Durante o IV Encontro de Debates Ufológicos (EDU), ocorrido recentemente em Pelotas (RS), um extraordinário caso de avistamento aeronáutico veio à tona e foi apresentado à plateia. Não é uma ocorrência nova, mas um fato que, por sua envergadura, precisa ser levado ao conhecimento da Ufologia Brasileira. A ocorrência se deu com o então comandante da extinta companhia aérea Cruzeiro do Sul, Carlos Eugênio Meirelles, hoje piloto aposentado residindo no interior do Rio Grande do Sul e atuando como instrutor de voo. Ele foi entrevistado nesse estudo pelos autores e relatou ter testemunhado um importante acontecimento certa vez em que sobrevoava a cidade de Foz do Iguaçu, no sudoeste do Paraná. O estudo deste episódio gerou o documentário OVNI em Foz do Iguaçu, produzido pela ufóloga Mara Rodrigues Lopes, da Associação Pelotense de Estudos Ufológicos (APEU), principal entidade à frente desta investigação.
Muito conhecido em Pelotas, o comandante Meirelles nasceu em Camaquã (RS), em 11 de setembro de 1937. Sua carreira teve início em 1968. Logo após seu curso de piloto privado ser concluído, em 1971, tornou-se piloto comercial e, em 1972, completou seu curso de instrutor de voo, sendo imediatamente admitido pela Cruzeiro do Sul, uma empresa muito importante no passado mas que, em situação falimentar, viria a se fundir com a Varig ainda nos anos 80 — a Varig também se extinguiria em 2006 e viria a ser reativada pela atual Gol pouco depois. Em 43 anos de carreira, o comandante Meirelles nunca sofreu qualquer acidente no cumprimento de suas funções.
Seu depoimento como testemunha chave deste impressionante acontecimento trouxe à superfície mais do que suas preciosas informações sobre o avistamento, fazendo emergir também um pouco da visão que a aviação comercial e seus pilotos têm em relação ao Fenômeno UFO. De todas as testemunhas de avistamentos e manifestações ufológicas, as mais privilegiadas são, sem dúvida alguma, os pilotos de aeronaves civis, comerciais e militares. Isto não se deve somente ao fato de estarem fisicamente bem posicionados para tais observações, mas também por terem conhecimento sobre tecnologias da aviação e suas aplicações, assim como por terem informações sobre fenômenos atmosféricos, o que os permite descartar ou considerar hipóteses em ocorrências de avistamentos.
Velhos conhecidos dos pilotos
Existem muitos casos na literatura ufológica envolvendo naves alienígenas que se aproximam de aeronaves, ou até mesmo as seguem, assim como o inverso, quando aeronaves militares perseguem UFOs — em alguns casos, seus pilotos até atiram neles atendendo a ordens superiores. São fatos muitas vezes resguardados por decisão de seus protagonistas e, quando revelados, nem sempre vem a público de maneira completa. Os avistamentos aeronáuticos são velhos conhecidos dos pilotos e das forças aéreas mundo afora, e ganharam maior notoriedade com seu significativo aumento durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual os pilotos, tanto os Aliados quanto os do chamado Eixo, começaram a relatar pequenas esferas luminosas que os acompanhavam durante os voos, sem nenhuma intenção clara. A expressão foo fighters era utilizada pelos pilotos Aliados para descreverem tais esferas, também chamadas de fantasmas ou caças de fogo. Ambos os lados acreditavam que os foo fighters eram uma nova tecnologia bélica utilizada por seus adversários, pois os acontecimentos envolvendo tais artefatos eram cada vez mais frequentes.
Tudo parecia correr normalmente durante o voo, até a aeronave se aproximar de Foz do Iguaçu e a torre de controle perguntar aos pilotos se estavam vendo um objeto estranho. Logo Meirelles notou um artefato prateado e fosco parado acima do aeroporto
O Caso Foz do Iguaçu, como chamaremos esta ocorrência, se deu em 22 de agosto de 1985 com uma aeronave modelo Airbus A300 e prefixo PP-CLA durante o percurso de ida e vinda do Rio de Janeiro a Assunção, no Paraguai. O voo de ida levava o número 902 e ia do Rio à capital paraguaia com escalas em São Paulo e Foz do Iguaçu. E o de regresso era o de número 903, fazendo o trajeto contrário — o avistamento se deu tanto durante a ida quanto a volta do Airbus. O comandante Carlos Eugênio Meirelles atuava como engenheiro de voo e segundo oficial a bordo durante a ida a Assunção e seu regresso até Foz, onde vencia sua carga de trabalho e seria substituído, seguindo como carona até o destino final. Ele contou que tudo parecia correr normalmente durante o voo, até a aeronave se aproximar de Foz e a torre de controle local perguntar aos pilotos se estavam vendo algum objeto estranho, o que não foi confirmado pelos aeronautas, que nada viam. Porém, já na curva final de aproximação para pouso na cidade paranaense, Meirelles olhou rapidamente para o alto e notou um artefato prateado e fosco parado acima do aeroporto.
Ao pousarem em Foz, os pilotos puderam ver que o objeto se mantinha parado sobre o local. Com o auxílio de binóculos, os controladores de voo, que ainda estavam na torre, conseguiram ter uma visão mais detalhada do fenômeno. Ele foi descrito como tendo o formato de bola de futebol americano — mas os profissionais também enxergaram uma faixa laranja circundando o UFO, que parecia uma espécie de saia ou aba. Aquilo foi mantido com reservas. Depois de efetuada a troca de passageiros, o Airbus decolou em direção a Assunção, e quando lá chegou os pilotos foram conversar com os operadores de tráfego aéreo paraguaios, que também confirmaram a manifestação do mesmo aparelho sobrevoando o aeroporto local, mas acharam tratar-se de um balão-sonda. Na volta ao Brasil, logo depois da decolagem, os pilotos da Cruzeiro do Sul avistaram novamente o UFO no horizonte. Nesse momento, a torre de Foz entrou em contato por rádio informando que o artefato encontrava-se na radial de Campo Grande (MS).
Cortina de silêncio
A aeronave com Meirelles atuando como engenheiro de voo pousou mais uma vez em Foz para troca de passageiros e de carga, e lá ele e o comandante confirmaram que o objeto ainda sobrevoava a região. Quando decolaram para São Paulo, Meirelles — desta vez apenas de carona sentado em um banco atrás dos pilotos, na cabine da aeronave — avistou novamente o estranho e impressionante aparelho, que agora parecia estar voando na mesma velocidade do avião. Ele, então, ajoelhou-se sobre o piso da cabine e começou a analisar a posição do UFO em relação ao para-brisa da aeronave. Nesse momento, aos poucos, o UFO começou a ficar para trás. Meirelles então foi até o setor de passageiros para observá-lo pelas janelas laterais, vendo o UFO se afastando até desaparecer.
Após o avistamento, nossa testemunha voltou à cabine e começou uma conversa a respeito do ocorrido com os pilotos. O comandante Stoker [Primeiro nome não revelado], que então conduzia o avião, também achou que aquilo fosse um balão-sonda, porém Meirelles discordou, afirmando que um deles nã
o acompanharia o avião àquela velocidade. Stoker ainda defendeu sua teoria dizendo que o suposto balão poderia estar em uma corrente de jato [Ventos de grande altitude que chegam a 300 km/h], quando Meirelles contra-argumentou alegando que, se fosse o caso, o avião também deveria estar na mesma corrente de jato, mas não estava. Após o breve debate, todos na cabine concordaram em não comentar mais o assunto. Segundo o comandante Carlos Eugênio Meirelles, existe uma cortina de silêncio sobre esses temas na aviação comercial. Ele citou como exemplo o Caso Vasp Voo 169, de 08 de fevereiro de 1982, que estava sob o comando de Gerson Maciel de Britto, no qual toda a tripulação e os passageiros avistaram um UFO. “No final, a Vasp mandou o comandante Britto para reavaliação psicológica, o que eu achei um absurdo”, comenta.
Dias após o ocorrido, o comandante Meirelles estava de folga na cidade de Niterói e durante um encontro descontraído com um colega viu no programa Fantástico, da Rede Globo, uma notícia sobre o UFO avistado em Foz do Iguaçu. Imediatamente ele comentou com seu amigo o que acontecera: “É o mesmo objeto que eu vi no voo de ida e volta para Assunção, quando estávamos em cinco pilotos e 10 tripulantes, e todos viram”. Na reportagem era informado que o UFO também fora visto sobre a cidade de Resistência, na Argentina, em Assunção, no Paraguai, e ainda sobre Santos e Guarujá, confirmando que não se tratava de um balão-sonda, pois tal artefato não conseguiria sobrevoar tantos locais no curto espaço de tempo relatado.
Ameaça de desligamento
O comandante Meirelles soube também que a tripulação de um voo da igualmente extinta companhia aérea Transbrasil, sendo operado com um Boeing 767, também observou um fenômeno semelhante a cerca de 13 mil metros de altitude, ou seja, no limite da aeronave, ou “teto de voo” no jargão aeronáutico. O fato teria se dado na mesma época. A tripulação do Boeing relatou que o UFO parecia executar manobras evasivas e a aeronave, apesar de tentar, não conseguiu uma aproximação maior. Para Meirelles, o objeto voador não identificado deste caso, assim como o que avistara, também não seria um balão-sonda nem qualquer tipo de aeronave conhecida — era, com certeza, comandado por alguma inteligência. Por muito tempo este episódio ficou arquivado, pois os pilotos comerciais que relatam avistamentos são ameaçados de desligamento das empresas para as quais trabalham e enviados para exames psicológicos, isso sem contar que ainda existe o medo da exposição de suas famílias à mídia.
Os registros oficiais desses casos foram liberados depois que o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Juniti Saito, assinou a Portaria 551/GC3, de 09 de agosto de 2010, para oficializar o procedimento a ser adotado em casos de ocorrências desta natureza [Veja edição UFO 171, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Segundo o documento, que foi publicado no Diário Oficial da União, avistamentos aeronáuticos devem ser relatados ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), que deve registrar o ocorrido e enviar o relatório ao Arquivo Nacional, para conhecimento público. O Comdabra é o órgão de defesa aérea do país responsável por receber e catalogar todos os casos ligados ao Fenômeno UFO.
Ao longo do processo, os registros de avistamentos também passam pelo Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (Cendoc), que deve criar e arquivar cópias dos registros originais. Este procedimento transparente atualmente adotado é uma das conquistas da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, lançada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) em 2004 por meio da Revista UFO. Trata-se de uma vitória dos ufólogos brasileiros que ganhou repercussão internacional e serve de exemplo a outras nações. Eles agora esperam que a portaria seja realmente cumprida em todos os casos aeronáuticos que ocorrerem, sem exceção, mas estão atentos para a possibilidade de alguns setores militares dificultarem a liberação de informações em nome da segurança nacional. Talvez seja por esse motivo que alguns famosos casos de avistamentos de UFOs por pilotos ainda não aparecem entre os documentos já liberados e mantidos no Arquivo Nacional para escrutínio público.
Formato já visto antes
Após examinar o relato do avistamento do comandante Carlos Eugênio Meirelles, a Associação Pelotense de Estudos Ufológicos (APEU) buscou na literatura outros casos de UFOs com o mesmo formato de bola de futebol americano, encontrando diversas ocorrências semelhantes. Uma das que chamou a atenção aconteceu em setembro de 1967 na cidade de Epson Downs, Inglaterra, e a descrição do artefato dada pelas testemunhas é idêntica a de Meirelles. A única diferença é que as abas ou saias do UFO, que na descrição do Caso de Foz do Iguaçu eram de cor laranja, não tinham a mesma coloração no episódio inglês, pois o objeto era todo de uma única cor.
A ocorrência inglesa foi apresentada ao comandante Meirelles, que confirmou ser do mesmo aparelho avistado por ele em Foz do Iguaçu, nos anos 80. O formato de bola de futebol americano pode parecer estranho a um UFO, mas já existem até aviões com formato semelhante, como alguns da Boeing e da Airbus. Ainda falta avançarmos muito em tecnologias aeronáuticas para conseguirmos chegar ao nível das inteligências que constroem os objetos relatados neste artigo. Eles executam manobras impossíveis para nossos padrões e não conhecemos o método de propulsão que utilizam. UFOs esféricos ou ovalados compõem milhares de relatos de avistamentos em todo o mundo, o que demonstra o quanto temos a aprender com estes visitantes em relação à tecnologia de suas naves. Quem sabe absorvendo estes conhecimentos a humanidade poderá, enfim, viajar entre as estrelas e expandir seu conhecimento sobre este incrível e infinito universo.
Documentos da Aeronáutica registram o Caso Foz do Iguaçu