O presidente norte-americano Barack Obama foi muito criticado, inclusive por astronautas veteranos, como Edwin “Buzz” Aldrin, por haver cancelado o Programa Constellation, que previa uma nova geração de naves capazes tanto de servir a Estação Espacial Internacional (ISS) quanto de retornar a Lua. As críticas, aparentemente, tiveram resultado, pois Obama reconsiderou e permitiu que a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) continue trabalhando no desenvolvimento da nave Orion. Esta será um veículo reutilizável com formato inspirado nas naves do Projeto Apollo, que levou o homem à Lua, mas de dimensões bem maiores.
O intento é utilizá-las para continuar levando astronautas americanos para a ISS, mas o próprio Obama deu pistas, em suas manifestações a respeito, de que as naves devem abrir novas fronteiras. Com chineses, russos e indianos declaradamente desenvolvendo projetos para pousar em nosso satélite natural, os americanos já pensam em seguir adiante. O plano de Obama, que tem sido elaborado pela Lockheed Martin, a empresa responsável pela Orion, é levar astronautas, até 2025, a pousar em um asteróide. A Lockheed já completou o estudo da ambiciosa missão, destinada aos asteróides próximos a Terra (NEO). O interesse, além da possibilidade de prospecção mineral nesses corpos, que seguramente terá grande interesse econômico no futuro, é também estudar maneiras de desviar um deles que possa ameaçar cair sobre nosso planeta.
Mesmo antes dos novos planos da NASA, a empresa estudou meios de converter a cápsula Orion a missões mais ambiciosas. É esperado para esta semana um pronunciamento de Josh Hopkins, dos Programas Avançados de Vôos Tripulados da empresa, que detalhe as propostas para missões da Orion à asteróides. O pronunciamento deverá ocorrer no evento Space 2010, que ocorrerá no Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica. Hopkins revelou recentemente que a Lockheed planeja a missão desde 2007, como um passo em preparação de um futuro vôo a Marte. O conceito, chamado Plymouth Rock, utiliza duas naves Orion acopladas e muito modificadas a fim de prover propulsão, espaço habitável e capacidades de suporte de vida para dois astronautas. A nave resultante poderia cumprir missões de longa duração e distância por cinco ou seis meses. Hopkins afirma que o trabalho foi facilitado pela Orion e já havia sido projetada para viajar além da órbita terrestre.
A nave proposta seria formada por diversos módulos, que seriam acoplados em órbita da Terra. Consistiria em um sistema de propulsão, um módulo de habitação, um pequeno veículo para chegar à superfície do asteróide, e o veículo de reentrada que seria a cápsula Orion em si. Muitos elementos seriam reutilizáveis, e essa arquitetura se mostra bastante versátil, podendo ser válida por vários anos para futuras missões de longa distância. Quanto a asteróides que possam ser alvos das missões, a agência acredita que a quantidade deles pode aumentar muito nos próximos dez anos, à medida que aumenta a vigilância dos céus em vista do perigo real que os NEO representam para a Terra. Missões de naves não tripuladas seriam enviadas antes, a fim de preparar o terreno para a visita dos astronautas. Estes devem trazer amostras de diferentes regiões de um asteróide, bem como deixar equipamentos que permitissem seu rastreio pelos instrumentos terrestres.