A Ufologia Brasileira tem vivido semanas de muita agitação e polêmica por causa da descoberta, em 27 de setembro, de um novo e surpreendente agroglifo na cidade de Prudentópolis, no centro-sul do Paraná, a 200 km de Curitiba. O município, de cerca de 50 mil habitantes, já havia recebido um agroglifo no ano passado, na propriedade de Tito Santini, relativamente perto do centro da cidade. O caso, de 06 de outubro, foi amplamente divulgado pela UFO e teve sua pesquisa publicada na edição 229, de dezembro. Agora o fato se repetiu em Prudentópolis, definindo a cidade como um novo — o segundo — local de manifestação do fenômeno no país.
Para relembrar a sequência de acontecimentos aos leitores, os agroglifos vêm surgindo inexplicavelmente na Inglaterra desde o final dos anos 70, sendo por isso conhecidos então como círculos ingleses. Com o passar dos anos, o fenômeno, cada vez mais impressionante e desafiador, passou a se manifestar também em outros países europeus, embora em menor intensidade e concentrando na Inglaterra a maioria dos estimados 500 a 600 casos anuais. Não tardou para que as misteriosas figuras também migrassem para outros continentes, alcançando pontos longínquos do planeta, mas, inexplicavelmente, sem nunca se manifestar na América do Sul e no Brasil.Causou certo espanto aos pesquisadores brasileiros que o fenômeno dos agroglifos tenha se espalhado por pelo menos 40 nações, majoritariamente do Hemisfério Norte, e nunca tenha chegado ao nosso país. Ora, o Brasil é uma das nações do mundo que mais contribuiu para a construção do Fenômeno UFO desde o advento da Era Moderna dos Discos Voadores, em 1947. Os primeiros e principais casos de abduções alienígenas, por exemplo, ocorreram aqui. Como então explicar que os agroglifos — que sabidamente têm ligação com a presença alienígena na Terra — nunca tenham aparecido em nossos campos? Não fazia sentido.
Uma cidade escolhida?
A situação se modificou radicalmente, e de forma surpreendente, quando duas figuras surgiram em uma manhã de novembro de 2008 na pequena cidade de Ipuaçu, no oeste catarinense, a 520 km de Florianópolis. Eram duas formações de pouco mais de 20 m cada, surgidas uma em uma plantação de trigo e outra de triticale de proprietários locais. É desnecessário dizer que junto da surpresa veio a incredulidade e o ceticismo em torno do assunto. Mas os moradores de Ipuaçu não se incomodaram. Tão pouco entenderam, como os ufólogos brasileiros, porque afinal a cidade foi “escolhida” para receber os primeiros casos de agroglifos no país.
Este editor recebeu a informação do aparecimento das formações em primeira-mão e no mesmo dia a partir do jornalista Ivo Hugo Dohl, residente na vizinha Xanxerê. As fotos enviadas por ele eram impressionantes e justificavam o deslocamento imediato até Ipuaçu, o que foi feito no dia seguinte. O caso foi, enfim, pesquisado e teve sua publicação da edição UFO 149, de dezembro daquele ano, com a matéria Os Círculos Chegaram ao Brasil, assinada por este autor, causando espanto à Ufologia Brasileira, desacostumada de ver estas formações em sua rica casuística ufológica.
A pesquisa feita em 2008, apesar de mostrar que os primeiros agroglifos brasileiros eram figuras autênticas e não fabricadas por seres humanos, seguindo os padrões internacionais do fenômeno em todo o mundo, no entanto, não respondeu a uma pergunta básica e inicial: por que, afinal, fora Ipuaçu, uma cidade sem nada de diferente de todas as outras daquela vasta região e de tantos lugares do Brasil, a escolhida pelas inteligências por trás do fenômeno para receber os primeiros casos? Não havia resposta, e ela foi procurada em todos os segmentos sociais e geográficos do município.
Mas se a falta de respostas para esta interrogação incomodava em 2008, no ano seguinte, em 30 de outubro, passou a ser realmente um problema. Porque ali, na mesma Ipuaçu, surgira novamente uma manifestação do fenômeno — e desta vez bem mais complexo e exuberante. Em vez de anéis e círculos internos, como no ano anterior, era um conjunto formado por triângulos sobrepostos, orientados na direção norte-sul. E mais: a figura, como descobriu este editor ao ir novamente à cidade fazer sua investigação, surgiu em plena luz do dia. Tudo isso foi contado em matérias publicadas na edição UFO 161, de janeiro de 2010.
Descobertas
Nos anos seguintes a coisa toda se repetiu, sempre com novos agroglifos na cidade ou nos arredores de Ipuaçu — eventualmente ocorrendo em um município mais ao norte ou a leste, mas a não mais do que 20 km do epicentro do fenômeno, a pequena Ipuaçu. E se isso já era um desafio ao entendimento, some-se à tal característica que o fenômeno determinou em sua manifestação uma época específica para surgir: entre as duas últimas semanas de outubro e as duas primeiras de novembro. Neste intervalo de 30 dias, desde 2008, a cidade foi regularmente contemplada com novas e cada vez mais exuberantes figuras. E a Revista UFO esteve lá em praticamente todas as vezes. O último caso deu-se em 30 de outubro de 2015 e é possível que, até o fechamento e a circulação desta edição, novas ocorrências tenham sido registradas lá.
Evidentemente, ao passo que as novas formações foram aparecendo, ano após ano, os céticos mais genéricos do fenômeno, aqueles que o criticavam de forma inconsequente e sem se darem ao trabalho de irem ao local investigá-lo — ao contrário que fazia a Equipe UFO —, foram se calando, vencidos pela insistência e majestade das formações. Mas outros céticos, estes um pouco mais consequentes e com melhor bagagem científica, foram surgindo em seu lugar, porém mais numerosos e mais rapidamente se convencendo de que era inútil duvidar e irresponsável criticar o fenômeno, de tão persistente e concreto ele se tornava a cada dia.
O surgimento de mais um agroglifo no Brasil, novamente em Prudentópolis, no Paraná, mostra que o fenômeno veio para ficar em nosso país, a exemplo de como já ocorre em pelo menos outras 40 nações, onde as figuras já se fixaram de vez
Uma reviravolta no cenário ocorreu no dia 06 de outubro de 2015, bem antes do período habitual do surgimento dos agroglifos, mas não por isso, e sim porque uma figura exuberante surgiu a mais de 300 km do tradicional local onde se manifestam, a pequena Ipuaçu, para desta vez surgir misteriosa e urpreendentemente na cidade de Pru
dentópolis, no vizinho Paraná. Ali estavam, na manhã de 07 de outubro do ano passado, um dia apenas após a descoberta da formação, este editor e outros integrantes da Equipe UFO para investigar a nova figura, que tinha colossais 80 m de comprimento de um ponto a outro e apareceu do nada na Chácara Santini, de Tito Santini e família, a não mais do que 20 m de uma rodovia estadual altamente utilizada.
O que teria feito o fenômeno migrar de Ipuaçu para Prudentópolis? Não havia resposta para isso, como até hoje não se descobriu porque a primeira cidade foi a escolhida para receber o fenômeno no país a partir de 2008, nem porque agora a segunda passou a também fazer parte dos cenários de ocorrência. Significaria isso que o fenômeno deixaria de se manifestar em Santa Catarina e passaria a ocorrer agora no Paraná? A resposta, negativa, veio em 31 de outubro daquele ano, apenas três semanas após o surgimento do primeiro agroglifo de Prudentópolis, com a descoberta, pela produtora Cíntia Domit Bittar, da Novelo Filmes, de uma nova formação ainda em Ipuaçu, na propriedade de Moacir Luis Romani. O local exato ficava na Linha Vista Alegre, praticamente ao lado da Hidrelétrica Quebra-Queixo e a 10 km do centro de Ipuaçu.
Primeiro trabalho sobre Ufologia
Cíntia e sua equipe estavam no oeste catarinense há algumas semanas para a produção do documentário Círculos, que teve sua estreia em 23 de outubro passado no History Channel, sendo o primeiro trabalho sobre Ufologia brasileiro exibido pelo canal a cabo a ser produzido no país. A nova formação, evidentemente, também foi investigada pela Equipe UFO e teve publicação nesta revista, em sua edição 229, de dezembro de 2015. E com isso se tornava claro que o fenômeno não migrou de um estado para outro, como se poderia supor, mas se expandiu de um para outro, levando à expectativa de que, a partir de então, esse fosse seu novo padrão, ou seja, que o fenômeno iria se expandir para mais localidades nestes dois estados e talvez para outros, o que, até o momento, não ocorreu.
Agora, na última semana de setembro, eis que, bem antes do período esperado, Prudentópolis ganha um novo agroglifo. Na tarde do dia 27 de setembro, a Revista UFO recebeu e-mail do leitor Rodolfo Schier informando o aparecimento de uma possível figura na cidade. Em seguida foi recebido também pela publicação um vídeo enviado pelo citado Tito Santini, também mostrando o possível agroglifo. Santini, lembrando, é proprietário com sua família da chácara onde o fenômeno se manifestou no ano passado.
Uma análise inicial nas fotos e vídeo recebidos levou à forte suspeita de que o agroglifo fosse verdadeiro, mas isso, é claro, só pode ser avaliado com uma investigação de campo in loco, que foi o que fizeram no dia seguinte à descoberta, 28 de setembro, este editor e o coeditor Toni Inajar Kurowski. Este editor acumula 20 anos de pesquisa dos agroglifos no Brasil e na Europa, e acompanhou todas as manifestações do fenômeno no Brasil desde 2008. Kurowski é perito criminal da Polícia Civil no Paraná e vem se especializando na análise das figuras. Sua presença no cenário da ocorrência é fundamental para constatar, com os métodos científicos usados em seu trabalho cotidiano, a inexistência de ação humana na produção das formações. Ele já havia feito isso em sua investigação dos agroglifos surgidos em 02 de novembro de 2013 em Ipuaçu, retratados na edição UFO 206, de dezembro daquele ano [Todas as edições citadas estão agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br].
Esta pequena equipe de investigadores de campo chegou a Prudentópolis por volta das 10h00 do dia 28 de setembro e às 10h30 já estava na Fazenda Estrela, de propriedade do senhor Éder Renato Rickli, onde estava o agroglifo. Não havia ninguém ali naquele momento. O local fica a 6 km do centro da cidade. Para se alcançar o ponto exato de sua manifestação, trafega-se pela Linha Esperança, pavimentada, e em seguida pela Linha Galícia, de chão batido. A propriedade fica às margens desta via e o agroglifo estava a cerca de 200 m da estrada, parcialmente visível a partir dela. Em pouco tempo, com a divulgação da notícia, os curiosos e também outros investigadores passaram a pesquisar o local. Entre eles está o pesquisador Alcides Côres, de Curitiba, que compartilhou seus achados com a Comunidade Ufológica Brasileira por meio dos canais da UFO.
Inexplicável variação magnética
Côres é profissional de manutenção eletrônica da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), habilitado pelo Comando da Aeronáutica para a operação e manutenção do sistema de telemetria de voo de alta precisão. De seu currículo consta também que é especializado em equipamentos de rádio-auxílio à navegação aérea e telecomunicações e responsável pelo sistema de radiocomunicação digital do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba. O estudioso fez checagem do terreno com um magnetômetro, que é um sensor de campo eletromagnético de um local. Nos agroglifos, é comum haver anomalias eletromagnéticas entre as áreas dentro e fora das figuras, e isso foi o que quis chegar Côres, com interessantes resultados.
Disse o especialista em eletrônica: “O importante foi ter obtido uma clara evidência da presença de um campo eletromagnético e relativamente intenso no agroglifo de Prudentópolis, onde, em princípio, por tratar-se de um local isolado e emuma área rural afastada da cidade, não deveria haver nenhum. Para se ter uma ideia, em áreas metropolitanas, em meio a inúmeras fontes emissoras de radiofrequência — inclusive com a presença de torres de telefonia celular —, o nível de radiação magnética que pode ser detectado pelo aparelho é menor do que o registrado na área do agroglifo”. E ele finaliza: “Isso é por demais curioso e clama por levantamentos mais profundos e minuciosos”. Não está sozinho nesta assertiva.
Voltando à investigação de campo feita in loco por este autor e Kurowski, esta consistiu em adentrar a figura e examinar todos os seus elementos, analisando as características do fenômeno e tentando determinar sua natureza. De imediato se observou que muitos dos padrões encontrados em agroglifos ao longo dos últimos oito anos no Brasil e nos últim
os 40 anos em todo o mundo, considerados legítimos, estavam igual e inequivocamente presentes na figura de Prudentópolis. Também foram colhidas amostras de plantas e de solo, tanto de dentro quanto de fora do agroglifo, que foram examinadas em seguida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) pelo professor Fernando Araújo Moreira e pela pesquisadora Nadja Serrano. Veja a seguir.
Sinais de inteligências superiores?
Procedeu-se à medição de cada um dos elementos que compõem a figura, chegando-se ao tamanho total de 68,5 m por 61 m em suas maiores dimensões. Dentro dela havia um anel externo de um metro de largura por 61 m de diâmetro, dentro do qual havia, ali circunscrito, um segundo anel menor medindo 42,0 m de diâmetro e, dentro deste, uma figura que lembra uma flor com seis “pétalas” — elementos alongados de cerca de 20 m de comprimento cada. Todas as pétalas estavam perfeitamente alinhadas com o centro da figura, causando uma impressionante vista. O conjunto do agroglifo era exuberante sob todos os pontos de vista. Alguns consideraram também significativo a semelhança do agroglifo com a Flor da Vida da chamada Geometria Sagrada. Mas, enfim, estava-se ali diante do que os ufólogos mais ousados não temem em considerar, e dizer publicamente, ser uma mensagem de inteligências superiores.
Ainda interseccionando o anel externo encontrou-se no agroglifo de 27 de setembro, em posições simétricas, dois círculos menores de 8 e 12 m de diâmetro, ambos na área ao sul da figura, e um anel de 12,5 m de diâmetro, na área norte [Veja croqui]. O conjunto todo, por sinal, tinha orientação norte-sul. Neste ponto, é bom que se diga que entendemos por “anel” uma circunferência de plantas dobradas, sem que as de seu interior também estejam. E por “círculo” consideramos uma circunferência de plantas dobradas, inclusive com as plantas de seu interior.
A pesquisa dos agroglifos em geral, e dos brasileiros em particular, está longe de acabar e ganha lances cada vez mais interessantes, conforme aderem a ela importantes pesquisadores e cientistas, que se despem de preconceitos e ceticismo
Nos dois anéis externos, no anel que interseccionava o maior e nos dois círculos as plantas estavam dobradas com perfeição — ou “acamadas”, no jargão dos agroglifos — no sentido anti-horário. Já nas pétalas encontrou-se algo de grande complexidade: ali as plantas estavam dobradas paralelamente entre si no sentido de fora para dentro de cada figura, apontando para o centro do conjunto. Porém, nas beiradas à direita de cada pétala, quando observada a partir do referido centro, havia um tufo de 20 a 30 cm de plantas dobradas em sentido contrário às demais. Como fazer isso? Esta é, sem dúvida, mais uma das interessantes e inexplicáveis características dos agroglifos. Mas muito mais estava por vir.
Nos dias seguintes ao exame in loco feito por este editor e Kurowski, o engenheiro agrônomo Douglas Albrecht, eventual colaborador da Revista UFO, também se deslocou de Foz do Iguaçu, sua residência, por 450 km, até Prudentópolis para analisar a figura. Profissional da área, com formação também em engenharia civil, ele fora à cidade já com o objetivo de fazer medições próprias à agronomia e colheita de amostras de acordo com os padrões usados em seu segmento. Os integrantes da UFO, claro, não tiveram estes cuidados específicos, pois não tinham habilitação e nem esta era sua proposta.
Pesquisa fundamental
A ida de Albrecht a Prudentópolis foi fundamental para se verificar detalhes precisos da morfologia das plantas de trigo em que o agroglifo foi feito. O engenheiro fez exames diversos tanto na vegetação quanto no solo, chegando a impressionantes conclusões, que afastam ainda mais, e definitivamente, a ideia de que os agroglifos sejam fenômenos raros da natureza ou, mais ainda, feitos pelo ser humano. “A avaliação visual das amostras com microscópio revelou a presença de material vegetal e animal em estado pouco habitual de ser encontrado em um solo sob um sistema de cultivo intensivo”, disse Albrecht, evidenciando a importância de se ter um profissional da área envolvido na pesquisa do fenômeno. Ele também compartilhou com a Comunidade Ufológica Brasileira os seus achados, igualmente por meio dos canais da Revista UFO.
O engenheiro foi além e especificou suas conclusões: “Nematoides são comuns e controláveis em uma lavoura, porém aquela já contava com aproximadamente 100 dias, o que descarta o efeito residual de algum nematicida aplicado às sementes, caso realmente foi aplicado algum”. Ele se refere a elementos da microfauna encontrados em estado alterado. Enfim, mais uma anomalia considerável, mas não a única. Albrecht também afirma que “solos agricultáveis, como os da região, são ricos em matéria orgânica, o que significa atividade microbiana intensa, sendo pouco provável encontrar restos vegetais ou animais carbonizados e mumificados”, como nas amostras que colheu.
É importante que se diga que a plantação de trigo em que se encontrava o agroglifo estava em estado bem prematuro para colheita, bastante verde e vistoso — as plantas tinham então cerca de um metro de altura e suas espigas estavam bem saudáveis. O terreno cenário do acontecimento é praticamente plano, com alguma ondulação entre um ponto e outro, nada de significativo. Cortando toda a enorme figura havia rastros de pneus de trator, o que é absolutamente normal em qualquer plantação — é por ali que se aplica fertilizantes e defensivos nas plantações. “Muita gente alega que por tais rastros é que perpetradores fraudam as figuras, mas nada pode ser mais errado do que isso”, disse Kurowski ao seu primeiro contato com o agroglifo. Ele procedia, naquele instante, sua perícia do fenômeno, que levou à constatação de não ter sido produzido pela ação humana [Veja box].
Douglas Albrecht também confirmou, agora com métodos de pesquisa agronômica apropriados, que as plantas dentro do agroglifo original e verdadeiro e as que estavam, no interior do número “43” tiveram seu acamamento diferente, corroborando a tese levantada de que a figura fora uma fabricação do político local.
Fenômeno autêntico
O exame das características e padrões do agroglifo, como já foi dito, associado à total ausência de sinais humanos, como pegadas, marcas de perfurações, rastros de carros ou de tratores que não os descritos acima etc, levou à conclusão de que se trata de um fenômeno inequivocamente autêntico. Toda a pesquisa se procedeu conjuntamente com análises de anomalias elétricas e magnéticas dentro e fora da figura, usando-se uma bússola e um detector de va
riação de campo magnético. Isso foi feito também por Côres, como se viu acima, com resultados admiráveis.
O exame, as análises, as medições e o estudo in loco do agroglifo, já dado como autêntico, durou cerca de duas horas e foi interrompido às 12h30 para almoço e contato com pessoas no município, entre os quais a equipe que pilotaria o drone contratado pela Revista UFO para fazer gravações aéreas e a equipe de uma emissora local de TV. Ao retornarem ao local, às 14h30, ou seja, apenas duas horas depois, os pesquisadores tiveram sua atenção atraída pela presença, a apenas alguns metros da figura antes investigada, entre ela e a estrada, de novos elementos. Eram áreas amassadas de maneira retangular ligadas umas às outras, que não estavam ali naquela manhã.
Uma análise destes novos elementos, medição e exames levou à definição de que seriam os números “4” e “3”, formando nitidamente um número “43” na plantação, ligeiramente à esquerda do eixo norte-sul do agroglifo. Isso gerou suspeita de que tal número pudesse ter sido adicionado à formação original durante as duas horas que os pesquisadores estiveram fora do local. A suspeita se consolida porque estávamos às vésperas de eleições e havia um político de Prudentópolis, Nene Saviski, candidato pelo Partido Verde à prefeitura municipal justamente com o número 43 — apesar da estratégia política, ele não arrebanhou mais do que 10% dos votos.
Onde encontrar mais informações sobre esta pesquisa
Laudo completo do perito criminal Inajar Kurowski: ufo.com.br/public/laudo.pdf
Laudo fotográfico do engenheiro agrônomo Douglas Albrecht: ufo.com.br/public/relatorio_fotografico.pdf
Laudo de análise de solo do engenheiro agrônomo Douglas Albrecht: ufo.com.br/public/relatorio_do_solo.pdf
Laudo microbiológico do professor Fernando Moreira: ufo.com.br/public/relatorio_microbiologico.pdf
Vídeo da investigação de campo do agroglifo: ufo.com.br/public/investigacao_de_campo.mp4
Vídeo colhido pelo drone a partir do ar: ufo.com.br/public/investigacao_aerea.mp4
Douglas Albrecht também confirmou, agora com métodos de pesquisa agronômica apropriados, que as plantas dentro do agroglifo original e verdadeiro e as que estavam no interior do número 43 tiveram forma de amassamento diferente, corroborando a tese levantada de que a figura fora uma fabricação do político local. Assim, face à fabricação, os novos elementos, mesmo que apareçam nas imagens aéreas, não foram dados como parte do agroglifo original e foram desconsiderados.
Ainda no retorno dos pesquisadores ao local, e então por cerca de três horas, novas análises e apreciações foram feitas e o agroglifo e entorno foram filmados com um drone modelo Phantom 3 PRO, no qual havia uma câmera embarcada com capacidade de gravação em full HD e 4k. Ambas as modalidades foram usadas para as filmagens e fotos obtidas. O piloto do drone foi o empresário de Ponta Grossa Rodrigo Bobek. O serviço foi contratado e pago pela UFO. Mas, diante da necessidade de um aparelho assim em seu acervo, e da iminente possibilidade de novas formações serem descobertas, um modelo idêntico foi adquirido em seguida pela publicação com aporte de recursos do Grupo de Apoio ao Avanço da Consciência Cósmica (GAACC), que apoia a revista.
“Geométrico e harmônico”
Finda a investigação de campo, um relatório foi emitido por este autor e postado nos canais da Revista UFO na internet, e o laudo do perito criminal Toni Inajar Kurowski saiu dias depois com o mesmo destino. Nele, Kurowski deixa claro que não se estava diante de uma produção que pudesse ser ordinária, como aquela feita por mãos humanas. A conclusão de seu laudo é inequívoca: “O desenho é geométrico, simétrico e harmônico, de execução complexa, denotando ser um efeito inteligente”. E a ela o perito ainda acrescentou que “os agroglifos constituem um desafio à lógica humana e devem ser investigados com rigor e isenção”.
Nas onze páginas de seu laudo, postado em endereços da UFO na internet [Veja box], Kurowski infere que “não é possível que um fenômeno inteligente tenha origem em uma causa que não o seja. Portanto, conclui-se que a causa do fenômeno em Prudentópolis é inteligente também”. E finaliza: “Isto posto, verificando que o agroglifo ora examinado apresenta as características constantes naqueles autênticos estudados cientificamente em todo o planeta, concluímos pela sua autenticidade”.
Mas a situação toda iria esquentar muito nas semanas seguintes, como foi dito no início deste texto, causando a referida agitação e polêmica na Ufologia Brasileira. A este procedimento de pesquisa se somaram os dois citados profissionais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o professor doutor Fernando Araújo Moreira, titular do Departamento de Física daquela instituição, e a microbiologista e pesquisadora Nadja F. G. Serrano. Eles receberam da Revista UFO as amostras colhidas no dia 28 de setembro na plantação, tanto das plantas quanto do solo, de dentro e fora do agroglifo, e se dispuseram a realizar exames microbiológicos de ponta nas amostras. O resultado a que chegaram é fascinante e justamente o que causou tanta agitação.
O professor Moreira e a microbiologista Nadja emitiram laudo preliminar de seus exames em 11 de outubro, igualmente disponibilizado nos canais da UFO. Nele os profissionais descreviam os métodos utilizados em seus estudos e as conclusões, estarrecedoras, a que chegaram: “Dentro das condições da pesquisa das amostras, existe uma clara diferença na atividade microbiológica entre as regiões interna e externa do agroglifo (tanto nas plantas quanto no solo), que, a princípio, somente pode ser atribuída ao método (desconhecido) utilizado para a sua construção”. E que clara diferença era esta? Bem, Moreira e Nadja simplesmente descobriram que, enquanto as amostras de solo e de plantas de fora do agroglifo estavam saudáveis sob o ponto de vista microbiológico, as de dentro do agroglifo, não — elas estavam totalmente estéreis e isentas de vida microbiológica na sua parte do caule, onde foram dobradas.
Descoberta impressionante
Este é um achado espantoso, como confirmou o próprio professor Moreira: “Como cientista, com vários projetos idealizados em várias áreas da ciênc
ia, simplesmente não tenho como entender isso. Algo ou alguma coisa esterilizou as plantas e o solo de dentro de onde a figura surgiu. É curioso que ela tenha sido comparada à Flor da Vida de alguns, porque ali dentro não tem vida nenhuma, só morte”. O que poderia ser mais avassalador para o conservador meio ufológico brasileiro quanto ao fenômeno dos agroglifos quanto as declarações de um cientista que, além de ser engenheiro de materiais, também é professor titular do Departamento de Física de uma das mais importantes universidades do país, da qual ainda é coordenador do curso de bacharelado em Engenharia Física e pesquisador dos programas de pós-graduação em Biotecnologia e de pós-graduação em Física?
Isso sem falar nas qualificações de sua companheira nas análises, Nadja F. G. Serrano, mestre e doutorada em Biotecnologia pela UFSCar e atualmente pesquisadora de pós-doutorado em Biotecnologia e Física Aplicada. Somados os currículos de ambos os pesquisadores, apesar de eles frisarem que o resultado de suas análises é preliminar — eles estão conduzindo outras, mais aprofundadas, no momento em que este texto é redigido —, temos um sólido apoio à definição de que o agroglifo tem uma forma de produção completamente anômala. O aporte da dupla de cientistas à pesquisa dos agroglifos pode ser vista como uma seríssima contribuição da Ufologia Brasileira à Mundial no tocante a este tema.
Segundo o laudo que o professor Moreira e a microbiologista Nadja assinaram juntos, na parte das conclusões, lemos: “Embora se tratem de resultados preliminares, eles são absolutamente confiáveis dentro das condições dos experimentos. Dessa maneira, e dentro desse escopo, é possível concluir que, sendo a presença do agroglifo a única diferença aparente entre as áreas internas e externas a ele, a sua construção — independentemente do método para isso utilizado, o qual desconhecemos — determinou a diferenciação microbiológica tanto do solo quanto do caule, e, aparentemente, em menor proporção para as espigas. Preliminarmente, para plantas internas ao agroglifo, parece existir um gradiente microbiano crescente desde a região da dobra (perto da raiz), onde a atividade microbiana é nula, em direção à sua espiga, onde essa atividade estaria aumentando. O mesmo gradiente parece existir no solo dentro do agroglifo”.
Sejam bem-vindos os cientistas
Traduzindo para linguagem leiga, os profissionais descobriram que, na plantação ao redor do agroglifo, que é imensa e, como dito, estava saudável e viçosa, há uma condição de vida microbiológica esperada para aquela situação. Mas dentro do agroglifo, não. O professor ainda considerou que mesmo as bactérias que estavam naturalmente nas mãos dos pesquisadores que colheram as amostras, e que as transferiram para elas, deveriam aparecer nos resultados de sua análise microbiológica, mas não apareceram. “Tudo dentro do agroglifo foi esterilizado”, disse.
Para ele, no que é corroborado por Douglas Albrecht, Toni Inajar Kurowski e este editor, e ainda novos pesquisadores que já tomaram conhecimento dos resultados das análises e estão se somando a este trabalho de investigação, fica inequívoca uma ação inteligente e direcionada a apenas àquele ponto da plantação, fazendo as intrigantes modificações. Que forma de energia ou que inteligência poderia realizar isso? Somente uma que esteja realmente querendo chamar nossa atenção para sua presença e ação em nosso meio.
Enfim, o trabalho de pesquisa dos agroglifos em geral, e dos brasileiros em particular, ainda está longe de acabar e ganha lances cada vez mais interessantes a cada dia, conforme aderem a ele importantes pesquisadores e cientistas, que se despem de preconceitos e se engajam, lado a lado com os investigadores de campo, na tentativa de decifrar este mistério. É justamente isso que este autor pediu à comunidade científica ao longo de todos estes anos de pesquisa do fenômeno, que os homens de ciência.
A contraditória posição do proprietário da Fazenda Estrela
Finalizada a investigação in loco do agroglifo de Prudentópolis, os pesquisadores da UFO deixaram o local com destino a Curitiba [Foto]. No retorno, foram surpreendidos com declarações do proprietário da Fazenda Estrela, senhor Éder Renato Rickli, de que o agroglifo seria falso. Disse Rickli, no que foi reproduzido pela imprensa: “Aquilo é coisa de quem não tem o que fazer. Eu andei investigando. Vi as câmeras de segurança da BR (rodovia) e vi uma caminhonete. Reconheci a placa. São colegas meus, foi trote. Eles avisaram que iam fazer na minha plantação um dia, assim como fizeram no ano passado”.
As declarações do proprietário foram imediatamente consideradas contraditórias, insustentáveis e absurdas, mas já haviam sido, em parte, antecipadas ao editor A. J. Gevaerd no dia 27 de setembro, quando este telefonou ao empresário em Prudentópolis, véspera da viagem de investigação, para obter sua autorização para adentrar sua propriedade. Rickli a concedeu, mas tentou desestimular o editor de ir à cidade e fazer a investigação de campo, menosprezando sua importância. Sem sucesso.
Disse também Rickli na referida ligação que as marcas em sua fazenda “eram coisas de amigos que se juntaram e deram um cavalo de pau na plantação”. E também afirmou não acreditar que houvesse qualquer coisa de extraordinário na figura em sua fazenda. Éder Renato Rickli estava enganado e sua atitude foi encarada como tentativa de encerrar o caso, denegrindo o agroglifo para não ter mais perturbação em sua propriedade, e também porque é cético quanto a estes fenômenos.
Contradições óbvias
Suas contr
adições são óbvias, a começar pelo fato de que o agroglifo estava às margens da Linha Galícia, a 6 km do centro de Prudentópolis e nada menos do que 20 km da citada rodovia, BR-277. Em segundo lugar, sua menção de que vira uma camionete e sua placa em câmeras de segurança não se sustenta, porque simplesmente não há câmeras de segurança naquele trecho da estrada. E se houvessem, como teria o senhor Rickli acesso a elas em tão pouco tempo? Igualmente, a afirmação de que seus amigos foram responsáveis pelo agroglifo de 2015, na propriedade de Tito Santini, igualmente investigada pela Revista UFO na ocasião, é ainda mais descabida, porque o mesmo foi dado como autêntico.
Por fim, o comentário de que isso é “coisa de quem não tem o que fazer” comprova a postura cética de Rickli, com uma tendência a preconceito quanto ao tema. A outros órgãos de imprensa chegou a sugerir que os ufólogos que pesquisam o assunto é quem são os que não têm o que fazer. Esta é uma situação no mínimo bizarra.
Temos casos em que proprietários destroem as figuras para prevenir visitas e pesquisas, casos em que eles impedem o acesso a elas para que não sejam vandalizadas por curiosos etc, mas nunca tivemos o caso de um proprietário denegrir um agroglifo em sua fazenda. Infelizmente, o que se constata deste episódio é que ainda há um forte ceticismo ao fenômeno dos agroglifos, que precisa ser superado com informação e pesquisas.