
No caso dos quadros da Idade Média, especialmente na renascença, que evocam o momento sagrado da concepção da Virgem Maria, mãe de Jesus, em que o arcanjo Gabriel anuncia a aspiração do Altíssimo, encontramos inúmeros trabalhos de artistas que, evidentemente, além da própria obra de arte em si ser de alto nível, deixam pairar no ar o mistério secular deste momento ímpar de nosso texto bíblico. Sabemos de sobejo que aquela época, com o poder clerical em seu esplendor, qualquer pessoa que infringisse não somente o texto da Bíblia, mas também sua interpretação poderia pagar o preço com sua própria vida. Portanto dá-nos a nítida impressão, após exame detido nestas pinturas, que o autor cauteloso e precavido como deveria ser procuraria evitar a todo e qualquer custo tal situação, para nem mesmo dar motivos de suspeição, pois poderia, sem dúvida, ser assado nas fogueiras da Santa Inquisição pela ousadia. Temos muito claramente o exemplo de dois grandes pensadores desse período histórico, que desafiando o poder da igreja quase tiveram destinos dramáticos.
Obras ícones — Trata-se do monge italiano Giordano Bruno (1568-1600) que pagou com sua vida o fato de ousar afirmar que a Terra não era o centro do universo e Galileu Galilei (1564-1642), que teve mais sorte que seu contemporâneo, e para se salvar precisou negar suas descobertas e sua certeza diante do tribunal da Inquisição. Giordano Bruno foi queimado na fogueira. Já Galileu sobreviveu à fúria da Igreja, porém manteve aberto sempre seu pensamento de que os dogmas demoram, mas podem vir a ser quebrados quando a luz da ciência nos mostra a verdade. Percebemos então que quando o autor deseja que se interprete um fenômeno oriundo do Altíssimo, dentro da concepção clássica da figura do homem idoso – Deus –, ele o faz e muito bem feito. Existem inúmeras telas neste sentido e de vários pintores. Entretanto, quando o artista quer que se faça maior e melhor reflexão e contemplação sobre o assunto, ele o faz de maneira misteriosa e enigmática. Estes são meus exemplos preferidos, o da contemplação e da concepção dissimulada. Evidentemente o autor, por certo, foi iniciado em sociedade secreta, assim como Leonardo da Vinci que em quase todas as obras apresentou sutis camuflagens, mas com profundidade de significação e revelação – em especial a Santa Ceia.
Assim, como obras ícones de disfarce significativo e delicado, na área ufológica temos a obra de Sebastiano Mainardi e Jacopo Del Sellaio, de 1400 d.C., exposta no Museu Palazzo Vechio, em Firenze, na Itália, denominada Madonna con Bambino e San Giovannino. Também um excelente trabalho neste mesmo estágio temos L’Annunciazione de Carlo Crivelli, de 1486 d.C., que está na Galeria Nacional de Londres. Ambas, como tantas outras, demonstram cabalmente que os autores, além do trabalho propriamente dito, também expunham sua idéia ou seu conhecimento a respeito das manifestações de maneira sub-reptícia ou oculta. Dessa forma, desde os primórdios e ao longo da história, dentre várias civilizações que permearam este planeta Terra em todos os tempos, sempre houve de maneira explícita ou implicitamente a menção ao Fenômeno UFO. Essa persistência tem sua razão de ser, pois a revelação e o conhecimento da existência de outros mundos habitados e com vida inteligente, transforma nossa interpretação e consciência do porquê de nosso destino.
Divindade australiana — As pinturas encontradas na Austrália e denominadas Wandjinas – datadas de mais ou menos 5000 a.C. – já são do conhecimento da maioria dos leitores do assunto e fazem parte dos estudos daqueles ufólogos que elegeram a Ufoarqueologia como matéria preferencial. Entretanto, se faz necessário um exame mais detido na figura do “líder” e exercitarmos uma teorização mais ampla, porém adequada a respeito. Devemos nos lembrar que segundo especialistas na área da arte, a abstração artística não existia na pré-história e que somente a partir de 2000 a.C. é que tal fato se deu. Abstração artística é uma fase mental mais sofisticada e evoluída, que ocorreu somente com a espécie Homo sapiens. Ainda nesta esteira de análise, exatamente pela ausência da abstração é que se conclui, sem contestações, que esta fase primeva da arte rupestre é tão especial, pois representa exatamente seu início. É importante ressaltar que isso aconteceu em decorrência de que os autores das cavernas tão somente copiavam ou reproduziam aquilo que viam. Devemos admitir que eram muito bons nisso, a tal ponto que as primeiras descobertas de tal arte nas paredes de cavernas na França, causando dúvidas e desconfiança sérias aos acadêmicos e artistas contemporâneos, que chegaram a alegar fraude após uma primeira análise.
Voltando ao líder, não nos esqueçamos que estamos em plena pré-história e então, observando bem, nós nos deparamos surpresos com uma figura enigmática, aparentemente usando calçados e luvas, representada em algumas gravuras rupestres. Sua vestimenta é bem talhada, sendo uma espécie de túnica longa, o que nos leva a crer que pode ser um tecido. E se é tecido, devemos indagar como esta arte de tear chegou ali Seu biótipo é harmonioso e pode ser classificado como normolíneo [Indivíduo que apresenta estatura mediana] ou longilíneo [Pessoa alta]. Está de frente, de corpo inteiro e aparentemente em posição de expectativa, como se fizesse “pose” para a pintura. Diferentemente das outras obras parece ser um espécime macho, pois praticamente todas as demais figuras representam fêmeas! Dentre centenas ou milhares de outras inscrições rupestres que reproduzem o mesmo “povo”, esta é a única que apresenta nitidamente caracteres bem definidos na parte superior de sua cabeça.
O que significam? — Suas fisionomias de maneira geral, assim como deste líder, não são definidas. Têm grandes olhos negros, mas não há sinais de nariz e nem da boca, como acontece nas representações femininas que são marcadas com um pequeno nariz. Possui ombros largos, mãos e pés pequenos. Envolvendo sua cabeça existe um aparente capacete translúcido, dando a impressão de que há ainda uma
espécie de adorno ou dispositivo protetor e com algumas inscrições. No lado direito aparecem pequeninos círculos, dispostos harmoniosamente. Aliás, são do nosso conhecimento que tais sinais são atavicamente os rudimentos primitivos que dão noção de quantidade. Cada pequeno círculo correspondente a um valor, que juntos representam o total geral. São os antecessores arcaicos do numeral. O grande paradoxo que esta imagem nos apresenta é que na pré-história não havia em absoluto quaisquer representações de escrita. E isso é uma concepção científica. O que separa e divide a pré-história da história vem a ser exatamente a capacidade da civilização de se expressar dessa forma. Um povo que é capaz de escrever sua história não está mais na pré-história. Portanto, aquela ilustração do líder, com escritos em sua cabeça ou adorno, está deslocada de seu tempo e geografia. Uma das conclusões a que podemos chegar é que esta figura representa – e sem muito esforço – um alienígena. Pode até não ser, mas que parece, parece!