Isto significa bem mais do que apenas uma boa foto: as ondas de surfista solares contêm pistas sobre como a energia se move através da atmosfera solar, conhecida como corona. Os cientistas sabem como esses tipos de ondas – tecnicamente conhecidas como instabilidades de Kelvin-Helmholtz – dispersam a energia na água, eles podem usar essas informações para entender melhor a coroa solar.
Por sua vez, isso pode colaborar para resolver um grande mistério de por quê ela é milhares de vezes mais quente do que se poderia esperar. “Uma das grandes perguntas sobre a corona solar é o seu mecanismo de aquecimento”, disse o físico solar Leon Ofman, da Agência Espacial Norte-Americana (NASA). “A corona é 1.000 vezes mais quente do que a superfície visível do Sol, mas o que a aquece é algo não bem compreendido. Tem sido sugerido que ondas como estas poderiam causar turbulência, que causa o aquecimento, mas agora temos a prova direta das ondas de Kelvin-Helmholtz”.
Estas foram algumas das primeiras imagens capturadas na câmera do Observatório da Dinâmica Solar [Solar Dynamics Observatory, SDO], um telescópio solar de alta resolução lançado em 11 de fevereiro de 2010 e que iniciou a captura de dados em 24 de março daquele ano.
Mecanismo de Kelvin-Helmholtz
As instabilidades de Kelvin-Helmholtz ocorrem quando dois líquidos de diferentes densidades ou diferentes velocidades fluem um através do outro. No caso das ondas do mar, o par é formado pela água densa e pelo ar, muito mais leve. À medida que eles passam um pelo outro, leves ondulações podem ser rapidamente amplificadas, gerando as ondas gigantes, tão amadas pelos surfistas.
No caso da atmosfera solar, que é feita de um gás muito quente e eletricamente carregado, chamado plasma, os dois fluxos vêm de uma expansão de plasma em erupção a partir da superfície do Sol, que passa por um plasma que não está em erupção. A diferença na velocidade e na densidade dos fluxos através dessa fronteira provoca a instabilidade que gera as ondas.
O mesmo observatório solar SDO captou uma tempestade solar média que deverá atingir a Terra entre hoje (08) e amanhã. O Sol desencadeou uma tempestade solar de classe M-2 (média), uma tempestade de radiação S1 (menor) e uma espetacular ejeção de massa coronal (CME) – tudo ontem, dia 07 de junho. A grande nuvem de partículas formou um cogumelo e caiu de volta, cobrindo uma área de quase metade da superfície solar.
A sonda SDO registrou estas imagens em luz ultravioleta extrema, que mostram uma erupção muito grande de gás frio, algo bastante atípico. Embora não dirigida diretamente à Terra, a ejeção de massa coronal está se movendo a 1.400 km/s, de acordo com modelos da NASA, e deverá ser detectada no final da noite deste dia 08 e madrugada do dia 09, gerando auroras nas altas latitudes terrestres.