Os macacos gritavam ao fundo, enquanto outros pareciam rir em segurança, no alto da copa das frondosas árvores. Por um momento não me senti bem. Estava tão obcecado em encontrar um homem chamado Benigno Pereira de Souza que pensei que as risadas e gritos dos primatas se dirigiam a mim. No ano anterior, também estive procurando em vão por Benigno, que na região é conhecido como João Carpinteiro. Ele reside no longínquo povoado de Palmeirais, uma zona perdida na fronteira do Piauí com Maranhão. Seu caso me atraía de maneira especial, pois ele era uma vítima ainda não pesquisada, por ufólogos e jornalistas, de um ataque dos misteriosos “Chupa-Chupa” ou “aparelhos”, como são conhecidos por aquelas paragens os artefatos e luzes voadoras que difundiram pânico entre os camponeses e caçadores, nos anos 70 e 80. Foi nessa época que se deu uma famosa onda ufológica.
O ufólogo e biólogo Daniel Rebisso Giese, de Belém (PA), denominou os objetos que apareciam naquela época, quase que em toda a Amazônia, mas concentrados principalmente nos arredores de Belém, de “vampiros extraterrestres”. Eram estranhas máquinas capazes de ferir ou matar sem piedade os paupérrimos seres humanos que vivem nos domínios da natureza crua e selvagem. Tais casos são bem conhecidos, mas a cada viagem que faço àquela região, procuro novas testemunhas e busco mais dados sobre os acontecimentos. Assim, devorando o pó das precárias estradas próximas a Palmeirais, junto de Lourdes Frota, consegui localizar Benigno, já com 75 anos. De sua humilde casa de tijolos, saiu primeiro sua esposa para nos receber. “Ele tem medo de lembrar o que passou. Deixou-o com seqüelas por toda vida”, disse a mulher com voz fraca.
Forte Emoção — Quase ao mesmo tempo, se aproximou do beiral da porta uma silhueta franzina. Benigno apareceu para nos receber. Sua esposa nos fez um sinal para que entrássemos, quando conheci aquele homem abatido e de pouca força, com um tique nervoso em um dos olhos. “Estou assim, como vocês me vêem, desde 1988. E agora pior pelo peso da idade”. Para Benigno, tudo começou quando fôra caçar num lugar chamado Buritizinho. “Logo vi sobre mim aquela coisa, como um pneu de caminhão. Era toda de luz e fazia um ruído semelhante ao vento sobre as folhas das palmeiras”.
Ele caminhou cerca de 500 m e voltou a olhar para cima, ainda vendo o objeto sobre sua cabeça. E tampou o rosto com os braços, desmaiando em seguida. Sua narrativa era carregada de emoção. De repente, sua voz parou e seus lábios trêmulos tentaram inutilmente emitir alguma palavra. Em seguida veio o choro. A esposa, atenta, se aproximou de Benigno e lhe ofereceu um copo d’água com açúcar, para acalmar-lhe os nervos. Ele secou os olhos com o dorso de uma das mãos e prosseguiu em sua história. “Quando acordei já estava escuro. A metade de meu corpo estava dormente e molhada de suor. Caminhei com dificuldade e consegui chegar à casa de um vizinho. Depois, me levaram ao médico, que disse que eu estava com pressão alta”.
Em pouco tempo, Benigno sofreu um derrame e, durante cerca de dois anos, ainda podia sentir um odor semelhante a cobre oxidado – o mesmo que sentiu quando desmaiou abaixo do UFO. “Com muita dificuldade, pouco a pouco voltei a cultivar a terra e fazer alguns trabalhos para alimentar a família”, contou-nos, mostrando as mãos que, com muita dificuldade, de vez em quando, podiam fazer algum trabalho de pedreiro. Sua história é de fato terrível. E ele a conta com sofrimento compartilhado pela esposa, que o atendeu à época.
“Lembro-me que ele chegou com a roupa toda rasgada no dia em que viu aquela luz. Pensei que alguém havia lhe dado uma paulada. Tinha muita dor de cabeça e febre. Era um homem forte e as pessoas dizem que foi o ‘Chupa’ que lhe atacou, pois ele não tinha inimigos”, disse a mulher, também comovida, como se ainda não tivesse se acostumado ao estado de seu marido. Esse não foi o único caso de gravidade envolvendo UFOs naquela região. Benigno pôde sobreviver, mas outros não tiveram a mesma sorte.
Vítimas Mortais — Entre 1977 e 1978, os Estados do Pará, Maranhão e Piauí foram literalmente invadidos pelo Chupa-Chupa. Uma nova onda do fenômeno ocorreu no início dos anos 80, especialmente na região limítrofe da vila de Parnarama, no Maranhão, próxima a Palmeirais. Poucos investigadores visitaram aqueles espaços selvagens, com exceção dos ufólogos norte-americanos Jacques Vallée e Bob Pratt, e os brasileiros Daniel Rebisso Giese e Jean Alencar. Parnarama é um povoado de aproximadamente três mil habitantes, à 140 km de Teresina (PI). Para chegar até a vila é preciso atravessar o Rio Parnaíba numa precária balsa. Do outro lado vivem pessoas que ainda recordam com emoção a morte de vários caçadores, provocada pelas luzes assassinas.
Localizei na cidade Maria José dos Reis Batista de Lima, viúva de José Batista Lima, também conhecido com Zé Romão. Ele morreu tragicamente no dia 26 de agosto de 1982. Fui ao município acompanhado do guia Reginaldo Barros. “Meu marido saiu para caçar com três amigos, levando consigo uma rede e uma espingarda. Cada um prendeu sua rede numa árvore, um longe do outro, para descansar ao longo da noite”, declarou Maria José a respeito do falecimento de seu esposo. Disse ela que, numa caçada dessas, ficam todos os caçadores em cima de árvores e, ao menor ruído, miram para baixo para ver se algum veado está comendo as frutas da árvore, e então disparam. “Às 06h00, um dos amigos de meu marido, Pedro Curto, se aproximou da árvore onde ele estava, encontrando-o agachado no chão e molhado de suor”. Maria José disse que Pedro achou Zé Romão sem ar e com sensação de estar muito carregado. “Ele tomou então uma aspirina que trazia em sua bolsa, mas não resolveu. Em alguns minutos, jogou a cabeça para trás e morreu, sem gritar ou expressar dor”, finalizou a mulher.
Zé Romão morreu aos 41 anos. Não padecia de nenhuma doença e não tinha inimigos. Na noite em que esteve caçando, seus amigos e um tal Velho Tonho, mais distante do grupo, viram uma luz rodeando o local onde estava o com
panheiro. Foi entre as 22h00 e a meia noite. Segundo a viúva, seu corpo se encontrava todo arroxeado e algumas veias estavam muito saltadas. Uma enfermeira banhou o corpo para tirar-lhe a terra e observou que Zé Romão não tinha nenhum arranhão, exceto alguns nas mãos. Parece que, nos momentos finais de sua vida, ele se agarrou com força a galhos de árvores com espinhos. Nenhum médico examinou o caçador, simplesmente porque ali, no meio da selva, não havia médicos. A família teve que se conformar com a explicação de um tal doutor Vanderley, de fora da cidade, que assinou o atestado de óbito. Zé Romão havia sido vítima de um ataque cardíaco, rápido. Seu corpo foi enterrado sem autópsia em Parnarama, sem que ninguém acreditasse na explicação.
Abel Boro é outra pessoa que passou circunstâncias preocupantes com UFOs. Ele era um homem do campo cuja rudez da vida o havia ensinado a pescar, a caçar e a lavrar a terra com meios precários. Mas não se abatia frente às dificuldades de levar comida à mesa, seja uns poucos feijões ou algumas gramas de carne de caça. A alegria de ver os olhos de seus filhos brilharem pela chegada de seu pai com um veado nas costas é algo que nós, que moramos em cidades desenvolvidas, não podemos compreender. Em 17 de outubro de 1981, Abel saiu com seu amigo Ribamar Ferreira para caçar. A noite seria longa e cheia de ruídos, sombras e estrelas. Mas não seria igual às outras. Enquanto caminhavam para escolher as árvores onde iriam pernoitar, repentinamente se colocou sobre eles uma variedade de “pneus voadores” de grande tamanho, que giravam velozmente. Um potente raio de luz fluorescente emitido pelo aparelho caiu sobre o corpo de Abel, que ainda não havia assimilado o que estava acontecendo. Seu amigo Ribamar, morto de medo, começou a correr até a casa do parceiro
para buscar ajuda. Voltou com familiares, mas já era tarde. Encontraram o homem sem vida, com o corpo muito branco, como se não tivesse sangue.
Raio de Fogo — Outra vítima naquele mesmo ano foi Dionízio Generala, que estava sobre uma colina quando uma luz voadora se colocou sobre ele e disparou um grande raio de fogo. A testemunha da terrível cena foi José dos Santos, que prestou auxílio à vítima. Dionízio parecia ter recebido uma forte descarga elétrica. Durante os três dias posteriores ao acontecido, a vítima enlouqueceu e logo morreu. Em todaa região é patente a crença de que os tripulantes destes objetos, ou dos Chupa-Chupa, são estrangeiros – talvez japoneses que vinham tirar sangue dos nativos para transfusões aos seus semelhantes, como crêem alguns. “Os japoneses são muito pequenos e necessitam de nosso sangue, que é muito forte para que estejam saudáveis”, disse com convicção uma trabalhadora do campo que encontrei em Parnarama. O folclore em torno dos aparelhos já havia deixado raízes.
Os habitantes do município de Matões, no Estado do Piauí, também não estão acostumados a receber a visita de forasteiros, mas me acolheram amavelmente. Pude reunir-me para conversar com um grupo de homens, a maioria caçadores e pescadores, que contaram suas experiências com o fenômeno. José Marcos, por exemplo, disse-me que por volta de 1986 viu sobre a Lagoa Buriti Grande um objeto em forma de geladeira a menos de 10 m de onde emergiu uma quantidade de “braços” em cujas extremidades se encontravam pequenas luzes multicoloridas. Um caçador perto de Campo Maior, na mesma região, chegou a tocar uma das “geladeiras voadoras” e sentiu que sua superfície era muito fria. Seus olhos avermelharam e sua pele se feriu, ficando com algumas seqüelas físicas.
Caçando Tatu — E assim os casos podem ser conhecidos na área. Uma testemunha me apresentava outra, que me apresentava mais uma etc, e dessa forma conheci José Soares de Moura, outro habitante de Matões. Numa noite de 1992, Moura saiu para caçar tatus, como fazia habitualmente, quando viu a aproximação de uma luz. “Agarrei a espingarda e a coloquei na mira. Sabia que era o aparelho. Nesse momento, me lembrei do nome de um monte de santos, mas tremia muito de medo”. A testemunha perdeu então o objeto de vista, pois a luz começou a rodear as palmeiras. Moura escutou um zumbido parecido com motor de geladeira, com a mesma intensidade, e na hora um feixe de luz lhe golpeou a cara. Segundo conta, ele não sentia calor, mas era como se a luz o empurrasse.
“Corri muito e cheguei em minha casa, sufocado, amedrontado. O burro que eu tinha prendido fora da cabana rosnava. Olhei pela janela e via como o animal caía. Ele bateu várias vezes a boca no chão e soltava gases com barulho”, descreveu a testemunha. Nas redondezas de Campo Maior, próximo de Matões, o ufólogo Péricles Santos Filhos, de Teresina, investigou um tratorista que conseguiu tocar um aparelho e sentiu que era muito frio. Seus olhos ficaram vermelhos e a pele de seu corpo descascou, ficando com manchas permanentes. Ainda em Parnarama, um caçador disparou contra um Chupa-Chupa e este caiu ao solo. Mas apareceu outro em seguida e se juntou com o que havia caído, e ambos, misturadas, subiram ao céu.
Em São Luís do Maranhão consegui localizar o ex-delegado de Polícia de Parnarama Geraldo dos Santos Magela, testemunha chave para entender os fenômenos ocorridos naquela remota localidade. Ao contrário da maioria dos habitantes da cidade, Magela é um homem com uma sólida formação escolar e que poderia esclarecer alguns pontos obscuros sobre o ocorrido há quase 20 anos. Eu o encontrei aposentado, aos 74 anos, e recuperando-se de uma crise cardíaca. Ainda assim, seguia trabalhando num posto administrativo da Polícia Militar. Ele esteve em Parnarama entre 1980 e 1983, vindo de São Luís para trabalhar como tenente da Polícia Militar na cidade. Pedi a ele que descrevesse alguns dos enigmáticos casos de ataques dos Chupa-Chupa. Ele lembrava de muitos que, como policial, chegou a investigar. Contou Magela que, certa vez, foi informado de uma senhora que havia passado por situações de emerg
ência. Ela estava com a clavícula quebrada e vinha de uma remota localidade chamada Serra do Tarantide. Pediram que ele fosse vê-la, pois ela queria contar-lhe algo.
Resumidamente, a mulher descreveu a Magela que havia saído na noite anterior com um lampião de querosene nas mãos. “De repente, viu o potente foco de uma luz azul que se colocou sobre ela, que disparou a correr e derrubou o lampião. Na escuridão, caiu e rompeu a clavícula. Sua filha me contou a mesma história e, a partir de então, outras pessoas, quase sempre muito assustadas, vinham à delegacia para contar histórias parecidas”, disse o policial. Perguntei-lhe se as pessoas afetadas sabiam o que era um disco voador ou um UFO. Ele respondeu que não, que eram pessoas muito humildes, analfabetas ou, quando muito, com educação primária. “Simplesmente diziam que eram luzes que chupavam sangue humano”, afirmou Magela.
Os moradores diziam que alguns desses objetos tinham a forma quadrada ou retangular, como uma lata metálica de querosene. Havia a crença de que, ao se caminhar entre as casas ou pela selva, à noite, não se deviam usar luzes, lanternas, lampiões ou cigarros acesos, pois a luminosidade podia atrair o Chupa. “Nessa época, em agosto de 1980, se não me falha a memória, apareceu um caso na Lagoa do Abano”. Tratava-se de um incidente com três homens que foram caçar na selva. Alguém o avisou que um deles havia sido morto e que ele fosse ver o cadáver. “Peguei meu revólver e fui até aquele lugar, onde havia um conjunto de casas. Encontrei o morto em pleno velório”.
Corpo Rígido — Ali também estavam os dois companheiros de caça. Magela conta que eles viram a luz vampira, mas não sabiam quem disparara contra o amigo. A vítima era um homem de uns 40 anos, de raça negra e complexão forte. Ele examinou o corpo ali mesmo, pois não havia médico no local. Por isso, não foi feito um atestado de óbito. Segundo Magela, o corpo já estava rígido. As duas testemunhas, que estavam um pouco distantes da vítima quando apareceu a luz, disseram que talvez o amigo tivesse caído do alto da árvore. A queda teria ocorrido em função do medo causado pela visão do objeto. “No entanto, quando examinei o morto, não vi nenhum arranhão”, afirmou Magela. Um dos companheiros de caça disse que a vítima tinha um soro na boca ao cair, uma espécie de cigarro de palha para espantar os mosquitos. Mas como não parecia ter nenhum osso quebrado, o policial passou a duvidar que a vítima tivesse caído da árvore. Os amigos diziam que o Chupa havia sugado o sangue do companheiro, embora Magela não creia que isso tenha acontecido, já que não havia indícios para tal. “Isso mais me parece uma crença que então existia. Mas mesmo não sendo médico, olhei bem seu corpo e verifiquei que tinha muitos hematomas grandes, com cerca de 5 cm de diâmetro, roxos como os feitos por um golpe e alguns quase perfeitamente redondos. A única parte do corpo que não estava coberta por tais hematomas era a cabeça”, detalhou Magela. Essas declarações me deixaram intrigado e surpreso, pois era um caso que não aparecia nos relatórios de Jacques Vallée nem de Bob Pratt. Ademais, era também a primeira vez que se obtinha declarações de uma testemunha autorizada – neste caso, um ex-comandante da Polícia Militar – sobre uma análise direta do corpo de uma suposta vítima do Chupa-Chupa.
“Indaguei várias pessoas no vilarejo a respeito do que vinha acontecendo”, contou o policial. “Eram muitos os que viram, em outras ocasiões, as tais luzes e que acreditavam que podiam chupar o sangue de suas vítimas”. Alguns disseram a ele que viram essas luzes pousadas no solo, descrevendo-as com o formato de um abanador de cor prateada que não emitiam nenhum som. Levaram-no ao lugar onde o homem havia morrido e, depois, onde o objeto teria supostamente aterrissado, a um quilômetro do local da morte. Estavam próximos da Lagoa do Abano, a cerca de 60 km de Parnarama, quando encontraram uma marca sobre a vegetação alta, semelhante a de um helicóptero. Magela ordenou que ninguém pisasse naquele sinal, que parecia ter entre 5 e 6 m de diâmetro. O objeto que teria pousado ali devia ter duas patas que deixaram um buraco circular na terra, e outra marca de aproximadamente 30 cm de largura. As palavras do policial para descrever estes incidentes eram emocionantes.
Um Testemunho Oficial — Aquele homem tinha conhecimento de detalhes importantíssimos e desconhecidos da ação do Chupa-Chupa na região, como as marcas deixadas pelo estranho artefato voador. Logo o questionei se ele mesmo havia visto algumas das tais luzes. O que contou a seguir me surpreendeu de verdade. “Uma das muitas declarações da população me chamou especialmente a atenção. Uma garota me pediu que fosse à sua casa, no meio da mata, para que eu visse com meus próprios olhos um aparelho”. Segundo lhe contou a moça, ele aparecia todas as noites próximo da Lagoa de Tarantide. Isso teria ocorrido quase um mês antes da morte do caçador.
“Uma noite fui até lá com meus homens e me escondi dentro da casa da mulher. Sem pregar os olhos, mantive vigilância da janela, sempre olhando a distante torre de uma retransmissora de televisão, não muito alta, com uma luzinha vermelha no alto. A mulher disse que tão logo acendesse a luz, ao final da tarde, o Chupa apareceria”. Magela contou que, quando começou a escurecer, pediu aos seus subordinados que ligassem o motor que acende a luz da torre. Depois de quase uma hora, a mulher e o marido indicaram para o céu dizendo “olhe a luz”. Era como o farol de um avião, mas apontado para baixo, iluminando tudo por onde passava.
Nesse momento, o motor da torre parou, estando o objeto a cerca de 30 m de altura, quase a mesma da repetidora. Tinha 5 m de diâmetro, formato discóide, janelas quadradas e iluminadas por dentro com uma cor vermelha. “Creio que, por sua altura, devia caber justamente uma pessoa em pé dentro dele, mas não pude ver nada através das janelas. Era todo iluminado e por debaixo não percebi nada, nem trem de pouso”. Ainda segundo o ex-delegado, o objeto veio de longe e parou sobre a torre, girando em torno dela, mas não rodava sobre seu pró
prio eixo. Outras testemunhas com quem ele conversou, alguns vizinhos da Serra de Tarantide, escutaram um barulho, mas não era do motor. Ele e os subordinados não conseguiram ouvi-lo. Segundo declarou, foi a primeira e última vez que viu algo tão estranho em Parnarama.
“Mas o povo seguia contando avistamentos. Às vezes apareciam dois aparelhos juntos, mas isso era mais raro. Alguns tinham cor verde e, outros, vermelha. As pessoas tinham muito medo e não queriam sair de casa”, finalizou Magela. Ele nunca mais voltou a Parnarama, após ter mudado de lá em 1983. Mas disse que guarda boas lembranças do local calmo e das pessoas amáveis. Isso também serve para excluir as teses psico-sociais que tentam explicar que tais mortes refletem a violência brasileira, o que não é apropriado para a região. Deixei a casa de Magela com um nó na garganta. Para o resto da comunidade de Parnarama não existia, ou pouco importava, que alguns de seus pobres habitantes tivessem sido mortos de forma tão estranha.