O próximo veículo da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) a desembarcar em Marte será o Mars Science Laboratory, que recebeu o nome de Curiosity. Maior e mais sofisticado que Spirit e Opportunity – os rovers atualmente explorando o planeta -, o Curiosity deve ser lançado no final de 2011.
Os dois robôs pousaram em Marte em 2004, e o Spirit infelizmente cessou suas comunicações com a Terra recentemente. O Opportunity, entretanto, permanece ativo e seguindo para a Cratera Endeavour. Eles comprovaram, além de qualquer dúvida, que vastas porções do Planeta Vermelho estiveram inundadas por água líquida no passado marciano, apresentando condições favoráveis a vida.
É essa a grande questão que o Curiosity pretende responder quando chegar por lá em agosto de 2011. Seu sistema de pouso é inovador, pois após liberar o escudo térmico que o protegerá na entrada na atmosfera, a descida será feita por paraquedas. A seguir, foguetes serão acionados, e um guindaste no módulo de pouso irá depositar o rover suavemente no terreno marciano.
Movido por geradores nucleares, o Curiosity não enfrentará os problemas com os painéis solares que afligiram Spitir e Opportunity, onde se acumulava poeira. Os dois veteranos rovers ainda precisaram passar vários invernos marcianos imóveis para poupar energia. Eles pousaram em Marte utilizando airbags, sistema não utilizado pelo Opportunity. Na verdade, o novo rover poderá escolher o melhor local para pouso.
O Curiosity está atualmente no processo de integração de seus diversos sistemas, incluindo um braço mecânico de titânio, com 2,3 m de comprimento, essencial para que amostras sejam recolhidas para análise. Na ponta do braço ainda existem uma câmera e um espectrômetro, a fim de analisar rochas quando as encontrar. O braço possui articulações no ombro, cotovelo e pulso, similar aos humanos.
O Curiosity teve testadas suas seis rodas no ambiente esterilizado na NASA onde está sendo montado, e sua missão tem custo estimado de 2,3 bilhões de dólares. Ele irá buscar moléculas baseadas em carbono, o tipo de química no qual a vida na Terra é baseada. Marte, onde existem os mesmos elementos, deve talvez possuir vida similar a nossa.
Sobre o melhor local de pouso, o debate para escolhê-lo tem durado os últimos três anos. Para isso ajudaram as informações enviadas pelas sondas orbitais, como a Mars Express da Agência Espacial Européia (ESA), e a Mars Reconnaissance Orbiter, ou MRO, da NASA. Elas detectaram locais em Marte ricos em filosilicatos, minerais formados na presença de água, e a NASA selecionou quatro locais com essas características para o Curiosity.
Dois dos locais são as crateras Holden e Eberswalde, que são adjacentes e localizadas na região sul do planeta. Holden foi formada por um impacto de asteróide que desmanchou o sistema de um rio que existiu na região. A cratera deve ter sido inundada pelas águas que então corriam livres, formando os filosilicatos. Antes do impacto devem ter existido também lagos, cujos traços poderão ser encontrados.
Já Eberswalde é mais antiga, e contém restos de sedimentos de um antigo delta. Outro local candidato é o Mawrth Vallis, um dos vales mais antigos de Marte, formado há aproximadamente 3,7 bilhões de anos, contendo os filosilicatos mais expostos de todo o planeta, em diversas camadas e alguns sendo ricos em ferro e magnésio. Cientistas dizem que isso evidencia uma mudança no ambiente e na química.
Outro local candidato ao pouso do rover é a Cratera Gale, de 150 quilômetros de diâmetro, na Elysium Planitia. Também antiga, de idade ao redor de 3,8 bilhões de anos, Gale contém o familiar filosilicato em meio a formações de 5 km de altura. Ali, o Curiosity poderia investigar bilhões de anos de história geológica marciana, mas os cientistas não estão seguros de que em Gale os minerais foram mesmo depositados pela água.
As recomendações finais deve ser anunciada em maio ou junho de 2011, após os cientistas da missão efetuarem simulações das condições nos quatro locais candidatos. Caberá ao Administrador Associado de Ciência Espacial da NASA a decisão final. Enquanto aguardamos, ainda há tempo para enviar seu nome a Marte, em um microchip que seguirá no Curiosity, clicando aqui.