Popularizada pelos livros do suíço Erich von Däniken, a Teoria dos Antigos Astronautas ganhou o mundo nas últimas décadas por meio de documentários para a TV e principalmente da internet. A opinião oficial da ciência a respeito é de que tudo não passa de rematadas bobagens, porém há coisas que os cientistas não conseguem explicar e é justamente sobre uma delas que falaremos neste artigo. A descoberta, feita nos anos 90, de que a estrela Sírius é na verdade um sistema estelar triplo levantou muitas controvérsias na época, pois, afinal, o que a astronomia acabara de reconhecer já era do conhecimento de povos antigos, como os egípcios e a tribo Dogon, do Mali. E eles sabiam sobre Sírius porque, aparentemente, um dia desceram à Terra alguns “deuses instrutores” daquele sistema triplo.
A descoberta se tornou conhecida quando dois investigadores franceses, D. Benest e J. L. Duvent, tornaram público o resultado de suas investigações em torno de Sírius, a mais brilhante estrela no céu noturno, localizada a cerca de 8,5 anos-luz da Terra. Segundo os pesquisadores, o astro é na verdade um sistema estelar composto por três estrelas, e não por duas, como desde meados do século passado assegurava nossa astronomia — eles chegaram a tal conclusão graças a um estudo cuidadoso das variações na órbita do sistema de Sírius, que começou a ser feito em 1862 e continua até os dias atuais.
Sírius segundo os dogons
O estudo das variações de órbita levou-os a pensar que um terceiro corpo estelar estava influenciando a rotação de Sírius. Benest e Duvent deduziram, além disso, que a nova Sírius C é uma anã vermelha, uma espécie de estrela com massa 500 vezes inferior à do Sol, muito pouco brilhante e, por isso mesmo, seu descobrimento óptico seria muito difícil. Sírius C orbita a estrela Sírius A, ou Alpha de Sírius, a mais brilhante das três. No entanto, o que realmente surpreendeu na notícia foi o fato de que a conclusão a que chegaram os dois investigadores franceses já era bem conhecida por alguns dos povos mais antigos da África, como os egípcios e os dogons. Esses últimos, que atualmente vivem na Planície de Bandiagara e no Monte Hombori, no Mali, veneram, desde tempos imemoriais, a estrela Sírius, sobre a qual parecem conhecer até mesmo em seus detalhes mais íntimos.
Em 1931, o antropólogo francês Marcel Griaule visitou pela primeira vez a tribo dos dogons, descobrindo que em suas tradições mais sagradas e secretas falava-se de uma estrela vizinha de Sírius, denominada de Po Tolo, que demoraria 50 anos para completar uma órbita ao redor da primeira e que, além do mais, era extraordinariamente densa, fato comprovado rigorosamente nos dias atuais. Como se isso não bastasse, os dogons sabiam da existência de uma terceira estrela, a qual chamavam Emme Ya, que corresponde à descoberta Sírius C. E mais: o astro, segundo eles, seria quatro vezes mais leve que Po Tolo, ainda que gaste o mesmo tempo para completar uma órbita ao redor de Sírius A.
Estas descobertas, que Griaule completou 15 anos mais tarde com outras investigações de campo realizadas junto à etnóloga Germaine Dieterlen, foram inicialmente consideradas pura mitologia. Ainda assim, nos meios acadêmicos, céticos como E. C. Krupp, diretor do Observatório Griffith, de Los Angeles, nos Estados Unidos, e um dos mais reconhecidos especialistas mundiais em arqueoastronomia, reconheceram que, além de Sírius, era difícil explicar como os dogons conheciam também os anéis de Saturno ou as quatro luas galileicas de Júpiter, séculos antes de Galileo Galilei anunciar tal achado.
Origens do conhecimento
Além dos dogons, outros povos vizinhos, como os bambaras e os bozos, de Segou, e os miniankas, de Koutiala, compartilham desde tempos imemoriais idênticos conhecimentos sobre Sírius, sistema em torno do qual gira boa parte da vida ritual dessa gente. A cada 50 anos, por exemplo, e em estrita conformidade com o ciclo ou a órbita de Sírius B, as tribos celebram seus ritos de renovação, os quais denominam de Cerimônias Sigui, em homenagem a Sigui Tolo, nome como conhecem Sírius A. Nessa data, confeccionam complexas máscaras de madeira para celebrar a entrada do novo ciclo — e depois as armazenam em um lugar sagrado, no qual os arqueólogos puderam encontrar peças que remontam pelo menos ao século XV.
Mas de onde os dogons obtiveram, com tamanha exatidão e em época tão remota, seus precisos conhecimentos astronômicos? Griaule e Dieterlen preferiram descrever apenas aquilo que lhes foi transmitido pelos nativos ou chefes de cada povo que conheciam o segredo de Sírius, sem fazer qualquer valoração de seus resultados. Porém, em 1970, a antropóloga francesa Genevieve Calame Griaule se atreveu a trazer à luz algumas das notas que seu pai, Marcel, havia escrito a respeito. Nelas, o pesquisador descrevia que os dogons acreditavam em um deus criador do universo, ao qual denominavam Amma, que teria enviado ao nosso planeta um “deus menor”, conhecido por eles como Nommo, para semear a vida por aqui. Segundo uma das tradições ouvidas por Griaule diretamente de um dogon chamado Ogotemmeli, Nommo teria descido à Terra trazendo consigo sementes de plantas que já haviam florescido em “campos celestes”. Depois de criar a Terra, as plantas e os animais, Nommo teria criado o primeiro casal de humanos, o qual, mais tarde, geraria oito descendentes que teriam vivido até idades inacreditáveis.
O conhecimento do sistema triplo de Sírius não foi patrimônio exclusivo dos dogons e dos povos vizinhos, forçando-nos a estender um pouco mais a suposta abrangência da influência extraterrestre no passado. Os egípcios também o conheciam
A respeito de Nommo, os dogons dizem também que seria uma criatura anfíbia, provavelmente muito parecida com o deus babilônico Oannes, que teria regressado aos céus em uma arca vermelha como o fogo, depois de cumprir sua tarefa. Pois bem, com todos esses dados, em 1976, Robert K. C. Temple, um linguista norte-americano e membro da Real Sociedade Astronômica Britânica, de Londres, publicou um ousado livro intitulado O Mistério de Sírius [Madras, 2005], no qual aventurou-se em dizer que Nommo foi um extraterrestre que deixou na Terra, entre 7.000 e 10.000 anos atrás, todos os tipos de pistas sobre sua origem estelar. “Qualquer outra interpretação das citadas provas não teria sentido”, disse Temple — e talvez não lhe falte razão, pois seus argumentos, longe de terem sido r
efutados com o tempo, encontram-se reforçados por descobrimentos como Sírius C, já anunciado em sua obra há 40 anos.
No entanto, o conhecimento do sistema triplo de Sírius não foi patrimônio exclusivo dos dogons e dos povos vizinhos, forçando-nos a estender um pouco mais a abrangência da suposta influência extraterrestre no passado. Os antigos egípcios, por exemplo, reverenciavam a Estrela do Cão, ou Sírius, situada na Constelação de Cão Maior. Foi Sir Norman Lockyer, astrônomo britânico fundador da famosa e prestigiada revista Nature, o primeiro a notar que muitos templos egípcios estavam alinhados à Sírius — cujo aparecimento e desaparecimento nos céus serviu como base a um dos dois calendários utilizados no Egito. O primeiro deles era de uso popular e de baixa complexidade matemática, estabelecendo a duração do ano em exatos 365 dias. Mas aquele baseado em Sírius, além de servir para datar questões sagradas e dinásticas, se fundamentava em observações astronômicas extraordinariamente precisas e estabelecia a duração do ano em 365,25 dias.
A conexão egípcia
Verificou-se, por exemplo, que muitos dos templos egípcios direcionados para o Sol nascente — dando margem para que os arqueólogos especulassem a existência de uma religião solar —, estavam flanqueados por dois obeliscos que, localizados em um lugar previamente determinado, serviam para os sacerdotes observarem astros sobre a linha do horizonte, de onde surgia o Sol ao longo do ano, podendo marcar assim o início dos solstícios de verão e inverno. Tal controle ajudou os egípcios a comprovarem que havia um dia em que Sírius e o Sol surgiam no mesmo ponto. Eles confirmaram, igualmente, que de quatro em quatro anos Sírius atravessava um dia para vir ao seu encontro, o que originou o ciclo de Sírius ou sótico, em homenagem a deusa Isis ou Sothis, o qual se cumpria a cada 1.460 anos. Passado esse período, o Calendário Sótico e o popular voltavam a coincidir no início do ano novo — 1.460 anos multiplicado por 0,25 é igual a 365 dias.
O Calendário Sótico permitiu datar com precisão acontecimentos que ocorreram 43 séculos antes de Cristo, o que demonstra que há mais de 4.000 anos os egípcios já conheciam esses ciclos. Quando, então, fizeram as observações de Sírius para estabelecer seu calendário? Talvez tal conhecimento tenha sido um legado dos mesmos deuses dos dogons, indicando uma nova pista sobre sua origem. Por outro lado, a identificação de Sírius com a deusa Isis, a senhora dos dois fogos, referindo-se às suas duas estrelas maiores, A e B, fora confirmada já há várias décadas pelos estudiosos Otto Neugebauer e Richard Parker. O que nunca souberam interpretar foi por qual razão, na iconografia egípcia, Isis muitas vezes tinha a companhia das deusas Anukis e Satis, o que agora podemos interpretar como Sírius B e Sírius C.
Outra chave simbólica pode ser associada a Osíris, mitologicamente irmão e marido de Isis, cujo nome em hieróglifos é representado frequentemente por um olho sobre ou sob um trono, o que poderia nos levar a pensar na rotação do nosso planeta em torno de Sírius — e, portanto, de todo o Sistema Solar. Não foi em vão que Kant definiu Sírius como “O Sol do nosso Sol”, hipótese que levou muitos astrônomos do século XIX a estabelecerem a distância entre nós e Sírius como unidade astronômica. O chocante é que os dogons também conheciam Sírius A como a “Estrela Sentada”. Simples coincidência?
Não se pode recorrer a coincidências quando se averigua, como fez o ufoarqueólogo russo Vladimir Rubtsov, que o antigo vocábulo iraniano usado para se referir a Sírius era Tistrya, palavra que se origina no vocábulo sânscrito Tristri e que significa “Três Estrelas”. Ou seja, o conhecimento de que Sírius é um sistema estelar triplo era quase universal em nosso mais remoto passado. É de se perguntar quem difundiu tamanho segredo entre os antigos. Possivelmente os egípcios tornaram o segredo evidente no Planalto de Gizé, subúrbio do Cairo, graças às três monumentais pirâmides que ali se podem contemplar. Não em vão, cada dia mais pessoas acreditam que a Grande Pirâmide foi, na verdade, um templo e não uma tumba dedicada à Isis, a deusa que encarna Sírius A, e em cujas medidas e proporções fundamentais se encontram armazenados conhecimentos relacionados com o monumento original da pirâmide de Miquerinos, que em tempos remotos era coberta por lajes de granito.
Hipótese fascinante
Pela mesma razão, a ciência algum dia poderia chegar a comprovar que as três pequenas pirâmides satélites, próximas à de Quéops, representam três planetas junto à Sírius A, a exemplo das outras três pirâmides menores que circundam à de Miquerinos, em homenagem a Sírius C. Curiosamente, essa disposição não aloca nenhuma pirâmide menor junto à de Quéfren, talvez porque, como bem sabem os astrônomos, o enorme peso gravitacional de Sírius B torna impossível que um planeta a orbite — qualquer corpo em torno de Sírius B será inevitavelmente atraído para ela. Mas há ainda outra hipótese, igualmente fascinante.
Em que pese toda a evidência exposta, os historiadores preferem seguir ignorando a razão para o fascínio que a estrela Sírius exerceu sobre os egípcios, embora todos tenham se esforçado para esclarecer essas dúvidas em seus templos e mitos
Em 1994, os investigadores Robert Bauval e Adrian Gilbert tornaram público que três dos quatro canais de ventilação da Grande Pirâmide foram orientados para estrelas específicas. Assim, o canal norte da Câmara do Rei alinha-se à Alfa Draconis, ou Thuban, o canal norte da Câmara da Rainha mira a menor estrela do Cinturão de Órion, as três estrelas centrais da constelação homônima, e o canal sul da mesma câmara aponta para Sírius. Sua espetacular descoberta os levou a formular a arriscada Teoria da Correlação com Órion, na qual se depreende que as pirâmides de Gizé seriam uma réplica do Cinturão de Órion e que o Rio Nilo e as outras pirâmides egípcias ocupam os lugares correlativos à Via Láctea e outras estrelas importantes. E mais, diz Bauval: “A orientação dos canais da Grande Pirâmide corresponde à posição das citadas três estrelas no ano d
e 2450 a.C.”. Isso embora a localização das pirâmides marque o apogeu atingido por Órion no ano de 10450 a.C.
Uma estrela fascinante
Ambos os investigadores propõem, para explicar a grande diferença cronológica entre 2450 a.C. e 10540 a.C. que, ainda que a Grande Pirâmide tenha sido erigida em 2450 a.C., perpetuando assim a falsa tese arqueológica oficial de que fora construída por Quéops, seus posicionamentos comemoram um acontecimento remoto, que teve lugar em 10450 a.C. Mas qual? O fato é que, independentemente de qual das duas hipóteses sobre a disposição das pirâmides de Gizé esteja mais próxima da verdade, a ligação com Sírius e Órion, ao menos do ponto de vista astronômico, é inegável, pois os egípcios sabiam que Órion se perdia no horizonte uma hora antes de Sírius, o que serviu de referência também para o estabelecimento do Calendário Sótico.
Por fim, em que pese toda a evidência exposta, os historiadores preferem seguir ignorando a razão para o fascínio que a estrela Sírius exerceu sobre os egípcios — e sobre outros povos tão distantes deles como os chineses e os dogons —, embora todos tenham se esforçado para esclarecer essas dúvidas em seus templos e mitos. Os seus deuses instrutores desceram um dia, vindos daquele distante sistema triplo, e habitaram a Terra entre os nossos antepassados.