico ao espiritual. Se assim for, então as descobertas do doutor John E. Mack, da Universidade de Harvard, relatadas em seu livro Abduction, podem não parecer tão ridículas e abomináveis para muitos escrupulosos ufólogos. Afirmando que civilizações avançadas, talvez milhares de anos à nossa frente, descobriram a natureza holográfica do Universo há muito tempo, seria lógico concluir que seus conceitos de tempo e espaço poderiam ser desconhecidos. Podemos imaginar que sua tecnologia possa lhes permitir viajar através da realidade quântica, indo a qualquer lugar no tempo e no espaço, instantaneamente.
Consciência Não-Localizada — Os alienígenas provavelmente já descobriram que a consciência é não-localizada. Então, quando abduzidos relatam que os ETs lhes afirmaram que há mais no ser humano que “mera carne e sangue”, como o doutor Mack e outros relatam, talvez eles saibam do que os aliens estão falando. Como resultado, podem ver corpos físicos como containers meramente temporários, facilmente descartados e substituídos. Seu desenvolvimento seria tal que, certamente, já teriam se tornado mestres da imagem holográfica, produzindo filmes totalmente reais, tridimensionais e interativos, que nós, meros humanos, jamais distinguiríamos da realidade. Esta tecnologia pode desempenhar um importante papel no contato alienígena e tem sido especulada durante um bom tempo pelos ufólogos. Em seu livro Taken [Levados], a doutora Karla Turner reúne diversos casos de imagem holográfica e dá exemplos de incidentes que provavelmente são projeções holográficas, em vez de contatos reais, físicos. Não há dúvida de que a tecnologia altamente desenvolvida, baseada na realidade quântica, e o princípio da não-localidade poderiam parecer mágica ou fenômenos paranormais aos nossos olhos, da mesma forma que a primeira imagem holográfica pareceu espectral para seu descobridor. Mas quanto mais aprendermos sobre o modelo holográfico, melhor entenderemos a tecnologia do futuro e, possivelmente, a cultura alienígena.
Como, então, os ufólogos devem proceder na utilização do conceito de não-localidade, diante das descobertas da Física Quântica, em sua busca de respostas para o mistério do Fenômeno UFO? O primeiro passo está no conhecimento e aceitação do modelo holográfico do Universo. Isso inclui a aceitação das implicações da realidade dos fenômenos até o momento tidos como sobrenaturais ou místicos. O dilema que os ufólogos enfrentam é que, ao abraçar os princípios científicos, que possam finalmente prover a base da compreensão dos UFOs, eles também devem abraçar o que por longo tempo desdenharam: o misticismo e a paranormalidade. Se forem capazes disso, poderão, no mínimo, confortarem-se com o pensamento de que estão em boa companhia, porque toda a Ciência pode, em breve, enfrentar o mesmo dilema.
ETs de Carne e Sangue — Isso significa que, quando todos os eventos paranormais puderem ser compreendidos como baseados em princípios científicos, poderemos finalmente concluir que os alienígenas são meramente carne e sangue, como nós, embora mais adiantados? Será colocado um fim à especulação de alguns de que estes seres são sobrenaturais, angélicos, demoníacos ou divinos? Ou isso meramente nos dará uma outra maneira de falar e rotular as coisas que, por alguns padrões, mantêm características sobrenaturais? Afinal, o que você diria de seres que existem numa realidade onde o tempo e o espaço não existem, que viajam talvez de forma incorpórea, à vontade, e que aparentemente podem exercer total controle mental sobre os humanos? Alienígenas, deuses, anjos, demônios, espíritos — parece não haver nenhum termo que adequadamente descreva tais entidades, talvez porque elas ainda devem permanecer um enigma por longo tempo.